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sábado, 27 de agosto de 2016

O IMPEACHMENT NA RETA FINAL



Até pouco tempo atrás, quase ninguém levava a sério a possibilidade de Dilma ser impichada. No entanto, depois de 5 anos, 4 meses e 12 dias tomando decisões erradas, gerando uma recessão histórica, manipulando contas, sabotando estatais, promovendo desemprego em massa e compactuando com todo tipo de falcatruas eleitoreiras, Dilma foi suspensa da presidência, e agora aguarda o julgamento final, que deve apeá-la de vez do cargo e cassar seus direitos políticos por oito anos ― a votação, ao que se espera, deve ocorrer entre os próximos dias 30 e 31.

Com sua costumeira arrogância, Dilma apresentou dias atrás, naquele incompreensível arremedo de português que lhe é peculiar, uma “carta aos senadores e à nação” com uma distorção da realidade que a transforma em vítima. Além disso, voltou a afrontar o Congresso e o STF com sua desatinada tese de “golpe de estado” e a defender um estapafúrdio plebiscito estapafúrdio sobre novas eleições para presidente ― que, se prosperasse, teria de ser avalizado por votações em dois turnos na Câmara e no Senado e se arrastaria até 2018, quando termina o mandato tampão de Michel Temer.

Esse “testamento para a posteridade” serviu apenas para enfatizar a incompetência e inabilidade de Dilma para governar. Num mea-culpa inusitado, ainda que extemporâneo e baldio, ela engoliu o orgulho e chegou a reconhecer que errou, mas por ter escolhido Michel Temer para vice ― como e isso tivesse sido uma opção pessoal, não um acordo partidário ― e por imaginar que a crise teria uma solução rápida ― sem reconhecer em momento algum que a desgraça que aí está foi criada por ela e seu séquito de imprestáveis. Se fosse sincera no reconhecimento de seus erros, disse o senador Ronaldo Caiado, uma carta seria pouco; ela teria de escrever uma enciclopédia de má conduta da gestão pública.

Como ofensiva derradeira, Dilma resolveu comparecer ao julgamento para se defender das acusações ― como se fosse possível defender o indefensável ―, sem ter a percepção de que isso serve apenas para legitimar o processo de impeachment e desmascarar sua estúpida e despropositada tese de “golpe de estado”.

Vindo da mulher sapiens, essa postura não chega a surpreender; o que causa espécie mesmo é ela se agarrar tão desesperadamente a um cargo para o qual não foi talhada e que jamais exerceu com um mínimo de competência. Mas basta ler as entrelinhas para concluir que o que mais a preocupa não é o vexame de deixar o Planalto pela porta dos fundos ou a perda das mordomias de presidente da Banânia, mas a perspectiva de acabar na cadeia ― talvez até na distinta companhia de seu abjeto predecessor e mentor. Afinal, pesam contra ela acusações que vão bem além das pedaladas fiscais e outros desmandos administrativos (ou crimes de responsabilidade).

Semanas atrás, a petista foi promovida à condição de investigada, e pode vir a ser condenada criminalmente por interferir na Lava-Jato e tentar obstruir a Justiça ― afinal, não faltam indícios de que tenha conspirado para nomear Marcelo Navarro para o STJ em troca do compromisso de soltar presos da Lava-Jato, articulado uma tentativa de evitar a delação do ex-senador Delcídio do Amaral e nomeado Lula para a Casa Civil visando tirá-lo do alcance do juiz Sergio Moro.
Por essas e outras, talvez Dilma devesse rever seus planos de passar oito meses viajando pela América Latina. Sem a prerrogativa de foro privilegiado, ela poderá ser processada em primeira instância com outros acusados de obstruir a Justiça, como Mercadante, Cardozo, e o próprio sumo pontífice da petelândia e capo di tutti i capi ― vale lembrar que Delcídio foi preso por muito menos.

Resumo da ópera: A abertura de inquérito pelo STF, autorizada por Teori Zavascki no último dia 15, é o pior revés que a bruxa má experimentou desde sua ascensão ao poder. Isolada e sem apoio ― até mesmo da facção criminosa travestida de partido político que atende pelo nome de Partido dos Trabalhadores ―, ela vê ruir o castelo de cartas com que vinha tentando entrar para a história como uma governante proba e acima de qualquer suspeita, mas traída pelo vice e cassada sem provas por um nefasto “golpe de estado”. De uns tempos a esta parte, todavia, o mantra de que se valia desde o início de seu imprestável segundo mandato ― de que seu governo foi marcado pela independência na investigação da corrupção e pela inexistência de acusações de enriquecimento pessoal ― já não convence ninguém, diante da cachoeira de provas de que o petrolão abasteceu suas duas campanhas à presidência.

Enfim, cada coisa a seu tempo. Vamos aguardar o resultado do impeachment para depois tecer comentários sobre um provável indiciamento pelo MPF e consequente julgamento e condenação da guerrilheira de araque, nefelibata da mandioca e mãe de todas as crises.

Atualização:
Por volta das onze horas da manhã de ontem, depois que eu já havia concluído este texto, Ricardo Lewandowski, presidente do STF, antecipou o intervalo para almoço devido ao tumulto que se instalou no plenário do Senado. O primeiro bate-boca começou mais cedo, quando o senador petista Lindbergh Farias atacou o democrata Ronaldo Caiado, a quem chamou de “desclassificado”. Caiado respondeu em off que Lindbergh tem mais de 30 processos no STF e "cracolândia em seu gabinete. Lewandowski determinou que os microfones fossem desligados e suspendeu a sessão por cinco minutos. Em seguida, Renan Calheiros, presidente da Casa, pediu aos senadores que reduzissem as questões de ordem repetidas, e a propósito de uma declaração feita ontem pela petralha Gleisi Hoffmann, afirmou: “Esta sessão é uma demonstração de que a burrice é infinita. A senadora Gleisi chegou ao cúmulo de dizer que o Senado não tem condição moral de julgar a presidente”, lembrando que ela e o marido, o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, foram indiciados por corrupção passiva na Lava-Jato. Renan chegou a ameaçar suspender o depoimento de Dilma, marcado para a próxima segunda-feira, caso a troca de acusações entre os parlamentares no plenário do Senado continuasse. “Ele não tem esse poder porque nem preside a sessão de julgamento. A única forma de o depoimento não ocorrer na segunda-feira é se não forem concluídas as oitivas das testemunhas”, rebateu a também senadora petista Vanessa Grazziotin. Diante disso, Lewandowski interrompeu os trabalhos, que deverão ser retomados após o recesso para almoço. Resta agora aguardar para ver o que vai acontecer a partir de então.

Segunda atualização: Bem mais tarde, quando a noite já ia alta e o Senado havia se esvaziado, foram concluídos os questionamentos aos dois primeiros depoentes da defesa, com a maior parte das perguntas sendo feitas por defensores da petista e membros da base governista abrindo mão de fazer indagações para acelerar o processo. Vamos continuar acompanhado. Novidades relevantes a qualquer hora na minha comunidade http://cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br 

Bom sábado a todos e até mais ler.