O gosto do governador petista Fernando Pimentel por mordomias (vide postagem anterior), notadamente
no que concerne a voar à custa do contribuinte, parece ser compartilhado por
políticos dos mais variados partidos (e olhe que partido político é o que não
falta no Brasil, haja vista o número de legendas registradas no TSE, ávidas por morder uma fatia do
fundo partidário e vender a peso de ouro seu tempo na mídia durante as campanhas
eleitorais).
Observação: Torno a lembrar que, ironicamente, as
caudalosas denúncias de corrupção contra o governador mineiro começaram
precisamente em virtude de um avião: a Operação
Acrônimo teve início em outubro de 2014, quando a PF apreendeu um jatinho
que pousou em Brasília com uma soma significativa em dinheiro vivo e farto
material de campanha de Pimentel.
Não que o custo da viagem do petralha (estimado em R$ 5 mil)
represente mais do que uma gota d’água no oceano de dívidas em que se afoga a
economia mineira (vale lembrar que MG disputa com o RJ e o RS o título de “Grécia Brasileira”). O que pegou mal
foi o acinte, o deboche, a desfaçatez, o escárnio representado por mais esse
abuso, notadamente depois que sua insolência decretou “estado de calamidade
financeira” por conta do descalabro nas contas públicas do Estado que governa.
Para piorar, diferentemente do que fizeram outras autoridades pilhadas em
situações semelhantes, o sacripanta não se prontificou a reembolsar o Erário,
limitando-se a afirmar (como de praxe) não fez nada de errado. E mesmo que sua
versão expressasse a mais pura verdade (o que se admite apenas por amor à
argumentação), o contribuinte mineiro não entendeu por que razão uma
indisposição do filho do governador o isentaria de ressarcir o prejuízo.
Passando ao mote desta postagem, o tucano Aécio Neves (autor do decreto em que Pimentel se embasou para se arrogar o
direito de usar as aeronaves oficiais com bem entender) viajou pelo menos seis
vezes em helicópteros e aviões oficiais destinadas ao transporte de
autoridades, isso 22 meses depois de ter deixado o cargo de governador de Minas
Gerais.
Outro exemplo: Sérgio
Cabral, ex-governador do RJ e atualmente hospedado no complexo
penitenciário de Gericinó, em Bangu, era useiro e vezeiro em requisitar o
helicóptero do governo do Rio para levar empregadas às compras em supermercados,
buscar roupas que a primeira-dama tivesse esquecido de levar nas viagens de fim
de semana em Mangaratiba, e até mesmo para transportar Juquinha, o cachorro da família.
Em 2013, o presidente do Senado e Cangaceiro das Alagoas Renan Calheiros utilizou um avião da
FAB no deslocamento que fez de Brasília ao Recife para realizar ― pasmem! ― um
implante capilar (como ele não tinha sequer uma agenda oficial para justificar
a gastança, acabou devolvendo R$ 27000
aos cofres públicos).
Segundo levantamento feito pelo ESTADÃO, a despeito de Dilma Rousseff ter proibido via decreto
(em abril de 2015) o uso de aeronaves da FAB
por ministros em deslocamento para seus domicílios, de maio a novembro do ano
passado o staff do governo Temer se
esbaldou em pelo menos 238 viagens que tinham como origem ou destino suas
respectivas cidades de residência.