O que faz de uma faca de cozinha uma arma letal é o
propósito de quem a manuseia. E o mesmo raciocínio se aplica à internet, que
tanto facilita a vida dos usuários “legítimos” quanto auxilia a bandidagem cibernética,
proporcionando maior velocidade aos ataques e abrindo o leque de vítimas
potenciais.
Nos primórdios da computação pessoal, os vírus
de computador se limitavam a pregar sustos nos usuários de PCs, mas
logo passaram a danificar os sistemas-alvo. Mais adiante, os “programadores do
mal” passaram a usá-los para propósitos mais rebuscados, o que deu origem aos trojans, spywares e outros códigos maliciosos ― que passaram a ser chamados
indistintamente de malware (de malicious software).
Pragas que infectam sistemas computacionais com o propósito
de danificá-los continuam existindo, embora tenha perdido espaço para variações
ainda mais preocupantes, cuja finalidade é roubar informações confidenciais dos
usuários de PCs (dados de cartões de crédito, números de documentos, senhas
bancárias, etc.), criar exércitos de zumbis
(ou bots) para desfechar ataques DDoS, “sequestrar” arquivos
importantes e cobrar resgate para sua liberação ― caso do ransomware, que vem crescendo
exponencialmente nos últimos anos, como nesta postagem ― e assim por diante.
Devido a sua popularidade, o Correio Eletrônico ― criado nos anos 1970 pelo programador
norte-americano Ray Tomlinson ― tornou-se
o meio de transporte ideal para essas pestes, notadamente depois que o email
ganhou a capacidade de transportar, como anexo, praticamente qualquer tipo de
arquivo digital. Isso sem mencionar que as mensagens também são usadas para o phishing
scam ― modalidade de ataque que usa a engenharia social para praticar, no meio eletrônico, a boa e velha vigarice (atire o primeiro mouse quem
nunca recebeu um email, supostamente provindo de uma instituição financeira,
solicitando o recadastramento de dados, sob pena de bloquear o acesso do
correntista ao serviço de netbanking).
Então, gente, por mais que as dicas que eu insisto em
repetir aqui no Blog sejam elementares e, digamos, “batidas”, isso não as torna
menos eficientes. E é importante segui-las à risca, pois, por mais evoluídas
que sejam as ferramentas de segurança digital atuais, nenhuma delas é
suficientemente “idiot proof” para
proteger o usuário dele mesmo. E é com isso que contam os cibervigaristas.
Concluída esta breve ― mas oportuna ― introdução, convido o
leitor a acompanhar o desdobramento desta matéria. No próximo capítulo,
voltaremos à questão dos anexos
maliciosos e dos links suspeitos,
já que nem sempre é fácil separar o joio do trigo ― afinal, nenhum “espertinho”
que pretende lhe aplicar um 171 vai escrever no corpo do email: olha, abra o anexo (ou clique no link a
seguir) para que eu possa acessar remotamente o seu PC e/ou descobrir sua senha
bancária e fazer uma limpa na sua conta corrente.
Para bom entendedor, meia palavra basta.
A CHAPA ESQUENTA, AS
BATATAS ASSAM, BRASÍLIA TREME NAS BASES E LULA RONCA PROSA
Lula depôs ontem
à Justiça Federal de Brasília ― além dos dois processos na 13ª Vara Federal de
Curitiba, sua insolência responde a mais três ações penais figura na “Lista de
Janot” divulgada ontem, juntamente com 83 políticos com prerrogativa de foro e
mais duzentos e tantos que não gozam desse privilégio absurdo e, portanto,
terão seus inquéritos enviados para instâncias inferiores, onde a tramitação
costuma ser muito mais rápida do que
no Supremo. Apenas para citar o “crème de
la crème”, Lula, Dilma, Aécio, Serra, Eunício, Padilha,
Kassab, Renan, Moreira, Aloysio,
Palocci, Lobão, Mantega estão entre as estrelas candentes ― ou cadentes? ou decadentes? ― dessa distintíssima constelação.
Observação: Sobre os 83
pedidos de abertura de inquérito
para investigar políticos citados nas delações dos 77 da Odebrecht, o procurador-geral
pediu a retirada do sigilo de todo o material, sob o argumento de que é
necessário promover transparência e atender ao interesse público. Mas a TV Globo já confirmou com várias fontes
que a PGR solicitou ao STF a autorização para a abertura de
investigações de pelo menos cinco ministros, seis senadores, um deputado e
ex-integrantes dos governos Lula e Dilma, inclusive os dois ex-presidentes. As acusações, de modo geral, são
de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem, fraude a licitação, formação de
cartel e artigo 350 do Código Eleitoral, que é prestar falsas informações à
Justiça Eleitoral. O ministro Edson
Fachin deverá decidir nos próximos dias se os inquéritos serão autorizados
e se o sigilo será removido. A propósito: é verdade que a primeira lista de
Janot, de março de 2015, resultou em 28 inquéritos contra 49 autoridades, e que
de lá para cá os resultados foram pífios (para dizer o mínimo). No entanto, ao
contrário do que alegam os fala-merdas de plantão (e o que não faltam fala-merdas
no nosso entrono), o contexto era bem outro, pois, na época, Lava-Jato era incipiente
e não contava com o expressivo respaldo da opinião pública dos dias atuais. A
conferir.
Mesmo assim, o molusco continua roncando prosa: “Vou matar eles de raiva, porque em todas as
pesquisas vou aparecer na frente”, disse o cobra-criada ― que nem soube responder quanto ganha por mês ―,
visando aterrorizar que ousa enxergar o verdadeiro sacripanta por trás do
farisaico pai dos pobres. Aliás, em seu primeiro depoimento na condição de réu,
ontem, em Brasília, o petralha reclamou do assédio da imprensa contra ele
em meio às investigações da Lava-Jato: “O senhor sabe o que é levantar todo dia achando que a imprensa está na
porta da minha casa porque eu vou ser preso?", questionou o depoente
ao juiz federal Ricardo Augusto Soares
Leite, da 10.ª Vara Federal. O
cara não muda o disco! É impressionante!
Voltando às tais pesquisas de opinião, é preciso ter em
mente que elas mensuram o “humor” da população no momento em que são realizadas, sendo leviano, portanto, projetar os
dados num “amanhã incerto” ― e nada mais incerto que o amanhã no caos em que se
transformou o “país do futuro”. Assim, “se a eleição fosse hoje” ― e
pressupondo que seus resultados sejam válidos ―, o nome de Lula até poderia se sobrepor aos demais virtuais candidatos à
sucessão presidencial. Todavia, como bem ressaltou a colunista de Dora Kramer (em Veja desta semana), a eleição
não é hoje, e as candidaturas de Lula,
de Ciro Gomes, de Alckmin, de Marina, de Aécio e de
quem mais já antecipou sua intenção de disputar a poltrona que hoje é ocupada
por FrankensTemer ― que a gente nem sabe se chega até o final do mandato
― são tão consistentes quanto suflê de vento.
Com efeito, o PT
investe numa miragem com base nas tais pesquisas, onde Lula aparece em
primeiro lugar, mas o fato é que nem a eleição “é hoje” nem o petralha está em
posição tão confortável quanto quer fazer crer. Além de ser campeão em rejeição,
o dito-cujo é o único dos autodeclarados pré-candidatos que responde a processos
criminais capazes de lhe subtrair não só a elegibilidade, mas também a
liberdade. O que ele e os demais postulantes à vaga vêm fazendo é escrever
scripts cuja validade depende de imponderáveis, simulando controle sobre uma
realidade em total descontrole ― ou seja, “jogando para a plateia” para iludir
o eleitorado menos esclarecido. No frigir dos ovos, a disputa, em 2018 ou antes
disso, ninguém sabe como será, ou mesmo quem sobreviverá politicamente até lá.
Como se tudo isso
não bastasse, o entendimento que se vem cristalizando no Supremo é no sentido
de que réu em ação penal não pode ocupar a presidência da República, nem mesmo
eventualmente. A propósito, vale lembrar a panaceia protagonizada pelo decano Celso
de Mello, no final do ano passado, que afastou Renan Calheiros ― feito
réu pelo crime de peculato ― da linha sucessória presidencial, embora tenha
preservado seu mandato de senador e cargo de presidente do Senado e do
Congresso. Ora, se réu não senta na cadeira de presidente, nem mesmo
para cobrir uma ausência temporária do titular (vale lembrar também que, como
estamos sem vice, na ausência de Michel
Temer a presidência fica a cargo de, pela ordem, Rodrigo Maia, Eunício
Oliveira, e Carmen Lucia (atuais
presidentes da Câmara, do Senado e do STF). Pela Lei, até um preso pode ser
candidato, mas, se ganhar, dificilmente será empossado. Até porque, em
prosperando o entendimento retro citado, basta
ser réu para estar impedido, independentemente de ter sido ou não condenado,
e de a decisão de primeira instância ter sido ou não objeto de recurso.
Para bom entendedor, meia palavra basta.
Confira minhas atualizações diárias sobre
política em www.cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/