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terça-feira, 14 de maio de 2019

SMARTPHONES — O WHATSAPP E OS PROGRAMINHAS ESPIÕES


JAMAIS PROMETA O QUE VOCÊ NÃO PODERÁ CUMPRIR E JAMAIS DEIXE DE CUMPRIR O QUE VOCÊ PROMETER.
Há no Brasil 207,6 milhões de habitantes e 220 milhões de celulares. Se considerarmos também os tablets e notebooks, termos 306 milhões de aparelhos, o que dá uma média de 1,5 gadget por habitante. Eu, particularmente, não me lembro de um único gato pingado, entre meus familiares, amigos e conhecidos, que não tenha um smartphone e que não seja usuário do WhatsApp.
O que muita gente não sabe é que toda essa popularidade faz com que os diligentes telefoninhos e o festejado app mensageiro se tornem um prato cheio para os cibervigaristas — vale lembrar que o WhatsApp é controlado pelo Facebook, e que, como Mark Zuckerberg deixou claro ao longo dos últimos anos, proteger a privacidade dos usuários não é prioridade da empresa.
Qualquer arquivo digital compartilhado por email, pelo Zap, pelo Face, pelo Messenger — e até mesmo por SMS — pode ser malicioso, e o fato de ter sido enviado por um parente, amigo ou conhecido do destinatário não garante sua lisura. Além da possibilidade de a conta do remetente ter sido sequestrada, há o fato de que o conteúdo que “bomba” nas redes é fruto de compartilhamentos feitos em progressão geométrica. Demais disso, a bandidagem é mestre em se valer da engenharia social para induzir as vítimas potenciais a clicar em links, abrir anexos, baixar e instalar aplicativos, enfim...
Uma maneira de minimizar esses riscos é optar pela dupla proteção do WhatsApp — com ela, o aplicativo solicita uma senha de seis dígitos periodicamente; se alguém “sequestrar” o telefone, precisará desse código para ter acesso às informações do aparelho. E para verificar se o aplicativo está sendo utilizado concomitantemente em outros dispositivos, basta você acessar Ajustes > WhatsApp Web/Desktop.
Fique atento às mudanças de código: se você ativar a exibição de notificações de segurança no WhatsApp, ele vai alertar quando o código de segurança de um contato mudar — isso ocorre quando o dispositivo é trocado ou formatado, ou quando o WhatsApp é reinstalado, ainda que no mesmo aparelho. Se você visualizar um alerta amarelo, ponha suas barbichas de molho.
Desconfie se alguém lhe pedir dinheiro, mesmo que seja um parente ou amigo muito próximo, pois é possível que um cibervigarista tenha invadido o WhatsApp desse usuário e esteja tentando obter vantagens ilícitas. Não faça nada antes de se certificar por telefone de que foi realmente o seu parente ou amigo quem fez o pedido.
Evite emprestar seu telefone a terceiros. Inúmeros aplicativos têm por função espionar tudo o se passa no seu celular, como se houvesse uma câmera filmando e enviando para outra pessoa, em tempo real, tudo o que você faz. Há aplicativos espiões que salvam o histórico de ligações e gravam as suas conversas, mensagens SMS, localização, e até mesmo o que se passa no ambiente em tempo real, tantos em áudio quanto em vídeo, sem dar qualquer sinal de que a câmera e/ou microfone do aparelho estejam sendo usados. E como é fácil e rápido instalar esses programinhas maliciosos, basta que o aparelho fique alguns minutos na mão de alguém mal intencionado para que a sua privacidade e segurança sejam seriamente comprometidas.
Observação: Há diversos tutoriais na internet ensinando como acessar a webcam de alguém sem que esse alguém perceba, e não é preciso ser um Einstein para seguir essas dicas. Embora existam no mercado dezenas de aplicativos que prometem bloquear o acesso à câmera, o dono do Facebook prefere “cegar” o sensor, no seu computador pessoal, com fita adesiva. Mesmo que haja uma luz indicativa, é possível fazer com que a câmera grave vídeos e os enviem para outra pessoa sem que a luzinha indique que ela esteja em operação.
Via de regra, antivírus não alertam sobre esses apps, já que quem os instala (os aplicativos, não o antivírus) pode criar uma passagem de informações que a ferramenta de segurança não consegue acessar sem intervenção manual. Vídeos no YouTube que ensinam como operar remotamente câmeras de terceiros contabilizam milhões de visualizações, deixando claro que há muita gente interessada em usá-los, seja para espionar o cônjuge ou os filhos, por exemplo, seja para fins criminosos.

Desconfie quando e se seu plano de dados for consumido mais rapidamente do que o normal — esses programinhas precisam de acesso à Internet para enviar as informações ao espião — ou quando a carga da bateria se esgotar antes do previsto. Cheque sua lista de aplicativos e desinstale qualquer coisa que lhe desperte suspeitas ou que você não se lembre de ter adicionado pessoalmente. Se não localizar o aplicativo espião e continuar cismado de que algo está errado, reverta o telefoninho às configurações de fábrica (isso removerá todos os aplicativos instalados e anulará quaisquer configurações implementadas por você ou por terceiros.