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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

WINDOWS — AINDA SOBRE O “MILAGRE DA RESTAURAÇÃO”


ARMAS NÃO MATAM PESSOAS. PESSOAS MATAM PESSOAS.

Já vimos como habilitar a Restauração do Sistema, como criar novos pontos manualmente e como apagar os antigos. Agora, veremos como usar esse “túnel do tempo” para, por exemplo, desfazer atualizações malsucedidas do Windows, reverter desconfigurações acidentais, neutralizar os efeitos deletérios de aplicativos problemáticos ou malintencionados (freewares úteis não raro vêm acompanhados de programinhas inúteis ou perniciosos), e eliminar malwares que seu antivírus deixou passar e não foi capaz de remover a posteriori.  

Claro que tudo isso pode ser resolvido de outras maneiras, mas é mais fácil e rápido recorrer à Restauração do Sistema. Se for o caso, oriente-se pelo passo-a-passo do post anterior e, na janelinha das Propriedades do Sistema, clique na aba Proteção do Sistema, pressione o botão Restauração do sistema... e siga as instruções do assistente. E, claro, torça para que a reversão seja bem-sucedida, o que infelizmente não acontece em 100% dos casos.

Observação: Mesmo havendo chances de a ferramenta não cumprir seu papel, é fundamental mantê-la ativa e operante (vimos como fazer isso na postagem anterior). Precisar dela e encontrá-la desativada é o mesmo que ter um pneu furado e descobrir que o estepe está vazio.

Pode acontecer de você acessar a tela das Propriedades do Sistema, clicar na aba Proteção do Sistema e, por alguma razão, nenhuma unidade ser exibida no campo Configurações de Proteção, ou então os botões estarem acinzentados (situação em que não respondem aos comandos do usuário), ou, ainda, uma mensagem de erro com o código 0x81000203 ser exibida, seguida de um “animador” tente novamente. E agora, José? Bem, há dois caminhos a seguir. Vamos ao primeiro:

1) Feche todos os aplicativos e abra o menu Executar (pressione ao mesmo tempo as teclas <Windows> e <R> para convocá-lo);

2) Na caixa de diálogo respectiva, digite regedit e clique em OK;

3) Na janela do Editor do Registro, selecione a chave HKEY_LOCAL_MACHINE e crie um backup (para mais informações sobre backup do Registro, clique aqui);

4) Volte à janela do Editor, expanda a chave em questão e navegue até SYSTEM\CurrentControlSet\services\swprv;

5) No painel à direita, verifique se o valor Start é 3 (caso negativo, mude o que estiver lá para 3);

6) Expanda a entrada swprv, clique em Parameters e veja se o valor ServiceDll é %Systemroot%\System32\swprv.dll (caso negativo, altere-o de modo que passe a ser);

7) Feche o Editor do Registro e reinicie o computador. Quando o Windows terminar de carregar, tente criar um ponto de restauração. Com um pouco de sorte, tudo terá voltado a ser como antes no Quartel de Abrantes.

O segundo caminho nos leva ao System Restore Manager (saiba mais sobre ele nesta postagem). O problema é que esse programinha não é atualizado desde 2012 — isso equivale a dizer que não há garantias de que ele vá funcionar no Windows 10

Observação: Situações desesperadoras exigem medidas desesperadas. Se você já tentou de tudo e nada resolveu seu problema, terá de reinstalar o sistema e recomeçar tudo do zero. Então, o que tem a perder?

Se for mesmo preciso reinstalar o Windows 10, a boa notícia é que os aprimoramentos implementados pela Microsoft ao longo das sucessivas edições do sistema simplificaram bastante essa tarefa, embora ela seja trabalhosa e demorada  não tanto pela reinstalação em si, mas pelas posteriores reconfigurações e personalizações que você terá de fazer para deixar tudo como era antes (isso inclui reinstalar aplicativos, resgatar arquivos de backup salvos em mídias removíveis, e por aí segue a procissão). Enfim, não dá para fazer omelete sem quebrar ovos.

Para reinstalar o Windows 10, clique em Iniciar > Configurações > Atualização e segurança > Restaurar o PC > Começar e escolha uma das opções disponíveis, conforme explicado a seguir:

Manter meus arquivos” irá reinstalar o sistema removendo os aplicativos, atualizações (inclusive de drivers de dispositivo) e desfazer as reconfigurações que você fez, embora preserve seus arquivos pessoais. Note que isso não o desobriga de criar cópias de segurança dos arquivos importantes e de difícil recuperação (mais informações nesta postagem). Note também que os apps que vieram pré-carregados de fábrica serão automaticamente reinstalados.

Remover tudo” irá apagar também os arquivos pessoais, ou seja, ao final do processo a máquina voltará ao estado em que estava quando você a ligou pela primeira vez. Recorra a essa opção se estiver tendo problemas com malwares de difícil remoção ou quando for vender ou doar o computador, pois ela reformata a unidade do sistema e apaga todos os arquivos. Mas lembre-se de apagar manualmente o conteúdo das demais unidades lógicas, caso você tenha particionado seu disco rígido.

Boa sorte.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

AINDA SOBRE O DESEMPENHO DO PC — O MILAGRE DA RESTAURAÇÃO

É PRECISO SER UM GRANDE HOMEM PARA COMETER UM GRANDE ERRO.

Vimos que a Restauração do Sistema (clique aqui para saber mais) cria backups de arquivos essenciais ao funcionamento do computador em intervalos de tempo regulares e sempre que modificações abrangentes são feitas e atualizações, novos aplicativos e drivers, instalados. Assim, se alguma coisa der errado, o usuário pode usar essa "máquina do tempo" reverter o sistema a uma configuração salva quando tudo funcionava direitinho. Vimos também que, para funcionar, essa ferramenta precisa estar habilitada. Veja como conferir no Windows 10:

1) Digite propriedades no caixa de pesquisas da Barra de Tarefas e selecione a opção Sistema/Painel de Controle.

2) Na porção esquerda da janela Sistema, clique no link Proteção do sistema.

3) Na aba Proteção do Sistema da janela das Propriedades do Sistema, selecione a unidade em que o sistema está instalado (geralmente C:) e pressione o botão Configurar... , a opção Ativar a proteção do sistema.


Convém você criar um ponto de restauração sempre que for implementar alguma alteração relevante no sistema, instalar novos apps ou atualizar drivers de dispositivos. Para isso, na janelinha das Propriedades do Sistema, pressione o botão Criar e siga as instruções do assistente.

Os pontos de restauração são “instantâneos” das configurações e arquivos essenciais ao funcionamento do computador e, portanto, ocupam um bocado de espaço. Como os discos rígidos autuais são verdadeiros “latifúndios”, isso não chega a ser um problema, mas não deixe de limitar o espaço alocado para armazenar os pontos e apagar os mais antigos de tempos em tempos (em tese, eles são eliminados automaticamente sempre que não houver espaço para abrigar os novos, mas enfim...).

Para ajustar o espaço, volte à janela das Propriedades do Sistema, clique na aba Proteção do Sistema, pressione o botão Configurar... e, no campo Uso do Espaço em Disco, mova a barra deslizante até o percentual desejado (algo entre 5% e 10%, conforme o tamanho do disco). Feito isso, clique em Aplicar e confirme em OK.

Para apagar os pontos antigos, pressione o botão Excluir e siga as instruções do assistente. Por padrão, o ponto mais recente é mantido, mas não deixe de criar um novo sempre que você fizer essa faxina (basta pressionar o botão Criar e seguir as instruções do assistente). 

Note que você pode gerenciar esses pontos — ou seja, apagá-los de maneira seletiva — usando o CCleaner (sugiro manter os dois ou três últimos pontos, de modo a ter um plano B no caso de você precisar restaurar o sistema e o último ponto não funcionar).

Amanhã a gente continua.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

AINDA SOBRE O DESEMPENHO DO PC (CONTINUAÇÃO DA CONTINUAÇÃO)


AS HORAS SÃO FATIAS DA ETERNIDADE.

Vimos que quando compramos um computador montado as nossas opções se reduzem à escolha da marca e do modelo, o que significa aceitar a configuração e os componentes definidos pelo fabricante. Máquinas top de linha costumam ter configuração poderosa e integrar componentes de boa qualidade, mas não é qualquer um que pode investir algo entre R$5 mil e R$ 100 mil num PC.

Se você acha que estou exagerando, o "monstro" que ilustra esta postagem tem processador de 18 núcleos, HDD de 2 TB, 32 GB de RAM e monitor full HD de 24 polegadas e custa R$ 41 mil; o iMac PRO, na versão top, custa pouco menos de US$ 14 mil nos EUA, mas, no Brasil, chega a inacreditáveis R$ 98.125. A boa notícia é que você parcelar o pagamento em até 12 vezes — ah, e o frete é grátis.

Mesmo uma Ferrari está sujeita a panes, ainda que as probabilidades de ela deixar o dono na mão sejam bem menores que as de um Chevrolet Opala ou de um Fiat Uno dos anos 80, por exemplo — que a esta altura devem estar caindo aos pedaços. Mas isso é conversa para outra hora. No caso do computador, para além da configuração física — que deve ser adequada às exigências do sistema e dos apps que o usuário pretende rodar —, algo sempre pode dar errado também no âmbito do software

Felizmente, problemas de lentidão, instabilidade, travamentos e/ou reinicializações aleatórias, acompanhadas ou não das temidas BSoD (sigla em inglês para tela azul da morte), têm grandes chances de ser resolvidos por uma simples reinicialização. Mas evite a opção “reiniciar” do menu de deligamento, pois ela refaz o boot muito rapidamente, impedindo que o conteúdo das memórias voláteis se esgote completamente. O indicado é desligar o computador e tornar a ligá-lo depois de um ou dois minutos; com alguma sorte, o Windows irá se recuperar automaticamente do erro ou iniciar no modo de segurança (ou ainda no ambiente de recuperação).

Observação: E se o sistema não exibir a tela de Logon nem as opções de recuperação? Bem, aí a porca torce o rabo. O jeito é insistir no boot três tentativas consecutivas forçam a reinicialização no WinRE (ambiente de recuperação do Windows). Na janela Selecione uma opção, escolha Solucionar problemas; em Solucionar problemas, selecione Restaurar este PC, em Restaurar este PC, defina Manter meus arquivos, selecione sua conta de usuário (digite a senha, caso isso lhe seja solicitado) e então clique em Reiniciar e reze para dar certo.

Problema intermitentes (que ocorrem uma vez ou outra) ou recorrentes (que ocorrem várias vezes num curto espaço de tempo) costumam ter causas difíceis de identificar, já que a pesquisa demanda tempo e trabalho, além de exigir conhecimentos que a maioria dos usuários domésticos geralmente não possui. Então, deixe de lado a curiosidade acadêmica e recorra à Restauração do Sistema, que, como vimos no capítulo anterior, acompanha o Windows desde a edição Millennium

Continua...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

USO EXCESSIVO DO HDD — COMO RESOLVER


TODO HOMEM É CULPADO DO BEM QUE NÃO FEZ.

Quem acompanha este Blog e leu as últimas postagens viu que a memória RAM — ou mais exatamente a falta dela — pode impactar negativamente o desempenho do computador, embora outros componentes importantes, como o processador e o drive de HD, se subdimensionados, comprometem drasticamente a performance do sistema como um todo. Assim, o segredo para um desempenho substantivo consiste na escolha de um PC de configuração equilibrada (e parruda, se possível), até porque o processador não é capaz de grande coisa sem a contrapartida dos subsistemas de memória física e de massa (RAM e disco rígido, respectivamente).

Feita essa breve introdução, veremos como resolver um problema bastante comum no Windows, que é o uso excessivo do disco. Se você seguiu minha sugestão e instalou o IObit Advanced System Care, poderá conferir facilmente o acesso ao disco através do monitor de desempenho, bastando clicar na setinha que fica à direita dele e selecionar a opção Disco (se o monitor não estiver sendo exibido na tela, acesse as configurações da suíte e marque a caixa de verificação ao lado de Ativar o Monitor de Desempenho e carregar na inicialização do Windows). 

Se o monitor indicar 100% ou algo próximo disso (o que é bastante comum logo após a inicialização do Windows), seu computador deve estar "uma carroça", já que a utilização do disco acima de 50% reduz drasticamente a margem de manobra do sistema para executar outras tarefas que não as do próprio sistema. Antes de qualquer outra providência, porém, convém você checar a “saúde” do seu drive de HD. Para isso:

Abra o Prompt de comando (ou o Windows PowerShell), digite wmic diskdrive get caption,status e pressione a tecla Enter

Se o drive (ou algum deles, se houver mais de um) for listado e seguido de um “OK”, tudo bem, mas se um código de erro for exibido ao lado do status do disco... bem, aí a porta torce o rabo.

Digite chkdsk /f /r na linha de comando, responda S (ou Y) quando lhe for perguntado se deseja agendar uma verificação, reinicie o computador e aguarde a conclusão da varredura (que pode demorar um bocado). 

Aguarde a conclusão da verificação e a reinicialização do computador. Em seguida:

— Pressione Win+R para convocar o menu Executar, digite eventvwr.exe caixa de diálogo, clique em OK e, na janela do visualizador, esquadrinhe os logs de eventos relacionados com seu disco rígido. 

— Recorra ao Google para tentar obter informações de como resolver o problema identificado pela ferramenta. Se encontrar algum tutorial que lhe pareça confiável, siga-o. Ao final, digite novamente wmic diskdrive get caption,status na linha de comando e confira o resultado. 

— Se o problema persistir, faça um backup de seus dados importantes e de difícil recuperação e programe-se para substituir o quanto antes o drive problemático.

Supondo que seu HDD esteja OK, veja (na próxima postagem) como proceder para solucionar o problema de uso excessivo do disco. Até lá.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

AINDA SOBRE COMO SOLUCIONAR PROBLEMAS NO WINDOWS, SFC E DISM (FINAL)


CONTRADIÇÕES NÃO EXISTEM. SE VOCÊ SE DEPARAR COM UMA CONTRADIÇÃO, REVEJA SUAS PREMISSAS: ALGUMA COISA DEVE ESTAR ERRADA.

Depois de relembrar o que é e como se usa o prompt de comando no Windows — ou PowerShell, nas edições 8.1 e 10 do sistema —, volto ao DISM e o SFC, que são ferramentas nativas do Windows, mas não figuram na lista de aplicativos do menu Iniciar nem entre os miniaplicativos do Painel de Controle, pois elas são executadas via linha de comando e com privilégios de administrador.  Ambas varrem o sistema em busca de arquivos corrompidos e implementar as correções necessárias, mas a Microsoft recomenta executar primeiro o DISM no Windows 10 e Windows 8.1 e inverter essa ordem no Windows 7

Para abrir o PowerShell com privilégios de administrador, clicamos com o botão direito em Iniciar e selecionamos a opção Windows PowerShell (Admin). Na janelinha de confirmação, autorizamos a execução clicando em Sim (ou fornecemos as credenciais de administrador, dependendo do que for solicitado). Na tela do interpretador, digitamos “Dism /Online /Cleanup-Image /ScanHealth (ou “Dism /Online /Cleanup-Image /CheckHealth”, tanto faz) na linha de comando e pressionamos Enter (desconsidere as aspas ao digitar o comando, mas assegure-se de dar um espaço antes de cada “/”).

Podemos acompanhar o processo pelo avanço do percentual na tela, que demora um pouco para atingir 100% e não raro empaca nos 20% e leva uma eternidade para seguir adiante, mas devemos resistir à tentação de fechar a tela. Sugiro tomar um café, fazer um lanche ou coisa parecida, pois, ainda que seja possível continuar usando o computador enquanto a verificação está em curso, eu acho melhor evitar.

Se a mensagem exibida ao final for igual a da figura que ilustra esta postagem, não precisamos fazer mais nada, mas se for de que não há como reparar os arquivos, devemos providenciar um backup atualizado dos arquivos pessoais importantes e de difícil recuperação e proceder a uma reinstalação do Windows do zero (mais detalhes no final desta postagem). Caso a ferramenta indique a existência de arquivos corrompidos, usamos o comando “Dism /Online /Cleanup-Image /RestoreHealth” para repará-los (lembre-se de digitá-lo sem as aspas e manter os espaços antes de cada “/”). 

Devemos manter o PC conectado à internet, visto que a ferramenta usa o Windows Update para substituir os arquivos corrompidos por versões em bom estado. Se quisermos executar o DISM offline, digitamos "Dism /Online /Cleanup-Image /RestoreHealth /Source:wim:X:\sources\instlall.wim:1" /Source:wim:X:\sources\install.wim:1” (sempre sem aspas e, neste caso, substituindo o “X” pela letra correspondente à partição que abriga os arquivos de reinstalação do Windows).

Concluída essa etapa, voltamos à tela do PowerShell (Admin), digitamos “sfc /scannow” (sem as aspas e com um espaço entre sfc e /scannow) e pressionamos. Enter. A ferramenta verificará todos os arquivos protegidos do sistema e substituirá os corrompidos por uma cópia em cache armazenada me em %WinDir%\System32\dllcache. Não devemos fechar esta janela do PowerShell até que a verificação esteja 100% concluída e a ferramenta exibir uma destas mensagens: 

1) A Proteção de Recursos do Windows não encontrou nenhuma violação de integridade (ou seja, não há arquivos do sistema ausentes ou corrompidos); 

2) A Proteção de Recursos do Windows não pode executar a operação solicitada (para resolver esse problema, rodamos o SFC no modo de segurança depois de nos certificarmos de que as pastas PendingDeletes e PendingRenames existam em %WinDir%\WinSxS\Temp); 

3) A Proteção de Recursos do Windows encontrou arquivos corrompidos e os reparou com êxito. Detalhes estão incluídos na pasta CBS.Log %WinDir%\Logs\CBS\CBS.log (clique aqui para saber como acessar informações detalhadas sobre a verificação e a restauração de arquivos de sistema); 

4) A Proteção de Recursos do Windows encontrou arquivos corrompidos, mas não pôde corrigir alguns deles. Detalhes estão incluídos na pasta CBS.Log %WinDir%\Logs\CBS\CBS.log (torça para que a mensagem não seja esta).

Observação: Para reparar os arquivos corrompidos manualmente, visualize os detalhes do processo do Verificador de Arquivos de Sistema, localize o arquivo corrompido e, em seguida, substitua-o manualmente por uma cópia em bom estado.

Se tudo falhar, o jeito será reinstalar seu Windows. Para isso, clicamos em Iniciar > Configurações > Atualização e segurança > Restaurar o PC > Começar e escolhemos uma das opções disponíveis, conforme explicado a seguir:

“Manter meus arquivos” irá reinstalar o Windows 10 removendo os aplicativos, atualizações e drivers instalados pelo usuário e desfazer as reconfigurações que ele implementou no sistema, embora preserve seus arquivos pessoais. Note que isso não nos desobriga de criar cópias de segurança dos arquivos importantes e de difícil recuperação (mais informações nesta postagem), embora os aplicativos que vieram pré-instalado de fábrica com o sistema serão automaticamente reinstalados.

“Remover tudo” irá reinstalar o Windows 10 desfazendo as personalizações e reconfigurações que implementamos no sistema, removendo os aplicativos e drivers que instalamos e apagando arquivos pessoais, mas também nesse caso os programas adicionados pelo fabricante do PC serão automaticamente reinstalados. Devemos usar essa opção quando formos vender ou doar o computador, pois ela reformata a unidade do sistema e apaga todos os arquivos. Mas é bom lembrar que é apagar manualmente os dados gravados nas demais unidades lógicas, caso tenhamos particionado o HD.

Boa sorte.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

QUANDO O COMPUTADOR NÃO LIGA OU O WINDOWS NÃO CARREGA... (2ª Parte)

AS RELIGIÕES PODEM MELHORAR NOSSA VIDA PORQUE AJUDAM A CARREGAR O FARDO DA MORTALIDADE. MAS OS SERES HUMANOS CONTINUAM FRÁGEIS E LIMITADOS COMO SEMPRE FORAM.

Para usar a unidade de recuperação criada segundo as instruções do post anterior, pode ser necessário redefinir a sequência de boot, ou seja, mudar a ordem de inicialização do computador, de maneira que os arquivos do sistema sejam buscados primeiro na unidade mídia removível — do contrário a máquina tentará iniciar a partir do HD, o que não adianta de nada se o Windows não consegue carregar normalmente.

Esse ajuste é feito através da tela do CMOS Setup. Para ter acesso a ela, ligue ou reinicie o computador e pressione (insistentemente) a tecla <Delete>. Note que, dependendo do modelo ou versão do BIOS, a tecla em questão pode ser <F2>, <F10>, ou mesmo combinações como <Ctrl+Esc>, <Ctrl+Alt+Enter> ou <Ctrl+Alt+F2>. Essa informação é exibida rapidamente durante o boot, mas você a encontrará no manual do aparelho ou da placa-mãe (para mais detalhes sobre o BIOS e o CMOS Setup, reveja a sequência de postagens iniciada por esta aqui).

Na tela do Setup, procure um separador ou um menu que faça referência a “boot” — se os dizeres estiverem em português, procure algo como “início” ou “inicialização”) e siga as instruções exibidas no pé da tela para navegar pelas opções (via de regra, as setas do teclado são usadas para navegar e <Enter>, para selecionar, já que o mouse não costuma funcionar no CMOS Setup). Uma vez localizada a tela desejada, altere a sequência de inicialização de modo que a unidade de mídia removível (USB) seja o dispositivo primário (1st boot device). Na própria tela haverá informações de quais teclas usar para proceder a essa alteração (as setas e/ou os teclas de + e são as opções mais comuns). Feita a reconfiguração, pressione F10 para salvar e sair (ou siga a indicação na tela para obter esse mesmo resultado).

Observação: Se você configurar a unidade USB como primária e mantiver o HD como segunda opção, não precisará reverter a ordem mais adiante — em não havendo uma unidade de resgate conectada à portinha USB, o boot será feito pelo HD. Note que, em computadores de fabricação recente, um sistema mais moderno e intuitivo (chamado UEFI) faz as vezes do BIOS, mas o procedimento é basicamente o mesmo, a exemplo das teclas usadas para alterar e salvar as configurações. Aliás, há casos em que o mouse é suportado, mas isso já é outra conversa.

Redefinida a sequência de boot, espete sua unidade de resgate numa portinha USB, ligue o computador e siga as instruções na tela para rodar a ferramenta que tenta corrigir o problema que está impedindo o Windows de inicializar normalmente. Se não funcionar, tente reverter o sistema a um ponto de restauração previamente criado. Se nem isso funcionar, tente retornar à versão anterior do sistema essa é a melhor alternativa quando o problema decorre da instalação de algum update abrangente fornecido pela Microsoft. Na pior das hipóteses, valha-se da opção que permite reinstalar o Windows, lembrando que ele permite preservar seus arquivos pessoais — o que evita um bocado de trabalho, mas nem sempre soluciona problemas mais graves, como os causados por vírus e outras pragas. Se a coisa estiver mesmo feia, o melhor a fazer e formatar a unidade e reinstalar do sistema a partir do zero.

Com exceção da restauração do sistema, todas essas soluções são, digamos, radicais, devendo ser adotadas somente quando tudo o mais falhar. Como eu disse, o próprio Windows tenta resolver problemas que o impedem de carregar, e na maioria das vezes ele consegue. Assim, não recorra a medidas invasivas (e irreversíveis) sem antes tentar reiniciar o sistema — uma, duas, ou três vezes, se for necessário. E tenha fé — se não ajudar, atrapalhar é que não vai.

Continua na próxima postagem.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

QUANDO O COMPUTADOR NÃO LIGA OU O WINDOWS NÃO CARREGA...


NÃO HÁ PODER DE CONTROLE SOBRE O UNIVERSO MAIOR DO QUE O PODER QUE NOS CONTROLA.

Mesmo com as facilidades do smartphone e da conexão móvel, às vezes precisamos ou preferimos usar um PC convencional. No ambiente Windows contemporâneo, mensagens de erro, travamentos, reinicializações aleatórias e “telas azuis da morte” não são tão frequentes quanto eram nas edições 9x/ME, mas ninguém está livre de ligar o PC e ele se fingir de morto, ou o Windows 10 se recusar a carregar. Máquinas são máquinas, e se até mesmo o corpo humano, que, dizem, foi criado a partir de um projeto divino e aperfeiçoado ao longo de centenas de milhares de anos, tem lá seus piripaques, o que esperar de obras idealizadas, projetadas e construídas por seres sabidamente falíveis?

Um sistema computacional é composto basicamente de dois segmentos distintos — mas interdependentes —, que são o hardware e o software. Normalmente, o próprio Windows tenta se recuperar de falhas de software que o impedem de carregar, e, na impossibilidade, exibe a tela das opções de recuperação (voltaremos a essas opções mais adiante). Mas há casos em que o "problema" é uma simples falta de energia. Ou então a faxineira desplugou o cabo do PC para ligar o aspirador de pó, por exemplo. Ou aconteceu alguma coisa com o plugue, com a própria tomada ou com o estabilizador de tensão.

Mas há casos em que pode ser preciso usar um disco de resgate para recolocar o bonde nos trilhos. O CD que era fornecido com a documentação do computador — e que servia para reinstalar o software — cumpria esse papel, mas deixou de ser fornecido pelos fabricantes, que passaram a economizar alguns trocados gravando os arquivos de instalação numa pequena partição oculta, criada no HDD exclusivamente para esse fim. Então, quem quiser um disco de resgate terá de criá-lo. Veja como.   

- Depois de providenciar um pendrive (ou HDD externo) com pelo menos 4 GB de espaço livre, ligue o PC (que deve estar funcionando direitinho), conecte a internet, dê um clique direito no botão que convoca o menu Iniciar, clique em Sistema e anote a versão do seu Windows 10.

- Acesse a página de downloads da Microsoft, baixe a ferramenta de criação de mídia e execute-a no computador.

- Clique em Criar mídia de instalação para outro computador e em Avançar. Na tela seguinte, selecione o idioma, a versão (Home ou Professional) e a arquitetura (x86 para 32-bits ou x64 para 64-bits, conforme o caso) e, no campo Edição, escolha a que você anotou anteriormente.

- Marque Unidade flash USB, espete o pendrive (ou o cabinho do HD externo) numa portinha USB do PC, clique em avançar e aguarde a conclusão do processo.

Observação: Se houver arquivos importantes no pendrive ou no HD externo, copie-os previamente para outro local, pois todo o conteúdo será apagado durante a formatação.

Também é possível criar a unidade de regate sem o concurso da ferramenta da Microsoft. Para isso:

- Digite criar unidade na caixa de pesquisas da Barra de Tarefas (ou na caixa de diálogo da Cortana, conforme a configuração do seu Windows) e clique na opção Criar unidade de recuperação Painel de Controle.

- A tela seguinte permite escolher entre simplesmente criar a unidade ou incluir um backup do sistema. Escolha a segunda opção, ainda que o processo seja mais demorado e os arquivos ocupem mais espaço na mídia removível (cerca 16 GB), pois ela poupará tempo e trabalho quando e se você precisar reinstalar o sistema.

- Espete o pendrive (ou o cabo do HD externo) numa portinha USB, indique-o ao assistente de criação, clique em Avançar e em OK na mensagem de que a unidade será formatada, clique no botão Criar e aguarde a conclusão do processo. Quando for exibida uma mensagem dando conta de que a unidade de recuperação está pronta, clique em Concluir.

Continua na próxima postagem.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

QUEBROU O BOTÃO HOME DO SEU iPHONE?


PARA CONHECER OS AMIGOS, É NECESSÁRIO PASSAR PELO SUCESSO E PELA DESGRAÇA. NO SUCESSO, VERIFICA-SE A QUANTIDADE E NA DESGRAÇA, A QUALIDADE.

Celulares custam caríssimo no Brasil, sobretudo porque o imposto corresponde a quase metade do preço do aparelho. 

O iPhone X de configuração top, por exemplo, que sai por US$ 1 mil na terra do Tio Sam, é vendido por cerca de R$ 8 mil nas lojas oficiais da Apple em solo tupiniquim.

Observação: Falando no X, sites especializados dão conta de que a empresa da maçã tem um grande um grande número desse modelo em estoque — quase três vezes maior do que o número de aparelhos enviados para as lojas parceiras, mas aposta no lançamento da próxima geração, que deve ser anunciada já no mês que vem — serão três novos modelos, um com tela LCD de 6,1 polegadas, que será mais acessível ao público, e dois com display OLED — um possível sucessor do iPhone X, com 5,8 polegadas, e um suposto iPhone X Plus, com 6,5 polegadas.

Passando ao que interessa, quem tem um iPhone usa a tecla Home do aparelho inúmeras vezes por dia, já que, nas versões mais recentes, ela executa diversas funções além de simplesmente “voltar à tela inicial”. A questão é que o uso recorrente desse botão pode acarretar problemas, notadamente nas versões 4, 4S e 5. E ainda que esse problema seja menos frequente no iPhone 5S e posteriores, ele ainda pode ocorrer, e o conserto chega a custar cerca de 10% do valor do aparelho.

O lado bom da história, por assim dizer, é que é possível “evitar gastar” o botão Home — ou, no caso de ele deixar de funcionar, adiar o conserto ou a substituição do smartphone. O truque é habilitar o AssistiveTouch, que foi introduzido na versão 4S como solução de acessibilidade para usuários com limitações motoras.

Uma vez ativado, o AssistiveTouch funciona como uma espécie de botão virtual — a exemplo do que já existe nos celulares Android — e suas funções são totalmente programáveis: quando clicado, ele abre outras opções de comandos, como emular o 3D Touch, bloquear a tela ou acessar as notificações. Interessado? Então veja como proceder:

— Selecione a opção Ajustes.

— Toque na opção Geral e, em seguida, em Acessibilidade.

— Ative o AssistiveTouch para que o botão virtual seja exibido na tela inicial do seu aparelho.

— Nessa mesma tela, ajuste a opacidade do botão, clique em Personalizar menu principal e determine quantas e quais funções o botão irá executar (são oito, no máximo, e vão desde bloquear a tela até abrir a lista de apps em atividade).

Pronto: agora o botão estará na tela principal, e você poderá movê-lo para onde quiser.

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sexta-feira, 15 de junho de 2018

AINDA SOBRE A UNIDADE DE RECUPERAÇÃO NO WINDOWS 10


A EXPERIÊNCIA É UMA LANTERNA DEPENDURADA NAS COSTAS QUE APENAS ILUMINA O CAMINHO JÁ PERCORRIDO.

Há muito que os PCs deixaram de trazer os arquivos de instalação do Windows em mídia removível (disquetes até o Win 95, CD a partir do 95SE e DVD do XP em diante). Em vez disso, para economizar alguns dólares em cada máquina, os fabricantes passaram a criar uma partição oculta no HD para armazenar os arquivos de restauro.

Observação: Reverter o aparelho às configurações originais a partir desses arquivos é relativamente simples, mas o caminho pode variar ligeiramente conforme a marca e o modelo do PC. Para não errar, consulte sempre a documentação que acompanha seu aparelho ou obtenha informações junto ao suporte do fabricante.

Todavia, há situações em que uma falha grave pode impedir o computador de reiniciar (ou seja, o Windows não chega a carregar), e nesses casos uma unidade de recuperação pode salvar a pátria. É possível criar esse "salva-vidas" tanto em DVDs quanto em pendrives ou HDs externos (USB), o que é uma mão na roda quando não se dispõe de um gravador de mídia óptica (situação que, como dito no post anterior, é comum em notebooks e all-in-one de fabricação recente).

Considerando que a maioria dos usuários de PC vêm preferido modelos portáteis aos tradicionais desktops, nosso tutorial tomará por base a criação da unidade de resgate num dispositivo USB ― pendrive ou HD externo. Caso você disponha de um gravador e prefira queimar os arquivos num DVD, os passos são basicamente os mesmos; a diferença é que você terá de criar um arquivo .ISO.  

Observação: É possível acessar o conteúdo de arquivos .ISO sem regravá-los em mídia óptica. Para tanto, basta instalar um “leitor virtual” (como o  MagicISO), dar um clique direito no ícone que será adicionado à Área de Notificação do computador, selecionar Virtual CD/DVD-ROM > Media > Mount, clicar no arquivo .ISO  e acessá-lo via menu Iniciar > Computador (para encerrar, basta dar um clique direito no ícone que representa o drive virtual e selecionar a opção Ejetar).

Para criar a unidade resgate no Windows 10, utilizando um pendrive ou um HD externo, faça o seguinte:

― Certifique-se de que haja uma conexão ativa com a internet e que seu pendrive (ou HD externo) disponha de pelo menos 4 GB de espaço livre (pendrives com capacidade bem superior podem ser adquiridos por menos de R$ 50, de modo que é melhor investir num modelo de 16 ou 32 gigabytes).

― Identifique sua versão do Windows 10 ― dê um clique direito sobre o botão Iniciar, clique em Sistema e anote as informações exibidas na tela (vide imagem que ilustra esta postagem).

― Acesse a página de downloads da Microsoft, baixe a ferramenta de criação de mídia e execute-a na sua máquina. Na janela que será exibida a seguir, clique em Criar mídia de instalação para outro computador e em Avançar.

― Na próxima tela, selecione o idioma, a edição (Windows 10 Home, no caso do nosso exemplo) e a arquitetura (x86 para 32-bits ou x64 para 64-bits, conforme o caso). No campo Edição, escolha a versão que você anotou anteriormente.

― Na janela seguinte, marque Unidade flash USB se for usar um dispositivo USB (caso do nosso exemplo) ou Arquivo ISO se for criar a unidade de recuperação em mídia óptica (que não é o caso do nosso exemplo). Espete o pendrive ou o cabo USB do HD externo numa portinha USB do PC, clique em avançar na tela seguinte e aguarde a conclusão do processo.

Na próxima postagem, veremos como usar essa unidade de recuperação do sistema. Até lá.

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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

NAVEGADOR LENTO... (Parte 3)

JOVENS: ENVELHEÇAM RAPIDAMENTE!

Como dito nos capítulos anteriores desta sequência, reinstalar o Chrome, o Firefox, o Opera, o Safari, o UC-Browser ou outro navegador que você utiliza não implicar maiores dificuldades. Via de regra, a nova instalação requer a posterior reconfiguração do navegador ― convém salvar os bookmarks (sites favoritos) e anotar a extensões que você havia adicionado, porque será preciso reinstalá-las. Já se você navega com o Edge ou o Internet Explorer, que são componentes do próprio sistema, aí a coisa muda de figura, pois alguns aplicativos internos do Windows simplesmente não podem ser desinstalados. Todavia, considerando que, hoje em dia, a esmagadora maioria dos usuários preferem o Chrome e Firefox, o procedimento é simples. Mas nada impede que, antes desse “tratamento de choque”, você faça algumas tentativas.   

No caso do Chrome, clique no botão de configuração (aquele dos três pontinhos), selecione a opção Configurações, role a tela até o final e clique em Mostrar configurações avançadas. Desça pela tela até o último item, logo após a seção Sistema, clique em Redefinir configurações do navegador e confirme quando solicitado. Isso irá limpar todos os dados armazenados, desativar as extensões e redefinir as páginas e abas iniciais com as configurações-padrão. Se o browser voltar a funcionar direitinho, você poderá reabilitar (ou reinstalar) os plug-ins através da aba de extensões.

Se for mesmo preciso desinstalar o navegador, encerre-o, abra o Gerenciador de Tarefas do Windows (dê um clique direito num ponto vazio da barra de tarefas e selecione a opção correspondente), clique na aba Processos e vasculhe a lista em busca de entradas identificadas com o logo do Chrome. Se encontrá-las, dê um clique direito sobre cada uma delas e, no menu suspenso que se abre em seguida, selecione Finalizar Processo e confirme quando solicitado. Proceda então à remoção do aplicativo (seguindo os passos sugeridos na postagem anterior).

Observação: Se você tiver problemas para remover um aplicativo (seja o Chrome, seja outro programa qualquer), tente realizar a desinstalação no modo de segurança (para saber o que é, como acessar e como instalar/remover programas no modo de segurança, leia a dupla de postagens iniciada por esta aqui).

Abraços a todos e até a próxima.

QUE PAÍS É ESTE?

Ao contrário da indigesta militância petista e dos esquerdistas em geral ― que parecem tomar regularmente doses cavalares de alienação do mundo real ―, não vejo Michel Temer como um traíra golpista, mas tampouco como a pessoa que eu e outros brasileiros cansados da corrupção institucionalizada, da roubalheira e da putaria franciscana que se instalou com a ascensão de sua insolência o nove-dedos teríamos escolhido para presidir a Banânia após o impeachment da nefelibata da mandioca. Todavia, ele era o vice da vez, e a ele competia, para o bem ou para o mal, cumprir o restante do mandato da titular penabundada (vade retro, Satanás!).

Não tenciono chover no molhado detalhando (mais uma vez) as articulações de bastidores que resultaram na defenestração da gerentona de araque, ou relembrar a lamentável maracutaia que, com a participação do então presidente do Senado ― hoje líder do governo no Congresso, a despeito de ser réu por peculato ― e o aval do então presidente do STF, expeliu a anta vermelha sem inabilitá-la ao exercício de cargos públicos, eletivos ou não. O que precisa ser dito é que, a despeito de a Economia ter dados sinais de recuperação no período “pós-Dilma”, muita gente se frustrou com o atual comandante-em-chefe. E não é para menos, pois desejávamos e precisávamos de alguém que revertesse a desgraceira resultante dos 13 anos, 4 meses de 12 dias de governo lulopetista e recolocasse o país nos trilhos, se não com a prometida equipe de notáveis, ao menos sem um notável time de suspeitos ― que começou a sofrer baixas logo depois da posse.

O primeiro ministro a sofrer os efeitos da “Lei da Gravidade Palaciana” foi Romero Jucá, colega de partido e amigo de longa data do presidente Temer. Empossado no dia 12 de maio, “Caju” ― como ele figura na lista dos beneficiários do propinoduto da Odebrecht ― foi apeado do ministério do Planejamento no dia 23 (do mesmo mês). Em conversa gravada sub-repticiamente por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, Jucá sugeria um pacto para “estancar a sangria” (referindo-se à Lava-Jato). Uma semana depois foi a vez de Fabiano Silveira, ministro (ironicamente) da Transparência, Fiscalização e Controle, que caiu devido a uma conversa (também gravada à sorrelfa por Machado), na qual ele criticava a Lava-Jato e orientava seu padrinho político, o hoje réu Renan Caralheiros, sobre como se comportar em relação à PGR. Tutti buona gente!

Junho levou embora Henrique Alves, a quem Temer havia confiado o ministério do Turismo, e que também foi alvo da delação premiada de Machado ― segundo o qual ele teria recebido R$ 1,55 milhão em propina entre 2008 e 2014. Se comparado aos 16,5 milhões de dólares que Eike Batista pagou ao ex-governador fluminense Sérgio Cabral, esse valor é mixaria, mas ladrão de tostão, ladrão de milhão, diz a sabedoria popular. Julho passou in albis, mas agosto pegou no contrapé o então Advogado-Geral da União Fabio Medina, que foi demitido por conta de uma discussão com o então todo-poderoso ministro-chefe da Casa Civil, Geddel Vieira Lima ― outro amigão do peito de Temer. Aliás, o imbróglio envolvendo Geddel resultou também na demissão de Marcelo Calero do ministério da Cultura ― que alega ter sido pressionado para aprovar o projeto imobiliário La Vue Ladeira da Barra, onde o chefe da Casa Civil tinha um apartamento; Calero pediu demissão em 18 de novembro, mas o desgaste decorrente do episódio levou à queda do próprio Geddel, que “se demitiu” uma semana mais tarde ― um dia depois de Calero afirmar que teria sido “enquadrado” pelo presidente.

A questão é que Temer parece impermeável às lições de administração pública que vem recebendo nos últimos meses. Agora, ele resolveu promover a ministro outro velho amigo ― Wellington Moreira Franco, codinome “Angorá” ―, que já ocupava posição de destaque no seu governo, e só não foi feito ministro em maio do ano passado porque, o governo precisava cortar ministérios para se diferenciar da gestão da senhora dos ventos. Junto com Geddel e Eliseu Padilha, “Angorá” formava o trio de escudeiros fiéis do presidente, mas era o único que não tinha status de ministro. Só que ganhar esse status ― e, consequente, prerrogativa de foro ― justamente quando veio a público que seu nome foi suscitado mais de 30 vezes em delações na Lava-Jato... pegou mal.

Observação: Impossível não traçar um paralelo entre esse a nomeação de Angorá e a de Lula ― para Casa Civil, que Dilma levou a efeito no final de seu governo, não só com o propósito de tirar o molusco abjeto do alcance de Sergio Moro, mas também de tentar salvar seu mandato (a nomeação foi cassada pelo STF, mediante uma liminar do ministro Gilmar Mendes, e anulada mais adiante com deposição de Dilma e exoneração de seu ministério). Moreira Franco foi e deixou de ser ministro diversas vezes, em questão de dias, devido a decisões conflitantes no Distrito Federal e novamente suspensa e no Rio de Janeiro. A decisão final caberá ao decano Celso de Mello, que abriu prazo para o governo justificar a nomeação (e recebeu um calhamaço com mais de 50 páginas). A decisão, que era esperada para a última sexta-feira, ficou para ontem e depois para hoje (14). Vamos aguardar para ver que bicho vai dar.

Temer se capitalizou politicamente com a eleição de Estrupício Oliveira para a presidência do Congresso e a reeleição de Rodrigo Maia para a da Câmara, mas o “Caso Angorá” não ajudou a melhorar sua imagem perante a opinião pública. E como se tudo isso já não bastasse, a anarquia e a baderna que se instalou no Espírito Santo ― e contaminou o Rio de Janeiro, ainda que em menor medida ― também respingou no presidente, pois denota a irrealidade em que insistem em viver os políticos brasileiros ― ou “universos paralelos”, como classificou a jornalista Ruth de Aquino., pra quem o transtorno que acomete Temer & Cia. é grave e demolidor para um Brasil que foi às ruas por progresso, ética e ordem, para tentar se livrar de figuras como Romero Jucá (*), Edison Lobão e outros menos cotados, mas mais enlameados que a Peppa Pig.

Jucá já não era ministro, mas se comportava como tal ― além de ser o mais próximo de Temer, com a possível exceção de Moreira Franco, que tem mudado de status a cada hora. Desmentidos oficiais podem até convencer o Supremo, mas não convencerão a população, cansada de manobras para proteger a turma no comando, seja ela qual for. Diz-se que Temer decidiu jogar seu xadrez para não acabar no xadrez ele próprio, e que tem muita fé em sua imaginação e em seu ideário conservador para indicar Alexandre de Moraes para a vaga aberta no Supremo com a morte de Zavascki, a despeito das inúmeras gafes verbais do então ministro da Justiça (uma das mais notórias foi a promessa de “erradicar a maconha”) e de sua tese de doutorado, segundo a qual ninguém em cargo de confiança do presidente da República poderia ser indicado ao Supremo Tribunal Federal, para evitar “gratidão política”.

Observação: Moraes é amigo de Marcela Temer e do ministro Gilmar Mendes, e será sabatinado por uma comissão que inclui 10 senadores investigados pela Lava-Jato ― dentre os quais Renan e Jucá, suspeitos de tentar mudar leis para atrapalhar os inquéritos. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado é presidida por Edison Lobão, que foi ministro de Minas e Energia de Lula e Dilma e fiel escudeiro da anta vermelha durante seu primeiro mandato. Zavascki autorizou a abertura de inquérito contra ele em março de 2015, tirando o sigilo do inquérito que apura achaques milionários do dito-cujo a empresas (Lobão, vale lembrar, foi o único senador a se abster na votação para manter ou não Delcídio do Amaral na prisão).

Resumo da ópera: Todos continuam “à disposição da Justiça”, todos “negam irregularidades”, todos “apoiam a Lava-Jato”. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, “fez a campanha mais transparente possível” e nada tem a ver com a rapinagem de Sérgio Cabral. O novo presidente do Senado, Eunício Oliveira, do PMDB ― o “Índio” das planilhas de propina da Odebrecht ― não recebeu R$ 2 milhões em duas parcelas, pagas em Brasília e São Paulo. Rodrigo Maia não alimentou com R$ 1 milhão em propina da OAS a campanha de seu pai, ao contrário do que diz a Polícia Federal. Temer diz não ter pressa de nomear um novo ministro da Justiça, numa semana em que a greve da Polícia Militar mergulhou o Espírito Santo na barbárie. A greve da PM é inconstitucional, disso não resta a menor dúvida. Mas será que o mau exemplo não vem de cima? Quando os partidos tentam aprovar na Câmara um projeto livrando a si próprios da Justiça Eleitoral, o país testemunha exatamente o quê? Respeito à Constituição e ao eleitor?

(*) O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao STF a abertura de novo inquérito para investigar os senadores Renan CaralheirosRomero Jucá, o ex-presidente José Sarney e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, todos por suspeitas de criar embaraços às investigações da Operação Lava-Jato. Caberá ao ministro Fachin autorizar ou arquivar o pedido. A assessoria de Renan afirma que ele não praticou nenhum ato para embaraçar ou dificultar qualquer investigação e que sempre foi colaborativo. O advogado que representa Sarney diz considerar importante a abertura do inquérito para comprovar que o crime foi cometido por Sérgio Machado, que gravou as conversas. A assessoria de Jucá, em nota, informa que “a defesa do senador afirma que não há preocupação em relação à abertura do inquérito pois não vê qualquer tipo de intervenção do mesmo na operação Lava-jato; ressalta que a única ilegalidade é a gravação realizada pelo senhor Sergio Machado, que induziu seus interlocutores nas conversas mantidas, além de seu vazamento seletivo, e que o senador é o mais interessado em que se investigue o caso ― e vem cobrando isso desde maio do ano passado”. A defesa de Sérgio Machado informou que não tem ciência do pedido da PGR e, portanto, não irá se manifestar.

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

WINDOWS 10 ― SOLUÇÃO DE PROBLEMAS -- MAIS SOBRE A MORTE DE TEORI ZAVASCKI E O FUTURO DA LAVA-JATO

MACROBIÓTICA É UM REGIME ALIMENTAR PARA QUEM TEM 77 ANOS E QUER CHEGAR AOS 78.

Desde que o Windows passou de interface gráfica baseada no DOS à condição de sistema operacional autônomo (com o lançamento do festejado WIN95, considerado como o “pulo do gato” da Microsoft ―, os usuários passaram a conviver com as incomodativas, mas necessárias, reinstalações periódicas. Aliás, uma anedota que correu o mundo na década de 90 dizia que, se a empresa de Bill Gates fabricasse automóveis, vez por outra o motor “morreria” sem nenhuma razão aparente, e o usuário teria simplesmente de aceitar o fato, descer do carro, trancá-lo, tornar a destrancar, entrar novamente, ligar o motor e seguir adiante.

Observação: Essa anedota, que vale a pena ser lida na íntegra nesta postagem, foi uma resposta jocosa da GM a Mr. Gates, que teria afirmado que os carros da Microsoft, se a empresa resolvesse produzi-los, custariam US$ 25 dólares e rodariam 1.000 milhas com um galão de gasolina.

Enfim, usar o Windows (ou “Ruíndows”, como diziam os defensores do software livre) exigia constantes reinicializações, além reinstalações completas, de tempos em tempo ― o que, exageros à parte, não deixava de ser verdade. Isso talvez não fosse um problema mais sério para os geeks de então, mas era um sério aborrecimento para usuários iniciantes, pouco familiarizados com o hardware e o software de seus PCs, que, no mais das vezes, precisavam recorrer a algum amigo experiente ou a um Computer Gay de confiança.

Mas o fato é que o processo de instalação/reinstalação do Windows vem se tornando mais intuitivo e automático a cada nova edição do sistema. Não que tenha se tornado algo rápido ou agradável, naturalmente, até porque demanda atualizações, reconfigurações e personalizações demoradas e trabalhosas, sem mencionar a reinstalação dos aplicativos e restauração dos backups de arquivos pessoais (backups esses que, espera-se, o usuário tenha tido o cuidado de criar com antecedência).

Por outro lado, se no do Windows 9X/ME a gente se dava por feliz caso tivesse de reinstalar o sistema a cada 6 meses, hoje é possível usar o computador por anos a fio sem ter de se dar a esse trabalho ― desde que sejam feitas manutenções preventivo-corretivas regulares, naturalmente. E boas ferramentas isso não faltam, conforme discutimos em várias oportunidades (como na sequência de postagens que eu publiquei há poucas semanas).

Segundo um velho ditado, melhor que saber fazer é ter o telefone de quem sabe. Todavia, convém ter em mente que o Windows 10 facilita sobremaneira a vida do usuário que se vê obrigado a reinstalá-lo. Em sendo o seu caso, abra o menu Iniciar e clique em Configurações > Atualizações e segurança > Recuperação. Na tela que se abre em seguida, repare que há duas opções: Restaurar o PC e Inicialização Avançada.

Observação: No caso de você ter migrado para o Windows 10 há menos de 30 dias, uma terceira opção lhe permite retornar ao Eight ou ao Seven, conforme a edição que você utilizava originalmente, mas isso já foge aos propósitos desta abordagem.

MAIS SOBRE A MORTE DE ZAVASCKI E O FUTURO DA LAVA-JATO

Certa vez, um padre recém-ordenado foi designado para pastorar as almas num vilarejo qualquer, cujo nome me foge à memória. No dia seguinte à sua chegada, o velho e impopular prefeito da cidadezinha esticou as canelas e, durante o serviço fúnebre, o sacerdote ― que nada sabia sobre a vida pregressa do finado ― convidou os presentes a exortar suas virtudes. Mas a resposta foi um silêncio constrangedor. O pároco insistiu:
― Como é, irmãos? Ninguém se habilita?
Ninguém se habilitou.
― Então, dona Maria ― insistiu o religioso, agora dirigindo-se diretamente à viúva.
Depois de alguma hesitação, a velha sentenciou:
― O pai dele era ainda pior.

Embora seja a única certeza que temos na vida, a morte constrange, intimida, atemoriza. Até porque não se sabe o que virá depois, caso a passagem não leve a um sono eterno e sem sonhos, como muitos acreditam. Para quem fica, no entanto, a vida segue seu curso e o show tem de continuar. A propósito, vale relembrar outra passagem interessante: em 1755, após o terremoto de Lisboa, o rei Dom José perguntou ao General Pedro D’Almeida o que se havia de fazer, e a resposta foi: “Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”.

Para muitos, falar mal dos mortos é blasfêmia, mas, hipocrisias à parte, o simples fato de alguém morrer não faz desse alguém um santo nem anula seus eventuais malfeitos. Mas deixemos de lado essa discussão e voltemos à morte trágica do ministro Teori Zavascki.

Aviões caem com frequência ― ou são derrubados, como costuma dizer quem é do ramo (a propósito, sugiro a leitura desta matéria). Mas as chances de alguém morrer num desastre aéreo são ínfimas, se comparadas com as de um acidente de transito, por exemplo. Até porque, com a possível exceção dos aeronautas, a maioria dos viventes passa muito mais tempo em terra do que no ar.

Observação: A título de ilustração, a probabilidade de um avião sofrer um acidente é de 1 em 1,2 milhão, sem mencionar que 95,7% dos passageiros que se envolvem nesse tipo de acidente sobrevivem ao episódio. Os momentos mais “perigosos” são os primeiros 3 minutos de voo que sucedem a decolagem e os oito minutos que precedem a aterrissagem (nesses dois intervalos é que acontecem 80% dos acidentes). Refinando o raciocínio à luz dessas variáveis, temos que a probabilidade de alguém morrer num acidente de avião é de 1 em 11 milhões ― contra 1 em 5 mil em acidentes terrestres (colisão de automóveis, atropelamentos, etc.); 1 para 6 em decorrência de doenças cardíacas, 1 para 7 por câncer e, pasmem, 1 para 3,7 milhões de morrer em decorrência de um ataque de tubarão. Em última análise, os mortais comuns têm mais chances de acertar a Mega-Sena do que de morrer num acidente de avião. 

Claro que é preciso haver exceções à regra ― sem as quais não haveria estatísticas ―, e uma delas foi o acidente que resultou na morte do ministro Teori Zavascki e demais ocupantes do Beechcraft que caiu a poucos quilômetros de Paraty, na tarde da última quinta-feira. Ou incidente, melhor dizendo, pois “acidente” nos leva a pensar em algo aleatório e inesperado, decorrente causas naturais, imprevisíveis ou inevitáveis; no caso em tela, diversos vetores convergentes dão margem a dúvidas ― e a indefectíveis teorias da conspiração, onde os nomes dos culpados variam, mas o objetivo é sempre o mesmo: melar a Lava-Jato.

Observação: Conspirações existem, e cada qual tem sua origem e seu propósito. As teorias conspiratórias, por seu turno, quando não são fruto de má-fé, são criadas porque nosso cérebro é vocacionado a dar sentido a situações que parecem carecer dele, e quando se apresentam como certezas incontestáveis, viram delírio. E a internet colabora, transformando-se numa máquina de fabricar e disseminar conspirações com uma competência ímpar. Uma vez que a suspeita começa a se espalhar, mais pessoas aderem, achando que ela não pode estar errada, e o viés da confirmação tende a ser estimado, e não verificado. O resultado pode ser um surto de delírio coletivo, que não deixa de ser um alento provisório para quem tem dificuldade em aceitar a existência do acaso e o fato de certas coisas na vida simplesmente não fazem sentido.  

As virtudes de Zavascki foram lembradas e exaltadas nos últimos dias, tanto por seus pares na Corte quanto por políticos do alto escalão do governo, amigos e familiares. Mesmo fora desse círculo, houve quem reagisse como se o ministro fosse um membro da família ou um amigo próximo ― sinal dos tempos e do engajamento dos brasileiros com questões relevantes da política; até pouco tempo atrás, contava-se nos dedos quem entre nós era capaz de citar de memória a composição do STF ou mesmo o nome do Ministro da Justiça ou do Procurador Geral de República.

Zavascki ascendeu ao Supremo em 2012, por indicação da anta vermelho (vade retro!), e acabou sendo o relator dos processos da Lava-Jato naquela Corte. “Sem ele, não teria havido a Lava-Jato”, disse Sergio Moro, embora, ironicamente, a primeira decisão do ministro ao assumir a relatoria do processo, em 2014, foi de encontro a uma determinação do juiz de primeira instância (Moro havia mandado prender Paulo Roberto Costa, o primeiro delator da Lava-Jato, e Teori mandou soltar). Dalí em diante, no entanto, Teori construiu a imagem de magistrado rigoroso, imparcial e célere. Autorizou a abertura de investigações contra 47 políticos de todos os matizes ideológicos, decretou a prisão do então senador Delcídio do Amaral e determinou o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara Federal, para citar apenas algumas de suas decisões mais relevantes. Quando o PT e o PMDB ainda eram parceiros no governo, os chefes dos 3 poderes uniram forças numa ofensiva para enterrar o petrolão, arquivar o impeachment de Dilma e preservar o mandato de Cunha. A mulher sapiens se reuniu em Portugal com o então presidente do STF, Ricardo Lewandowski, e ambos chamaram Zavascki para participar da maracutaia, mas o ministro declinou do convite e, com a discrição que lhe era peculiar, salvou a Lava-Jato de um dos cercos mais ousados já tramados contra ela.

Elogios (merecido) à parte, causa estranhamento ninguém ter mencionado que Zavascki ia passar o final de semana na ilha do empresário Carlos Alberto Filgueiras ― dono da luxuosa rede de hotéis Emiliano e da malsinada aeronave. O fato de estar a bordo do avião de Filgueiras não configura crime, mas tampouco favorece o magistrado ― ou, no mínimo, coloca-o na mesma e incômoda posição de um Sérgio Cabral que voava nas asas de Cavendish ou de um Lula aninhado nos ares com a Odebrecht. Ou que, em 2015, ele tenha participado do casamento do filho de um amigo ― o advogado Eduardo Ferrão ―, onde se encontrava boa parte da elite empresarial tupiniquim enrolada na Lava-Jato. Ou ainda que, numa de suas primeiras decisões no STF, Teori tenha dado o voto de desempate que absolveu Dirceu, Genoino e Delúbio do crime de formação de quadrilha. Enfim...

Teorias de conspiração também à parte, causa estranheza o fato de a aeronave cuja queda resultou na morte do ministro ser relativamente nova e estar em perfeitas condições de operação. Ou que ela tenha caído a despeito de ser pilotada justamente pelo comandante que mais se destacava entre seus pares pela experiência em pousos no campo de Paraty, num pouso sob chuva moderada e sem registro de ventos fortes. Ou ainda o depoimento de uma testemunha ocular, segundo o qual “o avião foi baixando cada vez mais, até que de repente ele soltou um bolo de fumaça branca, parecia a esquadrilha da fumaça, passou por cima de nós, depois foi perdendo altitude, veio rodando pela direita, bateu com a asa direita na água e capotou”. Somando-se a isso o fato de que Zavascki estava prestes a homologar a “Delação do Fim do Mundo” ― na qual 77 ex-executivos da Odebrecht denunciam e detalham “práticas pouco republicanas” de mais de uma centena de políticos de diversos partidos, alguns, inclusive, do mais alto escalão do governo federal, além do molusco abjeto e de sua ignóbil sucessora ―, temos todos os ingredientes para uma robusta teoria da conspiração, mas também uma conjunção de fatores que levam a desconfiar de que a morte de Zavascki tenha sido meramente acidental

Quanto ao futuro da Lava-Jato, há muita especulação, mas já se vê luz no fim do túnel da esperança: a ministra Carmem Lucia já sinalizou que pretende avocar para si a responsabilidade de homologar a Delação do Fim do Mundo ainda durante o recesso (que termina no próximo dia 31). Se, depois disso, a relatoria será sorteada entre os demais ministros da Corte ou apenas entre os quatro que restaram na segunda turma com a morte de Zavascki, ainda não se sabe. Pelo regimento interno, ressalvadas as exceções previstas nos incisos “b” e “c” do artigo 38, vale o disposto pelo inciso “a”, que determina que: “em caso de aposentadoria ou morte, o relator é substituído pelo ministro nomeado para sua vaga”. E é aí que mora o perigo, porque o candidato à vaga será indicado por Michel Temer, sabatinado pela CCJ do Senado e chancelado pelo plenário da Casa. E, convenhamos, não pegaria bem um presidente cujo nome é suscitado por diversos delatores indicar o próximo relator da Lava-Jato e, pior, o “candidato” ser avalizado por políticos investigados e denunciados no âmbito da Operação. Felizmente, no último sábado, durante o sepultamento de Teori Zavascki em Porto Alegre, Temer afirmou que só deverá fazer a indicação depois que o STF definir o novo relator dos processos da Lava-Jato.

Por hoje é só. Continuaremos na próxima postagem. 

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