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quinta-feira, 20 de junho de 2024

E LA NAVE VA GIU


A DIFERENÇA ENTRE ESTADISTA E POLÍTICO É QUE O ESTADISTA 
PERTENCE À NAÇÃO E O POLÍTICO PENSA QUE A NAÇÃO LHE PERTENCE.

Em março de 2020, três meses depois de alcançar os 120 mil pontos, o Ibovespa pegou Covid e caiu para 63.569. Restabelecido, voltou ao patamar anterior em 2021 e 2022 e beirou os 135 mil pontos em dezembro de 2023. Mas o ano virou e o vento mudou. 

Depois que os gringos sacaram R$ 4,63 bilhões em apenas dois dias, os 125 mil pontos foram para o beleléu. Agora, o iBov sua a camisa para retornar à casa dos 120 mil — e, pelo andar da carruagem, deve encerrar o ano bem abaixo dos 200 mil preconizados anteriormente pelos analistas mais otimistas.

A meta de déficit zero de Haddad ficou para 2025. O ex-poste e ex-bonifrate do ex-corrupto amarga seu pior momento no Ministério da Fazenda. Além de convencer Lula da necessidade de equilibrar as contas públicas, ele precisa resgatar a própria credibilidade como fiador do arcabouço fiscal. E servir a dois senhores é uma missão quase impossível — perguntado sobre a fórmula do sucesso, JFK disse que ela não existia, mas que a do fracasso era tentar agradar a todos. 

O ministro esperava arrecadar mais de R$ 29 bilhões com a "MP do Fim do Mundo", mas ela foi devolvida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. No passado, os parlamentares aprovaram medidas que aumentaram a arrecadação; agora, recusam-se a compactuar com o aumento da carga tributária — não por estarem preocupados com a situação periclitante dos "contribuintes", mas porque haverá eleições em outubro. 

Haddad diz que não há plano B, mas vai ter de negociar com o Congresso para "encontrar" os R$ 26 bilhões de que precisa para compensar a desoneração da folha de salários de 17 setores da economia e dos municípios de até 156,2 mil habitantes. O problema e que ele e Simone Tebet estão isolados. A ministra sugeriu a revisão da vinculação do salário-mínimo aos benefícios previdenciários, mas foi desancada nas redes por Gleisi Hoffman, presidente do PT, e criticada por Rui Costa e outros ministros palacianos contrários ao corte de despesas em ano eleitoral. Ninguém se dignou de defendê-la.

O desgaste do ministro não interessa ao governo nem (muito menos) ao mercado. "Se quem entrar se meter a besta, a inflação começar a subir e o mercado perder a confiança, vai ser um grande e rápido fiasco político", ponderou Armínio Fraga, ex-presidente do BC. O custo político da demissão seria elevado, sem falar que de nada adianta trocar as rodas da carroça quando o problema é o burro. 

Rumores sobre a troca de comando na Fazenda levaram líderes governistas a defender a permanência de Haddad no cargo. O senador  Jacques Wagner — que elogiou a devolução da MP por Pacheco — foi um deles, e o próprio Lula disse que Haddad é um ministro extraordinário e que desconhece pressões sobre ele. Mas o presidente se irrita com as discussões sobre o déficit fiscal. Dias atrás, disse que o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros reduzirão o déficit sem comprometer o investimento público. Ato contínuo, a Bolsa caiu e o dólar fechou o dia em R$ 5,42

Segundo um velho ditado, os sábios aprendem com os erros alheios e os tolos aprendem com os próprios erros. Lula não aprendeu nada nos dois reinados anteriores nem nos 580 dias de férias compulsórias que gozou em Curitiba. Dirige o país com os olhos no retrovisor, mas não é capaz de enxergar a própria imagem refletida no espelho. Talvez "caia na real" quando se der conta de que o trono está em risco. 

Sempre existe a possibilidade de um presidente não concluir o mandato ou de não mais caminhar entre os vivos para disputar a reeleição, mas análise é análise, torcida é torcida e fato e fato, e o fato é que imbróglio da MP 1.227 ainda não produziu um choque de realidade. Em abril, o déficit nominal atingiu o recorde de R$ 1,043 trilhão no acumulado de 12 meses, e a mudança da meta do arcabouço fiscal para 2025 tornou pior o que já era ruim. 

As falas de Lula e de Haddad contribuem para a desconfiança sobre a leniência em relação ao avanço de preços às vésperas da troca de comando do BC. Lula repete ad nauseam que Campos Neto "tem lado político" e o culpa por tudo que deu errado no mundo desde as 10 pragas do Egito. Em seu penúltimo ataque, tentou terceirizar os desafios impostos à política econômica — "não tem explicação a taxa de juros do jeito que está" — e pisou no economista ao revelar sua inconformidade com o jantar de 70 convidados oferecido ale por Tarcísio Gomes de Freitas no Palácio dos Bandeirantes (detalhes na entrevista à CBN).

Lula não está fazendo nada diferente do que fez desde o início de seu terceiro (e queira Deus derradeiro) mandato, e o próprio Campos Neto forneceu a munição para as críticas, sobretudo ao participar do tal jantar — procedimento que não orna com o caráter independente do Banco Central. O xamã petista sabe muito bem como explorar esses episódios, mas o tiro pode sair pela culatra se ele acreditar realmente que o BC é a única coisa desajustada no país.

 
A irresignação presidencial não influenciou a decisão sobre a Selic, que ficou mantida em 10,5% ao ano encerrando um ciclo de sete cortes seguidos. A unanimidade na decisão, ao contrário do que ocorreu na última reunião. A decisão mostra um Copom alinhado com investidores, já que não cedeu à pressão política de Planalto. 
 
Com o cenho carregado, a voz roufenha e o dedo indicador em riste como a cauda de um escorpião antes do bote, Lula acusou Campos Neto de usar a autonomia do BC como trampolim para acrobacias políticas e mimetizar o comportamento de Sergio Moro, que trocou a 13ª Vara de Curitiba pelo Ministério da Justiça sob Bolsonaro. Trovejou que, "se for necessário", ele disputará um quarto mandato "para evitar que trogloditas voltem a governar o país".

Observação: Em atenção aos desmeriados e descerebrados de sempre, cumpre esclarecer que o morubixaba petista se referiu ao mico do bolsomínions, que bateu no iceberg das urnas em 2022 quando o conservadorismo civilizado trocou o Titanic do capetão pelo "arco democrático" que reconduziu o molusco de Garanhuns, e afundou na inelegibilidade da Justiça Eleitoral depois que a direita neandertal que o elegera em 2018 foi para a rua no 8 de janeiro de 2023

Num ambiente polarizado como o atual, cara feia, dedo e riste e chuva de perdigotos não bastam para evitar que a "direita não-troglodita" migre para Tarcísio em 2026Lula terá que exibir resultados efetivos. E aí que a porca torce o rabo.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

É HORA DE APOSENTAR O WINDOWS 10?

A VERDADE É UMA MENTIRA EM QUE AS PESSOAS ACREDITAM.

Não bastassem os entreveros envolvendo Rússia e Ucrânia e Israel e Hamas, as investidas do tiranete venezuelano contra a Guiana e de Pequim contra Taiwan, a tensão entre as Coreias, o bolsonarismo boçal versus o lulopetismo lalau e a guerra de egos entre Musk e Xandão, vem o Irã e ataca Israel com centenas de drones. 
Em meio ao furdunço, Netanyahu defende um contra-ataque, a comunidade internacional tenta evitar uma escalada do conflito e Khamenei — que trata o ataque como uma resposta ao bombardeio à embaixada iraniana na Síria, no último dia 1º — dá o assunto por encerrado, mas ameaça uma ofensiva ainda maior se Israel contra-atacar.
Os EUA avisaram que não apoiarão uma retaliação, e a ONU e o G7 vêm tentando botar água na fervura, mas o excesso de irracionalidade desestimula o otimismo. Uma insânia gera a outra, a loucura seguinte atropela a anterior, os desatinos se multiplicam em outros.
Os dois lados fazem pose de vitoriosos. A teocracia iraniana esclarece que não é um tigre de cera, enquanto Israel força potências que retiravam o pé de sua canoa a darem meia-volta. Tenta-se agora evitar um contra-ataque que Israel diz ser incontornável. Diante de tanta insânia, o Oriente Médio deixa de ser uma região sujeita a escaladas bélicas e passa a ser um pedaço do mapa condenado ao descenso eterno das opções pacíficas. 
Nas últimas 72 horas, sumiram do noticiário até a destruição de Gaza, com suas mais de 30 mil covas palestinas e os mais de 100 reféns que Israel não consegue resgatar.
Não há humanismo que resista à insanidade.

Windows nasceu em 1985  dez anos depois de Bill Gates e Paul Allen fundarem a Microsoft — e levou uma década para ser promovido de interface gráfica a sistema operacional autônomo. Mesmo assim, o MS-DOS continuou atuando nos bastidores até 2001, quando o XP cortou o cordão umbilical. 

O Windows Vista foi lançado me 2007 (com um aparato publicitário digno do nascimento de um rei), mas foi um fiasco monumental de crítica e de público  a exemplo do Millennium antes dele e dos Win8/8.1 depois dele. Em contrapartida, as edições XP e Seven continuam populares até hoje, a despeito de seus ciclos de vida terem terminado em 2014 e 2024, respectivamente. 
 
Win10 foi
 primeira encarnação do sistema na modalidade serviço. Ele foi lançado em julho de 2015 e incumbido de conquistar 1 bilhão de usuários em 3 anos. Para estimular a adesão, a Microsoft liberou o upgrade para todos os usuários que rodavam cópias licenciadas do Seven SP2 e dos 8/8.1 em máquinas com hardware compatível. Mesmo assim, a ambiciosa missão só foi cumprida em janeiro de 2020, cerca de 20 meses antes do lançamento oficial do Win11 (em outubro de 2021).

O suporte ao Win10 termina em outubro do ano que vem. Como os requisitos mínimos para a instalação da versão atual são bastante restritivos, cerca de 250 milhões de usuários terão de decidir se continuam usando um PC que não recebe atualizações de segurança, se contratam um plano de suporte adicional (US$ 61 por ano pelo período de 3 anos) ou se migram para outra plataforma (como o Linux ou o ChromeOS Flex). 
 
Adequar um computador antigo a novas exigências nem sempre é viável tecnicamente e pode não compensar economicamente, sobretudo quando se trata de
 notebooks, que são pouco amigáveis a upgrades de hardware. Você pode simplesmente ignorar os alertas de incompatibilidade e seguir com a instalação do Win11 — quando feito via Windows Update a atualização dispensa formatação —, mas eu recomendo uma instalação limpa, e lembro que em ambos os casos você estará por sua conta e risco.

Migrar para o Linux é uma opção interessante. As distros são gratuitas, rodam em máquinas de configuração modesta, compatíveis com apps populares como Firefox, ChromeSpotify etc. e bem mais fáceis de usar do que antigamente. E se você não não se der bem com o LibreOffice ou o OpenOffice para editar documentos, planilhas e apresentações, poderá recorrer ao Google Docs ou â versão web do Microsoft 365.
 
Caso decida trocar seu computador velho de guerra, por que não fazê-lo em grande estilo? O macOS é compatível com boa parte dos programas do Windows — incluindo o Word, PowerPoint, Excel, Photoshop e afins — e orna perfeitamente com o iPhone, o iPad e o IWatch. Quem muda para a Apple raramente se arrepende, mas convém ter em mente que tanto o hardware quanto o software são proprietários, e os produtos da Maçã não não são propriamente baratos. 

Observação: Usar o StartAllBack para mudar o formato do Menu Iniciar do Win11 de modo que ele assuma vários aspectos e funções das versões 7 e 10 pode bloquear as atualizações via Windows Update. A mensagem exibida sugere buscar uma atualização do app para resolver o problema, mas essa atualização não existe. Para contornar esse problema, desinstale o StartAllBack, rode o Windows Update e, ao final da atualizaçao, reinstale o app com outro nome.

quarta-feira, 13 de março de 2024

NÃO HÁ NADA COMO O TEMPO PARA PASSAR... (FINAL)


O tempo passou, os ventos mudaram e subproduto da escória humana que elegemos em 2018 tornou-se o pior mandatário desde Tomé de Souza e o primeiro desde a redemocratização que tentou a reeleição, mas foi barrado nas urnas. 

Confirmada sua derrota, o "mito" dos "patridiotas" se encastelou no Alvorada até a antevéspera da posse do sucessor, quando então fugiu para a Flórida (EUA) e se homiziou na cueca do Pateta por 89 dias, esperando o desenrolar dos acontecimentos urdidos em solo pátrio por seus comparsas golpistas. Acabou que o golpe não prosperou, a Hora da Verdade chegou e o depoimento do general Freire Gomes tornou sua prisão questão de "quando". 

Ao contrário dos demais fardados que participaram da intentona golpista (e do próprio Bolsonaro), o ex-comandante do Exército respondeu todas as perguntas dos agentes federais. Nas palavras de um ministro do STF, seu depoimento é mais valioso do que uma delação, pois contém revelações de uma testemunha, não de um criminoso à procura de benefício judicial.

ObservaçãoMauro Cid deixou a PF no início da madrugada de ontem, após depor por quase 9 horas. O conteúdo está sob sigilo, mas sabe-se que ele responderia todas as perguntas. Durante os atos de 25 de fevereiro, Bolsonaro disse que "golpe é tanque na rua", e que vinha sendo acusado de golpe por causa de "uma minuta de um decreto de estado de defesa". Como se costuma dizer, o peixe morre pela boca.
 
Ninguém é mais responsável do que Bolsonaro pela merda que o Brasil virou nos últimos anos (não que antes fosse muito melhor). Mas nenhum politico com cargo eletivo brota no gabinete por geração espontânea. Pelé e o general Figueiredo já alertavam para o risco de misturar brasileiros com urnas em pleitos presidenciais. Não obstante, melhor do que simplesmente acusar é conscientizar essa choldra de que políticos não devem ser endeusados, mas cobrados e descartados quando mijam fora do penico. 
 
A polarização esteve presente em todos os capítulos da nossa história, mas ganhou vulto quando Lula plantou a semente do "nós contra eles
— que a rivalidade entre mortadelas e coxinhas regou e  "mico" e seus miquinhos estercaram durante a campanha de 2018. Churchill lecionou que a democracia é a "pior forma de governo, exceto todas as demais", mas pontuou que "o melhor argumento contra a democracia é cinco minutos de conversa com um eleitor mediano". 

Anthony Downs ensinou que "ganha a eleição quem conquista o eleitor mediano", e esse teorema vicejou no Brasil de 1994 até 2014, quando então a reeleição da Mulher Sapiens levou a dicotomia da política para as ruas. 
 
Observação: Desde 2018 que o eleitorado tupiniquim está com a polarização e não abre. E nem bem vestiu a faixa pela terceira vez, Lula arregaçou as mangas e pôs-se a trabalhar pelo retorno do bolsonarismoDe janeiro de 2023 para cá, o matusalém petista e sua cuidadora passaram 70 dias excursionando por 26 países de 4 continentes

Imbuído da certeza de que foi "descondenado" e eleito para ocupar o cargo de Deus, Lula estendeu o tapete vermelho para Nicolás Maduro, acomodou Dilma na presidência do Banco do Brics, indicou para o STF seu amigo e advogado Cristiano Zanin e seu ministro comunista Flávio Dino, chamou da suprema aposentadoria o velho companheiro Ricardo Lewandowski, pegou em lanças contra o presidente do BC e sabotou Haddad ao declarar que a meta fiscal não precisa ser zero

No ano passado, quando uma "pneumonia leve" o obrigou adiar uma viagem à China, Lula disse que estava poupando a voz para o encontro com Xi-Jinping. O detalhe é que nem líder chinês fala português, nem o brasileiro fala mandarim (na verdade, ele não domina sequer o idioma de Camões). 
 
Do alto do seu ego colossal, o Sun Tzu de Atibaia não viu nada de mais no fato de a ministra Anielle Franco requisitar um jatinho da FAB para assistir a um jogo de futebol. Demorou a penabundar a ministra Daniela Carneiro que se envolveu numa esquisita relação eleitoral com milicianos). Manteve no cargo o ministro das Comunicações que usou dinheiro de emendas parlamentares em benefício de sua fazenda no Maranhão, empregou funcionário fantasma no Senado e autorizou o sogro a usar o gabinete ministerial para "despachos informais". 

Em março de 2023, Lula disse que só ficaria bem depois que "fodesse Sérgio Moro". Dias depois, classificou de visível armação um plano do PCC para matar o ex-juiz. No mês seguinte, afirmou que a Ucrânia era tão culpada quanto a Rússia pela guerra no leste europeu. Em julho, agradeceu a África pelo que foi produzido durante a escravidão no Brasil. No final do ano, trombeteou que a ação dos israelenses é tão grave quanto o ataque desfechado pelo Hamas; no mês passado, comparou a ação israelense em Gaza ao Holocausto. 
 
Lula já disse que ditadura na Venezuela é mera "narrativa" e que "o conceito de democracia é relativo". Agora, excursiona pelo mundo da Terra Plana ao comparar os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral com a resistência da oposição venezuelana ao jogo de cartas marcadas: "Espero que as pessoas que estão disputando as eleições [na Venezuela] não tenham o hábito de negar o processo eleitoral, as urnas, a Suprema Corte." 

Nosso estadista de fancaria compactua com a farsa da recondução de um tiranete que se mantém no poder por duas décadas e meia graças à manipulação de regras, ao aparelhamento de instituições, à violação de direitos humanos, a corrupção das Forças Armadas, à asfixia a imprensa, à prisão de opositores e à inabilitação de adversários. Um déspota que preside uma ruína que resultou no êxodo de 7 milhões de venezuelanos — boa parte dos quais buscam socorro no Brasil. 

Observação: Noutros tempos, a postura de Lula seria vergonhosa; à luz da conspiração golpista do 8 de janeiro, ela não só ofende quem se juntou ao petismo em 2022 na folclórica "frente ampla" como desnorteia líderes mundiais que deram crédito ao bordão segundo o qual "o Brasil voltou" e agora se perguntam: "Voltou para onde?" Ao pular na frigideira de Maduro, o reizinho carboniza os "valores" que lhe renderam a terceira (e queira Deus que seja a derradeira) passagem pelo Palácio do Planalto.
 
A exemplo de seu antecessor, Lula se tornou refém do Centrão. Quando Lira rosnou que "o Orçamento é de todos, não do Executivo", comprometeu-se a liberar R$ 20 bilhões em emendas a tempo de os parlamentares faturarem politicamente nas eleições de outubro. Após exaltar o óbvio dizendo que Bolsonaro "tentou dar um golpe e sabe que pode ser preso", feriu de morte o transporte por aplicativo enviando ao Congresso um estapafúrdio projeto de lei que "regulamenta" esse tipo de serviço.

A esquerda brasileira é mais atrasada que o Coelho Branco. Parou no tempo nas relações trabalhistas, perde tempo com Maduro e demora a perceber que fazer política como fazia há 20 anos não funciona mais. Parece não ver que o petista subiu a rampa pela terceira vez não por seus méritos, mas pelos deméritos do imprestável que o antecedeu. 

Em 15 meses de (terceira) gestão, Lula não conseguiu reverter a fratura da polarização. Seus índices de desaprovação cresceram no Sul e no Sudeste e os de aprovação diminuíram até no Nordeste. Quem lê as estrelinhas percebe que o gosto pela raiva leva "o cara" de Barack Obama a esquecer que não foi eleito para passar quatro anos passeado e falando mal de um antecessor inelegível. 

Lula permanece acorrentado a uma agenda tóxica que inclui chutar Bolsonaro, afagar o imperador da Câmara e aplacar a celeuma que criou ao encostar o holocausto em Gaza. Por mal dos nossos pecados, noves fora algum ponto fora da cura, ainda lhe restam quase 30 meses para mostrar serviço e mudar de assunto antes do próximo pleito presidencial.
 
Triste Brasil.

sábado, 2 de março de 2024

O FIM DO SUPORTE AO WIN10 E O CHROME OS FLEX

SÓ O IMPOSSÍVEL ACONTECE. O POSSÍVEL APENAS SE REPETE.

 

Quatro dias depois de Bolsonaro ter manifestado o desejo de "passar uma borracha no passado", a PF esclarece que a história ainda nem foi escrita. Autorizados por Alexandre de Moraes, os agentes prenderam três suspeitos de financiar ações que resultaram no 8 de janeiro.
Ao exercitar o negacionismo historiográfico na Avenida Paulista, o ex-presidente disse: "Golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração. É trazer classes políticas e empresariais para o seu lado, isso que é golpe. Nada disso foi feito no Brasil". Quem ouviu ficou com a impressão de que a trama que resultou no ataque às sedes dos Poderes foi uma tentativa de golpe por geração espontânea. O caos golpista incluiu bloqueio de refinaria, derrubada de torres de transmissão de energia, baderna no dia da diplomação do eleito, um ato terrorista abortado nas proximidades do aeroporto de Brasília e uma mobilização de dois meses na frente dos quartéis. No QG de Brasília, a mordomia oferecida aos bolsonaristas golpistas (se me perdoam a redundância) incluía de churrascadas a massagens. Nada disso se faz sem dinheiro. 
A PF entregou as provas que fundamentam as condenações dos autores do quebra-quebra, e cerca Bolsonaro e alguns dos políticos e militares que apoiaram a intentona golpista. A inclusão do elo dos financiadores nessa corrente é crucial para eliminar a ficção do golpismo espontâneo, mas o mapeamento do dinheiro avança mais lentamente do que seria de desejar.

A evolução tecnológica substitui produtos de ponta por outros ainda mais avançados em intervalos de tempo cada vez mais curtos. Hardware mais poderoso leva ao desenvolvimento de sistemas e programas mais exigentes, que demandam ainda mais recursos do aparelho. 

Esse "círculo virtuoso" induz os usuários a aposentar desktops, notebooks, tablets e smartphones com poucos anos de uso e em boas condições de funcionamento. A boa notícia é que isso estimula o consumo; a má é que a grana anda curta, de modo que pouca gente pode se dar ao luxo de acompanhar essa ciranda. 

O Windows 11 não roda bem (ou simplesmente não roda) em máquinas antigas e/ou de configuração espartana, sobretudo se equipadas com jurássicos drives de disco rígidoPara piorar, próxima atualização deve exigir uma instrução não suportada por chips AMD lançados antes de 2006 e Intel anteriores a 2008. Essa incompatibilidade fará com que ainda mais usuários permaneçam com o Windows 10 (ou voltem para ele, dependendo do caso). E como nada é tão ruim que não possa piorar, a Microsoft vai encerrar o suporte ao Win10 em outubro do ano que vem. 

Sem o Windows 10, cerca de 240 milhões de PCs irão para o lixo se seus usuários não aceitarem usar um software desatualizado (e, consequentemente, ainda mais inseguro) ou adotar uma distribuição Linux ou o ChromeOS Flex — sistema operacional de código aberto baseado no kernel do Linux, desenvolvido pelo Google para o Chromecast, mas que se tornou uma opção interessante para quem usa o computador basicamente para navegar na Web e rodar aplicativos baseados na nuvem. 

Nas pegadas do anúncio da Microsoft, a gigante de Mountain View divulgou uma lista com 11 razões para as empresas adotarem o ChromeOS Flexque é mais leve do que o Windows e o macOS (em outras palavras, sopa no mel para usar em máquinas antigas e de configuração chinfrim). Tanto o ChromeOS "original" quanto o Flex são baseados na nuvem e têm como recursos principais as ferramentas do GoogleGmail, YouTube, Docs, Meet e, claro, o navegador Chrome
 
Segundo o Google, o ChromeOS Flex é atualizado constantemente, demanda até 19% energia que outros sistemas operacionais, dispõe de mecanismos de proteção como criptografia e sandbox e é fácil de usar por qualquer pessoa familiarizada com o Google Chrome

Embora ChromeOS Flex seja gratuito e rode em máquinas de configuração modesta, sua instalação está longe de ser um primor de simplicidade. Para mais detalhes, clique aqui.  

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

A MENTIRA É UMA VERDADE QUE SE ESQUECEU DE ACONTECER


O leitor certamente já ouviu falar em "
tirar castanha com a mão do gato" (se não ouviu, é só clicar aqui). Pois foi exatamente isso que Bolsonaro fez, no último domingo, ao usar o o pontifex maximus da Assembleia de Deus Vitória em Cristo para fazer o que ele próprio não teve peito de fazer: acusar o TSE e o STF de orquestrar "uma engenharia do mal" para prendê-lo. Até os puxa-sacos do "mico" reconheceram que o sermão saiu do tom, mas o "pastor" manteve a pose: "Eu desafio qualquer um a dizer qual é a fake news, qual é a mentira e qual é o ataque. Só mostrei fatos e falei a verdade" disse Silas Maracutaia ao Poder360. 

Bolsonaro insultou nossa inteligência ao dar à "minuta do golpe" uma explicação na qual nem a finada Velhinha de Taubaté acreditaria. Mas Paulo Cunha (um dos responsáveis pela defesa do capetão) o superou ao dizer seu cliente só tomou conhecimento do documento quando já não era mais presidente, e sua fala "não reforça em nada a investigação". Aliás, a PF parece discordar, pois vai incluir a declaração no inquérito e usá-la como prova contra o investigado. 

Mas não foi só. Na quinta-feira 22, perguntado sobre os 15 minutos de silêncio que Bolsonaro concedeu à PF à guisa de depoimento, Cunha afirmou que ele seu cliente "não cometeu nenhum delito e nunca foi simpático a qualquer tipo de movimento golpista". Pausa para as gargalhadas.

Mudando de assunto, não se pode aceitar com naturalidade a relação promíscua entre religião e Estado, sobretudo em num estado laico. E livrar de impostos os polpudos ganhos de pastores e assemelhados é escarnecer dos "contribuintes" (entre aspas, pois "contribuir" só orna com "imposição" num país que trata salário como renda para fins de tributação). 

Ricardo Kertzman anotou em sua coluna: "Não bastasse a 'bancada evangélica' lutar com a faca nos dentes e sem crucifixo nas mãos por cada vez mais poder, 'pastores' financiados pela democracia pregam abertamente de seus púlpitos a cisão social motivada pela política." Isso não vem de hoje, naturalmente, mas o quadro se agravou na gestão do Messias que não miracula. 

O problema é que os "pastores" as "ovelhas", e todo esse rebanho vota. Haddad e seu chefe não perdem uma única oportunidade de acusam os "super ricos" de não serem tributados como deveriam (mais uma mentira populista e demagoga do PT), mas se curvam bovinamente à imunidade tributária das igrejas e seus donos.

No picadeiro da Paulista, Malafaia e Michelle trombetearam que "a igreja vai entrar pra valer na disputa eleitoral". Até uma toupeira vê abuso de poder econômico nessa parada. Como bem ironizou o colunista retrocitado, "o diabo é que, em nome do Senhor, tudo pode e é permitido aos engravatados de Deus em Brasília, pois não há Cristo  que interfira nisso". 

Na quinta-feira 22, o ex-ministro da Justiça que encheu Lula de orgulho ao se declarar "socialista, comunista e marxista" vestiu a suprema toga e depois foi à missa. A posse foi discreta, mas o rega-bofe reuniu cerca de 900 convidados — entre eles Davi AlcolumbreJuscelino FilhoRenan Calheiros, Fernando CollorIbaneis Rocha e Romero Jucá. Já o comedimento, a impessoalidade e a prudência foram impedidos de entrar.  

 

Juscelino — que continua ministro das Comunicação de Lula — responde a processo por supostos crimes de desvios de dinheiro público quando era deputado federal pelo Maranhão (estado natal de Flávio Dino). 


Alcolumbre — ex-presidente do Senado — é investigado em dois inquéritos por supostos crimes de "rachadinha" em seu gabinete (assim como o caso envolvendo Juscelino, a relatoria ficará a cargo de Dino). 


Calheiros é freguês de carteirinha do STF, inclusive por condutas delituosas supostamente praticadas no âmbito do Postalis. Collor foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava-Jato (o julgamento de seus embargos de declaração foi suspenso por um pedido de vista de Dias Toffoli).


Collor foi condenado  (em maio do ano passado) a 8 anos e 10 meses de reclusão. Quase 8 anos separam a denúncia da condenação, e mais um transcorreu até os embargos de declaração do caçador de marajás de festim começarem a ser apreciados no escurinho do plenário virtual, longe dos refletores da TV Justiça. Na véspera do Carnaval, assim que Moraes votou pelo indeferimento do recurso, Toffoli vestiu a fantasia de paladino e emperrou o julgamento com um pedido de vista. 


Ibaneis é investigado por "suposta" atuação nos atos golpistas do 8 de Janeiro. Ele foi afastado do comando do governo do DF em janeiro do ano passado, mas reassumiu o posto dois meses depois (Moraes acolheu o parecer da PGR segundo o qual volta ao cargo não prejudicaria as investigações).


Jucá — um dos caciques do MDB — é alvo de inquérito por ter sido um dos beneficiados por suposto recebimento de propina da Odebrecht (o caso, que envolve também Calheiros, tramita no STF desde 2017). 

 

Ao longo da companha pela suprema poltrona, Dino prometeu atuar como guardião da Constituição e facilitador do diálogo entre os Poderes. Se honrar essas promessas, terá muitos impedimentos pela frente. Da fala do ministro Barroso, presidente de turno do STF, Carlos Andreazza extraiu o seguinte trecho: "A vida é dura, mas é boa, porque nos dá o privilégio de servir ao país, sem nenhum outro interesse que não seja fazer um Brasil melhor e maior", e comentou que a vida boa oferece muitos privilégios, não raro ofertados por quem — à custa de vidas duras — se serve do Brasil e tem interesse em fazer do país patrimônio privado ainda melhor e maior.

 

A pergunta é: Dino deixará de ser agente político? A resposta pode estar na forma como ele se comportou desde que foi chancelado pelo Senado, em dezembro: em vez de se desligar do Ministério da Justiça e da atividade política, o político maranhense escolheu participar/influir na transição do cargo para Ricardo Lewandowski e voltar ao Parlamento para apresentar projetos — de onde saiu um dia antes de vestir a toga. 


Se gostasse de apostas e tivesse tostão para apostar, Andreazza apostaria que o senador eterno será — anomalia natural (o oximoro se impõe) numa Corte constitucional que se dilata sobre a República — ministro-líder do governo num Tribunal há muito à vontade para ser o terceiro turno parlamentar. Em suma, uma escolha pós-Lewandowski que Lula fez para ter um  "Xandão" pra chamar de seu.


Triste Brasil.