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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Windows 7 (conclusão)

Conforme dissemos na postagem anterior, usuários do Vista podem migrar para o Seven mediante um “simples” upgrade, mas quem ainda usa o XP terá de fazer a instalação completa (customizada). Nesse caso, é bom estar preparado para problemas relacionados com drivers, notadamente das placas de vídeo, som e rede, mouse e teclado sem fio, impressoras e scanners (aliás, nada muito diferente do que ocorreu quando do lançamento do XP, como muita gente deve estar lembrada).
Convém ter em mente que atualizações de SO podem se tornar um pesadelo caso o usuário não se adapte ao novo ambiente ou seus programas e/ou dispositivos se recusem a funcionar. Por conta disso, é sempre bom criar uma imagem ISO do HD com a versão atual do Windows e demais aplicativos, arquivos pessoais e outros que tais. Para tanto, o Norton Ghost, da Symantec, é uma excelente opção, embora freewares como o Macrium Reflect (www.macrium.com/ReflectFree.asp) dêem conta do recado.
Concluído o backup, configure o Setup para dar o boot pela unidade de DVD, reinicie o computador com a mídia do Seven no drive e siga as instruções nas telas. Caso você já tenha verificado a compatibilidade de seu equipamento (recomendável), clique em Instalar agora, aceite os termos do contrato e indique ao assistente o tipo de instalação que deseja realizar (atualização ou customização, conforme o caso). Se lhe for solicitado escolher uma partição, indique aquela que contém a versão atual do sistema.
Numa instalação completa, você será avisado de que perderá a versão atual do Windows, mas não os seus arquivos (que serão movidos para uma nova pasta denominada C:/Windows.old). Ao final do processo (que pode demorar mais de uma hora), seu computador será reiniciado já com a nova versão do sistema ativa e operante.
Se os ícones aparecerem muito grandes na tela, dê um clique direito num ponto vazio da área de trabalho e selecione Resolução de tela para solucionar o problema (talvez seja preciso rever essa configuração posteriormente, depois de reinstalar o drive de sua placa gráfica). Clique então sobre a bandeirinha que aparece na área de notificação do sistema e solucione os eventuais problemas indicados no relatório. Feito isso, reinstale os drivers, ferramentas de segurança e demais aplicativos (aproveite para ver se existem versões mais recentes; caso afirmativo, faça as devidas atualizações). Se você não tiver fornecido a chave de ativação durante a instalação do Seven, digite activate no campo de buscas do menu Iniciar, tecle Enter, clique em Ativar o Windows online agora e siga as instruções do assistente. Tão logo o sistema esteja devidamente configurado, crie uma nova imagem ISO e mantenha-a em local seguro; se for preciso reinstalar o Windows por qualquer razão, será bem mais fácil e rápido fazê-lo a partir dessa imagem.
Enfim, diz um ditado que “quem tem pressa come cru”. Particularmente, acho melhor esperar a poeira baixar - não só porque continuo usando o velho XP (e estou igualmente velho “pra meter a mão em cumbuca”), mas também porque sempre leva algum tempo para os fabricantes adequarem seus produtos a novos sistemas. Considerando a proximidade do Natal, logo chegarão às lojas diversas opções de máquinas com o Seven pré-instalado, o que reduz sensivelmente o risco de incompatibilidades e problemas que tais.
Boa sorte a todos.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

WINDOWS 11 — CHEGOU O DIA D E A HORA H

A ESTUPIDEZ É UMA DAS DUAS COISAS QUE ENXERGAMOS MELHOR EM RETROSPECTO. A OUTRA SÃO AS OPORTUNIDADES PERDIDAS.

Como dito nos posts anteriores, as principais mudanças do Windows 11 (ou Sun Valley, embora já esteja quase certo que o nome será mesmo Windows 11) serão visuais. Isso porque desistiu (momentaneamente) do Windows 10X — que era para ser um sistema para computadores de duas telas — e incorporou diversos elementos desenvolvidos para ele na versão 21H2 do Ten, que agora assoma no horizonte como um “novo sistema”.

Recentemente, uma versão não oficial para download desse “novo sistema” vazou na Web, mas tudo indica que a build não era a versão final, que será apresentada nesta manhã (às 11h, no horário da costa leste dos EUA). Mesmo não tendo sido oficialmente liberada pela Microsoft, a build em questão dava uma boa ideia de como será o sucessor do Windows 10.

Observação: A Microsoft requereu judicialmente a retirada do conteúdo do portal que divulgou a imagem (ISO) contendo o arquivo de instalação do Windows 11. A reclamação é breve e direta: “O artigo da Beebom.com está distribuindo o Windows 11 ISO (com direitos autorais da Microsoft). Remova o artigo da pesquisa. É uma cópia vazada do Windows 11 não lançado.” Não há informações de outros sites que distribuem a ISO vazada foram notificados, mas provavelmente eles terão o conteúdo removido dos mecanismos de busca assim que forem detectados pelo mecanismo do Google.

Embora continue sendo possível fazer o download, eu não recomendo. Seja devido à possibilidade de
falhas e bugs — obviamente, o intrépido pioneiro não contará com nenhum tipo de suporte técnico oficial para ajudá-lo, e vale lembrar que “os pioneiros são reconhecidos pela flecha espetada no peito” —, seja porque baixar uma ISO obtida de forma não autorizada, a partir de um site nada confiável (se fosse confiável, ele não ofereceria esse tipo de conteúdo) implica o risco de “ir buscar lã e sair tosquiado”. Além disso, é quase certo (ainda falta o quase para ser 100% certo, mas enfim...) que a migração do Windows 7, 8.1 e 10 para o Windows 11 será totalmente grátis. Dito isso, sigamos adiante.

As mudanças visuais do novo sistema começam na inicialização, que conta com um novo som e uma logo mais plana que a convencional. A Área de Trabalho, semelhante à que teria o Win10X, traz bordas mais arredondadas, ícones do sistema mais coloridos e o botão que dá acesso ao menu Iniciar centralizado (quem não gostar dessa novidade poderá reverter para a exibição clássica).

A visualização na Barra de Tarefas está mais “clean”. As notificações foram reposicionadas acima dos ícones dos programas abertos, e os downloads exibem uma pequena e sutil barra de progressão. As janelas se adaptam melhor à Área de Trabalho e contam com uma opção para dividir o espaço de tela automaticamente. O Prompt de Comando teve seu visual reformulado e o explorador de arquivos, redesenhado, conta agora com melhor espaçamento entre os itens. O menu Iniciar, que ficou mais conciso sem os Live Tiles (blocos dinâmicos), pode ser personalizado com os apps mais úteis para o usuário. O gerenciador de temas também foi aprimorado, com papéis de parede mais diversificados e diversas outras opções para personalizar o visual da Área de Trabalho, sem falar que ícones saltitantes e janelas reativas proporcionam uma experiência de uso mais viva, como no macOS e algumas distribuições Linux.  

A despeito de o visual estar diferente, a usabilidade do sistema pouco difere do Win10. Os menus de
configuração e navegação são exatamente os mesmos, e os apps, tanto da Windows Store quanto executáveis “.exe” rodam sem nenhuma barreira — durante a instalação, o Win11 até permite realizar um upgrade e manter os aplicativos já existentes no computador. O novo botão de Visão de Tarefas conta com informações centralizadas e mostra todas as janelas e aplicativos abertos no sistema. No entanto, a função de linha do tempo, que exibe arquivos utilizados anteriormente, não aparece na nova interface.

É provável que mais novidades sejam reveladas no evento desta manhã, já que a Microsoft deixou de enviar atualizações para os participantes do programa Windows Insider e possivelmente está guardando algumas cartas na manga para sua apresentação. Aliás, especula-se que a empresa faça uma reforma na Microsoft Store e, de novo, que o Windows 11 seja lançado como uma atualização gratuita.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A DIFÍCIL ARTE DE REMOVER PROGRAMAS


Mesmo sendo um sistema eclético, o Windows nos obriga a instalar aplicativos de terceiros para os mais variados fins (eu sei que já disse isso, mas nunca é demais repetir, especialmente em atenção aos recém-chegados), e como não faltam freewares para todos os gostos, acabamos acumulando pencas de inutilitários que ocupam espaço e consomem recursos sem oferecer qualquer contrapartida de ordem prática.
Num mundo ideal, instalaríamos somente o estritamente necessário, mas como não vivemos num mundo ideal, cumpre revisar de tempos em tempos a lista de programas e remover sem dó nem piedade quaisquer penduricalhos inúteis ou desnecessários. Softwares de boa estirpe integram desinstaladores nativos – abra o menu Iniciar, clique em Todos os programas e procure a opção na pasta do ao aplicativo que você deseja remover. Se não houver algo do tipo desinstalarremove ou uninstall, tente comandar a desinstalação via Painel de Controle (no Seven, clique em Programas > Desinstalar um programa; no XP, clique em Adicionar ou remover programas) ou digite o nome e a versão do aplicativo no campo de buscas do Google (ou outro buscador de sua preferência) seguido de termos como desinstalar, removeruninstall ou remove.
Se nada disso resolver:

1.      Clique em Iniciar > Todos os programas, dê um clique direito na entrada referente ao aplicativo e anote o caminho que leva até ele (no campo Destino, o caminho é tudo aquilo que fica à esquerda, antes da barra invertida que precede o nome do programa);
2.      Crie um ponto de restauração do sistema e reinicie o PC no modo de segurança (pesquise o Blog para saber como proceder, se necessário).
3.      Clique em Iniciar>Executar (no Seven, dependendo da configuração, pode ser necessário teclar Windows+R para acessar essa opção), digite msconfig na caixa respectiva e pressione Enter.
4.      Na aba Inicialização, desmarque quaisquer itens que façam referência ao teimoso.
5.      Torne a reiniciar o computador no modo de segurança, localize e delete a pasta do aplicativo rebelde e reinicie o PC no modo normal.
6.      Rode o MV RegClean, o CCleaner, ou o EasyCleaner para limpar o Registro.
7.      Se necessário, apague manualmente a entrada referente ao programa no menu Iniciar e use o campo Pesquisar para localizar e eliminar quaisquer outros resíduos (pastas vazias, atalhos, entradas inúteis, etc.).

ObservaçãoHá casos em que aquilo que você deseja remover é um simples atalho. Para descobrir, clique nele com o botão direito, selecione Propriedades e, no campo Destino, confira o nome do programa ao qual ele está vinculado. Se o aplicativo já tiver sido desinstalado, basta selecionar o atalho inútil e pressionar Delete para eliminá-lo.

Vale lembrar que nem todo freeware é inutilitário e nem todo inutilitário é freeware. A Web está coalhada de programinhas que são uma mão na roda na hora de remover aplicativos inúteis ou problemáticos. O REVO UNISTALLER (cuja versão paga pode ser testada sem despesas por 30 dias) dispara o processo de instalação convencional e complementa o trabalho localizando e submetendo ao usuário quaisquer resíduos que tenham ficado para trás (atalhos, pastas, vazias, chaves inválidas no Registro e por aí vai). Já o ASHAMPOO MAGICAL UNINSTALL, igualmente gratuito, cria uma imagem do sistema antes da remoção, executa uma série de procedimentos para apagar tudo aquilo que você não quer mais e, ao final, gera uma nova imagem do ambiente (simplificando a solução de eventuais problemas).

Até mais ler.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

COMO CRIAR PARTIÇÃO DE RECUPERAÇÃO COM O AOMEI ONEKEY RECOVERY

QUANDO DISCURSA DE IMPROVISO, DILMA NÃO PRODUZ “PÉROLAS DE SABEDORIA”, MAS SIM UM COLAR INTEIRO.

Dividir o HD em duas partições e salvar os backups naquela que não contém o sistema operacional é uma opção interessante ─ em assim procedendo, as cópias de segurança mantidas na unidade D: (supondo que a partição que contém o sistema seja C:) não serão tocadas pelo processo de formatação que você executar para reinstalar o Windows do zero. Mas não deixe de criar um backup do backup e salvá-lo num drive virtual, pois, como vimos em outras oportunidades, uma eventual pane física pode comprometer todas as partições do disco, tornando seu backup tão útil quanto um sexto dedo do pé.

A despeito de eu haver publicado um sequência de postagens com informações circunstanciadas sobre particionamento de disco, tanto com o recurso nativo do Windows quanto com programinhas de terceiros (para refrescar sua memória clique aqui), achei por bem revisitar o assunto para sugerir um freeware muito legal que descobri recentemente: o AOMEI ONEKEY RECOVERY (para fazer o download a partir do site do fabricante, clique aqui).

Essa ferramenta, que é compatível com o XP, Vista, 7, 8 e 8.1, não se limita a particionar o HD ou a criar uma imagem do sistema que permita recuperá-lo mais facilmente do que através de uma reinstalação convencional (que exige posterior atualização e personalização, reinstalação dos aplicativos, dos backups de arquivos pessoais, e por aí vai). Sua interface limpa e intuitiva apresenta duas opções. A primeira (OneKey System Backup) analisa o espaço livre na unidade que você indicar, cria uma nova partição compatível com o espaço ocupado pela instalação do seu Windows e gera uma cópia fiel do sistema, programas, configurações e arquivos, e a segunda (OneKey System Recovery) restaura o PC ao “status quo” vigente na ocasião em que ela foi criada.

Observação: Quando for restaurar o sistema com auxílio do AOMEI, clique em OneKey System Recovery e siga as instruções nas telas. Se o Windows não for capaz de inicializar, pressione a tecla “A” durante o boot para ter acesso às ferramentas de resgate.

Abraços a todos e até a próxima.

quinta-feira, 5 de março de 2020

SOBRE O PRÓXIMO UPDATE DO WINDOWS 10, A NOMENCLATURA DAS VERSÕES, OS KAOMOJIS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES


A FÉ É A CRENÇA NA AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIAS.

A próxima atualização semestral de conteúdo do Windows 10 (codinome v2004) é esperada para este mês ou o próximo. O update anterior (v1909), lançado em setembro do ano passado, provocou problemas como telas alaranjadasaumento de uso de CPU e falhas em conexão Wi-Fi, que foram solucionados pela Microsoft, que relançou o patch no final de novembro, para download tanto pelo site quanto via Windows Update. (Para conferir se seu Windows 10 está atualizado, clique em Iniciar > Configurações > Sistema > Sobre, role a tela até o campo Especificações do Windows e confira se a versão é 1909 e a compilação, 18363.628).

Desde o lançamento do Win 10, as atualizações abrangentes foram numeradas de xx03 a xx09, onde os 'xx' correspondem aos dois últimos dígitos do ano de lançamento. Seguida essa cronologia, teríamos agora a v2003, mas essa nomenclatura poderia causar confusão com o Windows Server 2003, de modo que a empresa preferiu usar v2004. Aliás, foi também para evitar problemas de compatibilidade que a Microsoft “pulou” do Windows 8.1 para o 10, já que os desenvolvedores de software usavam a expressão “Windows 9” para checar se a versão do sistema em que os aplicativos eram executados era a 95 ou a 98. (Por tabela, essa medida acabou frustrando os planos dos cibercriminosos de plantão, que já ofereciam falsos links para download gratuito do “Windows 9” pirata, com malwares embutidos em seus códigos).

Além de correções de bugs e melhorias na ferramenta de pesquisas, no subsistema do Windows para Linux e na experiência na utilização de “portáteis híbridos” (que podem ser usados tanto como notebooks quanto como tablets), o Win 10 v2004 promete implementar a função Cloud Reset, que permite refazer o download completo do Windows 10 pelos servidores da Microsoft no caso de os recursos tradicionais de recuperação não funcionarem normalmente durante o processo de restauração do sistema.

Com a nova atualização, o usuário poderá limitar o consumo de dados para patches do sistema operacional (atualmente, só é possível controlar o consumo de banda para downloads comuns na Web) e visualizar a temperatura da GPU (processador gráfico) no Gerenciador de Tarefas. São esperadas, também, melhorias no suporte para áreas de trabalho virtuais, otimizações de consumo de memória e economia de processamento e espaço em disco, além de aprimoramentos no uso de portáteis híbridos (que podem ser usados como tablets e notebooks). Mas uma das novidades mais importantes, a meu ver, é a função Cloud Reset, que possibilita refazer o download completo do Windows 10 a partir dos servidores da Microsoft quando e se os sistemas locais de recuperação apresentarem problemas durante o processo de restauração do sistema operacional.

Para quem é chegado em firulas, a v2004 ampliará o suporte a kaomojis (de “Kao” = rosto, e “Moji” = caractere). Trata-se de um estilo de emoticons/emojis baseado em texto, criado no Japão nos anos 1980 a partir do anime e do mangá, mas que se popularizou mundialmente por sua capacidade de transmitir emoções (vide imagem que ilustra o post).

Observação: Vale lembrar que, na pré-história do uso doméstico da Internet, as trocas de mensagens eram baseadas unicamente em texto, e os usuários não raro levavam interpretavam erroneamente palavras e expressões de duplo sentido — ou seja, sem o “olho no olho” e as nuances da entonação vocal, era comum as pessoas se ofenderem com algo que seus interlocutores haviam escrito “em tom de brincadeira”.

Existem milhares de kaomojis que representam diferentes expressões faciais e sentimentos. Para facilitar sua utilização, eles são divididos em categorias como alegria, vergonha, raiva, tristeza etc., mas note que existem diversas variações de formato, que podem expressar a mesma coisa mediante a combinação de caracteres distintos.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

REVISITANDO O REGISTRO DO WINDOWS

VOCÊ PODE ENCONTRAR AS COISAS QUE PERDEU, MAS NUNCA AS QUE ABANDONOU.

O Registry ― ou Registro do Windows ― é um banco de dados dinâmico que armazena informações sobre o hardware, o software e os perfis dos usuários do computador. Toda inicialização passa pela verificação desses parâmetros, que são modificados a cada sessão e salvos por ocasião do encerramento, com as respectivas alterações.

Por dar acesso a um vastíssimo leque de configurações avançadas, o Editor do Registro é um “parque de diversões” para usuários experientes, mas uma Caixa de Pandora para os menos iniciados ― até porque qualquer modificação indevida ou malsucedida pode gerar diversos problemas, de uma simples instabilidade à paralisação total do sistema.

Visando prevenir alterações potencialmente desastrosas, a Microsoft achou por bem não incluir um snap-in no Painel de Controle ou comando no Menu Iniciar para dar acesso a esse editor. Para convoca-lo, pressionamos simultaneamente as teclas Windows e R, digitamos regedit na caixa de diálogo do menu Executar e teclamos Enter.

Como no Explorer, as pastas e arquivos do Editor do Registro são exibidas hierarquicamente, em formato de árvore. As chaves e subchaves (pastas) ficam agrupadas à esquerda e os nomes, valores e outros itens associados (arquivos), à direita.

Observação: Se apenas a pasta Computador estiver visível, clique na setinha que aparece à esquerda do nome para exibir todas as chaves principais ― que eram 6 no Win9X/ME, mas passaram a 5 no Windows XP e assim permaneceram nas edições subsequentes.

Cada chave é identificada por um nome iniciado por HKEY. “Key” significa “chave” em inglês, mas a origem do “h” é controversa: alguns o associam a “hive” ― colmeia ―, ao passo que outros, a “handle” ― termo que designa uma construção de programação utilizada para acessar objetos no Windows). Nas versões mais antigas, em vez das tais setinhas, havia sinais de adição e subtração antes dos nomes (conforme as chaves estivessem recolhidas ou expandidas), e, da mesma forma que em relação às setinhas, bastava clicar sobre eles para exibir ou ocultar as respectivas subchaves e demais parâmetros (numéricos, binários, hexadecimais, baseados em caracteres, etc., conforme a natureza das informações).  

Numa visão elementar, mas adequada aos propósitos deste post, a chave HKEY_CLASSES_ROOT contém informações sobre todos os tipos de arquivo que o computador é capaz de manipular. Dentre outras coisas, ela garante que o programa correto seja executado quando abrimos um arquivo ou um aplicativo, e armazena em suas (muitas) entradas extensões com informações sobre cada tipo do arquivo (exemplo: jpg/arquivo de imagem), o aplicativo a ele associado, seu ícone padrão, etc.
HKEY_CURRENT_USER reúne todas as definições e permissões dos usuários (note que o Windows cria entradas separadas para cada usuário e que a chave em questão exibe as que correspondem àquele que estiver logado no sistema, caso haja mais de um). Esta chave é apenas um atalho que aponta para a chave que contém o “perfil” do usuário ativo (logado), ou seja, suas configurações de pastas, personalizações, preferências, aplicativos a que ele tem acesso, e assim por diante.

HKEY_LOCAL_MACHINE abriga todas as chaves de hardware e respectivos drivers, informações específicas do computador (para qualquer usuário) e a maior parte das configurações do sistema, tais como programas instalados, políticas de segurança etc.

HKEY_USERS reúne as definições que se aplicam a cada usuário (devidamente separadas por nome de usuário), ao passo que HKEY_CURRENT_CONFIG é preenchida a inicialização com os dados de uma das subchaves de HKEY_LOCAL_MACHINE, e mantém essa configuração até o final da sessão (ou seja, até que o usuário faça logoff ou que o computador seja desligado ou reiniciado).

A configuração manual do Registro é feita através de seu Editor (que pode ser acessado através do menu Executar, como foi explicado parágrafos atrás), e cada alteração afeta de uma maneira específica o comportamento do computador. Manipulando esses dados, podemos fazer personalizações e aprimoramentos a que não temos acesso direto via interface do sistema, mas cumpre enfatizar que modificações indevidas e/ou malsucedidas podem tornar o sistema instável ou mesmo impedir sua reinicialização. Portanto, não se aventure a fazer alterações, mesmo que lhe pareçam “simples e seguras”, sem antes criar um ponto de restauração e um backup da chave envolvida (ou do registro como um todo). Mas isso já é assunto para a próxima postagem. Abraços e até lá.

sexta-feira, 13 de março de 2015

PARTICIONAMENTO DO DISCO RÍGIDO COM O MINI-TOOL PARTITION WIZARD FREE

NÃO BASTA SER POBRE, TEM QUE BAIXAR O VOLUME DA TV PARA ESCUTAR QUANDO TEM BRIGA NO VIZINHO.

Para encerrar esta sequência sobre o particionamento, vamos focar o freeware Mini-Tool Partition Wizard, que, a meu ver, é mais rápido e bem mais amigável do que o particionador nativo do Seven – objeto da postagem anterior. Digo isso com conhecimento de causa, pois usei o programinha para criar uma nova partição primária no meu HD quando me preparei para reinstalar o Windows devido a uma inusitada sucessão de travamentos irritantes, mas que consegui resolver com a remoção de um PUP que se aboletou no sistema aproveitando-se de um momento de distração.
Passando ao que interessa, a assepsia pré-operatória é idêntica à que foi explicada no tutorial sobre o particionamento do disco com o utilitário nativo do Seven, bem como são válidas as recomendações sobre a criação de um backup atualizado e de uma imagem do sistema (ou discos de pré-definição). Muda somente o cirurgião, que agora será o Mini-Tool Partition Magic Free 9, que pode ser descarregado diretamente do site do fabricante e permite criar, apagar, redimensionar, copiar, formatar e converter e partições, além de mudar as letras que as identificam, tudo através de uma interface gráfica amigável e sem perda de dados. Aliás, sugiro baixar também a imagem ISO do Wizard Bootable CD e gravá-la em mídia óptica – assim, se ocorrer algum problema durante o particionamento, bastará dar o boot pelo CD para recolocar o bonde nos trilhos.

Observação: Se você não está familiarizado com arquivos .ISO, não se preocupe: no Seven, basta clicar com o botão direito na imagem ISO, selecionar Abrir Com>Gravador de Imagem de Disco do Windows, indicar o gravador de mídia óptica e pressionar o botão Gravar. Se não puder (ou não quiser) proceder à gravação em mídia, instale o MagicISO, dê um clique direito no ícone que será adicionado na Área de Notificação, selecione Virtual CD/DVD-ROM>Media>Mount, clique no arquivo .ISO em questão e acesse-o via menu Iniciar>Computador. Para encerrar, dê um clique direito no ícone do drive virtual e selecione Ejetar.

Sem mais interrupções, vamos dar início à cirurgia:

1.   Depois de instalar o Mini-Tool Partition Magic Free 9, dê um clique direito no ícone criado Área de Trabalho (ou abra o programinha a partir da lista Todos os Programas do menu Iniciar) e, na tela inicial, dê um clique direito sobre o drive que deseja particionar.
2.   Selecione a opção Move/Resize (mover/redimensionar) e, no campo Partition Size (tamanho da partição), defina o tamanho da nova partição – digitando a grandeza desejada no campo respectivo ou arrastando com o mouse a extremidade direita da barra; ao final, clique em OK.

Observação: O programa impede que a partição seja reduzida a ponto de se tornar insuficiente para armazenar os dados que já estão gravados (o espaço ocupado é exibido em amarelo na barra que a representa). No entanto, convém deixar uma boa sobra, não só para permitir a execução do Defrag, mas também para instalar novos aplicativos, já que eles ocupam a mesma partição que contém o SO – ainda que seja possível, é no mínimo desaconselhável alterar essa configuração padrão do Windows.

Tomando como exemplo o meu notebook ACER ASPIRE, dos 500 GB nominais – 465 GB reais (*) –, 57 GB eram utilizados pelo Windows, seus componentes e demais aplicativos, 18 GB reservados para a partição de restauro e 100 MB para o System Reserved (partição que o sistema mantém oculta e sobre a qual falaremos mais adiante). Isso me permitiu reduzir a unidade C: para 349 GB e criar uma nova partição primária de 98 GB – ela até poderia ser lógica, já que vou utilizá-la para armazenar dados e não para instalar outro SO, mas enfim... 

Observação: Se você está criando a nova partição com vistas a instalar outro SO em dual-boot, altere o tipo de partição em Create as: de Lógica para Primária. Se for apenas usá-la para armazenar backups e outros arquivos pessoais, mantenha a configuração padrão. Se a ideia for instalar um segundo SO, mude o tipo de partição de lógica para primária. Caso pretenda criar mais unidades (o limite é de 4 primárias ou 3 primárias e uma estendida), mude o tipo de partição para estendida e depois volte a executar o programinha para dividi-la em múltiplas unidades lógicas (veja mais detalhes sobre partição primária, partição estendida e unidades lógicas na postagem da última quarta-feira).

(*) Para valorizar seus produtos, os fabricantes de HDs utilizam a notação decimal para referenciar a capacidade dos drives. Assim, eles consideram 500 GB como sendo 500.000.000.000 de bytes, economizando quase 37 bilhões de bytes – que precisariam acrescentar caso utilizassem a notação binária, na qual 1 GB corresponde a exatamente 1.073.741.824 bytes, e 500 GB, a 536.870.912.000. Em face do exposto, meu drive de 500 GB nominais tinha “apenas” 465 GB reais.

3.   Cumpridas as etapas 1 e 2, a tela inicial do Mini-Tool passa a exibir um espaço não alocado (unalocated) à direita da partição que você redimensionou (no caso, C:), indicado por uma barra acinzentada (figura à direita). Assim que você clicar sobre ela, selecionar a opção Create (criar) e dar OK na janela Create New Partition (criar nova partição), uma nova partição lógica será criada e identificada pela letra F (no nosso exemplo, a letra E designa o drive do ReadyBoost). Se desejar, dê um nome a ela no campo Partition Label (título da partição).
4.   Na próxima tela, você deve clicar no botão Apply (aplicar), no canto superior esquerdo da janela, para que as alterações sejam feitas. O programa recomenda fechar todos os aplicativos e desabilitar a economia de energia antes de prosseguir. Tomadas essas providências, você deve responder Yes (sim) à pergunta Apply Changes? (aplicar alterações?). Se quiser desistir do particionamento, esse é o momento: basta clicar em No (não) e encerrar o programa.
5.   Surge então uma mensagem dando conta de que as alterações não podem ser levadas a efeito porque o drive C: está sendo usado. Clique em Restart Now (reiniciar agora).
6.   Uma nova janela o instrui a não desligar o computador e dá conta de que o Windows será reinicializado automaticamente após a conclusão do trabalho. Enquanto aguarda, você pode acompanhar a evolução do processo através das barras de progressão.
7.   Se tudo correr como esperado, em alguns minutos o PC será reiniciado com as modificações efetivadas. Clique em Iniciar>Computador e confira o resultado (figura à esquerda).  

Para concluir, cumpre salientar que a finalidade precípua do System Reserved é dar suporte ao BitLocker Drive Enryption e armazenar o bootloader – que, por sua vez, tem por função acessar o HD (memória de massa) e carregar o sistema operacional na RAM (memória física). Como esse recurso criptográfico só funciona na versão Ultimate do Seven e o bootloader é redundante (ele é armazenado também na partição que contém o SO), há quem elimine essa partição. No entanto, como ela ocupa míseros 100 MB (no Seven, no Eight são 350 MB), eu, particularmente, acho que o trabalho não compensa. Ainda assim, veremos como fazê-lo numa próxima oportunidade.

Passemos agora à nossa tradicional piadinha de final de semana: 

Em tempos de eleição, dois candidatos mineiros adversários, um da cidade - o "Coroné" -, e outro caipira - o "Mineirim", se encontram na mesma barbearia lá pras banda de Belzonte. Lá sentados, lado a lado, não se falou palavra alguma.
Os barbeiros temiam iniciar qualquer conversa, pois poderia descambar para discussão, e o Coroné só andava armado.
Terminaram a barba de seus clientes, mais ou menos ao mesmo tempo.
O primeiro barbeiro estendeu o braço para pegar a loção pós-barba e oferecer ao Coroné, no que foi interrompido rapidamente por seu cliente: - Não, obrigado. A minha esposa vai sentir o cheiro e pensar que eu estive num puteiro.
O segundo barbeiro virou-se para o Mineirim: - E o senhor? - indagou.
- Uai, popassá, sô! A minha muié num sabe memo como é cheiro de puteiro... Nunca trabaiô pur lá...


Bom final de semana a todos.

terça-feira, 22 de junho de 2021

ACREDITE... SE PUDER


De acordo com o Estadão, a TV Brasil — a “emissora traço” que Bolsonaro prometeu extinguir durante a campanha — planeja incluir na sua grade de programação um telejornal que irá exibir apenas “boas notícias. O Antagonista atribuiu a paternidade dessa ideia extraordinária ao “ministro da Propaganda” Fábio Faria, que negou ter participado da reunião e acusou o Estadão de propagar fake news (de fake news os bolsonaristas entendem).

Na última terça-feira, em cerimônia no Palácio do Planalto, Fábio Faria defendeu o uso da TV pública para combater “narrativas erradas”. “Que a verdade possa chegar onde o povo quer ouvir. A gente, infelizmente, muitas vezes, é obrigado a ficar combatendo fake news, perdendo tempo, deixando de trabalhar, deixando de fazer os nossos deveres aqui para desmistificar as notícias enganosas. Vamos levar a verdadeira comunicação para o restante do País”, disse o genro do Homem do Baú.  

Resumo da ópera: enquanto o número de vítimas fatais da Covid ultrapassa meio milhão, os luminares palacianos querem levar ao telespectador fatos “leves” sobres saúde, comportamento e entretenimento. O nome do folhetim já está definido — “Bom de Ver”. As gravações do piloto já foram feitas, embora a data da estreia ainda não tenha sido definida.

Bolsonaro e sua trupe são críticos da cobertura da imprensa sobre a pandemia e defendem um noticiário que se concentre no número de curados. Mortes pela doença, inflação, desemprego, aumento da pobreza, nada disso é pauta. O general-chefe da Casa Civil costuma reclamar que “só tem caixão” na TV, interpretando à sua maneira o papel daquele que mata o mensageiro portador de más notícias.

Observação: Em 1707, quando voltava triunfante para a Grã-Bretanha após derrotar os franceses no Mediterrâneo, a frota comandada pelo almirante britânico Clowdisley Shovell adentrou denso nevoeiro. O imediato garantiu que estavam numa rota segura rumo à Península Britânica, mas outro marujo disse que, segundo seus cálculos, eles estavam em rota de colisão com um arquipélago de 150 minúsculas ilhas a sudoeste da Inglaterra. Shovell não só rejeitou a informação do marinheiro como mandou enforcá-lo. Resultado: os navios se espatifaram nas ilhas encobertas pelo nevoeiro e cerca de dois mil homens se afogaram.

A divulgação de fake news — prática contra a qual o ministro das Comunicações ora se insurge — tem sido o norte, o sul, o leste e o oeste deste espúrio desgoverno. O próprio presidente teve vídeos retirados do ar pelo Facebook e pelo Google sob a alegação de que propagava informações falsas ou sem comprovação — e por conta disso o governo prepara um decreto para limitar a atuação das redes sociais no Brasil.

No STF, um inquérito investiga a disseminação de fake news por parte da récua bolsonarista. No Congresso, uma CPI apurara a participação de nomes ligados ao Palácio do Planalto na produção desse tipo de conteúdo. Na última terça-feira, a Associação Brasileira de Imprensa pediu ao MPF que investigue o uso do canal público para divulgação pessoal do presidente — o motivo foi a transmissão de um culto religioso que teve a participação do Messias que não faz milagres.

O plano de investir na TV pública como um contraponto ao noticiário da pandemia contraria a promessa de campanha de Bolsonaro de privatizar a “emissora traço” (*), passando a EBC para a iniciativa privada. A estatal chegou a ser incluída no Programa de Parcerias de Investimentos, mas a ideia nunca saiu do papel.

Mudando da emissora traço (*) para a CNN Brasil, o jornalista Rafael Colombo pediu para deixar o quadro “Liberdade de Opinião  após atritos com o comentarista Alexandre Garcia. Segundo a Folha, o apresentador, que já havia tido divergências de opinião ao vivo com Garcia, pedira para não interagir mais com o bolsonarista, mas foi convencido a ficar. A gota d’água foi a divulgação da notícia de que Garcia lucrou com fake news sobre a pandemia. A CNN Brasil informou que a saída de Colombo do programa é “uma das novidades programadas pela emissora e que em breve, divulgará mais informações”.

(*) Em fevereiro, de acordo com o relatório nacional da Kantar Ibope Media, a TV Brasil registrou 0,17 ponto de audiência na faixa das 6h às 5h59. Não contente em ficar (bem) atrás de Globo, Record, SBT, Band e RedeTV!, a deficitária rede estatal conseguiu perder para Viva (0,25), Multishow (0,2), SporTV (0,18), Discovery Kids (0,18) e Cartoon Network (0,18). Com a exibição da tal novela bíblica, a emissora registrou picos históricos de audiência (para quem beira o traço desde sua fundação, em 2007). O site da EBC festeja “patamar recorde de audiência em São Paulo”.

Duas pesquisas recentes mostram que a impopularidade de Bolsonaro se consolidou: o levantamento feito pela Exame/Ideia indica que 49% dos entrevistados desaprovam o governo; na pesquisa XP/Ipespe, esse índice foi um ponto percentual maior. Ambas mostram que a desaprovação do governo vem crescendo de forma consistente e ininterrupta desde outubro do ano passado, quando estava em 31%.

As razões são óbvias. Além dos mais de 500 mil mortos em razão da pandemia, o que por si só deveria bastar para arruinar a imagem de qualquer presidente, há uma aflitiva lentidão na vacinação, fruto da incompetência criminosa do governo, como vem mostrando com clareza a CPI do Genocídio. A pesquisa XP/Ipespe apurou que apenas 5% dos entrevistados dizem que “com certeza” não vão se vacinar, enquanto 88% disseram que ou já se vacinaram ou pretendem se vacinar. Esse é seguramente um dos aspectos que minam a popularidade de Bolsonaro, mas decerto não é o único.

Outro tema sensível abordado na pesquisa XP/Ipespe foi a corrupção, que Bolsonaro se jacta de ter liquidado em seu governo. O levantamento mostra que, em novembro de 2018, após a vitória eleitoral de Bolsonaro, 56% dos entrevistados, confiando nas ruidosas promessas do presidente eleito, esperavam que a corrupção fosse diminuir nos seis meses seguintes, enquanto apenas 17% imaginavam que fosse aumentar. Já na mais recente pesquisa, 46% disseram crer que a corrupção vai aumentar, enquanto apenas 16% entendem que vai diminuir.

Isso significa que a percepção de corrupção no País cresceu junto com a impopularidade do presidente, e não parece ser mera coincidência. As inúmeras suspeitas envolvendo a primeira-família, de rachadinhas ao uso da máquina pública para fins privados, contradizem frontalmente o discurso saneador do capetão. Hoje, quem está com Bolsonaro corre o risco de ser visto como corrupto.

Tal percepção é implacável, mesmo para os que têm boa imagem nacional. A pesquisa XP/Ipespe mostra que as Forças Armadas — de longe a instituição que inspira maior respeito entre os brasileiros — vêm perdendo a confiança dos cidadãos desde que se permitiram envolver com um governo tão nocivo para o País. O levantamento mostra que, em dezembro de 2018, pouco antes da posse de Bolsonaro, 70% dos brasileiros diziam confiar nas Forças Armadas; hoje, essa confiança caiu para 58%.

Se a má companhia bolsonarista prejudica uma instituição tão respeitada, o estrago para os já desmoralizados partidos e políticos que dão sustentação ao pior governo da história é muito maior. E o preço desse apoio será cada vez mais salgado: a pesquisa Exame/Ideia mostra que 52% dos entrevistados concordam com a realização de manifestações contra o governo.

Coube a Bolsonaro o duvidoso mérito de demonstrar que o atual sistema de governo não funciona. O perigo do desenho de um sistema que opõe o vencedor de uma eleição plebiscitária (portanto, uma figura forte) a um Parlamento fracionado e com baixa representatividade (o sistema proporcional de voto brasileiro garante a desproporção) já vinha sendo apontado há anos. Nem era preciso esperar a chegada de uma caricatura de homem de Estado como o atual presidente.

Caricaturas às vezes ilustram um argumento, e a maneira como Bolsonaro, em busca da reeleição, está negociando com uma agremiação política de aluguel (das quais existem dezenas) serviu também para reiterar a falência do sistema de partidos. A combinação do mau funcionamento de ambos — sistema de governo e sistema político-partidário — é, ao mesmo tempo, causa e consequência da profunda crise atual.

A amplitude da crise está levando elites pensantes no mundo político, intelectual e empresarial à convicção de que as próximas eleições não trarão uma solução, nem mesmo uma saída provisória — sequer com uma candidatura viável de terceira via. Esse “não dá mais de jeito nenhum” é o grande cenário de fundo para o que se discute no momento na Câmara em termos de reforma política.

Desse cenário surgiu também a proposta do semipresidencialismo, que vem da intersecção entre o mundo acadêmico do Direito e o da política e envolve também ministros do STF. Na sua essência, significa manter a atual figura do presidente da República como chefe de Estado com a prerrogativa de nomear um primeiro-ministro (que não precisa ser parlamentar nem eleito) que, por sua vez, teria de montar um gabinete de ministros dependendo de maioria no Legislativo. O modelo é o que já existe na França e em Portugal: sem maioria no Parlamento cai o governo chefiado pelo primeiro-ministro, mas o presidente eleito diretamente permanece no posto.

A ideia do semipresidencialismo agora lançada em debate público embute duas constatações realistas e uma forte dose de esperança. Ela assume, corretamente, que nunca funcionará o atual sistema presidencialista pelo qual o chefe do Executivo começa o governo buscando maioria no Legislativo num sistema político-partidário fracionado e pouco representativo. E assume ainda, corretamente, que a “cultura política” brasileira precisa da figura forte do presidente (que continuaria chefe das Forças Armadas e da diplomacia) e não comportaria um parlamentarismo puro.

A esperança é a de que a necessária redução do número de partidos — elemento essencial em qualquer reforma política — se daria na medida em que surgissem dois grandes blocos no Legislativo: o da “situação” e o da “oposição”. Alteração como a introdução do voto distrital misto ajudaria, mas não seria precondição para o semipresidencialismo.

A ideia em debate assume também, realisticamente, que não há perspectiva de ampla reforma política com as atuais forças em jogo no Legislativo e, de qualquer maneira, só valeria a partir de 2026. Mas não seria — e aí há um involuntário componente de ironia política — tão radical diante do que já acontece.

De fato, Bolsonaro divide a chefia de governo não com um, mas com dois primeiros-ministros, os presidentes da Câmara e do Senado. Já o Centrão pode ser descrito como uma “federação” de partidos de situação com uma notável diferença em relação à proposta do semipresidencialismo: no sistema de governo atual o presidente é seu refém. Ou seja, no semipresidencialismo, Bolsonaro não precisaria ter medo de impeachment. Sem embargo dos defeitos ou vantagens desse tipo de ideia, o principal mérito político no momento está em forçar um debate para além dos sistemas de governo e político-partidário atuais, dentro dos quais não se vislumbra saída para a crise permanente.

Para muitos, a discussão em torno de normas futuras pode parecer perda de tempo, utopia acadêmica ou impossibilidade política (ou a soma disso tudo). Cabe então lembrar que só há duas resoluções de crises como a que o Brasil enfrenta: a saída pela negociação, compromisso e algum tipo de consenso, ou a saída pelo conflito. Bolsonaro aposta no conflito

O assassinato em público da Lava-Jato, a maior e mais bem sucedida operação de combate à corrupção jamais vista na história da justiça penal brasileira, é o pior crime contra o respeito às leis, o regime democrático e as instituições que está sendo cometido no Brasil dos nossos dias. O STF, os chefes da vida política e as elites, com a participação ativa da esquerda e o apoio da mídia, escandalizam-se todos os dias contra os “atos antidemocráticos”, os riscos de “ditadura” e todos os demais fantasmas do gênero; fazem até processos e jogam gente na cadeia por conta disso. Mas não dizem uma sílaba diante da licença praticamente oficial para roubar o erário público que foi dada pelo próprio STF e as camadas seguintes do Judiciário.

É isso, em português claro, que resultou da liquidação da Lava-Jato. E isso — a decisão superior da justiça estabelecendo que as leis não valem para os casos de corrupção — é a própria negação da ideia de democracia. Não existe Estado de Direito onde o crime seja aceito, aprovado e incentivado, como acontece hoje no Brasil por determinação da própria Justiça. E fim de conversa.

Foi uma ilusão, ou um momento de estupidez, achar que a decisão do STF que anulou todas as ações penais contra Lula — e sua condenação em três instâncias pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro — iria parar nele. Como na história da árvore envenenada, que só pode produzir frutos venenosos, o presente dado ao ex-presidente, ex-presidiário e agora “ex-corrupto” contaminou imediatamente os processos de ladroagem que existem debaixo dele. Resultado: condenações obtidas com base em provas materiais, confissões dos criminosos, delações de comparsas e outros elementos óbvios de culpa, estão sendo anulados para se adaptarem à decisão do STF que desobrigou Lula de pagar pelos delitos que cometeu, segundo a Justiça brasileira.

O STJ — e o resto do mecanismo Judiciário que se pendura embaixo do STF — acaba de dar ao País um exemplo perfeito deste processo de degeneração. Em setembro último, antes da supressão da Lava-Jato pela ação combinada dos ministros Edson Fachin e Gilmar Mendes, executivos da empreiteira de obras Queiroz Galvão foram condenados na 13ª Vara Federal de Curitiba por corrupção, lavagem de dinheiro, cartel, fraude e organização criminosa, no assalto em massa contra a Petrobras. Não houve como escapar: a empresa tinha dado mais de R$ 5 milhões a políticos nomeados pelo doleiro Alberto Youssef, figura central da Lava-Jato. Mas a exemplo de Lula, que teve seus processos anulados porque o STF decidiu que ele tinha sido julgado no lugar errado — Curitiba, em vez de São Paulo, segundo descobriu o ministro Fachin — a Queiroz Galvão se safou porque o STJ decidiu que seu caso deveria ser julgado na Justiça Eleitoral, e não na Justiça Penal de Curitiba. Pronto: zera tudo.

É óbvio que continuará havendo histórias assim. A mensagem não poderia ser mais clara: seja lá qual for o governo, ou quem estiver na Presidência da República, contrate um time de advogados caros, separe uns bons milhões para os honorários (e outras despesas) e roube à vontade. Não tem a menor importância o fato de existir uma montanha de provas contra o ladrão. É só dizer à Justiça, depois da condenação, que você deveria ter sido processado na vara “A”, em vez da vara “B”, e correr para o abraço. 

O melhor de tudo é que os militantes das instituições democráticas não acham absolutamente nada de errado com isso.

Com Willian Waak e J.R. Guzzo