terça-feira, 22 de novembro de 2016

DO DISQUETE AO PENDRIVE E COMO RECUPERAR O ESPAÇO ORIGINAL NOS UTILISSIMOS “CHAVEIRINHOS” DE MEMÓRIA ― Parte 3

DEVE-SE CORRER PARA ONDE A BOLA ESTÁ INDO, NÃO PARA ONDE ELA ESTAVA.

Dando sequência ao assunto em tela, cumpre alertar a todos que a bandidagem digital tem se aproveitado da popularidade dos pendrives para disseminar pragas digitais (da mesma forma como usavam os disquetes em sua época áurea), razão pela qual é você deve tomar muito cuidado ao plugar o dispositivo no seu PC depois de tê-lo espetado em máquinas de terceiros, notadamente as de lan houses, cyber cafés, escolas, etc.

Felizmente, já existem antivírus projetados especialmente para proteger dispositivos USB, dentre os quais eu cito o Panda USB and AutoRun Vaccine, que é gratuito e imuniza tanto o computador quanto o dispositivo portátil. Depois de baixar e instalar e configurar a ferramenta (autorizar sua inicialização junto com o Windows, definir a vacinação automática dos novos dispositivos conforme eles forem plugados, ativar proteção de unidades formatadas com o sistema de arquivos utilizado na mídia removível, etc.), você verá uma janelinha com dois botões: o primeiro imuniza o PC e o segundo, o pendrive ― ou outro dispositivo USB, como um HD externo, por exemplo.

Observação: A rigor, o que essa vacina faz é evitar a proliferação de malwares inibindo o autorun.inf; ou seja, se você plugar seu pendrive numa máquina infectada e depois conectá-lo ao seu computador, um programinha malicioso que eventualmente se transferiu para dispositivo portátil não será capaz de se auto executar. Isso não garante 100% de segurança ― aliás, 100% de segurança no âmbito da TI é conversa mole para boi dormir ―, mas sempre será melhor do que nada.

Outro programinha digno de nota é o ClevX DriveSecurity, da conceituada desenvolvedora de programas de segurança ESET (fabricante do festejado NOD32), que atua a partir do próprio pendrive ou HD USB. Basta você fazer o download, transferir os arquivos de instalação para o dispositivo externo (que já deve estar plugado na portinha USB), comandar a instalação e seguir as instruções. Concluído o processo, execute o programinha, abra o menu de configuração (no canto superior direito da janela), altere o idioma para Português e clique na lupa para dar início à varredura. O software é pago, mas oferece um período de testes de 30 dias.

Suítes de segurança populares ― como AVAST, AVG, NORTON e afins ― também costumam checar pendrives, bastando para isso que o usuário abra a pasta Computador, dê um clique direito sobre o ícone correspondente ao dispositivo e selecione a opção respectiva no menu de contexto. Caso seu antivírus não dê conta do recado, uma varredura online pode ajudar (experimente o HouseCall, o ActiveScan, o Kaspersky, o F-Secure, o BitDefender ou o Microsoft Safety Scanner).

Observação: Em situações extremas, formatar o dispositivo de memória pode ser a solução. Mas tenha em mente que esse procedimento irá apagar todo o conteúdo do pendrive. Se não houver alternativa, plugue o chaveirinho na interface USB, localize o ícone que o representa na pasta Computador, dê um clique direito sobre ele e selecione a opção Formatar. Na tela seguinte, defina o sistema de arquivos, digite o nome desejado, desmarque a opção Formatação rápida e clique em Iniciar (assim, além da remoção dos dados, será feita também uma verificação em busca de setores inválidos).

O resto fica para a próxima, pessoal. Abraços e até lá.

MARIA, A ÚLTIMA PETISTA

O ano é 2019. O autoexílio de certo ex-presidente no Uruguai jogou a derradeira pá de cal sobre o ilha dos Castro ou na Venezuela. Há quem especule até que a imprestável tenha abreviado sua torpe existência, mas não existam evidências que embasam essa tese.
espúrio partido que ele gestou e pariu ― e com o qual se locupletou a não mais poder. Do paradeiro de sua cria e pupila, penabundada em agosto de 2016, pouco se sabe. Para alguns, ela simplesmente se foi, como aquele marido que saiu para comprar cigarros e nunca mais voltou. Para outros, resolveu passar o resto de seus dias na

Mas nossa história é sobre Maria, a última petista (nada a ver com a boa moça lá da turma do Gantois, consagrada por Toquinho e Vinicius na canção “Maria vai com as outras”). Não sei se Maria Aparecida, Maria Clara, Maria da Conceição, de Lourdes, das Dores ou, por desgraça, Maria das Graças. Simplesmente Maria. A última petista.

O PT se foi, mas Maria não se deu conta. Filiada à sigla desde sua fundação, impermeável ao bom senso e descolada da realidade, a moça (agora velha) dedicou a vida à militância petralha. Na sua avalição, Lula e Dilma foram grandes presidentes. Nunca duvidou de que o primeiro era mesmo a alma mais honesta do Brasil, e que a segunda foi uma gerentona competente, vítima inocente de um golpe de estado tramado pelas “zelites”, pela mídia, pelos “coxinhas”, e por aí afora. (Como dizia Sócrates, existe apenas um bem ― o saber; e apenas um mal ― a ignorância.)

O projeto de vida de Maria era se mudar para São Bernardo, berço do partido. Sonhava em tirar diploma de torneiro mecânico no Senai e arrumar emprego numa fábrica de autopeças (cogitou até de amputar o dedinho da mão esquerda, mas acabou demovida da ideia pela família). Tinha orgasmos múltiplos só de pensar em um dia ser vizinha de Lula. Mas Lula se foi e Maria continua nos cafundós do Ceará.

Do partido, além das lembranças, restam-lhe fotos da militância em meio a seus amados líderes. A de Dilma está cheia de rabiscos, bigodes e chifrinhos feitos a caneta num momento de loucura ― quando a estocadora de vento ameaçou trocar o partido da estrela pelo PMDB, a pretexto de “cercar-se de gente honesta”.

Toda manhã, Maria veste a puída camisetinha vermelha, toma o café imersa em reminiscências (bons tempos aqueles em que o PT estava no poder), liga o computador e se conecta às redes sociais, onde passa ao menos 15 horas postando aleivosias em defesa do socialismo, da ideologia lulopetista e do seu amado partido ― sabe-se lá se por não ser capaz de reconhecer publicamente que tudo isso acabou ou se por pura teimosia. Seja como for, a “mortadela” de cada dia continua chegando todo fim de mês ― o depósito foi programado pelo último tesoureiro, com dinheiro do BNDES, ela supõe, ou da Petrobras.

Maria ainda mantém seu blog ― O DIÁRIO DA ESQUERDA DO MUNDO ―, que raramente recebe visitas. Antigamente, ela passava horas respondendo exaustivamente mensagens de repúdio ao PT. Agora, os comentários minguaram. “Mas só porque os coxinhas finalmente entenderam que o que queremos é um Brasil melhor, e que a esquerda é o caminho”, justifica a tresloucada delirante.

De tempos em tempos, Maria vai até o jardim, onde a bandeira vermelha tremula ao vento. No passado, atiravam-lhe ovos; as manchas ainda estão no tecido. Agora, nem isso. Às vezes, passam dias sem que alguém fale do PT.

De repente, o computador emite um bip. “Olhaí, alguém comentou...”, pensa Maria, que entra correndo, os olhos brilhantes de esperança.

Maria olha a tela e... alarme falso: era só o Suplicy cantando Bob Dylan. De novo.

Maria é um caso perdido.

(Texto inspirado na crônica Fred, o último petista, de Mentor Neto).   

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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

ESQUECEU DE ENVIAR UM EMAIL PARA UM AMIGO QUE FAZ ANIVERSÁRIO? VEJA COMO É FÁCIL EVITAR QUE ISSO TORNE A OCORRER.

INVEJO A BURRICE, PORQUE ELA É ETERNA.

Talvez a maior vantagem do email em relação ao Serviço Postal convencional ― além de ser grátis, dispensar papel, envelope, selo e uma ida até o posto dos Correios ― seja a rapidez: instantes após você no botão “enviar” do seu serviço de Webmail ― ou software cliente de email, caso você se valha dessa facilidade), a mensagem chega à caixa postal do destinatário. Se ele vai ler ou não imediatamente, aí já é outra história, mas isso não vem ao caso. 

Entretanto, há situações em que pode ser interessante programar o envio da mensagem para outro dia e hora, como quando desejamos cumprimentar um amigo que aniversaria na semana seguinte, por exemplo, e nem sempre nos lembramos de mandar o email no dia em questão. Infelizmente, a maioria dos webmails e clientes de Correio Eletrônico não disponibiliza esse recurso, mas a boa notícia é que o LetterMeLater preenche a lacuna de maneira simples e satisfatória.

O serviço é gratuito, mas exige a criação de uma conta e o cadastramento de um endereço eletrônico (que será exibido como remetente das mensagens programadas). Da primeira vez, é preciso ainda definir uma faixa de fuso-horário e confirmar o endereço de email cadastrado ― você receberá através dele uma mensagem com um link de ratificação, no qual deverá clicar para que a conta seja ativada. Feito isso, é só compor o texto, preencher o campo assunto, definir o(s) destinatário(s) e selecionar a(s) data(s) e horário(s) para o envio. É possível até mesmo programar mensagens sem acessar o site (veja como em http://www.lettermelater.com/forum.php?id=2). 

Bom dia a todos e até mais ler.

CABRAL É OUTRO LULA EM MINIATURA

No despacho que autorizou a prisão do ex-governador Sérgio Cabral e uma penca de comparsas, o juiz Sérgio Moro acrescentou às justificativas jurídicas um oportuníssimo resumo da ópera dos malandros. Trecho:

Constituiria afronta permitir que os investigados persistissem fruindo em liberdade do produto milionário dos seus crimes (…) enquanto, por conta da gestão governamental aparentemente comprometida por corrupção e inépcia, impõe-se à população daquele Estado tamanhos sacrifícios”.  

Perfeito. Agora troque Rio por Brasil, produto milionário por produto bilionário e Estado por país. Releia o que Moro escreveu e tente entender o que esperam os condutores da Operação Lava-Jato para instalar Babalorixá da Banânia na merecidíssima gaiola. Cabral é outro Lula em miniatura.

Com Augusto Nunes.

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domingo, 20 de novembro de 2016

O QUE É ISSO, PRESIDENTE?

Já se sabia que o impeachment da estocadora de vento seria apenas o primeiro passo no longo caminho da recuperação da economia, dada a magnitude da crise gerada por de anos de administração de um partido que não tinha plano de governo, mas um espúrio projeto de poder. Todavia, o resultado obtido até agora com a efetivação de Temer na presidência está longe de corresponder à expectativa dos milhões de brasileiros que saíram às ruas para protestar contra a corrupção e os desmandos que resultaram na maior crise da história recente deste país.

Não se nega o presidente herdou um monumental “abacaxi”, mas já está mais que na hora de ele mostrar a que veio. Afinal, se os 100 dias de interinidade foram o treino, o jogo começou para valer depois que a petista foi devidamente penabundada, em dia 31 de agosto passado. E os que se vê é um mandatário pusilânime e uma equipe ministerial que, em vez dos “notáveis” prometidos, foi composta de onze integrantes que já haviam ocupado pelo menos uma pasta nos governos de Dilma, de Lula e de FHC ― e se viu obrigado a substituir três deles em menos de 10 dias, devido à praticas, digamos, pouco republicanas que abrilhantavam seus currículos.

No Roda Viva da última segunda-feira, Temer reafirmou que se dará por feliz se, ao final de seu governo, o povo se referir a ele como “o presidente que colocou o Brasil nos trilhos; não transformou na segunda economia do mundo, mas colocou nos trilhos”. No entanto, as tão necessárias reformas continuam patinando ― a da Previdência, por exemplo, que ele insiste em dizer que já está formatada, ninguém sabe, ninguém viu. E se os indicadores econômicos mostram luz no fim do túnel, as constates recaídas tornam as perspectivas bem pouco alvissareiras: esperava-se que 2016 fechasse com uma melhora significativa (mesmo que longe da ideal) nos números do desemprego, da inflação e do crescimento do PIB, mas o governo já projeta para o próximo ano a tão sonhada saída do “fundo do poço” (se é que realmente já chegamos lá).

Numa postagem recente, eu comentei que a “turminha do quanto pior melhor” vem bombardeando sistematicamente toda e qualquer ação capaz ameninar a crise, como a controversa e impopular ― mas necessária ― PEC do teto dos gastos.

Observação: Tem muita gente contra essa PEC, inclusive alguns estudantes secundaristas ― que recentemente invadiram escolas e tumultuaram a realização do ENEM, prejudicando quase 200 mil colegas ―, mas é público e notório que a maioria sequer tem noção de contra o que está protestando.

O governo tem se esforçado para aprovar essa proposta de emenda constitucional medida a toque de caixa, visando, como disse recentemente o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, evitar que o país fique igual ao Rio de Janeiro, que já não tem caixa sequer para honrar a folha de pagamento dos servidores e busca aprovar um “pacote de maldades” que, dentre outras aberrações, prevê um desconto mensal de 30% de Previdência para os isentos e para os servidores aposentados, o que explica ― mas não justifica ― a ocupação da ALERJ por manifestantes (ou vândalos, melhor dizendo). A propósito, vale lembrar que não é só o Rio que está nessa situação, pois pelo menos mais sete estados (aí incluídos o Distrito Federal) vêm pagando os salários dos servidores com atraso ou em parcelas.

Observação: Também como eu disse na postagem anterior, se é para o Brasil “imitar” o Rio ― que, na última semana e em menos de 24 horas viu dois de seus ex-governadores serem encarcerados no Bangu 8 ―, que o faça colocando atrás das grades seus dois últimos ex-presidentes, coisa que também já está mais do que na hora de acontecer.

Outra declaração lamentável de Temer durante a entrevista foi a de que a (tão esperada) prisão de Lula possa vir a gerar manifestações populares, instabilidades, e coisa e tal. Sua fala soou como a de um refém da banda podre da política, e deixou a indelével impressão de que seu apoio à Lava-Jato é da boca para fora. Se continuar assim, seu governo ― que, além de curto, terá que lidar com graves tormentas que por ora apenas se anunciam ― pode não acabar bem.

Na avaliação de Rodrigo Constantino, o que vale em uma República é o império das leis, que devem se aplicar a todos os cidadãos. Não importa quem cometeu o crime, e sim o que foi feito. Se Lula é culpado pelos crimes investigados, como tudo indica, então que pague logo por eles. A demora em sua prisão levanta suspeitas, enfraquece a República em construção que temos hoje no país. A crise institucional vem de não cumprir as leis, independentemente de quem é seu alvo. Marcelo Odebrecht, um dos empresários mais ricos e poderosos do Brasil, está preso há mais de ano, e isso foi bom para o país. Se Lula for preso, a mensagem também será positiva: ninguém está acima da lei. Eis a marca de uma República que honra esse nome. O que essa fala de Temer e o próprio receio de crise institucional com a eventual prisão do deus pai da petelândia demonstram é como o Brasil está longe de ser uma República. Talvez seja até uma república sindical ou, quem sabe, uma república das bananas, mas não uma “república de verdade”.  

É incontestável que a Lava-Jato preocupa o governo. Mesmo que não seja atingido diretamente pela “delação do fim do mundo” da Odebrecht, Temer será obrigado a lidar com o incômodo de ver ministros e assessores do alto escalão envolvidos nas denúncias, e por não ter respaldo popular, ele acaba refém do Congresso ― comandado por por Renan Calheiros, que é alvo de 12 inquéritos no STF e está em via de se tornar réu em um deles, o que pode implicar no seu afastamento do cargo e, consequentemente, da linha sucessória da presidência da Banânia

Observação: Vale relembrar que Temer não é um presidente ilegítimo, ao contrário do que alegam os defensores incondicionais de Dilma e da podridão lulopetista que veio antes dela e continuou a campear solta em seu desditoso governo. Até porque quem votou na anta petista também votou no peemedebista, que era vice na chapa pela qual ambos se elegeram (tanto em 2010 quanto em 2014), e que corre sério risco de ser cassada pelo TSE, coisa que, aí sim, resultaria numa instabilidade para ninguém botar defeito.        

Como bem salientou o Blog do Josias, sempre que uma determinada decisão judicial irrita a cúpula do crime organizado, os chefões ordenam, de dentro das cadeias, que seus asseclas promovam manifestações como queima de ônibus e ataques a policiais. Nem por isso o Estado tem o direito de se acovardar. Mal comparando, o caso de Lula segue a mesma lógica. O que deve nortear a sentença é o conteúdo dos autos. Se cometeu crimes, o Pajé do PT deve ser condenado, e dependendo da dosagem da pena, sua hospedagem compulsória no xadrez estará condicionada apenas à confirmação da sentença num julgamento de segunda instância. Quem abriu mão de algumas horinhas de sono para assistir à entrevista [ao Roda Viva] merecia ouvir do presidente que não há movimento social ou instabilidade política que justifique o aviltamento do princípio segundo o qual todos são iguais perante a lei. No tempo em que era vice de Dilma, ele se queixava de ser meramente figurativo. Agora que pode exercer em sua plenitude o papel de protagonista, prefere morrer atropelado como um transeunte a entrar na briga do lado certo. Aliás, os supostos protagonistas de 2018 o tratam como uma espécie de interlúdio, cuja missão seria divertir o público enquanto o elenco principal troca de roupa. Mas a palavra do presidente é o seu atestado. Ou a plateia confia no que ele diz, ou se desespera.

A suspeita de que as boas intenções de Temer não passem de um disfarce de alguém que não tem condições de se dissociar da banda podre leva ao ceticismo terminal. No desespero, um pedaço minoritário da sociedade acreditou que o país estivesse de volta aos trilhos. Houve mesmo quem enxergasse uma luz no fim do túnel. Mas entrevistas como a da última segunda-feira revelam que talvez seja a luz da locomotiva da Lava-Jato vindo na contramão.

Resumo da Ópera: Temer declarou que tem medo da prisão de Lula, e o aspecto mais paradoxal dessa declaração é que, nas planilhas da Odebrecht, seu codinome era justamente "Sem Medo". O que é isso, Presidente?

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sábado, 19 de novembro de 2016

BRASIL, UM GRANDE RIO?

A situação caótica em que se encontra a segundo estado mais importante da Federação vem sendo usada como exemplo para justificar o ajuste fiscal e outras medidas emergências que o governo federal precisa aprovar para “evitar que o país siga o exemplo do Rio de Janeiro” ― que já não consegue sequer honrar o pagamento do funcionalismo e dos aposentados. Daí a analogia feita por Osmar Terra, ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, que logo passou a ser utilizada pela mídia em geral. Vale lembrar, todavia, que o Rio não é o único estado sem dinheiro e sem saber se pagará ou não o 13º salário aos servidores: Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul e o próprio Distrito Federal já vêm pagando salários com atraso ou em parcelas.  

Enfim, o plano do governador Pezão (ou “pacote de maldades”, como vem sendo chamado) prevê, dentre outras medidas esdrúxulas, descontar 30% de Previdência dos isentos dos servidores aposentados, o que explica ― embora não justifique ― protestos como a vandalismo na ALERJ (assunto sobre o qual eu não vou descer a detalhes porque mereceu ampla cobertura da imprensa). Já o Planalto vem envidando esforços para implementar medidas impopulares ― mas absolutamente necessárias ― com vistas a evitar que o Brasil se torne um Rio de Janeiro de dimensões continentais, embora o Legislativo continue aprovando alegremente excrescências como o aumento salarial para auditores fiscais da Receita ― projeto que, até 2019, impactará em quase R$ 9 bilhões as contas públicas. Demais disso, quase R$30 milhões foram gastos entre julho e novembro com cartão corporativo (dos quais R$12 milhões foram torrados pela Presidência da República) e o uso irregular de aviões da FAB campeia solto no “ministério de notáveis”: entre 12 de maio e 31 de outubro, Alexandre de Moraes, ministro da Justiça, utilizou jatinhos em 85 viagens, 64 das quais para a cidade onde reside e 48 sem qualquer justificativa plausível (José Serra, das Relações Internacionais, e Gilberto Kassab, de Ciência, Tecnologia, inovações e comunicações, ocupam o segundo e o terceiro lugar nesse ranking, com 43 e 21 viagens indevidamente justificadas, respectivamente).

Votando ao Rio, dois ex-governadores foram presos na última semana. O primeiro, Anthony Garotinho, começou a vida política no PT, passou pelo PDT, PSB, PMDB e PR, governou o estado de 1998 a 2002 e apoiou Crivella nas eleições municipais de outubro passado, de olho na Secretaria de Obras do município, cujo orçamento (de R$2,7 bilhões) só perde para a Saúde e a Educação. Presbiteriano e considerado uma das maiores lideranças evangélicas do Rio, ele ganhou o prêmio de “melhor prefeito” em 1998 e chegou a ser candidato à presidência da República em 2006, mas seu currículo é abrilhantado por uma série de escândalos. Sua prisão, na última quarta-feira, na esfera da Operação Chequinho, decorreu de suspeita de crimes eleitorais em Campos dos Goytacazes, município do qual é secretário de governo na administração da prefeita Rosinha Garotinho, além de “líder de organização criminosa” ― na avaliação do delegado Paulo Cassiano, responsável pela operação que resultou em sua prisão. E isso porque é “garotinho”; imagine se fosse adulto...

O segundo ex-governador a ser preso (menos de 24 horas depois) foi o peemedebista Sérgio Cabral, acusado de comandar um esquema de propinas que teria movimentado mais de R$224 milhões. De acordo com procuradores do MPF e delegados da PF, ele cobrava 5% sobre o valor das obras e 1% de “taxa de oxigenação”. Só na construção Polo Petroquímico da COMPERJ, o peemedebista teria embolsado R$2,7 milhões, mas fala-se ainda numa mesada milionária (de R$ 200 mil a R$ 500 mil mensais) paga pela Carioca Engenharia e pela Andrade Gutierrez, e que a cota-parte do butim que lhe coube chega a inacreditáveis R$40 milhões! Deputado estadual por três vezes e senador por um mandato, Cabral foi popular em sua primeira gestão à frente do governo do estado ― chegando também a ser cogitado para a presidência da República. Mas o quadro mudou no segundo mandato, levando-o a renunciar em abril de 2014. Agora, preso na Operação Calicute ― coordenada entre as forças-tarefas da Lava-Jato do Rio e do Paraná ― sua excelência divide uma cela em Bangu 8 com cinco velhos conhecidos e, segundo o MPF, integrantes do mesmo esquema de corrupção.

Essas prisões demonstram claramente a ausência de fundamento na tese de que a Lava-Jato persegue Lula e só foca políticos do PT. Aliás, isso não passa de falácia dos desprezíveis defensores da ORCRIM petista, para os quais Dirceu e Vaccari são “pobres injustiçados”, Lula é a alma viva mais honesta do Brasil, Dilma foi uma grande presidente ― deposta por um golpe de estado, e por aí afora. Isso além de culpar o atual governo pelos 12 milhões de desempregados, pelo descontrole da inflação e por toda a desgraceira que se abateu sobre o país nos últimos anos. Hello, cambada: Temer assumiu a presidência há menos de 6 meses, e só deixou de ser interino há pouco mais de dois.

Não quero dizer com isso que o atual governo venha fazendo um trabalho primoroso, longe disso. Mas essa discussão fica para uma próxima vez. Para encerrar, se o Brasil precisa mesmo imitar o Rio em alguma coisa, que seja em governantes presos. Afinal, já está mais que na hora de Lula “Lá”. E com Dilma a reboque. 

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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

DO DISQUETE AO PENDRIVE E COMO RECUPERAR O ESPAÇO ORIGINAL NOS UTILÍSSIMOS “CHAVEIRINHOS” DE MEMÓRIA ― Continuação

ENTRE O PSICANALISTA E O DOENTE, O MAIS PERIGOSO É O PRIMEIRO.

Conforme vimos no post anterior, um dos grandes responsáveis pela popularização dos “chaveirinhos de memória” foi o padrão Universal Serial Bus (USB), criado em meados dos anos 90, que conquistou o mercado por permitir a conexão “a quente” ― ou seja, os dispositivos podem ser plugados e removidos com o computador ligado ― e por desobrigar o usuário de configurar manualmente os canais IRQ e DMA ― o que não raro resultava em incompatibilidades difíceis de solucionar. Isso sem mencionar que, além de detectar automaticamente os periféricos, as controladoras USB dispensam fontes de alimentação externas, pois, dependendo do consumo dos dispositivos, elas próprias fornecem a energia necessária ao seu funcionamento.
Em 1997, praticamente todas as placas-mãe já integravam pelo menos duas portas USB 1.1, mas a taxa de transferência (entre 1,5 e 12 Mbps) logo se revelou insuficiente para a conexão de múltiplos periféricos (em tese, cada porta USB suporta até 127 dispositivos, mas é preciso ter em mente que a velocidade é compartilhada). 

A virada do século trouxe o USB 2.0, totalmente compatível com a versão anterior, mas já com taxa de transferência máxima de até 480 Mbps (note que se você conectar um dispositivo USB 1.1 numa porta USB 2.0, ele ficará limitado à velocidade do padrão 1.1). O USB 2.0 ainda é amplamente utilizado por mouses, teclados, impressoras, pendrives, celulares, câmeras digitais, filmadoras e outros gadgets, conquanto máquinas de fabricação recente tragam interfaces USB 3.0, com taxa de transferência de respeitáveis 4,8 Gbps e capacidade para alimentar eletricamente periféricos que consomem até 900 mA (contra 500 mA da versão anterior). Para facilitar a diferenciação, os fabricantes adotaram a cor azul na parte interna dos novos conectores, mas como isso não é obrigatório, convém atentar para as especificações do computador na hora da compra.

Voltando à vaca fria, os pendrives substituem com vantagens os CDS/DVDs, não somente devido ao tamanho reduzido (que facilita o transporte), mas também pelo número de ciclos de gravação/regravação que eles suportam (até 100 mil, dependendo da tecnologia da memória flash utilizada). Com isso, os CD-Players automotivos, que desbancaram os indefectíveis toca-fitas das décadas de 70 e 80 (dos quais muita gente já nem se lembra mais), acabaram superados pelos diligentes “chaveirinhos”, já que a maioria dos veículos de fabricação recente disponibiliza uma portinha USB.

Observação: Uma fita K7 comportava algumas dezenas de faixas musicais (isso as que a gente gravava, já que as “oficiais” traziam as 12 ou 13 faixas do LP correspondente, e um abraço). Já um CD-R (de 650/700 MB) permite armazenar cerca de 100 faixas (no formato MP3), ao passo que um pendrive de 16 GB (que custa menos de R$ 20) comporta 7.500 músicas (de 4 minutos cada, a 128 Kbps), o que dá para ouvir durante 20 dias, sem interrupções nem repetições. Sem mencionar que, por pouco mais de R$ 100, você compra um modelo com capacidade para inacreditáveis 1 TB (1024 GB). E isso num dispositivo menor que uma tampa de caneta Bic.

O resto fica para a próxima, pessoal. Abraços e até lá.

E como hoje é sexta-feira:

Oswaldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:
-Moça, vocês têm pendrive?
-Temos, sim.
-O que é um pendrive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.
-Bom, pendrive é um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.
-Ah, é como um disquete...
-Não. No pendrive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes. O disquete, que nem existe mais, só salva texto.
-Ah, tá bom. Vou querer.
-Quantos gigas?
-Hein?
-De quantos gigas o senhor quer o seu pendrive?
-O que é giga?
-É o tamanho do pen.
-Ah, tá. Eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso sem fazer muito volume.
-Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele pode arquivar.
-Ah, tá. E quantos tamanhos têm?
-Pode ter 2; 4; 8; 16 gigas...
-Hmmmm, meu filho não falou quantos gigas queria.
-Neste caso, o melhor é levar o maior.
-Sim, eu acho que sim. Quanto custa?
-Bem, o preço varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB?
-Como?
-É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.
-USB não é a potência do ar condicionado?
-Não, isso é BTU.
-Ah! É isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.
-USB é assim ó: com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador. O outro tipo é este, mais tradicional, o senhor só tem que enfiar o pino no buraco redondo. Seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB.
-Acho que tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete? Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. Meu primeiro computador funcionava com aqueles do tipo bolacha, grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?
-Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pendrive.
-Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.
-Quem sabe o senhor liga pra ele?
-Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que ainda nem aprendi a discar.
-Deixa eu ver. Poxa, um smartphone! Este é bom mesmo! Tem Bluetooth, banda larga, Touch Screen, câmera fotográfica, flash, filmadora, rádio AM/FM, TV digital, micro-ondas...
-Blutufe? E micro-ondas? Dá pra cozinhar com ele?
-Não senhor. É que ele funciona no sub-padrão, por isso é muito mais rápido.
-E pra que serve esse tal de blutufe?
-É para o telefone se comunicar com outro, sem fio.
-Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei de fio para ligar para outro celular. Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...
-Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo. Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.
-Ah! E antes precisava de fio?
-Não, tinha que trocar o chip.
-Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...
-Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.
-Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?
-Sim, tem chip.
-E eu faço o quê com o chip?
-Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.
-Sei, sim, portabilidade, não é? Claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples? Imagino então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...
-Nããão! É tudo muito simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o número dele. Isso. Pronto, agora é só o senhor apertar o botão verde...
Oswaldo segura o celular com a ponta dos dedos, receando ser levado pelos ares, para um outro planeta:
-Oi filho, é o papai. Sim. Diz-me, filho, o seu pen drive é de quantos... Como é mesmo o nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o teu pen drive.
-Que idade tem seu filho?
-Vai fazer dez em março.
-Que gracinha...
-É isso moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.
-Certo, senhor. Embalagem para presente?
No escritório, Oswaldo examina o pendrive, minúsculo, menor do que um isqueiro, capaz de gravar filmes... Olha desconfiado para o celular sobre a mesa. "Máquina infernal", pensa. “Eu preciso apenas de um telefone para fazer e receber chamadas, não de um aparelho tão complexo que somente especialistas saberão utilizar”. Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona. O garoto insere o aparelho e uma janelinha é exibida no monitor. Em seguida, o menino clica com o mouse e abre-se uma webpage em inglês. Seleciona umas palavras e um “heavy metal” infernal invade o quarto e os ouvidos
de Oswaldo. Outro clique e a música termina. O garoto diz:
-Pronto, pai, baixei a música. Agora eu levo o pendrive para qualquer lugar e onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.
-Seu celular tem entrada USB?
-É lógico. O seu também.
-É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pendrive e ouvir pelo celular?
-Se o senhor não quiser baixar direto da internet...
Naquela noite, antes de dormir, Oswaldo deu um beijo na esposa e disse:
-Sabe que eu tenho Blutufe?
-Como é que é?
-Bluetufe. Não vai me dizer que não sabe o que é?
-Não enche, Oswaldo, deixa eu dormir.
-Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, toca-discos tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão para as coisas funcionarem?
-Claro que lembro, Oswaldo. Hoje é bem melhor, né? Várias coisas numa só, até Bluetufe você tem. E conexão USB também. Que ótimo, Oswaldo, meus parabéns.
-Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente de pensar em quanta coisa existe por aí que nunca vou usar.
-Ué? Por quê?
-Porque eu aprendi a usar computador e celular e tudo o que sei já está ultrapassado.
-Por falar nisso, precisamos trocar nossa televisão.
-Por quê? Ela quebrou?
-Não. Mas não tem HD, SAP, PIP...
-E blutufe, a nova vai ter?
-Boa noite, Oswaldo, vai dormir que eu não aguento mais...

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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

DO DISQUETE AO PENDRIVE E COMO RECUPERAR O ESPAÇO ORIGINAL NOS UTILÍSSIMOS “CHAVEIRINHOS” DE MEMÓRIA

BRINCANDO, PODE-SE DIZER TUDO. ATÉ A VERDADE.

Nos tempos de antanho, computadores não tinham disco rígido; os programas eram carregados através de fitas magnéticas e, mais adiante, de “disquetes”.

Lançados no final dos anos 1960, esse tipo de mídia removível só chegou ao mercado no final de 1971. Suas primeiras versões mediam 8 polegadas (cerca de 20 cm), mas ofereciam míseros 8 kB de espaço para armazenamento de dados. Viriam em seguida os modelos de 5 ¼ polegadas e 160 kB (em 1984, quando sua produção foi descontinuada, eles já eram capazes de armazenar 1,2 MB) e, mais adiante, as versões de 3 ½ polegadas, que reinaram na década de 90 como solução primária para armazenamento e transferência de arquivos digitais, a despeito de comportarem apenas 1,44 MB (houve modelos de 2,88 MB e 5,76 MB, mas, por qualquer razão, eles não se popularizaram entre usuários de PCs).

Devido à capacidade medíocre e à tendência de embolorar e desmagnetizar dos disquetes, foram desenvolvidas alternativas como o ZipDrive, que era parecido com um Floppy Disk de 3 ½ polegadas, mas oferecia bem mais espaço (entre 100 e 750 megabytes), além de velocidade de transferência superior e menor tempo de busca. A solução representou uma verdadeira revolução em armazenamento removível, mas não chegou a se popularizar entre usuários domésticos; primeiro, devido ao preço elevado, segundo, por conta das expressivas vantagens das mídias ópticas, notadamente quanto até mesmo os PCs de entrada de linha passaram a integrar leitoras/gravadores de CD e DVD. Por conta disso, os fabricantes de computadores deixaram de oferecer o floppy drive (ou drive de disquete, se você preferir) ― inicialmente nos notebooks, depois nos desktops.

Com o novo milênio veio o pendrive, que utiliza memória flash e a revolucionária interface USB. Seu tamanho reduzido e sua respeitável capacidade de armazenamento logo conquistaram os usuários e levaram os fabricantes de PCs a eliminar de suas planilhas de custos os drives de mídia óptica, embora alguns modelos continuem integrando esses dispositivos. Claro que a maioria de nós ainda tem um DVD Player acoplado à TV, mesmo que as locadoras de filmes em DVD estejam minguando, devido em grande medida à popularização dos serviços de streaming, como o Netflix ― que, aliás, deve receber em breve uma atualização que permitirá baixar os filmes e assisti-los posteriormente, sem conexão com a internet (o que talvez seja uma resposta à deplorável franquia de dados que as operadoras querem impingir aos usuários de banda larga fixa ― assunto que eu já abordei em diversas oportunidades nos últimos meses, como foi o caso desta postagem).

Continua no próximo post, pessoal. Abraços e até lá.

A REDUÇÃO NO NÚMERO DE PARTIDOS E OS PROTESTOS CONTRA A PEC DOS GASTOS

O Senado aprovou na última quarta-feira a redução do número de partidos políticos. A medida precisa passar por mais um turno de votação e receber também o aval da Câmara dos Vagabundos, digo, dos Deputados, para passar a valer nas próximas eleições, quando então as siglas terão de obter um mínimo de 2% dos votos válidos em ao menos 14 estados ― percentual que subirá para 3% a partir de 2022. 

Diante do absurdo que é o cenário político atual, com 35 partidos inscritos no TSE ― e uma penca de agremiações pleiteando registro para mamar nas tetas do fundo partidário ―, o Legislativo não tem como funcionar. E o mesmo se aplica ao Executivo, notadamente num sistema presidencialista de coalizão, pois é impossível reunir tantas vertentes distintas para formar uma base aliada. E, como sabemos, os cargos e as que o governo usa como moeda de troca na compra de apoio de rufiões da pátria e proxenetas do Congresso ― na excelente definição do ex-senador Delcídio do Amaral ― são limitados.

Reduzir o número de partidos é apenas um dos itens da ampla reforma política que precisa ser levada a efeito no Brasil. Infelizmente, são as raposas que tomam conta do galinheiro, e como os políticos veem primeiro seus interesses ― e só depois, se calhar, sobrar tempo e der jeito, dedicar alguma atenção aos interesses da população como um todo ―, a conclusão é óbvia.
Enfim, a proposta tem seus méritos e pode corrigir distorções que prejudicam o país, embora seja eminentemente oportunista, já que o motivo de nossos parlamentares se debruçarem sobre essa questão é a redução da verba de campanha imposta pela proibição de doações de pessoas jurídicas, que os estimula a compensar as perdas com uma fatia maior do fundo partidário.

Outro ponto importante é a PEC dos gastos, que o governo vem tentando aprovar a toque de caixa para evitar que o Brasil se torne um Rio de Janeiro de dimensões continentais (para quem não sabe, o segundo estado mais importante da Federação está sem recursos até mesmo para honrar a folha de pagamento dos servidores ativos e aposentados). Tem muita gente contra, inclusive estudantes secundaristas, que recentemente invadiram escolas e tumultuaram a realização do ENEM, prejudicando quase 200 mil colegas ― que terão de realizar a prova no início do mês que vem. 

Ocorre que esses “manifestantes”, em sua maioria, não têm a menor ideia de contra o que estão protestando. Além de não saberem do que trata a tal PEC, eles desconhecem até mesmo o significado da sigla: dias atrás, o próprio Michel Temer afirmou ter ouvido um estudante dizer que “PEC” é uma “PROPOSTA DE ENSINO COMERCIAL”.

O número de alunos que concluem o ensino médio sem saber ler e escrever vem crescendo em progressão geométrica, em parte por culpa das escolas ― tanto públicas quanto privadas ―, onde professores despreparados, desmotivados e mal remunerados desviam o foco do português e da matemática para a doutrinação política, religiosa e de gênero. Parafraseando a jornalista Ruth de Aquino, “Escolas deveriam ensinar; alunos deveriam estudar; deputados e senadores deveriam trabalhar; vereadores NÃO deveriam aprovar sua própria aposentadoria; prefeitos e seus apaniguados NÃO deveriam rezar o Pai-Nosso e transformar Deus num correligionário ― como fez Crivella no Rio de Janeiro. Hospitais deveriam ter leitos, medicamentos, tomógrafos e ser centros de cura, não centros de humilhação. Policiais deveriam garantir a segurança, e não sair matando gente inocente. O desvio de função é que nos deixa sem teto e sem chão”.

Para piorar, gente que supostamente deveria saber o que diz ― até por dever de ofício, já que ocupa uma cadeira no Senado Federal ― aposta no quanto pior melhor e faz oposição sistemática e revanchista às tentativas do governo de reverter o quadro deplorável criado pela incompetente que desgovernou o país até meados de abril passado. Falo de Gleisi Hoffmann, que, durante a discussão da PEC dos gastos, Gleisi Hoffmann, propôs que a medida, se aprovada, seja submetida a um plebiscito antes entrar em vigor.

Mulher do ex-ministro Paulo Bernardo ― que foi preso em meados deste ano, suspeito de ter comandado um esquema de corrupção que rapinou mais de R$ 100 milhões dos servidores públicos que contraíram empréstimos consignados entre 2010 e 2015, mas foi solto pouco depois por obra e (des)graça do ministro Dias Toffoli ―, Gleisi é endeusada por uma seleta confraria de apedeutas que, como os camarões, parecem ter os intestinos na cabeça. Dias atrás, uma publicação num “Petralha-News” qualquer dizia que essa energúmena teria “destruído argumentos a favor da PEC e deixado seus pares boquiabertos”. Pura falácia. Na verdade, a petista começou a denegrir sua biografia quando resolveu liderar a tropa de choque de Lula e Dilma e, concluído o impeachment, adotou uma postura inconsequente, revanchista e despropositada.

Para o senador Eunício Oliveira, relator da PEC, o propósito de Gleisi era tumultuar trabalhos e retardar a votação de uma medida essencial para o país a sair da crise ― gestada e parida pela nefelibata da mandioca, que a senadora tanto defende. Felizmente, os demais parlamentares (salvo a turminha vermelha e sem-vergonha) viram a manobra como ela realmente é, ou seja, uma clara tentativa de sabotagem. Aliás, quando conversava com uma jornalista, Gleisi foi perguntada por uma passante se já estava pronta para ir para a cadeia. Ela respondeu que não, mas que a mulher bem poderia ir em seu lugar. Mas ouviu na lata que a bandida, ali, era ela [Gleisi].

No entanto, como vimos e ouvimos baixarias ainda piores nas campanhas pela sucessão presidencial da maior potência do mundo, vou encerrar por aqui.

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