domingo, 28 de abril de 2024

SOBRE OVOS E BIFES À PARMEGIANA

SABER QUE NÃO SABEMOS É O VERDADEIRO SABER.

Atribui-se ao político português Brito Camacho (1862-1934) a pérola de sabedoria segundo a qual "a merda é a mesma, só mudam as moscas". Quando se está numa rodinha de conversa na Câmara ou no Senado e alguém critica o STF, é inútil tentar mudar de assunto. Pode-se, no máximo, mudar de ministro. 
Alexandre de Moraes passou a dividir o pódio dos mais espinafrados com Cristiano Zanin, Flávio Dino e Gilmar Mendes, em cujas decisões a cúpula do Congresso farejou um jogo parecido com o futebol, mas com a diferença de que o campo é mal demarcado, mão na bola conta a favor e o juiz rouba a favor do Lula Futebol Clube.
A tabelinha Supremo-Planalto produziu três constrangimentos ao Legislativo em menos de uma semana, enfurecendo o alto-comando das duas Casas legislativas. Na última quinta-feira, atendendo a um pedido do Planalto, Zanin suspendeu uma desoneração que havia subtraído R$ 10 bilhões anuais do Tesouro. Na segunda, Gilmar suspendeu ações judiciais relacionadas à lei do marco temporal e inaugurou um processo de conciliação sobre a demarcação de terras indígenas. Na sexta retrasada, Dino cobrou explicações aos chefes do Executivo e do Legislativo sobre o descumprimento da suprema decisão que extinguiu o orçamento secreto — imagina-se que o magistrado esboça uma declaração de inconstitucionalidade das "emendas Pix", que permitem aos parlamentares despejar verbas em seus redutos à revelia dos planos dos ministérios.
Os despachos de Zanin, Gilmar e Dino foram vistos como pedidos extemporâneos de VAR para anular gols que o Congresso já havia marcado contra o Planalto. Disseminou-se a percepção de que os lances são combinados no vestiário. Ou na mesa de jantar: as decisões dos togados vieram à luz dias depois do jantar no qual dividiram um prato de arroz e feijão com Lula na casa de Gilmar.

Qualquer um sabe fritar ovos — tanto que, para nos referirmos a alguém totalmente cru (com o perdão do trocadilho) na arte da culinária, dizemos que esse alguém "não sabe nem fritar ovo". Mas o fato é que até cozinhar ovo tem segredo. Segundo os pais da matéria, o ovo deve estar em temperatura ambiente, ser colocado na panela com a água ainda fria e cozido em fogo médio por não mais de 10 minutos, sob pena de a clara ficar borrachudas e a gema, esverdeada e com sabor desagradável. 
 
Para fritar ovo como manda o figurino, tire-o da geladeira com devida antecedência (para que ele assuma a temperatura do ambiente), acrescente uma pitada de farinha de trigo à gordura ao óleo (ou à manteiga), e aqueça em fogo médio (para não queimar). Quando a gordura estiver quente, baixe o fogo, coloque o ovo na frigideira, adicione uma pitada de sal, tampe e deixe fritar até a clara ficar "rendada" e a gema atingir o ponto desejado. Para fazer ovo estrelado sem gordura, frite-o por um minuto, em fogo baixo, usando uma frigideira antiaderente
 (tampada).

Dica: Sempre quebre ovos individualmente para evitar que um ovo estragado contamine os demais, bem como a farinha e os ingredientes da recita que tiveram contato com ele.

Chamado de "cotoletta alla milanese" e feito com costeletas de vitela em seu país de origem, o bife à milanesa feito no Brasil consiste numa fatia fina de carne bovina magra (patinho, coxão mole, alcatra ou mesmo filé mignon) empanada numa mistura de farinha de rosca, ovo e temperos e frita por imersão em óleo quente até ficar douradas e crocante por fora e macia por dentro. É comum vê-lo acompanhado de arroz, feijão, batatas fritas, saladas, legumes refogados, e até entre duas fatias de pão.

Dicas: Use numa panela larga e de borda alta, coloque óleo suficiente (pelo menos o dobro da altura do bife) e aqueça-o a 180°C antes de mergulhar o bife (frite um por vez, ou a temperatura do óleo irá baixar a casca do bife, encharcar). Para a casca não "desgrudar" durante a fritura, passe o bife primeiro na farinha de trigo, depois no ovo e então na farinha de rosca. E se quiser deixá-la ainda mais sequinha e crocantes, troque a farinha de rosca industrializada por farinha panko.
 
Frito por imersão, um bife à milanesa de 100 g tem cerca de 300 kcal. A
 caloria é a quantidade de energia que, transferida para um grama (1,0 g) de água líquida, eleva sua temperatura em um grau Celsius. A quilocaloria (kcal) é uma unidade múltipla da caloria (1 kcal = 1.000 cal) usada como padrão para medir a energia dos alimentos.

Para tornar sua receita menos calórica, pré-aqueça o forno a 220°C, deixe os bifes assando por 25 minutos, vire-os, gire a assadeira e deixe-os assar por mais 25 minutos (ou até que eles fiquem dourados). Se quiser fazer um upgrade para parmegiana, seque os bifes em papel toalha, espalhe uma uma porção generosa de molho de tomate temperado por cima deles, cubra com fatias de presunto e mozzarella (nessa ordem), polvilhe parmesão ralado e orégano e leve de volta no forno para gratinar.
 
Bom apetite.