Depois do upgrade da memória e do HD, é hora de tecermos algumas considerações sobre o processador – tido e havido (muito apropriadamente) como o cérebro do computador. Antes, porém, vale lembrar que cada dispositivo tem sua importância (tanto relativa quanto absoluta), e que o PC é como uma orquestra, onde músicos de boa estirpe até conseguem mascarar a incompetência de um regente chinfrim, conquanto a recíproca não seja verdadeira.
No alvorecer da computação pessoal, o desempenho do sistema dependia diretamente da freqüência de operação da CPU, mas a demanda por poder de processamento exigiu a adoção de novas soluções (como a integração do co-processador aritmético ao chip principal, a multiplicação de clock e a introdução da memória cache, dentre tantos outros). Desde então, a “velocidade” do chip deixou de ser a referência primária de desempenho, pois expressa somente a quantidade de operações que ele é capaz de executar a cada segundo. Uma CPU que opere a 3 GHz, por exemplo, realiza três bilhões de operações por segundo, mas o que ela é capaz de fazer em cada operação já é outra história.
Demais disso, conforme o aumento da freqüência de operação foi se tornando inviável, os fabricantes buscaram soluções alternativas (como o multiprocessamento lógico e a inclusão de dois ou mais núcleos numa mesma pastilha de silício, por exemplo), que permitem a chips com clock inferior a 2 GHz darem de lavada em modelos de 3 ou mais GHz de alguns anos atrás.
Observação: No final do século passado, quando estava perdendo parte do mercado de PCs de baixo custo para a AMD, a Intel resolveu lançar uma linha de chips mais baratos. Os Celeron eram basicamente modelos Pentium II desprovidos de cache L2 integrado, mas não tiveram boa aceitação, pois seu desempenho era 40% inferior ao dos PII de mesmo clock. Ainda que a burrada tenha sido corrigida mais adiante, muita gente ainda torce o nariz para essa família de processadores.
Passando ao que interessa, os portões para o upgrade de processador se abriram quando esse componente deixou de vir soldado nos circuitos da placa-mãe e passou a ser encaixado num soquete apropriado. Conforme surgiam modelos mais velozes, bastava remover o antigo e espetar o novo – notadamente durante o “reinado” do o festejado “Socket7”, que suportava uma vasta gama de processadores, inclusive de fabricantes diferentes. Mas essa “festa” acabou quando o desenvolvimento de novas arquiteturas e tecnologias resultou numa expressiva interdependência entre a CPU, o chipset e as memórias (o “trio calafrio”, como dizia meu velho amigo e parceiro Robério), limitando, conseqüentemente, as possibilidades de upgrade. A título de ilustração, quando a Intel lançou o P4, o único chipset que lhe oferecia suporte era o i850, da própria Intel, que usava módulos de memória RIMM (da malfadada e cara tecnologia RAMBUS).
Em face do exposto, não é difícil entender por que o upgrade de processador pode ser economicamente inviável. Se, para implementá-lo, você precisar substituir também a placa-mãe e os módulos de memória (que dependem essencialmente do FSB da CPU e das opções suportadas pelo chipset da placa), talvez seja melhor gastar um pouco mais e comprar um PC novo.
Não obstante, há casos em que é possível obter ganhos consideráveis com a pura e simples troca do chip por outro que integre mais memória cache ou opere em velocidade superior, desde que utilize o mesmo soquete, mas isso já é assunto para o post de amanhã.
Não obstante, há casos em que é possível obter ganhos consideráveis com a pura e simples troca do chip por outro que integre mais memória cache ou opere em velocidade superior, desde que utilize o mesmo soquete, mas isso já é assunto para o post de amanhã.
Abraços e até lá.