sábado, 5 de abril de 2025

SOBRE O "SENTIDO HORÁRIO" DOS PONTEIROS DOS RELÓGIO

NÃO EXISTE TEMPO ABSOLUTO ÚNICO; CADA INDIVÍDUO TEM SUA PRÓPRIA MEDIDA DE TEMPO, QUE DEPENDE DE ONDE ELE SE ENCONTRA E DE COMO ELE ESTÁ SE MOVENDO.

Quando pensamos em tempo, costumamos imaginar uma linha que se estende do passado para o futuro. Não por acaso, mencionei várias vezes na sequência sobre viagens no tempo que a "flecha do tempo" (ou "seta termodinâmica do tempo") aponta do passado para o futuro, até porque a tendência do Universo para a entropia sugere que o tempo flua nesse sentido. Mas é importante notar que nem as equações de Einstein definem um sentido único para essa seta, nem as leis da física embasam tal interpretação.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


A avaliação geral é de que a denúncia da PGR contra Bolsonaro é robusta, embora a divergência de Fux do voto do relator sugira que a condenação possa não ser unânime. Mas mesmo que o STF tenha o entendimento de que decisões das Turmas possam ser levados ao plenário se dois ministros defenderem absolvição, nada indica haja um clima de divergência ou que alguém mais entenda que o processo deva ir ao plenário. O próprio Fux compôs a unanimidade que transformou em ação penal a denúncia da PGR e enalteceu a qualidade do voto ácido de Moraes, que "não deixou pedra sobre pedra". Não são, salvo melhor juízo, palavras de quem pretende inocentar culpados.

Bolsonaro e seus apoiadores continuarão tentando obter apoio popular, constranger o STF, tumultuar a instrução processual, visando procrastinar a sentença condenatória. No entanto, aínda que o acordo de delação de Cid fosse anulado, o prejuízo seria do delator, já que as provas obtidas a partir da colaboração permaneceriam válidas. Além disso, salta aos olhos que, não fossem alguns militares e políticos cientes de seus deveres e tementes à lei, talvez estivéssemos sob um regime de exceção ou em plena guerra civil. 

Reduzir a participação de Débora Santos à pichação da estátua da Justiça é negar óbvio, uma vez que a moça estava ciente do objetivo golpista de seus atos contra o Estado Democrático de Direito — se isso justifica ou não uma pena de 14 anos de prisão é outra conversa. 

O próprio Bolsonaro, encalacrado até o pescoço por provas materiais e testemunhais, o "mito" insiste que tudo não passa de narrativa, de "pesca probatória" dos "ditadores" que o perseguem.

Para desmontar essa falácia, bastaria perguntar ao ex-presidente se ele foi ou não ameaçado de prisão pelo então comandante do Exército, General Marco Antônio Freire Gomes, e se foi, por quê?


Num evento organizado pela revista New Scientist, o físico italiano Carlo Rovelli esticou uma corda de uma ponta a outra do palco, pendurou uma caneta no meio e disse: "É aqui que estamos; à direita fica o futuro e à esquerda, o passado. O tempo é uma sequência de momentos que podemos ordenar, que tem uma direção preferida e que podemos medir com relógios". E acrescentou: "Quase tudo que eu falei está errado. É como se eu dissesse que a Terra é plana."

 

Não se sabe exatamente onde fica a fronteira entre um tempo que não tem preferência de rumo e um tempo que nunca flui para o passado. Os princípios da termodinâmica, formulados no século XIX com base em máquinas a vapor, não se aplicam ao Universo, onde o que define a passagem do tempo é a expansão do cosmos em todas as direções. Mas o assunto deste post não tem a ver com a seta do tempo propriamente dita, e sim com os ponteiros dos relógios, que se movimentam sempre da esquerda para a direita. E a pergunta que se coloca é: por quê? 


A resposta simples é que se trata de uma convenção, e o princípio filosófico conhecido como Navalha de Occam sugere que, em havendo diversas hipóteses formuladas sobre as mesmas evidências, a mais simples deve ser a correta. No entanto, o assim chamado "sentido horário" não é ditado pelas leis da física ou da matemática, nem tampouco pela nossa percepção do tempo. A explicação mais simples é que a origem desse movimento remonta aos antigos relógios de sol. 


Os instrumentos criados pelos antigos egípcios para medir a passagem do tempo eram baseados na sombra produzida pela luz solar em uma haste. Mais adiante, modelos que usavam a água — como as clepsidras — e areia — como as ampulhetas — foram largamente utilizados por diversas civilizações antigas, mas isso é outra conversa.

 

Acredita-se que o primeiro relógio mecânico foi idealizado pelo Papa Silvestre II, no século IX da nossa era, e que o primeiro "relógio-pulseira" foi encomendado pela irmã do imperador Napoleão Bonaparte ao relojoeiro Abraham-Louis Bréguet (embora alguns historiadores atribuam sua criação a Antoni Patek e Adrien Philippe, fundadores da conceituada marca Patek-Phillipe). Já o primeiro modelo masculino teria sido criado por Louis Cartier a pedido do inventor mineiro Alberto Santos Dumont (na verdade, o que o joalheiro fez foi adaptar uma correia de couro ao maior relógio de pulso feminino de sua coleção). 

 

No final dos anos 1960, o mecanismo da maioria dos relógios de pulso continha uma mola — para gerar energia —, uma espécie de massa oscilatória — para oferecer referência de tempo —, dois ou três ponteiros, um mostrador enumerado e diversas engrenagens. Tempos depois, a Bulova substituiu a roda de balanço por um transistor oscilador que, alimentado por uma bateria, mantinha um diapasão vibrando a algumas centenas de hertz, e mais adiante o cristal de quartzo — cujas propriedades já eram conhecidas e usadas para proporcionar a frequência exata em aparelhos de rádio e computadores — substituiu o diapasão, agregando maior precisão ao mecanismo. Mas isso também é outra conversa.

 

Os ponteiros dos relógios se movem da esquerda para a direita porque foram inspirados nos relógios de sol, e estes foram criados por civilizações que habitavam o hemisfério norte, onde as sombras projetadas pela luz solar se movem da esquerda para a direita ao longo do dia. Em última análise, o sentido dos ponteiros é uma questão cultural — se os relógios tivessem surgido no hemisfério sul, o sentido horário seria o que hoje chamamos de sentido anti-horário. 

 

Com exceção de Vênus e Urano, os planetas do Sistema Solar giram no sentido "anti-horário". O movimento de rotação da Terra se dá de oeste para leste, o que é essencial para a alternância entre dias e noites, além de influenciar marés, circulação dos ventos e diversos outros processos naturais. Cada rotação completa leva aproximadamente 24 horas, e cada translação — volta completa que o planeta dá em torno do Sol —, 365 dias e 6 horas (esse acréscimo gradual de tempo resulta em um dia extra a cada quatro anos, nos assim chamados "anos bissextos").


Observação: Na Roma Antiga, o dia 24 de fevereiro era chamado de "sexto die ante calendas martias" (sexto dia antes das calendas de março). Quando Júlio César reformou o calendário para resolver problemas de desalinhamento com as estações, ficou decidido que a cada quatro anos seria adicionado um dia extra após esse "sexto dia",  ou "bis sexto die" (literalmente "o sexto dia repetido" ou "duas vezes o sexto dia"), daí o termo "bissexto". 

 

A Terra dá uma volta competa em torno do próprio eixo em 23 horas, 56 minutos e 4 segundos, mas também se move em torno do Sol, e a posição do Sol mo céu varia conforme a estação do ano. Assim, estabeleceu-se que a duração dia solar médio em 24 horas. Todavia, as variações que a Terra sofre devido a fatores como a interação gravitacional com a Lua e o Sol e a distribuição de massas no planeta exigem que um ajuste de segundos bissextos seja feito de tempos em tempos, para manter a sincronia entre os relógios atômicos e a rotação real da Terra. 

sexta-feira, 4 de abril de 2025

QUEM AVISA AMIGO É

JAMAIS PRECISARÁ TRABALHAR QUEM CONSEGUIR GANHAR DINHEIRO FAZENDO ALGO QUE REALMENTE GOSTE DE FAZER.

Fiação elétrica em más condições e tomadas sobrecarregadas podem causar desastres domésticos que vão de simples queimas de fusíveis a incêndios de grandes proporções. 

Um dos erros mais comuns é usar "réguas", "benjamins" e "filtros de linha" para conectar vários dispositivos a uma tomada projetada para lidar com uma carga específica. Portanto, instale tomadas adicionais e distribua a carga entre elas.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Organizações de esquerda e partidos simpáticos ao macróbio petista levaram cerca de 6 mil pessoas à Paulista no último domingo — pelas contas dos organizadores, foram 25 mil, superando as 18,3 mil reses que trotaram rumo a Copacabana e mugiram para Bolsonaro duas semanas antes. 
Somados os públicos dos dois atos, houve cerca de 25 mil participantes, mas o povo não foi à avenida, e o futuro da proposta da anistia depende da vontade do asfalto: no Brasil, a rua não costuma ficar de fora das crises quando elas se agravam, e no momento os sinais de que o povo está mais preocupado com o preço do ovo são eloquentes. 
A manifestação de Copacabana era depositária da esperança de Bolsonaro em se livrar da cadeia, porém a multidão era apenas amostra do estrato mais radicalizado do eleitorado do "mito", e a anistia não interessava sequer à turma do carro de som. O governador de São Paulo, por exemplo, está de olho no espólio político do padrinho, não em clemência para golpistas. 
O ato da Paulista foi um esforço da esquerda para impedir que a extrema-direita monopolize o asfalto, mas quem espera que as ruas consagrem as mumunhas brasilienses deveria se lembrar que o PT e seus satélites se uniram ao PL de Bolsonaro para alçar à chefia da Câmara Hugo Motta, que pertence ao Centrão e é o fiel da balança no debate sobre anistia. Falando nos diabos, a rejeição ao governo Lula subiu 13 pontos em oito meses. Segundo o mais recente levantamento da Quaest, 71% dos brasileiros acham que Lula não cumpre as promessas que fez durante a campanha, 53% avaliam que Lula 3 é pior do que Lula 1 e Lula 2, 56% que o país vai na direção errada, 43% declaram que a gestão do petista é pior do que a de Bolsonaro. Tudo somado e subtraído, são consideráveis as chances de o antilulismo chegar a 2026 como uma força política relevante. A corrosão da imagem não combina com o slogan "Brasil dando a volta por cima", e até aqui os esforços do marqueteiro Sidônio Palmeira para retirar a popularidade de Lula do vermelho foram ineficazes. Parece que tudo insiste em não querer nada com Lula.

Você pode usar um "benjamim" para não ter de desligar o telefone sem fio sempre que for carregar o celular, já que a demanda energética desses dois dispositivos não sobrecarrega a tomada. Mas jamais recorra a essa gambiarra para ligar a geladeira e o forno de micro-ondas. Mesmo que o disjuntor desarme (ou o fusível queime, no caso de instalações mais antigas), isso pode não acontecer a tempo de evitar que os aparelhos sejam danificados.


Apesar do nome, os filtros de linha (ou "réguas") não passam de extensões providas de um fusível (ou LED, conforme o modelo) que interrompe a passagem do corrente quando ocorre uma sobretensão. Mas também nesse caso a interrupção pode não acontecer a tempo de evitar danos aos aparelhos que o tal filtro deveria proteger. O melhor a fazer é conectar o PC, a impressora, o modem, o roteador etc. a um nobreak online (UPS), ou, na impossibilidade, a um bom estabilizador de tensão. Vale lembrar que ambos filtram eventuais distúrbios da rele elétrica, mas só o nobreak mantém os aparelhos funcionando durante um apagão.
 
Observação: Nobreaks offline (ou standby) custam mais barato, mas apenas filtram a corrente que direcionam ao equipamento protegido. Quando falta energia, suas baterias entram ação, mas o circuito responsável pelo chaveamento leva alguns milissegundos para "chavear" — razão pela qual eles não dever ser usados para proteger servidores, equipamentos hospitalares e outros que exerçam funções críticas. Já nos modelos online a alimentação é feita diretamente pela bateria, de modo que os aparelhos ficam "isolados" da rede elétrica e, portanto, protegidos das variações e surtos que possam ocorrer. Uma versão intermediária, conhecida como “interativa”, regula a tensão da rede antes de repassá-la aos equipamentos ou alimentar as baterias do próprio dispositivo. Nesse caso, o inversor fica permanentemente ligado, e um circuito de monitoramento se encarrega de verificar a tensão e usar a energia do inversor em caso de necessidade.
 
Fazer reparos domésticos por conta própria para poupar dinheiro pode ser uma boa ideia, mas desde que o sapateiro não vá além das chinelas. Gambiarras ou "gatos" devem ser evitados. Circuitos com fiação inadequada ou acessórios instalados de maneira incorreta aumentam o risco de incêndio. Os fios têm bitolas (espessura) e classificações de isolamento projetadas para diferentes aplicações justamente para prevenir superaquecimento e curtos-circuitos. Na dúvida, consulte um eletricista de sua confiança.
 
Abajures e demais aparelhos de iluminação são projetados para suportar uma determinada potência. Exceder esse limite trocando as lâmpadas por outras mais fortes sobrecarrega a fiação. Verifique a potência máxima indicada no aparelho e use lâmpadas de baixo consumo de energia sempre que possível. 


Por falar em lâmpadas, luzes que enfraquecem ou piscam quando o compressor da geladeira entra em funcionamento ou algum aparelho elétrico é ligado em outro cômodo da casa são sinais de fiação solta, circuitos sobrecarregados ou painel elétrico com defeito — lembrando que ferro de passar, secador de cabelos e outros utensílios vorazes não servem de parâmetro para essa avaliação. Na dúvida, peça a um eletricista de confiança para investigar esse problema antes que ele se torne um problemão.


A instalação elétrica dos imóveis é "aterrada" durante a construção, de modo que o terceiro ponto das tomadas (terra) é ligado a hastes metálicas introduzidas no solo. 


Observação: As tomadas geralmente têm dois polos (fase + neutro nas monofásicas e fase + fase nas bifásicas). Para orientar a conexão dos fios, os orifícios são identificados como faseneutro terra. Segundo a norma ABNT 14136, o polo à esquerda é “neutro”, o polo à direita é “fase” e o central, “terra” (mais detalhes neste vídeo). Como a rede elétrica não é estabilizada, fugas de tensão são comuns, e a energia que escapa das tomadas fica armazenada nas carcaças metálica dos aparelhos (antigamente era comum a gente levar um choque quando abria a geladeira). O terceiro pino (terra) serve exatamente para descarregar essa energia excedente de forma segura, evitando choques, danos aos aparelhos e outros problemas. 
 
Plugues e tomadas de três pontos se tornaram padrão no Brasil em 2011, mas muita gente ainda usa "adaptadores" — ou "castra" o terceiro pino — em vez de substituir as tomadas antigas. Há até quem ligue o polo terra da tomada a um cano metálico da rede hidráulica ou ao polo neutro da rede elétrica, que é aterrado na estação geradora de energia, mas isso se chama "gambiarra".


A maioria dos aparelhos elétricos/eletroeletrônicos funciona normalmente sem o terceiro pino e/ou com a polaridade invertida, mas isso implica riscos, e o menor deles é o de choque elétrico. Numa rede adequadamente aterrada, o terceiro pino protege os aparelhos, evita que o plugue seja conectado invertido e fornece um "caminho seguro" para o excesso de corrente elétrica ir da tomada para o solo. 
 
Tomadas e interruptores sugerem que a fiação por trás deles também esteja solta, e isso pode causar mau contato e riscos de incêndio. Se não for possível fixá-los, substitua-os para garantir uma conexão segura. E se o disjuntor costuma desarmar com frequência, substitui-lo por outro de maior potencia só mascara o problema. 


A fiação dos imóveis antigos não foi dimensionada para suportar a quantidade de aparelhos elétricos que usamos atualmente. E o mesmo se aplica aos painéis elétricos (também conhecidos como "quadro de força" ou "caixa de fusíveis"), que se tornaram insuficientes diante da crescente demanda elétrica dos novos gadgets e tecnologias de casa inteligente. 


Verifique regularmente se há sinais de ferrugem, marcas de queimadura ou ruídos estranhos e, se notar algum problema, lembre-se de que os eletricistas também têm bocas para alimentar e boletos para pagar. 

quinta-feira, 3 de abril de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 13ª PARTE

TALVEZ O TEMPO NÃO EXISTA, MAS OS AMANHÃS CERTAMENTE NÃO SÃO INFINITOS.

 

Se o tempo desacelera à medida que a velocidade do observador aumenta (dilatação temporal), viajar para o futuro é uma possiblidade matematicamente plausível, embora seja inexequível com a tecnologia de que dispomos atualmente. 

Avançar dezenas, centenas, milhares de anos exigiria viajar a uma velocidade próxima à da luz (1,08 bilhão de km/h), e o objeto mais veloz construído pelo homem até hoje mal chegou a 700 mil km/h. Isso sem falar que a massa relativística de qualquer objeto — seja uma simples partícula ou um nave espacial — tende ao infinito na velocidade da luz, exigindo energia igualmente infinita para continuar acelerando.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Em entrevista à Folha, Bolsonaro reconheceu que a derrota nas urnas o "pegou de surpresa" e que buscou alternativas "dentro das quatro linhas". Chamou a Constituição de "Bíblia", disse que "discutir sobre alternativas" não caracteriza tentativa de golpe, e que a trama, da maneira como foi revelada, "é uma história contada por aquela parte da PF vinculada ao Sr. Alexandre de Moraes", soando como se desejasse reescrever o livro de Gênesis do regime democrático. 
Gleisi Hoffmann postou no X que "na estranha entrevista do réu Jair Bolsonaro, o que ressalta é a confissão de que ele nunca aceitou o resultado das eleições. É espantoso admitir que tentou impor estado de sítio, estado de defesa, aplicação indevida do artigo 142, intervenção militar e outras ‘alternativas’ para não entregar o poder. A entrevista é uma confissão de culpa que deveria ser tomada como agravante em seu julgamento". 
A decisão de não passar a faixa para alguém sem sua imagem e semelhança gerou elucubrações sobre a hipótese do Messias que não miracula proclamar "haja luz" a partir de uma "intervenção" baseada no artigo 142. Mas os comandantes do Exército e da Aeronáutica notaram que a luz não era boa e resolveram passar. 
O "mito" avalia que a ação penal sobre a trama golpista deveria ser extinta — pois não fez senão "discutir dispositivos constitucionais que não saíram do âmbito de palavras"—, e que sua provável prisão será "completamente injusta". 
E Deus viu que eram todos democratas.
 
Mais complicado ainda seria retroceder no tempo. Primeiro, porque seria preciso ultrapassar a velocidade da luz, e reza a física moderna que nada pode se mover mais rápido que a luz — cuja velocidade (denotada pela letra "c") é o limite máximo universal. Segundo, porque inverter a seta do tempo é uma possibilidade meramente teórica, ainda que o "tempo negativo" tenha deixado de ser um conceito especulativo depois qeu pesquisadores da Universidade de Toronto demonstraram sua existência através de experimentos com ondas quânticas. 

 

Voltar ao passado produziria eventos que afrontam a causalidade (gerando paradoxos temporais como o do Avô e o dos Gêmeos, que ocorrem quando uma ação no passado interfere no presente de uma forma que contradiga a linha do tempo original), mas várias soluções para contornar obstáculo foram propostas, como a do Multiverso, sustentada por diversas teorias que descrevem vários cenários possíveis partindo da premissa de que o e espaço-tempo observável não é a única realidade. 

 

A teoria da cosmologia inflacionária sugere que o Big Bang criou universos paralelos com propriedades semelhantes ou diferentes das dos nosso. A Interpretação dos Muitos-Mundos prevê a presença de linhas de tempo ramificadas (ou realidades alternativas) onde as decisões que tomamos produzem resultados diferentes. 

Talvez existam inúmeras versões de cada um de nós vivendo em universos muito semelhantes ou completamente diferentes do nosso, que viram à esquerda quando viramos à direita (ou vice-versa) em algum universo paralelo. 
 
Nem todas as teorias com foco em outros universos sugerem a existência de versões-clones de cada um de nós — até porque as propostas emanam de diferentes correntes científicas —, mas todas apontam para a existência de um multiverso. 

No famoso experimento do gato de Schröedinger, um gato é trancado numa caixa e um único átomo decide se ele vai morrer ou sobreviver. Segundo a interpretação de Copenhague, o felino está em um estado de sobreposição quântica — vivo e morto ao mesmo tempo —, e seu futuro será decidido quando a caixa for aberta. 

Já na interpretação de Everett o universo se separa em dois, num dos quais o gato está vivo e no outro, morto; no Multiverso de Nível 3, tudo que pode acontecer de fato acontece — em vez de entrar em colapso, a partícula quântica ocupa todos os lugares, dando origem a múltiplas realidades diferentes a cada segundo no Espaço Hilbert. 
 
Na visão míope dos céticos, a teoria do multiverso não é empiricamente testável, uma vez que, por definição, os universos paralelos seriam independentes do nosso e impossíveis de acessar. Mas o fato de ainda não termos descoberto o teste certo não significa que não venhamos a descobri-lo mais adiante. 

A existência dos universos paralelos parece menos irreal se levarmos em conta que, diferentemente dos bits da computação tradicional, que assumem apenas um valor por vez (0 ou 1), os qubits (bits quânticos) podem assumir os valores 0, 1 ou 0 e 1 ao mesmo tempo. 

Em última análise, tudo que observamos é esquisito e confuso, mas Richard Feynman não disse que ninguém realmente compreende a mecânica quântica?
 
Continua...

quarta-feira, 2 de abril de 2025

PREVISÕES E MAIS PREVISÕES (FINAL)

DEMOCRACIA SÃO DOIS LOBOS E UMA OVELHA DECIDINDO SOBRE O QUE COMER NO JANTAR.

Como dito no capítulo anterior, o asteroide 2024 YR4, descoberto em dezembro de 2024, tem sido alvo de intenso monitoramento. A probabilidade de impacto com a Terra, que inicialmente era de 1,2%, chegou a 3,1% — o maior índice registrado desde a detecção do objeto —, mas caiu para 0,000019%, o que significa uma possibilidade em mais de 5 milhões.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Em entrevista à Folha, questionado se uma eventual prisão significaria o fim de sua carreira política, o ex-presidente golpista — que, ao contrário do Conselheiro Acácio, jamais compreendeu que as consequências vêm depois — respondeu: "É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos". 
Assiste razão ao réu e provável futuro condenado. Mesmo que Gonet tenha pedido, e Moraes concedido, o arquivamento 
do inquérito sobre a falsificação dos cartões de vacina, o "mito" pode ser agraciado com mais de 30 anos de prisão. 
Nosso país tem uma história peculiar de sobrevida institucional. Golpes foram tentados, tramados na surdina ou à luz do dia, mas nem sempre lograram êxito. A marcha fúnebre — concebida originalmente para honrar os mortos, mas que também pode se converter em instrumento de ironia mordaz, deslocando-se de seu intento solene para escarnecer figuras que, em vida, evocaram polêmicas e divisões — poderia ter sido dedicada em 2023 ao enterro da democracia, mas acabou sendo reservada ao projeto golpista de Bolsonaro e seus asseclas. Se essa caterva tivesse obtido o apoio incondicional das Forças Armadas — que tão desesperadamente buscou —, estaríamos hoje entoando essa marcha não em tom de sarcasmo, mas para prantear a própria democracia brasileira, duramente conquistada após vinte anos de ditadura. 
Como o fracasso de um golpe não afasta os riscos que ainda rondam o país, é imperativo fortalecer ativamente a democracia para que, no próximo cortejo fúnebre, não esteja no esquife a utopia de um Brasil republicano e livre.

Ainda que qualquer risco de colisão com a Terra tenha sido descartado, ainda existe a possibilidade de impacto com a Lua, que é constantemente atingida por meteoros, mas suas crateras provam que ela sobreviveu a impactos muito maiores. Uma nova observação pelo JWST só deve acontecer no mês que vem, e a próxima, somente em 2028.

Existem maneiras de alterar a trajetória do pedregulho gigante (que é do tamanho de um prédio de 18 andares), entre as quais enviar uma espaçonave contra ele — técnica testada com sucesso em 2022 com o asteroide Dimorphos, de 160 metros de largura —, bombardeá-lo com um fluxo constante de íons, ou ainda pintá-lo de branco, visando a aumentar sua refletividade e, consequentemente, alterar sua trajetória.
 
Uma opção mais radical, já testada em laboratório, seria explodir a rocha usando uma bomba nuclear, mas o envio de armas de alto poder destrutivo ao espaço levantaria questões éticas, políticas e legais, sem falar que a explosão poderia enviar fragmentos em direção à Terra. A decisão sobre qual medida adotar não cabe apenas à NASA ou outra agência espacial específica, mas sim a um consórcio de líderes mundiais. Considerando a complexidade diplomática e a confiança (ou a falta dela) nos políticos, a alternativa seria evacuar uma ou algumas cidades.

 

Simulações feitas por computador indicam que as regiões sob risco incluíam o norte da América do Sul, o sul da Ásia, o Mar Arábico, o norte da África e o Atlântico. Países como Índia, Venezuela, Paquistão, Equador e Nigéria estavam na zona de atenção, mas o ponto exato dependeria da posição da Terra no momento do impacto.

A despeito de as chances de colisão serem atualmente desprezíveis, o monitoramento contínuo é essencial para garantir a segurança do planeta, e próxima observação do JWST, prevista para maio, ajudará a refinar os cálculos e entender melhor o destino do asteroide.

ObservaçãoEnquanto 2024 YR4 chamou a atenção, o gigantesco 887 Alinda, que tem mais de 4 km de diâmetro, passou quase despercebido, em janeiro deste ano, a cerca de 12,3 milhões de quilômetros da Terra. Ambos dão uma volta completa ao redor do Sol a cada quatro anos, o que os torna especialmente perigosos. Atualmente, sabe-se que 2024 YR4 não atingirá a Terra em 2032, mas sua trajetória futura ainda é incerta (há previsão de uma nova aproximação em 2052). Já o 887 Alinda continua sua jornada pelo espaço, com possibilidade de se tornar uma ameaça daqui a cerca de mil anos.

terça-feira, 1 de abril de 2025

CELULAR PEGA FOGO E QUEIMA USUÁRIO

É MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR.

No início do ano, um celular Motorola explodiu no bolso de uma mulher que fazia compras num shopping do município goiano de Anápolis. 

A vítima sofreu queimaduras de primeiro e segundo graus e foi encaminhada ao Hospital Alfredo Abraão. 

“Histórica” foi uma expressão muito usada nos últimos dias para classificar a decisão unânime da 1a Turma do STF que promoveu a réus por tentativa de golpe de Estado Bolsonaro e outros sete acusados, entre eles os generais e ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno. O termo não é indevido. Em nossa longa história de tentativas e rupturas da ordem democrática, é a primeira vez que oficiais da mais alta patente das FFAA são submetidos ao devido processo legal por conspirarem contra o Estado Democrático de Direito. 
Consumada a condenação e esgotados todos os recursos, não se pode correr o risco de que súplicas por abrandamento de penas estimulem a repetição de atos que tornem o Brasil vulnerável à volta de um autoritarismo que custou muitas vidas anos de atraso institucional. Mas nem tudo são flores nem certezas nesse jardim.
Vinte e quatro horas depois de morder, o procurador-geral soprou Bolsonaro. Alegando não haver elementos que justifiquem uma denúncia, a despeito de Mauro Cid ter forjado certificados de vacinação para o chefe e a filha dele, Laura, no apagar das luzes do mandato, às vésperas da viagem do capetão para a Flórida, o parecer de Gonet foi favorável ao arquivamento do caso. 
No alvorecer do inquérito policial, Lindôra Araújo, braço-direito do então antiprocurador-geral Augusto Aras, sustentou que Cid arquitetara e capitaneara toda a ação criminosa sem o conhecimento de Bolsonaro. Relator do caso, Moraes anotou num despacho que essa versão "não era crível"não ser crível". No auge da pandemia, Bolsonaro implicou com vacinas, receitou cloroquina e desrespeitou regras sanitárias. A irresponsabilidade cresceu junto com o número de cadáveres. "E daí?", disse ele. "Não sou coveiro!". 
Diante disso, causa espécie que Gonet trate a fraude da vacina como uma espécie de crime de somenos, coisa insignificante. Ao afirmar que há apenas a delação de Cid como elemento contra Bolsonaro e, portanto, não poderia denunciar o ex-presidente, o procurador parece ter encarnado seu antecessor. Moraes determinou o arquivamento do inquérito. É uma no crava, outra na ferradura.
 
Por meio de nota, a Motorola disse que orientou a consumidora a encaminhar o celular — que ficou parcialmente derretido — para a análise técnica, e que seus produtos são cuidadosamente projetados e submetidos a testes rigorosos para oferecer um desempenho seguro para os usuários.
 
Essa não foi primeira vez (e certamente não será a última) que celulares apresentam problemas do tipo. Já houve casos envolvendo modelos da Apple, da Xiaomi e da Nothing, entre outros. Na China, um iPhone 14 Pro Max explodiu na cama de uma mulher; na Bahia, um dispositivo de marca não revelada feriu uma pessoa; e no município cearense de Iguatu, o notebook de uma cantora pegou fogo durante um show. 
 
Evite expor seu aparelho ao sol (na praia, por exemplo), use carregadores e cabos originais ou homologados pela fabricante, não o deixe recarregando sem supervisão, mantenha o software atualizado e verifique regularmente se há rachaduras, vazamentos ou inchaço na carcaça, especialmente na região da bateria
.

segunda-feira, 31 de março de 2025

PREVISÕES E MAIS PREVISÕES (CONTINUAÇÃO)

EM TEMPOS SOMBRIOS, ATÉ OS SÁBIOS FICAM INCERTOS.


Videntes, profetas e assemelhados borrifam a conjuntura com seus vaticínios apocalípticos desde que o mundo é mundo. No início da era cristã, respaldados no Apocalipse de João — que descreve visões com a vitória do bem sobre o mal e o dia do juízo final —, vates delirantes trombetearam que a humanidade não sobreviveria ao ano 1000. Quando a previsão furou, reagendaram o julgamento celestial para 1033 e, mais adiante, para 1666.  

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Em São Paulo, a avaliação negativa do governo Lula é de 55%, contra apenas 16% de aprovação. Na Bahia, o escore é de 38% a 30%; em Goiás, de 58% a 18%; no Rio Grande do Sul, de 52% a 19%; em Minas Gerais, de 51% a 22%; no Paraná, de 59% a 20%; em Pernambuco, de 37% a 33%; e no No Rio de Janeiro, de 50% e a aprovação, de 19%. Mesmo assim, o macróbio prefere se refugiar em narrativas que não convencem sequer os convertidos. 
Enquanto o mercado financeiro projeta uma inflação bem acima do teto de 4,5% e paciência da população com discursos fantasiosos se esgota, Lula se envolve em brigas desnecessárias no cenário internacional e tenta maquiar a realidade despejando R$ 3,5 bilhões em propaganda. Propaganda enganosa é crime previsto no artigo 67 do Código de Defesa do Consumidor e punível com detenção de três meses a um ano e multa. Se não fizer a lição de casa, Lula não voltará para a prisão, mas entrará para a História como o presidente que demoliu os ganhos do Plano Real e trouxe de volta o fantasma da inflação. E se tem algo que o brasileiro não quer é ver a inflação ressurgir como uma Fênix maldita. 
Vade retro!

 

Botticelli foi um grande pintor, mas sua previsão de que Jesus voltaria em 1503 para julgar os vivos e os mortos revelou que, como artista, ele era um profeta de merda. Stifel aprazou o Armagedom com precisão suíça, mas o mundo não acabou às 8h do dia 19 de outubro de 1536. 

Colombo (o mesmo que descobriu a América) anotou em seus apontamentos que o apocalipse aconteceria entre 1656 e 1658. Lutero chutou na trave ao prever que o fim do mundo se daria no século 17 — ainda que a Peste Negra e o Grande Incêndio tenham matado mais de 100 mil londrinos, o mundo seguiu adiante.

 

Em 1806, uma galinha que punha ovos com a inscrição Christ is coming espalhou pânico nas Ilhas Britânicas até que se descobriu que a falsa vidente Mary Bateman escrevia a mensagem na casca dos ovos e os enfiava de volta na cloaca da adivinha. Um pregador chamado William Miller previu que o apocalipse ocorreria entre 21 de março de 1843 e 21 de março do ano seguinte — a profecia não se confirmou, mas resultou no Grande Desapontamento e ensejou a fundação da Igreja Adventista do Sétimo Dia

A Igreja Católica Apostólica Brasileira, criada em 1836, anunciou que Jesus voltaria após a morte de seus 12 fundadores — o último bateu as botas em 1901, mas o filho do Pai não deu as caras, e as Testemunhas de Jeová dizem desde a fundação da seita, em 1870, que o juízo final virá "em breve".

 

Os cometas sempre foram vistos (literalmente) como arautos de más notícias. Em 1910, alardeou-se que o Halley contaminaria a atmosfera terrestre com um gás letal. A cauda dos cometas realmente libera vapor d'água, detritos e outros compostos voláteis, incluindo gases tóxicos, mas a concentração é insuficiente para pôr em risco a vida na Terra. 

Em 1997, arautos da desgraça da seita Heaven's Gate anunciaram que um OVNI vinha a reboque do cometa Hale-Bopp, que a Nasa havia ocultado a informação para evitar o pânico e que o mundo acabaria "em breve". E acabou mesmo — mas para dezenas de membros do culto, que se suicidaram achando que suas almas seriam levadas pelos alienígenas.

 

Interpretações distorcidas de Nostradamus levaram alguns a crer que o mundo acabaria em julho de 1999. Como não acabou, Richard W. Noone trombeteou que o alinhamento dos planetas produziria uma espessa camada de gelo que congelaria a Terra. Como não produziu, alarmistas proclamaram que o Grande Colisor de Hádrons criaria buracos negros que destruiriam o mundo. Como não criou, o pregador Harold Camping avisou que terremotos devastadores ocorreriam em 21 de maio de 2009, e apenas 3% da população mundial iria para o Céu. Como não ocorreram, o despirocado os reagendou para 21 de outubro. E deu no que deu. 

A colisão do planeta X com a Terra, prevista para maio de 2003, foi reagendada para dezembro de 2012 e para Setembro de 2017. Considerando que estamos em 2025, a conclusão é óbvia. Mas cientistas de todo o mundo (o que não significa "todos os cientistas do mundo") sugerem a possibilidade de a Terra ser extinta daqui a 250 milhões de anos — se isso se confirmar, será a primeira extinção em massa desde a aniquilação dos dinossauros, há 66 milhões de anos.
 
Uma previsão catastrófica mais preocupante envolve um asteroide batizado de 2024 YR4Num primeiro momento, estimava-se a probabilidade de impacto em 1,2%. Embora ela tenha chegado a 3,1% — o maior índice registrado desde a detecção do objeto — observações mais recentes reduziram-na para algo próximo de zero.

Esse pedregulho de 55 metros de diâmetro viaja pelo espaço a 48 mil km/h. Se ele colidisse com a Terra, o impacto liberaria energia equivalente à de 500 bombas atômicas. E ainda que isso não fosse suficiente para causar um evento global, a destruição seria catastrófica para qualquer grande cidade atingida. 
 
Continua...