sábado, 6 de dezembro de 2025

DE VOLTA AO SPAM

O CORPO DE UM VELHO NÃO PASSA DE UM SACO ONDE ELE CARREGA DORES E INDIGNIDADES.

Não há provas de que Bill Gates tenha dito que 540K de memória bastariam para qualquer computador, mas há registros de que, em 2004, ele profetizou que o problema do spam estaria resolvido em dois anos. Pois bem: passaram-se 21, e os spammers e scammers continuam a nos importunar por e-mail, SMS, WhatsApp e chamadas telefônicas.

O termo spam, originalmente usado para designar um presunto condimentado enlatado da marca Hormel Foods, virou sinônimo de mensagem indesejada graças ao humor nonsense dos britânicos do Monty Python. Antes do Gmail, esse “junk mail” não apenas entupia a internet, como também ocupava o espaço miserável das caixas postais que os provedores de e-mail gratuito ofereciam aos usuários. Do spam para o scam (ou phishing) foi um pulo. Com o passar do tempo, o famoso “príncipe nigeriano” virou gerente de banco, funcionário da Receita, dos Correios — e por aí segue a procissão.

Mesmo em 2025, filantropos do mundo todo continuam fazendo fila para doar montes de dinheiro a desconhecidos. A origem da “riqueza inesperada” varia, mas, para que o dinheiro chegue à conta da vítima, esta precisa fornecer seus dados bancários e pagar uma “taxa de transferência” que, por alguma razão, o suposto benfeitor não tem como arcar. 

Em muitos casos, o spam vem de endereços de email falsos de bancos, órgãos públicos, lojas online ou até floriculturas, invariavelmente acompanhados de um link que a vítima deve acessar para fornecer dados ou efetuar o pagamento de um falso frete ou outra taxa qualquer — supostamente para receber uma encomenda, uma herança, ou então regularizar seu CPF, CNH, título de eleitor ou outro documento qualquer.

A maioria dessas mensagens é filtrada pelos provedores e encaminhada à caixa de spam, mas algumas escapam do crivo e acabam na caixa de entrada. Cabe ao destinatário examiná-las cuidadosamente em busca de erros de ortografia, gramática ou qualquer outra inconsistência. O simples fato de a pessoa não ter encomendado produto algum, nem participado de sorteios ou concursos, já é um sinal evidente de que se trata de fraude.

O mesmo vale para mensagens de WhatsApp e SMS semelhantes, com as quais os vigaristas tentam obter dados pessoais e bancários de vítimas em potencial. Jamais responda a essas mensagens, clique em links ou forneça seus dados. Se possível, bloqueie e denuncie os remetentes.

No fim das contas, o spam é só mais um lembrete de que a ingenuidade humana continua sendo um recurso inesgotável. E a tecnologia, por mais avançada que seja, ainda tropeça onde o velho golpe encontra o velho otário. Portanto, desconfie de tudo. Até de quem promete resolver o spam em dois anos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

DE VOLTA AOS CARTÕES DE MEMÓRIA

MUITO SABE QUEM CONHECE A PRÓPRIA IGNORÂNCIA.

Os primeiros PCs não tinham disco rígido — e nem sistema operacional, mas isso é outra conversa. Mais adiante, o DOS e os primeiros HDs facilitaram a vida dos usuários, ainda que o espaço oferecido fosse pífio (naquela época, 1 MB de armazenamento custava cerca de US$ 200). Mas não há nada como o tempo para passar: os fabricantes levaram décadas para quebrar a barreira do gigabyte, mas, a partir daí, dobraram a capacidade dos dispositivos em intervalos cada vez menores.

 

Em 2005, desktops de entrada de linha já vinham com HDs de 20 GB — suficientes para a maioria dos usuários comuns, considerando que o Windows e os aplicativos da época eram bem menos "volumosos" e não havia tantos arquivos multimídia para armazenar. Em 2007, com o lançamento do iPhone, a Apple obrigou a concorrência a promover seus celulares a smartphones. Ao longo dos anos seguintes, os pequenos notáveis se tornaram verdadeiros microcomputadores de bolso, capazes de realizar tarefas complexas, como edição de vídeo e fotografia profissional, jogos de alta performance e muito mais.

 

Atualmente, a quantidade de memória RAM dos smartphones ombreia com a dos desktops e notebooks: de 6 a 8 GB nos modelos intermediários e de 16 a 24 GB nos aparelhos top de linha. Já o armazenamento interno — equivalente ao HDD/SSD dos PCs de mesa e portáteis — varia de 128 a 256 GB nos modelos medianos, e de 500 GB a 1 TB nas versões premium. Embora aparelhos com 4 GB de RAM e 32 ou 64 GB de armazenamento ainda sejam vendidos, não se deixe seduzir pelo preço: diferentemente dos desktops e notebooks, que permitem a troca dos módulos de memória e drives de HD/SSD, celulares nascem e morrem com a configuração definida por seus fabricantes. 

 

Até poucos anos atrás, a maioria dos smartphones de entrada e medianos suportava cartões de memória, permitindo economizar um bom dinheiro na compra do aparelho e usar um cartão microSD como extensão do armazenamento interno. A partir do Android 6.0, passou a ser possível inclusive instalar e rodar aplicativos diretamente do cartão (nem todos os fabricantes ativaram esse recurso), mas a dificuldade em proteger aparelhos com slot extra contra água e poeira, somada às limitações impostas pelas versões mais recentes do robozinho verde — que ainda permitem armazenar arquivos, mas não rodar a maioria dos aplicativos diretamente da mídia removível — deve diminuir ainda mais a oferta de modelos com suporte a cartões. 

 

Vale lembrar que os padrões eMMC mais recentes — a tecnologia mais lenta usada em memória interna, presente apenas em celulares de baixo custo — ainda são muito mais rápidos do que os cartões SD mais velozes. Além disso, a memória de qualquer celular Android comercializado é criptografada, enquanto os cartões SD geralmente não possuem essa camada de proteção nem atendem aos requisitos necessários para isso — embora alguns aparelhos permitam criptografar cartões SD manualmente, isso é exceção, e não regra.

 

Alguns fabricantes ainda oferecem suporte a cartões em seus modelos de entrada, e apps simples — como Telegram, Instagram e alguns jogos — permitem que parte dos dados seja armazenada no cartão, que também pode ser usado para armazenar arquivos multimídia (notórios consumidores de espaço), que não são afetados pelas limitações de velocidade e estabilidade dos cartões. Mas a tendência é que eles desapareçam, como aconteceu com outras portas e conexões. Então, se você ainda os usa, aproveite enquanto pode. 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 58ª PARTE

NÃO CONTE SEUS PROBLEMAS A QUEM NÃO PODE RESOLVÊ-LOS. 

 

Ao propor que alterações no passado feitas por um viajante do tempo não modificam a linha temporal original, já que criam uma nova realidade, a Teoria do Multiverso oferece uma solução elegante para os paradoxos temporais


Ainda que a chegada de um viajante do tempo fosse, por si só, uma alteração no passado, nada do que ele fizesse modificaria seu passado — apenas daria origem a um universo alternativo, no qual os eventos se desenrolariam de forma diferente. 


Essa premissa resolveria o célebre paradoxo do avô, já que o crononauta parricida criaria uma nova linha temporal na qual ele jamais nasceria, preservando, intacta, a linha original de onde partiu.

 

Convém não confundir a teoria do multiverso com a Interpretação de Muitos Mundos, que é específica da mecânica quântica e postula o surgimento de universos ramificados a cada evento quântico. O multiverso abarca diversas teorias e hipóteses sobre a existência de outros universos além do nosso, que podem ser semelhantes ou seguir leis físicas distintas, além de interagir ou não entre si. 

 

Para facilitar o entendimento, imagine um experimento em que uma partícula quântica pode passar por duas fendas. Na mecânica quântica padrão, ela passa por ambas simultaneamente, como uma onda, mas na Interpretação de Muitos Mundos o universo se divide em dois: em um deles, a partícula passa pela fenda 1; no outro, pela fenda 2. Em outras palavras, a Teoria do Multiverso é um conceito geral de múltiplos universos, enquanto a Interpretação de Muitos Mundos é uma teoria específica que sugere como esses universos poderiam surgir, dentro do contexto da mecânica quântica.

 

Outra abordagem interessante é a hipótese das curvas temporais fechadas autoconsistentes, proposta pelo físico russo Igor Novikov. Ela sugere que os eventos em uma viagem no tempo já estariam "pré-determinados" de modo a evitar paradoxos. Assim, qualquer tentativa de alterar o passado falharia — não por limitações tecnológicas, mas por exigência lógica. A arma emperraria no momento crucial, ou circunstâncias imprevistas impediriam a mudança. Nessa visão, o Universo disporia de um mecanismo de autocorreção causal — um tipo de "filtro temporal" que assegura a coerência dos acontecimentos, permitindo viagens no tempo sem violar as leis da causalidade.

 

A hipótese defendida por Novikov foi retomada por pensadores contemporâneos como David Deutsch, físico da Universidade de Oxford. Ele propõe que, se as viagens no tempo forem possíveis, elas só poderiam ocorrer em um multiverso — mais especificamente, sob a lógica da Interpretação de Muitos Mundos. Nessa perspectiva, um viajante que voltasse ao passado e alterasse algo relevante não afetaria o seu próprio passado, mas criaria ou acessaria outra ramificação do universo, onde suas consequências seriam absorvidas.

 

Segundo Deutsch, isso resolveria os paradoxos clássicos sem exigir nenhum "ajuste mágico" do Universo. A consistência se manteria porque o viajante jamais conseguiria interferir no seu próprio ponto de origem temporal — apenas navegaria por realidades alternativas geradas pelas suas ações. Assim, as curvas temporais fechadas passariam de armadilhas lógicas a atalhos navegáveis entre diferentes versões de uma mesma realidade.

 

Esse tipo de raciocínio, que mistura lógica quântica com metafísica aplicada, serve de pano de fundo para inúmeros experimentos mentais — e roteiros de ficção. Imagine, por exemplo, uma máquina do tempo que só funciona se o usuário aceitar que nada poderá mudar. Ou que sua existência dependa do fato de nenhuma tentativa de uso ter causado uma inconsistência fatal no passado. Nesse cenário, a própria estabilidade da linha temporal validaria, retroativamente, a possibilidade de sua existência.

 

Essas especulações reacendem um debate antigo, mas sempre atual: o tempo é fixo ou fluido? Se o Universo é autoconsistente, como defendem Novikov e Deutsch, talvez o livre-arbítrio seja uma ilusão conveniente, e todas as nossas decisões já estejam inscritas em uma narrativa rígida. Por outro lado, se vivemos num multiverso em expansão ramificada, então cada escolha pode, literalmente, dar origem a um novo mundo — com consequências que jamais saberemos.

 

Na dúvida, seguimos com os pés bem fincados no presente e a cabeça viajando por aí, saltando entre teorias como quem troca de vagão num trem imaginário que percorre a eternidade.

 

Continua...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

O SONHO DA “AUTONOMIA ETERNA” ESTÁ MAIS PRÓXIMO

CARPE DIEM — DE NADA ADIANTA SE PREOCUPAR COM O AMANHÃ QUANDO AINDA SE TEM O HOJE COM QUE SE PREOCUPAR.

O consumo energético aumentou exponencialmente desde que os dumbphones foram promovidos a smartphones e se tornaram verdadeiros computadores ultraportáteis. 

As baterias também evoluíram ao longo do tempo, mas a autonomia — ou seja, o tempo durante o qual o aparelho funciona longe da tomada — varia conforme a amperagem da bateria e o perfil de cada usuário.

Em tese, quanto maior a amperagem — expressa em mAh (miliampere-hora) —, maior a autonomia. Na prática, porém, dois aparelhos idênticos, usados por pessoas de perfis diferentes, podem exigir recargas em intervalos distintos. 

Em outras palavras: uma bateria de 5.000 mAh pode sustentar o aparelho por dois ou três dias se o usuário se limita a fazer e receber ligações, mas requer um pit stop diário se estiver nas mãos de um heavy user.

Embora seja tecnicamente possível aumentar a capacidade das baterias, o desafio está em fazê-lo sem comprometer o tamanho do componente ou elevar excessivamente o custo de fabricação. Assim, enquanto buscam soluções economicamente viáveis, os fabricantes recorrem a paliativos como o carregamento rápido (detalhes nesta postagem), que encurta significativamente o tempo de recarga. Mas vale destacar que nem todos os modelos suportam essa tecnologia e, mesmo quando suportam, o usuário quase sempre precisa adquirir o carregador compatível separadamente.

A Xiaomi surpreendeu o mercado no fim de junho passado ao lançar oficialmente (na China) o Redmi K80 Ultra, modelo de preço intermediário e especificações de alto desempenho. Com uma bateria de 7.410 mAh, o aparelho vem sendo apontado por especialistas como um dos celulares com melhor autonomia da atualidade, capaz de resistir a até dois dias de uso intenso — ou mais, em uso moderado.

Equipado com o processador MediaTek Dimensity 9400+, o novo modelo roda o Android 15 sob a interface personalizada HyperOS 2, da própria Xiaomi. O chipset é acompanhado por opções com até 16 GB de RAM e 1 TB de armazenamento interno, o que o torna capaz de rodar jogos pesados, aplicativos exigentes e multitarefas com fluidez. Além disso, o aparelho conta com certificação IP68, o que garante resistência à água e poeira, e exibe um design elegante, com opções de cores como Cinza Areia, Branco Rocha Lunar, Verde Pinho e Azul Gelo.

O grande diferencial do Redmi K80 Ultra é sua bateria de silício-carbono de 7.410 mAh — uma das maiores já vistas em celulares comerciais. Com carregamento rápido de 100W, o aparelho recupera até 80% da carga em menos de 30 minutos. O preço inicial (na China) é de CNY 2.599 (cerca de R$ 1.950, em conversão direta) para a versão com 12 GB de RAM e 256 GB de armazenamento. Já a edição mais completa, com 16 GB + 1 TB, sai por CNY 3.799 (aproximadamente R$ 2.850).

Ainda não há data oficial para sua chegada ao Brasil, mas o histórico da marca aponta para uma rápida expansão internacional. Caso siga a tendência dos lançamentos anteriores da Xiaomi, a novidade deve desembarcar por aqui com preço competitivo frente a modelos similares da Samsung e Motorola — mesmo com os impostos escorchantes praticados neste arremedo de republiqueta de bananas.

A conferir.

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

CHAVE DE ACESSO NO WHATSAPP

QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA, MAS QUEM MUITO ESPERA SE CANSA.

Um dos métodos mais usados para roubar contas do WhatsApp é o "SIM swapping" (ou "clonagem de chip"). 


Por meio de engenharia social, os golpistas entram em contato com a operadora da vítima e conseguem transferir seu número de celular para outro chip — como se fosse uma simples troca de aparelho. 

Com isso, eles passam a receber SMS e chamadas destinadas à vítima, inclusive o código de verificação usado para acessar contas no WhatsApp. Em poucos minutos, a conta pode ser sequestrada, e a vítima, excluída da própria conta.

Outro método bastante usado é o phishing: os criminosos enviam mensagens falsas com links maliciosos, muitas vezes se passando por empresas conhecidas, para induzir a vítima a informar o código de verificação ou outros dados sensíveis.

Para proteger contra essas investidas, o WhatsApp oferece um recurso chamado chave de acesso (passkey), que aumenta significativamente o nível de segurança da conta. A grande vantagem desse sistema é que ele não depende mais de códigos enviados por SMS — que podem ser interceptados ou obtidos por engenharia social. Em vez disso, a autenticação acontece diretamente entre o aparelho e o WhatsApp por meio de biometria (impressão digital ou reconhecimento facial), PIN ou padrão de desbloqueio já configurados no dispositivo.

Além disso, as chaves de acesso usam protocolos criptográficos mais robustos, tornando muito mais difícil que dados sejam interceptados durante o processo de autenticação — como pode acontecer com mensagens SMS.

Para ativar a funcionalidade, é preciso rodar o Android 9 ou superior, ter uma conta do Google ativa e conectada ao aparelho, bloqueio de tela ativado, um gerenciador de senhas habilitado (você pode verificar isso em Configurações > Senhas > Chaves de acesso e contas) e a versão mais recente da Google Play Store instalada (confira em Configurações > Segurança e privacidade > Sistema e atualizações). Satisfeitos esses requisitos:

  1. Abra o WhatsApp;

  2. Toque em Configurações > Conta > Chaves de acesso;

  3. Selecione Criar chave de acesso;

  4. Toque em Continuar e, se necessário, ative a opção Usar bloqueio de tela.

Caso precise alterar ou remover a chave de acesso, basta ir ao mesmo menu, tocar em Apagar e, em seguida, criar uma nova.

ObservaçãoSe você reinstalar o WhatsApp depois de ter configurado uma chave de acesso, o aplicativo poderá exibir uma janela perguntando se deseja usá-la no processo de confirmação. Isso evita a necessidade de códigos enviados por SMS, reduzindo drasticamente os riscos de clonagem.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 57ª PARTE

SE O QUE NOS TORNA ÚNICOS É A CONSCIÊNCIA, E SE VIAJAR NO TEMPO FOSSE POSSÍVEL USANDO APENAS NOSSA CONSCIÊNCIA, TALVEZ AS VIAGENS NO TEMPO SEJAM MAIS SIMPLES DO QUE NÓS AS IMAGINAMOS.

Os relógios que usamos no dia a dia foram concebidos há milênios, quando alguém associou a própria sombra a escalas capazes de determinar as horas a partir da posição projetada pelo sol. As versões de água e de areia surgiram no século VII a.C., e o modelo, mecânico, no século IX da nossa era. Mas nossa percepção da passagem do tempo depende de diversas variáveis. 


Se, por exemplo, estivermos quase borrando as calças e ouvirmos de dentro do banheiro o tradicional "só um minuto", esse minuto vai parecer a antessala da eternidade. Além disso, segundos, minutos e horas não explicam o tempo de uma ação quântica ou da formação de uma galáxia, também por exemplo


Em última análise, tudo é uma questão de tempo, mas o tempo não é tão simples quanto parece. Até porque, segundo abordagens recentes, ele pode ser tridimensional. Explicando melhor: descrever o horário, a passagem dos anos ou o valor de um deslocamento instantâneo de partículas quânticas no universo cósmico são coisas distintas; do ponto de vista cósmico, o tempo é relativo, variando conforme a massa e a aceleração (como ensinou Einstein em sua famosa teoria).

 

A relatividade geral e a mecânica quântica explicam o Universo com alto grau de precisão, mas partem de medidas de tempo distintas (do ponto de vista da física), dificultando a criação de uma teoria única e universal para explicar o tempo. A ideia do tempo 3D não é nova, mas foi reapresentada recentemente num estudo publicado na revista Reports in Advances of Physical Sciences pelo geofísico Gunther Kletetschka, da Universidade do Alasca, que propõe uma reformulação completa dos conceitos básicos que conhecemos. 

 

Para criar um conceito novo que dê conta de explicar tudo, o cientista criou uma estrutura matemática que reproduz as propriedades conhecidas do Universo em uma única equação matemática. Segundo ele, incorporar as três dimensões do tempo em uma operação que as preserva não altera a natureza do tempo, mas concilia suas três dimensões em uma única fórmula capaz de explicar desde o tempo do relógio até o surgimento das partículas quânticas.

 

Kletetschka diz que as primeiras propostas do tempo 3D eram fórmulas matemáticas sem conexões experimentais concretas, ao passo que seu estudo transforma o conceito em uma teoria fisicamente testada e com múltiplos canais de verificação independentes. Além da fórmula por si só, ele consegue reproduzir com precisão as massas conhecidas de diversas partículas, como elétrons e neutrinos.

 

Caso você esteja se perguntando o que isso tem a ver com as viagens no tempo, a resposta é: nada. Como eu disse e repeti dezenas de vezes ao longo desta novela, o tempo passa conforme a velocidade do observador aumenta, e desacelera nas proximidades do horizonte de eventos de um buraco negro. Assim, viajar para o futuro exigiria simplesmente se aproximar de um desses corpos celestes, mas mantendo uma distância segura de seu horizonte de eventos para não ser tragado. 

 

Em outras palavras, bastaria ficar lá por algum tempo para voltar à Terra dezenas, centenas ou milhares de anos no futuro em relação à data de partida. O xis da questão, como também já foi dito nos capítulos anteriores, é a imensidão do cosmos e as distâncias astronômicas — literalmente — que nos separam dos buracos negros conhecidos. A título de ilustração, nosso sistema solar está a "confortáveis" 26 mil anos-luz do buraco negro supermassivo que fica no centro da Via Láctea e a 1,6 ano-luz (cerca de 15 trilhões de quilômetros) de Gaia BH1 — o buraco negro mais próximo que foi avistado até agora. 

 

Para viajar rumo ao passado, as coisas se complicam ainda mais. A monstruosa atração gravitacional dos buracos negros supermassivos distorce o tempo a ponto de criar um loop temporal — como os trilhos dos antigos trens elétricos de brinquedo, que a cada volta passavam novamente pelo ponto de partida. Se conseguíssemos entrar em um dessesloops, teríamos uma máquina do tempo na qual entraríamos no futuro e sairíamos no passado. 

 

Mas há alguns senões, começando pelo fato de que essa viagem ao passado seria limitada à época em que o buraco negro surgiu — se ele tivesse surgido após o período jurássico, por exemplo, não permitiria ver dinossauros ao vivo e em cores. Ademais, encontrar o loop temporal exigiria cruzar o horizonte de eventos, o que só seria possível se nos movêssemos mais rápido que a luz. Isso sem mencionar a "espaguetificação". 

 

No fim das contas, parece mais fácil aceitar que o tempo é um trilho sem retorno do que esperar por uma locomotiva quântica que nos leve ao passado enquanto não dispusermos de naves capazes de contornar buracos negros ou dobrar o contínuo espaço-tempo. Até lá, sigamos de carona no relógio e deixemos essa possibilidade para os netos dos nossos bisnetos. 

 

Independentemente de ser uma dimensão, uma ilusão, uma equação ou uma sentença, o tempo segue em frente e deixa atrás de si perguntas sem resposta e teorias à espera de comprovação. Mesmo que seja possível retroceder no tempo, o desafio maior talvez não seja técnico, mas lógico. Mas isso é conversa para os próximos capítulos.

domingo, 30 de novembro de 2025

MACARRONADA A CACIO E PEPE

O CLIENTE: “GARÇOM, JAMAIS PROVEI ALGO TÃO DURO QUANTO SUA CARNE DE PANELA!” O GARÇOM: “DA PRÓXIMA VEZ PEÇA NOSSO BIFE.” 

O macarrão se tornou a peça chave da dieta dos italianos no século XIII, depois que Marco Polo o trouxe da China, e chegou ao Brasil no começo do século passado, juntamente com o queijo, o vinho e outros produtos típicos da Itália.

Inicialmente, as massas eram caseiras e degustadas quase exclusivamente nos bairros italianos de algumas cidades — sobretudo das regiões sul e sudeste — mas a produção passou de artesanal a industrial, e o consumo, antes limitado aos nati e oriundi, se disseminou entre os brasileiros.

Macarrão sem molho é como pastel sem recheio ou pizza sem cobertura. As versões sugo e bolonhesa são mais populares porque carbonara, putanesca, bechamel, gorgonzola e quatro queijos levam mais ingredientes, dão mais trabalho e demoram mais para ficar prontos.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Convites de presidente não se recusam, sobretudo quando são dirigidos a autoridades que estão na mesma cidade e sem compromissos que as impeçam de comparecer. Assim, a ausência de Hugo Mota e Davi Alcolumbre na cerimônia de assinatura da lei de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil teve mais destaque que o projeto e mostrou que o desacerto vai além de atritos com líderes petistas. Ademais, ambos negaram prestígio aos festejos da bandeira de campanha pela reeleição; evitaram ouvir do presidente palavras de apreço para tentar desanuviar o clima e ainda procuraram produzir um efeito demonstração para as tropas mais fiéis aos comandantes nas duas Casas.

A história nos conta que, na vigência da democracia, presidente da República em contraposição acentuada ao Congresso Nacional tanto pode ficar vulnerável ao extremo de um impeachment quanto se tornar alvo de derrotas constantes ao ponto da ingovernabilidade. Se o Parlamento é o dono do jogo, cabe ao chefe do Executivo calibrar os lances a fim ao menos de conseguir um empate. 

Embora a campanha eleitoral já tenha começado e sua queda de popularidade pareça ter se revertido, Lula sabe que a batalha não está ganha. Enquanto Motta e Alcolumbre não tiveram oponentes nas eleições para Câmara e Senado, são de partidos de oposição e se identificam ideologicamente com a maioria, o xamã petista tem muito a perder se não descer do palanque para se dar ao sacrifício do beija-mão.

Por outro lado, fabricou-se Praça dos Três Poderes uma crise que nasceu do nada e parecia conduzir a lugar nenhum, mas cujos objetivos vão ficando claros, e o cerco ao Grupo Fit — ex-Refit — é a penúltima evidência de que a cortina de fumaça criada a partir das desavenças da cúpula do Congresso com o Planalto é pequena para ocultar o fogo que arde nos escândalos.

É um caso clássico de devedor contumaz — eufemismo para ladrão do dinheiro que deveria financiar serviços públicos como saúde, educação e segurança. O projeto de lei que tipifica o devedor contumaz dormitou nas gavetas do Senado durante anos, até que a operação Carbono Oculto revelou a relação de sonegadores inveterados com o crime organizado. Em votação unânime, os senadores aprovaram o projeto antissonegação, que agora está paralisado na Câmara.

Depois da operação policial que matou 121 pessoas no Rio de Janeiro, o Centrão tentou manietar a PFl. Dias antes, o governador fluminense havia acionado a procuradoria do estado para anular a interdição da Refinaria de Manguinhos, joia da coroa do Grupo que reaparece agora pendurado de ponta-cabeça nas manchetes.

As barricadas derrubadas no Congresso pelas investigações e pela reação da sociedade escondem pavor dos parlamentares de uma associação com a delinquência. PEC da Blindagem, proteção a sonegadores, constrangimento ao BC em meio às investigações contra o banco Master.

Haja cortina de fumaça!


Na hora da pressa (ou da preguiça), uma macarronada ao alho e óleo vai bem (desde que o “óleo” seja um azeite extravirgem de boa qualidade), mas o “Spaghetti Cacio e Pepe” é uma alternativa interessante. O preparo se resume a cozinhar a massa, envolvê-la numa mistura cremosa de parmesão, azeite e pimenta-do-reino e degustá-la pura ou acompanhada de almôndegas, carne assada, bife à milanesa ou à rolê, linguiça frita, etc. Você vai precisar de:  


— 1 pacote (500g) de Spaghetti;


— 250g parmesão ralado;

— 60 ml azeite extra virgem;

— 2 conchas da água do cozimento da massa;

— Pimenta-do-reino preta a gosto.

Observação: O espaguete é o formato mais popular e consumido em todo o mundo (entre 30% e 50% de participação no mercado, conforme a região), mas você pode substituí-lo por talharim, fettuccine, farfalle e até fusilli nessa receita.


O preparo é bem simples:

1) Rale o parmesão, misture o azeite e a pimenta-do-reino e reserve; 

2) Cozinhe a massa em água fervente “salata come il mare” pelo tempo indicado na embalagem;


3) Adicione 2 conchas da água do cozimento à tigela com o queijo ralado, o azeite e a pimenta até formar um creme; 


4) Despeje esse creme sobre a massa cozida, misture delicadamente e sirva imediatamente.


Bom apetite. 

sábado, 29 de novembro de 2025

CELULAR NOVO? VEJA COMO TRANSFERIR OS DADOS

FUJA DE QUEM DE TUDO SE QUEIXA.


Houve tempo em que as coisas eram feitas para durar, mas a tenência, hoje dia, é induzir as pessoas ao consumo repetitivo (assista ao curta metragem Obsolescência Programada). 


Para tanto, os fabricantes lançam novas versões de seus produtos em intervalos de tempo cada vez mais curtos, e seus marqueteiros passam ao público-alvo a ideia de que as novas funcionalidades (que em muitos casos não passam de inutilidades) justificam a substituição de algo em perfeitas condições de funcionamento por um modelo supostamente superior.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


O teatro farsesco — um tipo de comédia surgido na Idade Média, onde personagens caricaturais provocavam gargalhadas encenando enredos absurdos e grotescos — está ora em cartaz no Congresso. 

No Senado, Davi Alcolumbre rompeu com o líder do governo, Jaques Wagner, diante da indicação de Jorge Messias em de Rodrigo Pacheco para a vaga de Barroso no STF. Na Câmara, Hugo Motta se desentendeu com Lindbergh Farias após barrar a tentativa da oposição de recuperar a equiparação entre facções criminosas e terroristas no projeto de lei antifacção — aliás, eles já haviam se estranhado durante o motim bolsonarista, em agosto. Mas nem Alcolumbre nem Motta têm colhões para peitar Lula, que orientou o voto contra o texto de Guilherme Derrite, pupilo do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas.

Quem não quiser fazer papel de bobo deve reparar não em Messias ou na proposta antifacção, mas no pano de fundo, que está impregnado de vestígios da investigação da Polícia Federal nas arcas podres do banco Master e das digitais dos oligarcas do Centrão. E mais: cabe à mesa diretora da Câmara — presidida por Motta — o ato administrativo formalizando a cassação do deputado Alexandre Ramagem, condenado pelo STF a 16 anos de prisão e perda do mandato parlamentar.

Mostrando que aprendeu com os mestres Carla Zambelli — que desfila seu mandato de deputada brasileira numa prisão em Roma — e Eduardo Bolsonaro — que coleciona faltas como deputado fantasma autoexilado no Texas —, o ex-diretor-geral da Abin deu uma banana a todos e fugiu com a família para Miami. Questionado por jornalistas, Motta se limitou a dizer que “vai analisar”.

A leniência de Motta é a prova provada de que autoridade é a soma das decisões que o poderoso toma, e mediocridade, a soma das hesitações e decisões que ele não toma. 

No comando da Camarilha Federal, o deputado paraibano baby-face usa sua autoridade para quase tudo, mas quando se trata de remover o entulho que se acumula embaixo do tapete verde, essa autoridade vira mediocridade.


A vida útil do smartphone está atrelada às atualizações do sistema. O Google lança novas versões do Android anualmente, mas os fabricantes as implementam de acordo com políticas próprias. Assim, enquanto os modelos de entrada recebem uma única atualização e patches de segurança por dois anos, os modelos "premium" chegam a receber até 7 atualizações do Android e 7 anos de suporte de segurança.


A despeito de o aparelho funcionar normalmente após o período oficial de atualizações, mantê-lo em uso é arriscado, pois novas vulnerabilidades não serão corrigidas e alguns aplicativos (como o onipresente WhatsApp) podem deixar de funcionar. A boa notícia é que transferir dados do dispositivo velho para o novo é simples, sobretudo se o backup da conta do Google estiver atualizado: ao ser ligado pela primeira vez, o próprio sistema se propõe a restaurar uma variedade de informações, incluindo mensagens, aplicativos, fotos e configurações personalizadas — lembrando que ambos os aparelhos devem estar carregados e conectados à Internet através de uma rede Wi-Fi estável

 

Antes de qualquer outra coisa, acesse as configurações do Android no celular antigo, vá até Google, toque em Backup, certifique-se de que todos os itens relevantes — aplicativos, histórico de chamadas, contatos, configurações do dispositivo, SMS e fotos e vídeos — estejam incluídos no backup e toque em Fazer backup agora, Em seguida, ligue o aparelho novo e conecte-o à sua rede Wi-Fi. O Android oferecerá a opção de copiar dados com ou sem o uso de um cabo; se você escolher não usar um cabo, selecione Está sem o cabo? e siga as instruções para restaurar o backup da nuvem.

 

Se preferir o método manual, certifique-se de que seus contatos estejam salvos na conta Google (ao fazer login na mesma conta a partir do celular novo, eles serão sincronizados automaticamente). Caso utilize algum serviço de streaming, é só baixar o aplicativo no novo dispositivo e fazer login; para músicas salvas localmente, transfira os arquivos via cabo USB ou use serviços de nuvem como Google DriveUse o Google Fotos para transferir imagens e vídeos, o Google Drive para os demais arquivos, e Google Agenda para sincronizar automaticamente os eventos.

 

Antes de vender ou doar o celular antigo, acessar Configurações, tocar em Sobre o telefone e selecionar Restaurar > Restaurar dados de fábrica garante que seus dados pessoais não serão acessados por quem não deve ter acesso a eles.


Boa sorte.