A idéia original era emendar o feriadão e só voltar a editar o Blog na próxima segunda-feira, mas eu estava pensando na relação entre datas comemorativas e consumo, e não resisti:
Mesmo com o romantismo em baixa (pelo menos é o que se ouve dizer), não dá pra esquecer o Dia dos Namorados. Basta abrir um jornal ou revista – ou simplesmente sair na rua e reparar nos outdoors – para ser bombardeado com anúncios que pegam carona no apelo publicitário dessa data. Flores, bombons, roupas, bolsas, calçados, jóias, relógios, celulares... haja “promoções”. Só não sei como as construtoras e incorporadoras ainda não embarcaram nessa – imagine a entrega das chaves durante um jantar à luz de velas, com distribuição gratuita de cravos e rosas... Irresistível!
Pior ainda é a televisão: comerciais de lojas de departamentos contratam “ícones” como o Ratinho e companhia para “berrar” ofertas imperdíveis (tá tudo muito barato!). Isso sem mencionar aqueles que partem para o constrangimento, estendendo a efeméride a casais que já estão às portas das bodas de ouro (“casados, mas eternos namorados...”).
Nos shoppings, andar pelos corredores é um verdadeiro teste de paciência – achar um vendedor ou ir ao caixa para efetuar um pagamento, então, chega às raias do impossível. Haja consumo! E como se isso tudo não bastasse, restaurantes e motéis aumentam seus preços na mesma proporção com que reduzem a qualidade do serviço e a duração das diárias.
Daqui a pouco vem o Dia dos Pais; afinal, com tanta mãe solteira, separada ou divorciada criando a prole, elas são “mãe e pai”! Depois tem o Dia das Crianças - e se “sempre existe uma criança dentro de cada um de nós”, por que não presentear todo mundo?
Acho que também tem “Dia da Sogra”, “Dia da Avó” (se for avó, a sogra é mãe duas vezes!), da Secretária, da Amante, e por aí vai... Parece que vale tudo para pegar o consumidor “à unha”.
Para concluir, já que iniciei este post dizendo que o romantismo anda em baixa, segue uma piadinha sobre “cavalheirismo” (termo que o Michaelis define como sendo a ação ou qualidade própria de cavalheiro; brio, distinção, nobreza):
A mulher entra no ônibus, vê que todos os assentos estão ocupados e, como ninguém lhe oferece o lugar, dispara:
- Não existe mais cavalheirismo!
Lá do fundo, ouve-se um gaiato dizer:
- Cavalheirismo ainda existe, minha senhora. O que não existe é lugar!
Feliz Dia dos Namorados a todos!