Confesso que nunca fui muito chegado às tradicionais festividades de final de ano – a não ser quando era criança, por motivos óbvios.
Por outro lado, confesso também que antigamente eu sentia a presença do “Espírito do Natal” logo no início de Dezembro – timidamente a princípio, depois num crescendo, até que por volta do dia 20 o troço baixava firme e forte, como Orixá em terreiro de Candomblé (risos).
Não sei se fui eu que mudei, se o mundo mudou, ou se ambas as coisas aconteceram, mas é inegável que o Natal vem se tornando mais “comercial” a cada ano que passa. Aonde foi parar aquele clima festivo, aquele espírito de camaradagem que tomava conta das pessoas, independentemente de sua fé ou crença religiosa? Tempos atrás, os “votos de boas festas” pareciam mais sinceros: durante todo o mês de Dezembro, era comum ver as pessoas desejando um feliz Natal – e ao final, um feliz ano novo – ao caixa da padaria, ao balconista da farmácia, ao frentista do posto de gasolina, ao faxineiro do prédio e até aos desconhecidos que encontravam nos ônibus ou com quem simplesmente cruzavam pelas ruas.
Hoje em dia, embora chegue mais cedo – especialmente nos shopping centers, onde os comerciantes mal esperam o mês de outubro acabar para desembalar e pendurar seus ornamentos –, o Natal ficou impessoal, sem-graça. Ainda que muita gente arme suas árvores e pendure redes de lampadinhas pisca-pisca nas janelas das casas e varandas dos apartamentos – proporcionando um bonito espetáculo para observadores mais atentos e contemplativos –, o clima me parece artificial, e os votos carecem de calor humano.
Seja como for, vale lembrar que o Natal celebra a vinda de Jesus – que, curiosamente, era judeu – embora existam controvérsias em relação à sua verdadeira data de nascimento e à sua passagem pela Terra, já que, segundo algumas fontes, ele teria tido irmãos, irmãs, esposa e filhos, e morrido com bem mais de 33 anos, mas isso não vem ao caso para os efeitos desta postagem.
Já a origem das luzes está nas tradições pagãs. Quando o Papa Libério instituiu o Natal para comemorar o nascimento de Jesus, em 354 d.C., escolheu uma data no calendário próxima do que já era um objeto de cultura: o solstício de inverno no hemisfério norte, durante o qual os povos nórdicos acendiam grandes fogueiras para ajudar o Sol em sua luta contra as trevas. Com o tempo, as fogueiras foram substituídas por velas colocadas nos galhos dos pinheiros, daí a árvore de Natal iluminada dos nossos dias.
No Brasil, essa tradição teria chegado com os holandeses, durante o período em que ocuparam Recife e Olinda, no século XVII. Aliás, ambas essas cidades continuam até hoje premiando fachadas de casas, prédios e lojas por suas decorações natalinas.
Para concluir, desejo um Feliz Natal a todos que me honraram durante mais este ano com suas visitas e sempre bem-vindos comentários. Que vocês nunca deixem de sonhar, e que todos os seus sonhos se tornem realidade.
Até segunda, se Deus quiser.