Em sua última aparição pública, na manhã da última quinta-feira, Lula estava abatido. Cabelos desgrenhados, cabisbaixo, olhar vacilante, entristecido. Havia motivos mais que suficientes para justificar o comportamento distante. Afinal, a sucessora escolhida por ele para dar sequência ao projeto de poder petista estava sendo apeada do cargo. O fracasso dela era o fracasso dele, e isso certamente fragilizou o ex-presidente. Mas não só.
Há dois anos, Lula
vê sua biografia ser destruída capítulo a capítulo. Seu governo é considerado o
mais corrupto da história. Seus amigos mais próximos e antigos companheiros de
sindicado estão presos; seus filhos são investigados pela polícia; Dilma, sua invenção, perdeu o cargo, e
o PT, sua maior criação, corre o risco de deixar de existir. E para ele, Lula, o futuro, tudo indica, ainda reserva
o pior dos pesadelos. O outrora presidente mais popular da história corre o
risco real de também se tornar o primeiro presidente a ser preso por cometer
crimes.
A pregação petista sucumbiu às tentações, e a longa temporada do partido no poder afogou a esperança da ética num mar de corrupção. O “Pai dos Pobres e Mãe dos Ricos, o enviado pela Divina Providência para acabar com a fome, presentear a imensidão de desvalidos com três refeições por dia e multiplicar a fortuna dos milionários, o metalúrgico que aprendeu a falar com tanto brilho que basta abrir a boca para iluminar o mundo de Marilena Chauí, o filho de mãe nascida analfabeta que nem precisou estudar para ficar tão sabido que já falta parede para tanto diploma de doutor honoris causa, o Exterminador do Plural que inaugurou mais universidades que todos os antecessores juntos e misturados, o migrante pernambucano que se nomeou Redentor dos Miseráveis, o gênio da raça que proclamou a Segunda Independência ao reinventar a Petrobras e descobrir o pré-sal, o maior dos governantes desde Tomé de Souza” se aliou a antigos inimigos e elaborou um plano ambicioso de poder. Veio o mensalão. Veio Dilma. Veio o petrolão. E a era petista terminou melancolicamente. Lula agora trava uma batalha constrangedora para arrastada para a prisão pelas denúncias no âmbito da Lava-Jato.
A pregação petista sucumbiu às tentações, e a longa temporada do partido no poder afogou a esperança da ética num mar de corrupção. O “Pai dos Pobres e Mãe dos Ricos, o enviado pela Divina Providência para acabar com a fome, presentear a imensidão de desvalidos com três refeições por dia e multiplicar a fortuna dos milionários, o metalúrgico que aprendeu a falar com tanto brilho que basta abrir a boca para iluminar o mundo de Marilena Chauí, o filho de mãe nascida analfabeta que nem precisou estudar para ficar tão sabido que já falta parede para tanto diploma de doutor honoris causa, o Exterminador do Plural que inaugurou mais universidades que todos os antecessores juntos e misturados, o migrante pernambucano que se nomeou Redentor dos Miseráveis, o gênio da raça que proclamou a Segunda Independência ao reinventar a Petrobras e descobrir o pré-sal, o maior dos governantes desde Tomé de Souza” se aliou a antigos inimigos e elaborou um plano ambicioso de poder. Veio o mensalão. Veio Dilma. Veio o petrolão. E a era petista terminou melancolicamente. Lula agora trava uma batalha constrangedora para arrastada para a prisão pelas denúncias no âmbito da Lava-Jato.
VEJA teve acesso a documentos que embasam uma denúncia
oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente. São
mensagens eletrônicas, extratos bancários e telefônicos que mostram, segundo os
investigadores, a participação do petista numa ousada trama para subornar uma
testemunha e, com isso, tentar impedir o depoimento dela, que iria envolver a
ele, a presidente Dilma e outros “cumpanhêros”
no escândalo do Petrolão. Se comprovada a acusação, o ex-presidente terá
cometido crime de obstrução da Justiça, passível de pena de até oito anos de
prisão.
Além disso, Lula é acusado de integrar uma organização
criminosa. Há dois meses, para proteger o ex-presidente de um pedido de prisão
que estava nas mãos do juiz Sergio Moro,
responsável pela Operação Lava-Jato,
Dilma nomeou seu antecessor ministro
de Estado, com o propósito de lhe garantiu foro privilegiado. A nomeação foi
cassada pelo STF, e ainda que
coubesse recurso contra essa decisão, o afastamento da presidanta e a posse de
Temer resultaram na exoneração de todo o ministério, de modo que, de um jeito
ou de outro, a proteção acabou.
Há várias investigações sobre o ex-presidente. De tráfico de
influência a lavagem de dinheiro. Em todas elas, apesar das sólidas evidências,
os investigadores ainda estão em busca de provas. Como Al Capone, o mafioso que
sucumbiu à Justiça por um deslize no imposto de renda, Lula pode ser apanhado por um crime menor. Após analisar quebras de
sigilo bancário e telefônico e cruzar essas informações com dados de companhias
aéreas, além de depoimentos de delatores da Lava-Jato, o procurador-geral
concluiu que Lula exerceu papel de
mando numa quadrilha cujo objetivo principal era minar o avanço das
investigações do petrolão. Nas palavras de Janot:
"Ocupando papel central,
determinando e dirigindo a atividade criminosa praticada por Delcídio do Amaral, André Esteves, Edson Ribeiro, Diogo Rodrigues,
José Carlos Bumlai e Maurício Bumlai (...), Luiz Inácio Lula da Silva impediu e/ou embaraçou
a investigação que envolve organização criminosa".
Vamos continuar acompanhando para ver que bicho vai dar.