segunda-feira, 16 de maio de 2016

PGR NÃO TEM MAIS DÚVIDAS DE QUE LULA COMANDOU TRAMA CONTRA A LAVA-JATO. DEPOIMENTO DE DELCÍDIO E PROVAS COMO MENSAGENS ELETRÔNICAS E EXTRATOS TELEFÔNICOS REFORÇAM A CONVICÇÃO DE QUE O PETRALHA COORDENOU OPERAÇÃO PARA COMPRAR O SILÊNCIO DE UMA TESTEMUNHA QUE PODERIA COMPROMETÊ-LO


Em sua última aparição pública, na manhã da última quinta-feira, Lula estava abatido. Cabelos desgrenhados, cabisbaixo, olhar vacilante, entristecido. Havia motivos mais que suficientes para justificar o comportamento distante. Afinal, a sucessora escolhida por ele para dar sequência ao projeto de poder petista estava sendo apeada do cargo. O fracasso dela era o fracasso dele, e isso certamente fragilizou o ex-presidente. Mas não só.

Há dois anos, Lula vê sua biografia ser destruída capítulo a capítulo. Seu governo é considerado o mais corrupto da história. Seus amigos mais próximos e antigos companheiros de sindicado estão presos; seus filhos são investigados pela polícia; Dilma, sua invenção, perdeu o cargo, e o PT, sua maior criação, corre o risco de deixar de existir. E para ele, Lula, o futuro, tudo indica, ainda reserva o pior dos pesadelos. O outrora presidente mais popular da história corre o risco real de também se tornar o primeiro presidente a ser preso por cometer crimes.

A pregação petista sucumbiu às tentações, e a longa temporada do partido no poder afogou a esperança da ética num mar de corrupção. O “Pai dos Pobres e Mãe dos Ricos, o enviado pela Divina Providência para acabar com a fome, presentear a imensidão de desvalidos com três refeições por dia e multiplicar a fortuna dos milionários, o metalúrgico que aprendeu a falar com tanto brilho que basta abrir a boca para iluminar o mundo de Marilena Chauí, o filho de mãe nascida analfabeta que nem precisou estudar para ficar tão sabido que já falta parede para tanto diploma de doutor honoris causa, o Exterminador do Plural que inaugurou mais universidades que todos os antecessores juntos e misturados, o migrante pernambucano que se nomeou Redentor dos Miseráveis, o gênio da raça que proclamou a Segunda Independência ao reinventar a Petrobras e descobrir o pré-sal, o maior dos governantes desde Tomé de Souza” se aliou a antigos inimigos e elaborou um plano ambicioso de poder. Veio o mensalão. Veio Dilma. Veio o petrolão. E a era petista terminou melancolicamente. Lula agora trava uma batalha constrangedora para arrastada para a prisão pelas denúncias no âmbito da Lava-Jato.

VEJA teve acesso a documentos que embasam uma denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente. São mensagens eletrônicas, extratos bancários e telefônicos que mostram, segundo os investigadores, a participação do petista numa ousada trama para subornar uma testemunha e, com isso, tentar impedir o depoimento dela, que iria envolver a ele, a presidente Dilma e outros “cumpanhêros” no escândalo do Petrolão. Se comprovada a acusação, o ex-presidente terá cometido crime de obstrução da Justiça, passível de pena de até oito anos de prisão.

Além disso, Lula é acusado de integrar uma organização criminosa. Há dois meses, para proteger o ex-presidente de um pedido de prisão que estava nas mãos do juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato, Dilma nomeou seu antecessor ministro de Estado, com o propósito de lhe garantiu foro privilegiado. A nomeação foi cassada pelo STF, e ainda que coubesse recurso contra essa decisão, o afastamento da presidanta e a posse de Temer resultaram na exoneração de todo o ministério, de modo que, de um jeito ou de outro, a proteção acabou.

Há várias investigações sobre o ex-presidente. De tráfico de influência a lavagem de dinheiro. Em todas elas, apesar das sólidas evidências, os investigadores ainda estão em busca de provas. Como Al Capone, o mafioso que sucumbiu à Justiça por um deslize no imposto de renda, Lula pode ser apanhado por um crime menor. Após analisar quebras de sigilo bancário e telefônico e cruzar essas informações com dados de companhias aéreas, além de depoimentos de delatores da Lava-Jato, o procurador-geral concluiu que Lula exerceu papel de mando numa quadrilha cujo objetivo principal era minar o avanço das investigações do petrolão. Nas palavras de Janot: "Ocupando papel central, determinando e dirigindo a atividade criminosa praticada por Delcídio do Amaral, André Esteves, Edson Ribeiro, Diogo Rodrigues, José Carlos Bumlai e Maurício Bumlai (...), Luiz Inácio Lula da Silva impediu e/ou embaraçou a investigação que envolve organização criminosa".

Vamos continuar acompanhando para ver que bicho vai dar.