O MEDO É O CAMINHO PARA O LADO SOMBRIO.
Você já
parou para pensar por que as coisas que perdemos estão sempre no último lugar
em que procuramos? Ou por que o pão
cai sempre com o lado da manteiga para baixo? Ou ainda por que aquela sua
estimada taça de cristal se
espatifou em mil pedaços, a passo que a repulsiva caneca plástica do Corinthians
(ou do Palmeiras, dependendo do time
para o qual você torce) que você atirou no seu cunhado durante o último jogo
continuou inteirinha?
Bem, a
primeira é fácil: porque deixamos de
procurar o objeto perdido a partir do momento em que o encontramos, pouco
importa se isso se dá na primeira ou na décima tentativa.
No que diz
respeito ao pão, muita gente ache
que é mito, que só reparamos nisso quando o lado da manteiga cai virado para o
chão; quando não, a coisa passa despercebida, já que catamos a fatia e comemos,
como se nada tivesse acontecido. Todavia, cientistas ingleses derrubaram cem torradas de uma mesa com 76 cm de altura e constataram que, em 81% dos casos, valeu a “Lei de Murphy”. A conclusão foi que a
face besuntada com manteiga (ou geleia, ou requeijão, ou seja lá o que for) tem
sua textura alterada, o que interfere na rotação durante uma eventual queda.
Além disso, para a fatia poder girar 360 graus e, assim, cair com o lado
besuntado virado para cima, a mesa teria de ser bem mais alta do que as
convencionais (2,4 m em relação ao chão).
Já a
história do vidro é ainda mais
complexa: diferentemente dos outros sólidos ― como o plástico, para nos atermos
ao nosso exemplo ―, as ligações do vidro são desordenadas, como se na verdade
ele fosse um líquido. Aliás, por
mais estranho que pareça, o fato de o vidro ser um material amorfo ainda causa discussão entre os cientistas, pois
alguns os consideram um líquido de
altíssima viscosidade e outros, um
sólido sem estrutura cristalina.
Enfim, ao cair ou sofrer um impacto com energia maior do que a força das ligações que mantêm suas moléculas unidas, o vidro se parte ― ou estilhaça, na maioria dos casos. No entanto, as partes do material em que as ligações são mais resistentes podem resultar em cacos grandes, com bordas e pontas afiadas.
Para prevenir
consequências piores do que o simples dano material, portas giratórias e boxes de
banheiros são feitas de vidro temperado. Nesse caso, o material ainda mole
é submetido jato de ar frio, para que sua superfície endureça mais rapidamente
que seu interior. Isso cria uma tensão interna no objeto que, em caso de
quebra, se parte em fragmentos minúsculos, evitando a formação de pontas.
Já o vidro
usado nas telas de celulares é
resfriado lentamente, de modo a evitar tensões internas entre as moléculas.
Isso resulta em lâminas finas, leves e com a condutividade necessária para se
tornarem sensíveis ao toque (função touch screen).
Os vidros blindados, por seu turno, são
“sanduíches” formados a partir de diversas lâminas de vidro
temperado, unidas
por uma resina transparente, o que lhes permite absorver o impacto de alguns
projéteis e também garantem que eles não se estilhacem.
Por último,
mas não menos importante, a fibra óptica
― amplamente utilizadas nos cabos de transmissão de dados ― nada mais é do que
vidro aquecido até o estado viscoso (o vidro não derrete totalmente nem entra
em combustão) e espichado até adquirir a espessura de um fio de cabelo, o que é
possível graças à sua grande resistência à tração. Quando esfria, o material
pode ser dobrado sem quebrar.
Valeu,
pessoal. Até a próxima.