Sobre as críticas envolvendo a interceptação telefônica supostamente
obtida de forma "ilegal" e usada de maneira "parcial",
disse o magistrado em seu despacho: “Rigorosamente,
a interceptação revelou uma série de diálogos do ex-presidente nos quais há
indicação, em cognição sumária, de sua intenção de obstruir as investigações,
como no exemplo citado, o que por si só poderia justificar, por ocasião da
busca e apreensão, a prisão temporária dele, tendo sido optado, porém, pela
medida menos gravosa da condução coercitiva”.
No documento de 15 páginas protocolado na semana passada, Moro afirmou ainda que não abrirá mão
do caso e que "falta seriedade" à argumentação dos advogados do
ex-presidente: “Não há nenhum fato
objetivo que justifique a presente exceção, tratando-se apenas de veículo
impróprio para a irresignação da defesa do excipiente (Lula) contra as decisões
do presente julgador e, em alguns tópicos, é até mesmo bem menos do que isso”.
Lula, convém não
esquecer, responde a processos em três capitais, sem falar que dois de seus
filhos ― o primogênito Fábio Luiz,
conhecido como Lulinha, e o caçula Luiz Cláudio ― também são investigados
na Operação Lava-Jato. Em Curitiba, duas investigações apuram
suspeitas de corrupção, organização criminosa e ocultação de patrimônio
envolvendo a compra do famoso sítio
Santa Bárbara, em Atibaia
(interior de São Paulo), e do não menos notório tríplex 164/A do Edifício
Solaris, numa das regiões mais nobres do Guarujá (litoral paulista). Em São
Paulo, o Ministério Público pediu a prisão preventiva do petralha sob a
acusação de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Em Brasília, além de duas investigações por crime de obstrução da Justiça ― nas quais ele é
acusado de encabeçar a trama que tentou comprar o silêncio do ex-diretor da
Petrobras Nestor Cerveró e de urdir
sua nomeação para a Casa Civil para obter o direito a foro privilegiado e
escapar das sentenças do juiz Sergio
Moro ―, o capo di tutti i capi é
investigado também por suspeita de tráfico de influência internacional em favor
da Odebrecht em países onde a
empreiteira desenvolve projetos financiados pelo BNDES.
Embora Lula negue
de pés juntos todas as acusações, é cada vez menor o número de apoiadores,
correligionários e aliados fiéis que engolem suas bazófias. Basta lembrar a
retumbante derrota de Dilma na
votação do impeachment na Câmara ― que o aldrabão petralha se empenhou pessoalmente
em evitar ― e, mais adiante, do fiasco que amargou ao tentar aliciar senadores
para reverter o processo no Senado.
Mesmo sendo dono de uma invejável fortuna (mais de 30 milhões de reais), o flibusteiro que
se diz a alma viva mais honesta do
Brasil está cada vez mais só e encrencado. Todavia, devido ao ego de
proporções astronômicas e a uma incontrolável tendência para o proselitismo,
ele insiste na retórica patética, recheada de palavras vazias, clichês e
tolices, plena de autolouvação, piadas grosseiras, delírios narcisistas e
frases piegas, que comoveria apenas pré-adolescentes ou amigos encharcados de
boa vontade.
Parafraseando a jornalista Sonia Zaghetto, Lula acredita piamente na imagem que ele e seus aduladores criaram, e acha
uma inadmissível falta de respeito ser investigado ou conduzido a depor. Logo
ele, tão grandioso, dotado de tal inteligência que chega a mencionar com
desprezo os que dedicam longos anos ao estudo. É uma pena não haver entre os
seus quem o alerte para os excessos intoxicantes da vaidade que cega. É uma
pena ele amar apenas a si mesmo e não ao país, transformando uma parte
significativa da população em inimigos sobre quem açula seus cães. É uma pena
que ninguém lhe diga, francamente, que o rei está nu, que sua habilidade de
comunicação só funciona para os que se renderam à nova forma de fanatismo
criada por seu partido e para a parcela da população cuja ausência de educação
é louvada como vantagem e não como vergonha. Despido de riquezas morais, o
ex-presidente parlapatão passará à história como fanfarrão histriônico; orfão
de qualidades éticas, não consegue reconhecer que ultrapassou todos os limites;
desabituado à reflexão, não vê além dos limites de suas necessidades básicas; embriagado
pela bajulação, não consegue ver nas críticas de milhões de brasileiros a
advertência severa para seus excessos.
Abraços e até a próxima.