Observação: Deixo claro que não tenho especial simpatia por Temer nem acho sua gestão interina a sétima maravilha do mundo, mas volto a insistir que, no momento, ele é a única opção para quem quer torce pelo fim da crise e quer ver o Brasil voltar a crescer.
Isso posto, transcrevo abaixo um dos textos que postei hoje lá na comunidade. Confiram:
Dilma começou às 9h53 desta manhã a leitura de sua defesa, e como era esperado, nos 45 minutos que gastou em sua lengalenga, negou reiteradas vezes que tenha cometido crime de responsabilidade, comparou-se a Getúlio e João Goulart, mencionou sua prisão e tortura durante a ditadura e, de quebra, lembrou seu câncer ― nem seria preciso lembrar que nada disso está em discussão no processo de impeachment, mas enfim... ―, posou de vítima injustiçada, fez ameaças infundadas de que os trabalhadores terão perdas de direitos no mandato “ultraconservador” do eventual novo presidente, apelou ao preconceito de gênero para explicar os motivos pelo qual está sendo julgada e usou nada menos que 9 vezes a palavra “golpe”.
Do lado de fora do Congresso, havia uns poucos manifestantes e defensores da petralha. No plenário, ex-ministros de seu governo, Rui Falcão, Lula e Chico Buarque chegaram a aplaudir o discurso, mas foram devidamente lembrados pelo ministro Ricardo Lewandowski de que não poderiam se manifestar.
Finda a ladainha e até o momento em que a sessão foi suspensa para almoço, às 13h00, Dilma respondeu a perguntas de alguns senadores ― ou melhor, teceu ilações e fez rodeios sobre diversas questões que já havia abordado em seu discurso e vinha repetindo incessantemente há semanas, mas escusou-se de dar respostas claras e concisas ao que lhe foi perguntado. Em suma, a manhã de hoje não trouxe qualquer novidade digna de nota, servindo apenas para delongar ainda mais a agonia da ré e testar a paciência do povo brasileiro, que aguarda ansiosamente o resultado final do processo.
Vamos continuar acompanhado.
Atualização: Corroborando as ponderações que eu expedi linhas atrás, o senador tucano Aécio Neves entende que o discurso político lido pela afastada não responde às acusações de forma objetiva e não deve mudar em nada o resultado do julgamento.
Já o também senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, sétimo parlamentar a fazer perguntas, disse que Dilma cometeu crimes de responsabilidade “de caso pensado”, questionou o reiterado uso da palavra “golpe” e afirmou que, assim como nas chamadas pedaladas fiscais, quando “falseou as contas públicas”, ela agora “falseia a história”.
Aloysio questionou ainda como Dilma classifica o impeachment como golpe, já que ele tem aval do Supremo, e indagou a razão de ela ter apelado a organizações internacionais, já que é o STF que concede a última instância de respeito à Constituição brasileira. “É um roteiro preestabelecido pela defesa. Ela ignora os argumentos apresentados, não responde aos questionamentos sobre os decretos, as pedaladas. Ela está simplesmente enumerando teses para abastecer o PT na oposição". E concluiu: “O processo vai criar um precedente e evitará que os próximos presidentes voltem a cometer crimes de responsabilidade”.
Vale lembrar que cada senador dispõe de 5 minutos para questionar a ré, que não tem limite de tempo para responder, podendo mesmo ficar calada. Pelo jeito, acho que Dilma ganharia mais se o fizesse.