TODO DESEJO É VIL.
Os telefones
celulares desembarcaram no Brasil lá pelo final do século XX. Os primeiros
modelos eram tijolões caríssimos, pesados e volumosos, que serviam mais como
símbolo de status do que para fazer e receber chamadas, pois o serviço era
provido pelas estatais integrantes do famigerado Sistema Telebrás ― privatizado em 1998, durante o governo FHC ―, responsável também
telefonia fixa, que obrigava o interessado em obter uma linha a adquirir um
“plano de expansão” (leia-se ações da estatal que atendia sua região) e esperar
anos a fio pela instalação da dita-cuja.
Observação:
Na cidade marajoara de Cachoeira do Arari (PA), dez munícipes que
aderiram ao plano de expansão da TELEPARÁ amargaram uma espera de 15
anos até que as linhas fossem instaladas. Alguns nem chegaram a utilizar o
serviço, pois faleceram antes que ele fosse disponibilizado. E o pior é que ainda tem quem sobe nas tamancas quando ouve falar em
privatização!
De uns anos
a esta parte, os celulares “tradicionais” cederam espaço aos “smartphones” (ou “telefones
inteligentes”, numa tradução livre). Pequenos e leves o bastante para caber no
bolso da calça e mais poderosos que os computadores de mesa do final dos anos 90,
eles são capazes de acessar a Internet praticamente de qualquer lugar (via 3G/4G) e, mediante uma vasta gama de
apps, substituir o notebook e o tablet em diversas situações (nem todas, é
claro, mas isso já é outra história).
Como não
poderia deixar de ser, toda essa versatilidade impulsionou a popularização
desses gadgets a tal ponto que o número de linhas móveis, no Brasil, já bate longe
o de terminais fixos, e há mais aparelhos celulares do que habitantes: em maio
passado, a ANATEL contabilizou nada
menos que 255,2 milhões de usuários,
a maioria dos quais ― 178,8 milhões ― de planos pré-pagos).
Por outro
lado, o vício em smartphones se
tornou algo real. Cada vez mais usuários não desgrudam os olhos da tela de seus
smartphones, mesmo quando estão no trabalho, na escola, no supermercado, e até
mesmo durante almoços ou jantares com a família ou amigos, tanto em casa quanto
em restaurantes. E a despeito do perigo, muita gente não resiste à tentação de
trocar mensagens pelo WhatsApp no
trânsito, enquanto dirigem seus veículos!
Se é esse for o seu caso, convém pisar no freio o quanto antes. Não que você deva abandonar o
aparelhinho e voltar a viver na idade da pedra lacada; basta se balizar
pelo bom senso. Por exemplo, evite levar o smartphone para a cama ― quando por
mais não seja, porque, segundo os especialistas, a luz da tela interfere no
comportamento dos hormônios que regulam o sono.
Se você
depende do alarme para acordar de manhã, arrume um despertador “de verdade”. E
se a primeira coisa que faz ao despertar é checar seus emails e mensagens de WhatsApp, resista a essa tentação.
Corte a barba, tome seu banho, vista-se e só então confira as novidades ―
quando estiver esperando a água do café ferver, por exemplo.
Na hora do
almoço, bata um papo descontraído com seus colegas de trabalho. Ignore o aviso
de novas mensagens pelo menos até terminar a refeição (a menos que haja alguma
pendência urgente, é claro). Em casa, procure conversar com os familiares por
pelo menos uma hora sem ficar olhando o tempo todo para a tela do aparelho ―
seu puder, desative os alertas sonoros e demais notificações; no começo é
difícil, mas você logo se habitua.
Elimine
todos os apps supérfluos. Além de ganhar espaço na memória e melhorar o
despenho do telefone, você se tornará mais eficiente, tanto no trabalho quanto
na execução de outra tarefa qualquer, se não ficar checando emails, postagens no Face, Twitter, Instagram, Linkedlm, etc.
Boa sorte.