sábado, 17 de setembro de 2016

LULA LÁ (EM CANA)

Demorou, mas acabou acontecendo: Lula foi denunciado na Lava-Jato, juntamente com sua digníssima esposa, o assecla Paulo Okamoto e o amigão e benfeitor Leo Pinheiro, além de outros executivos da OAS que participaram da maracutaia do tríplex no Guarujá ― que o petralha insiste em dizer que não é dele (à semelhança do que afirma em relação ao sítio Santa Bárbara, também reformado pela OAS para o desfrute do clã dos Lula da Silva ― que frequentou assiduamente a bucólica chácara entre 2012 e o começo deste ano (uma vez a cada 15 dias, em média).

Na coletiva de imprensa realizada ontem, o procurador federal Deltan Martinazzo Dallagnol, coordenador da Lava-Jato, disse que a força-tarefa “chegou ao topo da hierarquia desse esquema criminoso” e apontou o ex-presidente como “grande general do Petrolão” ― para o gáudio dos brasileiros “pensantes”, que há muito haviam chegado a essa conclusão, mas ansiavam por ouvi-la da boca das autoridades encarregadas das investigações. Resta agora ver o que fará o juiz Sergio Moro; se ele aceitar a denúncia, é possível que Lula venha a ser preso já nos próximos dias.

Mesmo desmascarado pelos procuradores, o petralha continua se fazendo de vítima e negando os atos espúrios que lhe são imputados, chegando mesmo à insanidade de se comparar a Juscelino Kubistchek ― o que não chega a surpreender, considerando que Dilma se comparou mais de uma vez a Getúlio Vargas. Deve ser coisa de petista.

As denúncias da Lava-Jato foram enfaticamente repudiadas pela seleta confraria de integrantes e apoiadores do PT, bem como por seus incorrigíveis militantes, que se valem de falácias abiloladas para tentar amoldar os fatos a suas espúrias versões.

Observação: O apartamento de Lula no Guarujá foi comprado e decorado com dinheiro roubado da Petrobras. Foi o que disse Léo Pinheiro à PGR, confessando que a OAS abateu o valor do imóvel da propina devida ao PT. E por que ele fez isso? Porque Lula era o comandante máximo do esquema criminoso ― o presidente que nomeou os diretores da Petrobras responsáveis por assinar os contratos fraudulentos com a empreiteira. Para pegar Lula, a Lava-Jato tinha de revelar o esquema completo, que aos poucos vai sendo revelado.

Ao Brasil 247 (veículo golpista que atuou como porta-voz do petismo durante os governos Lula e Dilma), o ex-senador e ex-ministro Aloizio Mercadante ― que está envolvido em tentativas de obstrução da justiça por tentar silenciar o ex-senador Delcídio Amaral a mando de Dilma (aliás, o próprio Delcídio acusou Mercadante de tê-lo ameaçado para que não revelasse o papel da ex-presidanta no plano de fuga de Nestor Cerveró) ― afirmou que as denúncias são infundadas, e que o propósito da Lava-Jato é inviabilizar a candidatura do molusco à presidência. Cada um vê as coisas como quer, naturalmente, mas isso é patético.

A senadora Gleisi Hoffmann ― outra petralha e defensora ferrenha de imprestáveis da mesma laia ― repetiu ontem, em pronunciamento inflamado, as mesmas aleivosias que vociferou durante a votação do impeachment de Dilma, embora devesse mais é se preocupar com o próprio rabo, pois a denúncia de que sua campanha em 2010 teria sido abastecida com R$ 1 milhão provenientes de propinas do esquema do petrolão será julgada na próxima terça-feira (na mesma ação, são acusados de corrupção e lavagem de dinheiro o maridão Paulo Bernardo, ministro do Planejamento no governo de Lula e das Comunicações no de Dilma, além do empresário Ernesto Kugler Rodrigues). A segunda turma do STF deverá analisar a denúncia da PGR e, se aceitá-la, os indiciados passarão a réus ― aliás, Bernardo já é réu numa ação penal em curso na 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, por suposto envolvimento no desvio de R$102 milhões em contratos de empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento em sua gestão, e chegou a ser preso pela PF, mas acabou solto por obra e graça do pelo prestativo ministro Dias Toffoli, que... bom, deixa pra lá.

Ao que parece, a estratégia dos defensores de Lula será tentar vender a ideia de que está em curso um “golpe continuado”, visando impedir seu amado líder de voltar à Presidência em 2018 ― considerando os resultados que eles obtiveram ao tentar taxar de golpe o impeachment de Dilma, isso não deve passar de um patético “fracasso continuado”. Esses inconformados insistem na tese de “acusações sem provas”, como fizeram insistentemente quando das condenações de ícones petistas como Dirceu, Genoíno, Delúbio, Vaccari e companhia, no julgamento do mensalão.

Observação: Quando Marcelo Odebrecht foi preso, seus esbirros na imprensa espernearam dizendo que não havia provas contra ele, que a Lava-Jato quebraria a cara e que os procuradores atentavam contra o estado democrático de direito. E o que aconteceu? O empreiteiro continua atrás das grades, e a Odebrecht fechou dias atrás um acordo de delação com os procuradores.

Como bem lembrou o blog O Antagonista, a defesa de Lula repetiu os mesmos argumentos dos beleguins do “Príncipe das Empreiteiras”, afirmando que o MPF elegeu Lula como maestro de uma organização criminosa, mas esqueceu do principal, a apresentação de provas dos crimes imputados. Mas isso não passa de uma falácia lulocêntrica que chega a insultar a inteligência do povo brasileiro, quando todas as provas forem apresentadas ao juiz Sérgio Moro, o PT e os advogados do “chefe” terão de inventar novas mentiras.

Segundo a militância petralha, seu amado líder está convencido de que o objetivo da Lava-Jato é desconstruir sua imagem (como se ele próprio já não tivesse feito isso), acabar com o PT e barrar uma eventual candidatura de Lula à presidência, tornando-o ficha suja. Na verdade, o rei da Petelândia ― que pode ser mau-caráter, mas de burro não tem nada ― está convencido de que a Lava-Jato vai provar que ele recebeu propina da OAS e da Odebrecht, e que não há a menor chance de ele obter uma vitória jurídica. Só seus asseclas na imprensa parecem pensar o contrário.

Na visão de Rodrigo Constantino, a presença de Lula na cerimônia de posse da ministra Cármen Lúcia ― que aconteceu no mesmo dia em que o petralha depôs num dos inquéritos em que é investigado em Brasília ― foi uma nódoa que emporcalhou a solenidade e passou a impressão de o STF ser um puxadinho petista. Quando nada, o decano Celso de Mello, fez um importante contraponto em seu discurso, ao mencionar poderosos corruptos e populistas, que se julgam acima das leis, que devem ser válidas para todos, inclusive presidentes (vale a pena assistir ao vídeo).

Falando na Lava-Jato, o juiz Moro condenou a nove anos e 10 meses de prisão o pecuarista José Carlos Bumlai. Dente outras estripulias, o ex-consiglieri da Famiglia Lula da Silva tomou um empréstimo de R$12 milhões junto ao Banco Schahin e repassou o dinheiro ao PT, que o usou para calar a boca de gente que ameaçava contar detalhes sórdidos sobre um suposto envolvimento de Lula nas mortes misteriosas dos prefeitos Celso Daniel, de Santo André, e Toninho do PT, de Campinas. O empréstimo não foi pago, mas quitado de maneira fraudulenta mediante um contrato celebrado entre o Grupo Schahin e a Petrobras para operação do navio-sonda Vitória 10000.
Além de Bumlai, foram condenadas no processo o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto (olha ele aí de novo), os banqueiros Fernando Schahin, Milton Schahin e Salim Schahin, o lobista Fernando Baiano, o ex-executivo da Petrobras e da Sete Brasil Eduardo Costa Vaz Musa e o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Com exceção de Vaccari, todos assinaram acordos de delação premiada com o MPF.

A denúncia de que Lula seria o chefe do petrolão mereceu destaque na mídia internacional. Embora as versões e opiniões variem, todos os jornais e portais de notícia concordam que isso vai atrapalhar ― e muito ― o sonho do petralha em voltar à presidência da República em 2018. Assim disseram o New York Times, o britânico Guardian ― segundo o qual essa é a primeira denúncia de muitas que Lula irá enfrentar nos próximos meses, e que representa o começo do fim para as aspirações Presidenciais do dito-cujo ― o espanhol El Pais e o francês Le Monde.

Para concluir, segue o resumo de um texto que o jornalista Augusto Nunes publicou ontem à noite em sua coluna:

Na tarde de 1º de janeiro de 2003, o país parou para acompanhar o primeiro discurso do metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva como presidente da República. Lula falou durante 44 minutos e, num dos trechos, a voz embargada foi sublinhada pelo timbre professoral: “O combate à corrupção e a defesa da ética no trato da coisa pública serão objetivos centrais e permanentes do meu governo. É preciso enfrentar com determinação e derrotar a verdadeira cultura da impunidade que prevalece em certos setores da vida pública”
Treze anos, 8 meses e 14 dias depois, Lula foi formalmente indiciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Apesar da queda de Dilma, todas as pesquisas recentes ainda o apontavam como um candidato à Presidência bastante competitivo, mas agora o adversário é outro: a Justiça. Caso o juiz Moro aceite a denúncia, o homem que nunca escondeu o desejo de terminar a vida como o maior presidente da história brasileira poderá encerrar seus dias atrás das grades. 
É possível que o PT e seus satélites tentem blindar sua biografia, e que surjam camisetas e bandeiras em passeatas ligando sua figura à ladainha do golpe das elites. Ninguém se espantará caso essa banda saia às ruas quando Lula já tiver cruzado a fronteira rumo à Venezuela, a Cuba ou algum país africano onde tenha atuado como lobista das empreiteiras do petrolão. 
No centro do diagrama apresentado pelo procurador Deltan Dallagnol (que ilustra esta postagem), aparece o nome daquele que se proclama a alma mais honesta deste país. Aos fiéis mais teimosos, basta uma resposta: quer que eu desenhe?