A DÚVIDA É
AUTORA DAS INSÔNIAS MAIS CRUÉIS.
Segundo foi
publicado no site de tecnologia TECMUNDO, devido a uma
vulnerabilidade no portal ConnectedDrive, basta
dispor de um browser e uma conexão com a Internet para acessar remotamente as
configurações de alguns modelos da festejada montadora alemã BMW.
Benjamin Kunz Mejri, pesquisador de
segurança do Vulnerability Lab, encontrou
duas falhas sérias no portal, uma das quais permite que pessoas não autorizadas
acessem o Número de Identificação do Veículo (VIN, na sigla em inglês), o que cria a possibilidade de o carro
associado ao número de chassi específico ser travado ou destravado, além de dar
acesso à conta de email do dono e outras informações do sistema de
entretenimento do veículo.
Já a outra falha possibilita ao cracker acessar a
programação do portal e implantar algum tipo de software malicioso. Para entrar,
basta explorar um bug de script na parte de redefinição de senha. Os dois
documentos com todos os detalhes técnicos (em inglês) e logs podem ser
conferidos aqui
e aqui.
Ainda segundo o Tecmundo, a empresa
não se pronunciou a respeito, mas há indícios de que ela esteja trabalhando na
solução dos problemas. Enquanto isso, parece que o jeito é andar de bicicleta e fugir dos ladrões.
Falando em ladrões, em mais um artigo memorável, o jornalista Augusto Nunes relembra texto que publicou há seis meses em sua coluna, com o título SEIS GRAVAÇÕES ESCANCARAM A CONSPIRAÇÃO FORJADA PELO PT PARA IMPEDIR QUE FOSSE ESCLARECIDO O ASSASSINATO DE CELSO DANIEL.
No começo de abril, uma reportagem de capa de VEJA expôs o estreito
parentesco que vincula o Petrolão, o Mensalão, o assassinato de Celso Daniel
e a conspiração forjada para impedir o esclarecimento da execução do prefeito
de Santo André. Os quatro escândalos pertencem à mesma linhagem
político-policial. Foram praticados pelo mesmo clã. Somados, demonstram que a
transformação do PT em organização fora da lei, decidida a submeter a
máquina federal aos seus desígnios e eternizar-se no poder, começou a
definir-se em janeiro de 2002, e o acervo de provas e tamanho que milhões de
brasileiros ignoram, ou mantêm adormecidas em remotas gavetas da memória,
sórdidas preciosidades descobertas no início do século, uma das quais é o lote
de áudios que registram conversas de altíssimo teor explosivo gravadas por investigadores
da PF ― grampo que o jornalista classifica de avô do que mostra as safadezas
tramadas por Lula e seus devotos, divulgado no início do ano pelo juiz Sérgio
Moro.
Se fosse só
prefeito, Daniel já teria brilho suficiente para figurar na constelação
das estrelas nacionais do PT. Uma das maiores cidades do país, Santo
André é a primeira letra do ABC, berço político de Lula e do
partido. Mas em janeiro de 2002 ele já cruzara as fronteiras da administração
municipal para coordenar a montagem do programa de governo de Lula,
novamente candidato à Presidência. Quando foi sequestrado numa esquina de São
Paulo, Celso Daniel ocupava o mesmo cargo que transformaria Antônio
Palocci em ministro da Fazenda.
Foi um crime
político, berraram em coro os Altos Companheiros assim que o corpo foi
encontrado numa estrada de terra perto da capital. A comissão de frente
escalada pelo PT para o cortejo fúnebre, liderada por Dirceu, Mercadante e Greenhalgh, caprichou no
visual. O olhar colérico, o figurino de quem não tivera tempo nem cabeça para
combinar o paletó com a gravata, o choro dos órfãos de pai e mãe, os cabelos
cuidadosamente desalinhados ― os sinais de sofrimento se acotovelavam da cabeça
aos sapatos.
Até então, a única
versão na praça se amparava no que tinha contado o empresário Sérgio Gomes
da Silva, vulgo “Sombra”, ex-assessor de Celso Daniel.
Segundo o relato, os dois voltavam do jantar num restaurante em São Paulo
quando o carro blindado foi interceptado numa esquina por bandidos que,
estranhamente, levaram só o prefeito e nem tocaram na testemunha. O depoimento
de Sombra pareceu tão verossímil quanto uma nevasca no Nordeste, mas a
comissão de frente monitorada por Lula não tinha tempo a perder com
possíveis contradições no samba-enredo.
Embora mal-ajambrada,
a letra não destoava do refrão que, naquele momento, interessava ao PT: o
assassinato fora cometido por motivos políticos. Dirceu e Mercadante
lembraram que panfletos atribuídos a uma misteriosa organização ultradireitista
haviam prometido a execução de dirigentes do partido. Toninho do PT,
prefeito de Campinas, fora abatido a tiros em setembro de 2001. Daniel
era a segunda vítima. Grávido de ira com a reprise da tragédia, Greenhalgh
acusou FHC de ter ignorado os apelos para que adotasse meia dúzia de
medidas preventivas.
Em pouco tempo, a
polícia paulista deu o caso por encerrado. Paradoxalmente, o PT endossou
sem ressalvas a tese do crime comum. A família do morto discordou do desfecho
conveniente, o Ministério Público achou a conclusão apressada e seguiu
investigando a história muito mal contada, e logo emergiram evidências de que o
crime tivera motivações políticas, sim. Só que os bandidos eram ligados ao
PT.
Ainda no início do
último mandato de Daniel, empresários da área de transportes e pelo
menos um secretário municipal haviam concebido, com a concordância do prefeito,
o embrião do que o Brasil contemplaria, em escala extraordinariamente ampliada,
com a descoberta do Mensalão. Praticando extorsões ou desviando dinheiro
público, a quadrilha infiltrada na administração de Santo André supria
campanhas do PT. Em 2001, ao constatar que os quadrilheiros estavam
embolsando boa parte do dinheiro, Daniel avisou que denunciaria a
irregularidade ao comando do partido. Foi para tratar desse assunto que Sombra,
um dos pecadores, convidou o prefeito para um jantar em São Paulo.
Entre o fim de
janeiro e meados de março de 2002, investigadores da PF encarregados de
esclarecer o assassinato gravaram muitas horas de conversas telefônicas entre
cinco protagonistas da história de horror: Sérgio Gomes da Silva, o Sombra,
Ivone Santana, namorada da vítima (que já se havia separado de Miriam
Belchior), Klinger Luiz de Oliveira, secretário de Serviços Municipais, Gilberto
Carvalho, secretário de Governo de Santo André, e Luiz Eduardo
Greenhalgh, advogado do PT para causas especialmente cabeludas. As
42 fitas resultantes da escuta foram encaminhadas ao juiz João Carlos da
Rocha Mattos.
Em março de 2003,
pouco depois do início do primeiro mandato de Lula, o magistrado alegou
que as gravações haviam sido feitas sem autorização judicial e ordenou que
fossem destruídas. A queima de arquivo malogrou: incontáveis cópias dos áudios
garantiram a eternidade dos registros telefônicos. Em outubro de 2005, quando
cumpria pena de prisão por venda de sentenças, Rocha Mattos revelou a VEJA
que os diálogos mais comprometedores envolviam Gilberto Carvalho,
secretário-particular de Lula de janeiro de 2003 a dezembro de 2010 e
chefe da Secretaria Geral da Presidência no primeiro mandato de Dilma. “Ele comandava
todas as conversas”, disse o juiz de araque. “Dava orientações de como
as pessoas deviam proceder e mostrava preocupação com as buscas da polícia no
apartamento de Celso Daniel”. Em abril de 2011, já em liberdade, o magistrado
reiterou a acusação. “A apuração do caso do Celso começou no fim do governo
FHC”, afirmou. “A pedido do PT, a PF entrou no caso. Mas, quando o Lula
assumiu, a PF virou, obviamente. Daí ela, a PF, adulterou as fitas, eu não sei
quem fez isso lá. A PF apagou as fitas, tem trechos com conversas não
transcritas. O que eles fizeram foi abafar o caso, porque era muito
desgastante, mais que o Mensalão. O que aconteceu foi que o dinheiro das
companhias de ônibus, arrecadados para o PT, não estava chegando integralmente
a Celso Daniel. Quando ele descobriu isso, a situação dele ficou muito difícil.
Agentes da PF manipularam as fitas de Celso Daniel. A PF fez um filtro nas
fitas para tirar o que talvez fosse mais grave envolvendo Gilberto Carvalho”.
As seis gravações
escancaram a sórdida conjura dos grampeados dispostos a tudo para enterrar na
vala dos crimes comuns um homicídio repleto de digitais do PT. A
história do prefeito sequestrado, torturado e morto é um caso de polícia e uma
coisa da política. As conversas também revelam a alma repulsiva do bando. Celso
Daniel aparece nas gravações como um entulho a remover. Não merece uma
única lágrima, um mísero lamento. Os comparsas se dedicam em tempo integral à
missão de livrar Sombra da cadeia e acalmar o parceiro que ameaça
afundar atirando.
Observação: Siga este
link para ouvir as vozes dos assassinos de fatos combinando o que fazer
para impedir o esclarecimento do crime hediondo. Passados mais de 14 anos, a
reaparição do fantasma avisa que a tramoia fracassou. Enquanto não for exumada
toda a verdade sobre esse capítulo da história universal da infâmia, todos os
meliantes sobreviventes serão assombrados pelo prefeito proibido de descansar
em paz.
Com a queima das
provas sonoras, Rocha Mattos virou sócio do clube de magistrados para os
quais uma irregularidade processual é muito mais grave que qualquer delito.
Nessa escola de doutores, aprende-se que quem arromba a porta do vizinho que
está matando a mãe e evita a consumação do crime deve ser preso por invasão de
domicílio. Como as gravações das conversas entre Lula e seus devotos
foram autorizadas pelo juiz Sérgio Moro, o ministro Teori Zavascki
anda à caça de outro pretexto semelhante para declarar inexistente o palavrório
que estarreceu o país. Se seguir o exemplo do juiz ladrão, Teori não
tardará a constatar que errou feio ─ e errou para nada: milhares, milhões de
cópias em circulação nas redes sociais informam que a verdade já não pode ser
destruída. Graças à escuta promovida pela Lava-Jato, foi abortada uma
conspiração contra o Estado de Direito comandada por Lula e apoiada por Dilma.
O resto é firula bacharelesca, conversa fiada. O essencial é que há culpados a
punir, e o que importa é que o castigo virá.
Pensem nisso na hora de votar.
E como hoje é sexta-feira:
Bom final de semana a todos.
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