segunda-feira, 10 de outubro de 2016

AINDA SOBRE SISTEMAS OPERACIONAIS (parte 3)

OS JOVENS TÊM TODOS OS DEFEITOS DOS ADULTOS E MAIS UM: A IMATURIDADE.

No jargão da informática, o termo "memória" designa qualquer meio destinado ao armazenamento de dados, mas, por convenção, quando usado genericamente, ele remete à memória RAM.

Os PCs utilizam diversos tipos de memória (ROM, cache, HD, pendrives etc.), mas é na RAM que os programas são carregados e as informações, processadas (desde o próprio sistema operacional até um simples documento de texto). Nenhum computador atual, seja um grande mainframe, seja uma simples calculadora de bolso, funciona sem uma quantidade mínima de RAM.
O grande problema da RAM é sua “volatilidade” ― incapacidade de reter os dados quando desenergizada ―, daí a gente recomendar o uso de um no-break, que agrega à função de estabilizador de tensão a capacidade de alimentar as aparelhos a ele conectados durante eventual falta de energia. Assim, no caso de um apagão inesperado, você pode salvar os arquivos em que está trabalhando, fechar os programas, encerrar o Windows e desligar o PC.

Observação: Quem usa um notebook como substituto do computador de mesa não está sujeito a perder o trabalho por conta de um apagão, já que a bateria faz o papel de no-break ― desde que você não a remova quando usar a máquina conectada à tomada, naturalmente.

Se você está pensando em comprar um no-break, dê preferência a um modelo on-line ― também conhecido como UPS. Dispositivos do tipo off-line são mais baratos, mas menos eficientes (para mais detalhes, reveja esta postagem). Nos portáteis, há quem recomende remover a bateria sempre que o aparelho for usado ligado à tomada, mas eu discordo; primeiro, porque o risco de sobrecarga é inexpressivo (a bateria deixa de receber energia assim que atinge 100% de carga); segundo, porque, permanecendo carregada, a bateria estará sempre pronta se você precisar usar o PC em trânsito, e ainda fará o papel de no-break se faltar energia da rede elétrica. Todavia, no caso de uso intensivo do portátil (ao jogar games radicais, por exemplo, que propiciam um aquecimento anormal dos componentes internos do aparelho), aí, sim, é recomendável remover a bateria.

Para contornar o problema da volatilidade da RAM, seu computador conta com uma mídia destinada armazenar os dados de maneira “persistente” (não confundir com permanente, pois esse termo pressupõe a imutabilidade dos dados), que é o HD (sigla de hard drive), ou, em aparelhos mais modernos, o SSD (sigla de solid state drive; veja mais detalhes nesta postagem). Neles ficam residentes o sistema e os demais programas e arquivos que a gente manipula quando usa o computador (de outra forma, seria preciso reprogramar tudo a partir do zero cada vez que o PC fosse ligado, ou então, como era feito antigamente, carregar o sistema e os programas a partir de fitas k7, disquetes, etc.).

Os sistemas operacionais são construídos de forma modular, e cada módulo (kernel, scheduler, gerenciador de arquivos, etc.) é responsável pela execução de funções específicas. Nas versões atuais, os módulos são carregados individual e seletivamente, conforme as necessidades ― ou não haveria memória RAM que bastasse. Essa tarefa é realizada pela CPU (ou processador), que executa milhões de instruções por segundo.

Numa explicação elementar, a coisa é mais ou menos a seguinte: Quando ligamos o computador, o BIOS realiza o POST (auto teste de inicialização), procura os arquivos de BOOT (conforme a sequência pré-ajustada via SETUP), “carrega” o sistema para a memória e exibe a tradicional tela de boas-vindas. O BIOS é a primeira camada de software do computador, um programinha de baixo nível que fica gravado numa pequena porção de memória existente na placa-mãe. O CMOS é um componente de hardware composto por um relógio permanente, uma pequena porção de memória volátil e uma bateria, e o BOOT é o processo mediante o qual o BIOS checa as informações contidas numa pequena quantidade de memória existente no CMOS, realiza o POST e, se tudo estiver em ordem, determina que o Windows seja carregado e, na sequência, assuma o comando da máquina.

Fazer o Setup” significa configurar os parâmetros armazenados na memória do CMOS, de modo a permitir que o BIOS reconheça e gerencie adequadamente os componentes instalados, dê o boot e adote outros procedimentos básicos que envolvem o funcionamento do PC. Essa configuração consiste em oferecer respostas a uma longa sequência de perguntas num sistema de múltipla escolha, e costuma ser exigida somente ao final da montagem do PC ou de um upgrade abrangente, mas permite, em situações específicas, resolver problemas e/ou incrementar o desempenho do computador mediante ajustes que só devem ser feitos por técnicos ou usuários avançados, pois modificações indevidas ou malsucedidas podem comprometer ou inviabilizar o funcionamento da máquina.

Observação: Boot significa bota ou botina, mas se tornou sinônimo de inicialização devido à expressão “pulling oneself up by his own bootstraps” (içar a si mesmo pelos cordões das botinas), que, por extensão, significa “fazer sozinho algo impossível de ser feito sem ajuda externa”. Segundo alguns autores, isso vem do tempo em que os computadores usavam uma pequena quantidade de código para carregar instruções progressivamente mais complexas, e como esse processo era conhecido como bootstrapping...

Considerando que a digestão de todas essas informações exige algum tempo, vamos deixar o resto para a próxima postagem. Abraços e até lá.

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