Publico esta postagem em "edição extraordinária", pois deixar o assunto para outra oportunidade seria fazê-lo perder a desejável imediatidade:
Cerca de 33 milhões de eleitores
voltaram ontem às urnas, nos 57 municípios onde houve segundo turno para
prefeito. Desses, 14 elegeram candidatos do PSDB; o PMDB ficou
segundo lugar, com 9, e o PT, como
era esperado, não elegeu nenhum, nem mesmo no RECIFE ― capital do estado natal de certo molusco de nove dedos.
Aliás, para quem ainda acha que esse indigitado tem chance de voltar ao
Planalto em 2018, a resposta das urnas foi acachapante. Pelo andar da carruagem
― e das delações, notadamente a “delação do fim do mundo” da Odebrecht ―, não é difícil prever o
futuro de Lula. Senão vejamos:
Em São Bernardo do
Campo, berço do sindicalismo e
do PT ― e onde o deus pai da
petralhada não conseguiu sequer reeleger o filho adotivo para o cargo de
vereador ―, quem conquistou a prefeitura foi Orlando Morando, do PSDB,
que fala igual a Geraldo Alckmin
(como eu disse nesta postagem, ao afirmar que não
iria às urnas no domingo, Lula
desperdiçava a chance de decidir a disputa entre Orlando Morando, do PSDB, e Alex Manente, do PPS: se quisesse mesmo impedir
a vitória do tucano, bastaria ele apoiar publicamente seu adversário).
Desde 1982, quando estreou nas eleições municipais, o PT perdeu pela primeira vez em todo o ABCD paulista (o PSDB ficou com três prefeituras do conjunto e o PV, com Diadema). Santo André
foi a única cidade do grupo que teve um petista no segundo turno ― que acabou
derrotado pelo tucano Paulo Serra,
com 78,2% dos votos. Em SBC, o PT
sofreu dupla derrota: além de ficar fora do segundo turno, o candidato do PPS, que o partido apoiou no segundo
turno, também foi derrotado. "Houve resgate do legado do presidente Fernando Henrique. Um contraste entre
quem consertou o país e quem estragou", afirmou Morando ― o candidato vencedor ― ao jornal Folha de S. Paulo.
De todos os 39
municípios da região metropolitana de São Paulo, o PT teve uma única vitória
(em Franco da Rocha). Em Mauá, única
cidade da Grande São Paulo, além de Santo André, em que o PT foi ao segundo turno, o atual
prefeito petista e candidato à reeleição Donizete
Braga foi vencido por Atila
Jacomussi (PSB), contrariando o histórico do município, onde o PT venceu quatro das sete eleições
disputadas desde a redemocratização. O PSDB
foi o partido que se saiu melhor na região metropolitana ― reelegeu 11
prefeitos ―, seguido pelo PR, com
seis, pelo PSB, com cinco; e pelo PRB, com quatro.
O resultado do segundo turno reafirma a força de Geraldo Alckmin, como já havia acontecido aqui em Sampa com a vitória de João
Doria no primeiro turno. Segundo O
ANTAGONISTA, o “picolé de chuchu” demoliu Aécio Neves: dos cinco municípios paulistas em que disputou o segundo
turno, o PSDB ganhou em quatro,
contabilizando 13 prefeituras nas 28 cidades com mais de 200 mil eleitores no
Estado. Em Minas, o desempenho do
partido foi sofrível: das 8 cidades com mais de 200 mil eleitores, os tucanos
capitaneados por Aécio só ganharam
em Governador Valadares e Contagem.
De acordo com a Folha, Aécio fará o único discurso possível
diante da terceira derrota consecutiva dentro de sua própria casa: dirá
que, como presidente nacional do PSDB,
conduziu o partido a uma vitória sem precedentes nas eleições municipais em todas
as unidades da federação ― o que não deixa de ser verdade, mas não muda o fato
de que, na disputa pelo poder na legenda com vistas à próxima eleição
presidencial, Alckmin levou a
melhor. Se lhe serve de consolo, entre as forças tradicionais em Minas ― PT, PSB e PSDB ― foi a dele
que chegou mais longe, mas sua derrota aumenta a sensação de que Aécio continua
perdendo força em seu berço eleitoral (em 2014, ele foi derrotado na disputa
nacional e pelo governo do Estado; agora, vê seu patrimônio político minguar
num último bastião ― a capital Mineira, onde ele havia vencido dois anos atrás).
E para não dizer que não falei das flores, no Rio deu o que eu previa há semanas, ou
seja, a vitória de Marcelo (eu só
não sabia se seria o Crivella ou o Freixo, mas agora sei que o candidato
do PRB bateu o do PSOL por 59 a 40). Mas nem tudo foram
flores: segundo O Globo, mais de 2
milhões votaram em branco, anularam o voto ou simplesmente não compareceram ― 41%
dos eleitores aptos a votar, número superior ao 1,7 milhão dos que votaram em Crivella; só as abstenções (26,85%)
superaram os votos recebidos pelo Marcelo
derrotado (o Freixo).
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