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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

PT ― MAIS UMA RETUMBANTE DERROTA

Publico esta postagem em "edição extraordinária", pois deixar o assunto para outra oportunidade seria fazê-lo perder a desejável imediatidade:

Cerca de 33 milhões de eleitores voltaram ontem às urnas, nos 57 municípios onde houve segundo turno para prefeito. Desses, 14 elegeram candidatos do PSDB; o PMDB ficou segundo lugar, com 9, e o PT, como era esperado, não elegeu nenhum, nem mesmo no RECIFE ― capital do estado natal de certo molusco de nove dedos. Aliás, para quem ainda acha que esse indigitado tem chance de voltar ao Planalto em 2018, a resposta das urnas foi acachapante. Pelo andar da carruagem ― e das delações, notadamente a “delação do fim do mundo” da Odebrecht ―, não é difícil prever o futuro de Lula. Senão vejamos:

Em São Bernardo do Campo, berço do sindicalismo e do PT ― e onde o deus pai da petralhada não conseguiu sequer reeleger o filho adotivo para o cargo de vereador ―, quem conquistou a prefeitura foi Orlando Morando, do PSDB, que fala igual a Geraldo Alckmin (como eu disse nesta postagem, ao afirmar que não iria às urnas no domingo, Lula desperdiçava a chance de decidir a disputa entre Orlando Morando, do PSDB, e Alex Manente, do PPS: se quisesse mesmo impedir a vitória do tucano, bastaria ele apoiar publicamente seu adversário).

Desde 1982, quando estreou nas eleições municipais, o PT perdeu pela primeira vez em todo o ABCD paulista (o PSDB ficou com três prefeituras do conjunto e o PV, com Diadema). Santo André foi a única cidade do grupo que teve um petista no segundo turno ― que acabou derrotado pelo tucano Paulo Serra, com 78,2% dos votos. Em SBC, o PT sofreu dupla derrota: além de ficar fora do segundo turno, o candidato do PPS, que o partido apoiou no segundo turno, também foi derrotado. "Houve resgate do legado do presidente Fernando Henrique. Um contraste entre quem consertou o país e quem estragou", afirmou Morando ― o candidato vencedor ― ao jornal Folha de S. Paulo.

De todos os 39 municípios da região metropolitana de São Paulo, o PT teve uma única vitória (em Franco da Rocha). Em Mauá, única cidade da Grande São Paulo, além de Santo André, em que o PT foi ao segundo turno, o atual prefeito petista e candidato à reeleição Donizete Braga foi vencido por Atila Jacomussi (PSB), contrariando o histórico do município, onde o PT venceu quatro das sete eleições disputadas desde a redemocratização. O PSDB foi o partido que se saiu melhor na região metropolitana ― reelegeu 11 prefeitos ―, seguido pelo PR, com seis, pelo PSB, com cinco; e pelo PRB, com quatro.

O resultado do segundo turno reafirma a força de Geraldo Alckmin, como já havia acontecido aqui em Sampa com a vitória de João Doria no primeiro turno. Segundo O ANTAGONISTA, o “picolé de chuchu” demoliu Aécio Neves: dos cinco municípios paulistas em que disputou o segundo turno, o PSDB ganhou em quatro, contabilizando 13 prefeituras nas 28 cidades com mais de 200 mil eleitores no Estado. Em Minas, o desempenho do partido foi sofrível: das 8 cidades com mais de 200 mil eleitores, os tucanos capitaneados por Aécio só ganharam em Governador Valadares e Contagem.

De acordo com a Folha, Aécio fará o único discurso possível diante da terceira derrota consecutiva dentro de sua própria casa: dirá que, como presidente nacional do PSDB, conduziu o partido a uma vitória sem precedentes nas eleições municipais em todas as unidades da federação ― o que não deixa de ser verdade, mas não muda o fato de que, na disputa pelo poder na legenda com vistas à próxima eleição presidencial, Alckmin levou a melhor. Se lhe serve de consolo, entre as forças tradicionais em Minas ― PT, PSB e PSDB ― foi a dele que chegou mais longe, mas sua derrota aumenta a sensação de que Aécio continua perdendo força em seu berço eleitoral (em 2014, ele foi derrotado na disputa nacional e pelo governo do Estado; agora, vê seu patrimônio político minguar num último bastião ― a capital Mineira, onde ele havia vencido dois anos atrás).

E para não dizer que não falei das flores, no Rio deu o que eu previa há semanas, ou seja, a vitória de Marcelo (eu só não sabia se seria o Crivella ou o Freixo, mas agora sei que o candidato do PRB bateu o do PSOL por 59 a 40). Mas nem tudo foram flores: segundo O Globo, mais de 2 milhões votaram em branco, anularam o voto ou simplesmente não compareceram ― 41% dos eleitores aptos a votar, número superior ao 1,7 milhão dos que votaram em Crivella; só as abstenções (26,85%) superaram os votos recebidos pelo Marcelo derrotado (o Freixo).

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sábado, 22 de outubro de 2016

GOSTE-SE OU NÃO, DORIA É O HOMEM A OBSERVAR

E é um espanto o tanto de gente que não gosta de Doria, embora mal saiba quem ele é ― ou jamais tivesse ouvido falar dele antes de meados de agosto, quando teve início a campanha pela sucessão municipal.

Não é a primeira vez que uma figura “desconhecida” surge “do nada” e, quando se vai ver, está no comando da maior cidade latino-americana. Pitta e Haddad são bons exemplos: o primeiro ― “foi Maluf que fez” ― saiu do mais merecido anonimato para se tornar o pior prefeito desde João Eanes (eleito em 1561); o segundo ― desafortunada invenção do ex-presidente Lula Lalau ― ainda está no cargo e, portanto, dispensa maiores apresentações.

Para o mundo onde circulam as ideias aceitáveis, parece irritante um ser político tão “incorreto” como Doria ― com suas malhas de cashmere, corte de cabelo, endereço residencial e saldo bancário de herói dos “coxinhas” do Brasil  ― ter reduzido a pó o candidato do “maior gênio político que este país já conheceu”, deixando-o com infames 17% dos votos, notadamente porque, a um mês da votação, os entendidos viam no tucano, em quarto lugar nas pesquisas, o exemplo perfeito do candidato errado, mas que, no dia da decisão, revelou-se o mais certo de todos, e que se elegeu em primeiro turno (fato inédito na capital paulista).

Talvez Doria venha a se tornar apenas “mais um ex-prefeito”, mas enquanto isso não fica definido ele incomoda. Tudo bem que Lula e o PT, com a calamidade que produziram no país, perdessem a eleição ― e não apenas em Sampa, mas em todo o país. Mas não “para esse aí”, que aí já é demais.
Doria é a soma de tudo o que menos se recomenda nos manuais de propaganda a um candidato a prefeito de uma cidade com 9 milhões de eleitores ― a grande maioria composta de gente pobre e empenhada na luta diária pela sobrevivência. Na direção exatamente oposta ao que a esquerda, em geral, e os analistas políticos, em particular, prescrevem a um candidato popular, ele não tem a menor hostilidade contra o automóvel. Quando ouve dizer que esta ou aquela medida “higieniza” a cidade, fica a favor ― acha que higiene é coisa boa. É contra doações à população ― esmolas, casas, mesadas. É a favor da polícia e contra os criminosos, sempre. Não gosta de impostos nem de multas, e acha que propriedades invadidas devem ser desocupadas e devolvidas.

E se isso tudo, ao contrário do que pregam nossas “classes intelectuais”, fizer sentido para as massas populares que imaginam conhecer tão bem? Não parece nenhum absurdo deixar em paz o automóvel numa cidade com 8 milhões de automóveis ― pode até ser errado, mas absurdo não é. Abster-se de propor doações ditas “sociais” parece adequado à grande cidade brasileira menos dependente do Bolsa Família e do governo. Faz sentido, numa metrópole onde milhões aspiram à propriedade privada e não abrem mão de sua defesa, combater invasões ― ou ser contrário à pichação de imóveis. Estará do lado da imensa maioria, também, quem ficar contra à entrega do espaço público a viciados em drogas, moradores de rua e desocupados. Que mal haveria em defender a repressão à desordem perante uma população que jamais ganhou um centavo com a destruição de vidraças de bancos? Ou em ser contra o crime diante de um eleitorado que defende o direito a portar armas? Ou em estar bem de vida quando isso é algo admirável para o paulistano pobre que trabalha e quer ter amanhã mais do que tem hoje? Nenhum, claro, sobretudo quando se pode dizer que esse dinheiro vem do próprio esforço, e não de roubalheira na Petrobras. Em suma: e se João Doria, justamente por ser quem é, for o retrato do político mais bem sintonizado, hoje, com as grandes classes populares de São Paulo?

Os pobres, aparentemente, não querem o que a esquerda quer que eles queiram. Querem coisas diferentes, muitas vezes o oposto ― e aí quem faz política precisa resolver de que lado está. Doria, no começo, foi visto como “uma loucura”. Loucos, como se vê agora, parecem os outros.

Com excerto do artigo FORA DA LINHA, de J.R. GUZZO


CUNHA VAI OU NÃO DELATAR? OH, DÚVIDA CRUEL!

De acordo com o jornalista Reinaldo Azevedo, existe uma disputa surda de estratégias e pontos de vista entre os procuradores da Lava-Jato e os delegados da Polícia Federal, para os quais é chegada a hora de pôr fim às delações premiadas ― não para frear, mas para não desmoralizar a investigação.

Para a oposição, o governo Temer pode ser alvo da eventual delação ― possibilidade que não foi descartada por Paulinho da Força, fiel escudeiro do ex-deputado. O governo e os governistas preferiram não comentar o episódio — no que, convenhamos, fizeram muito bem, pois qualquer pronunciamento impensado vira um tsunami de problemas.

A petralhada vê essa possibilidade com bons olhos, já que, em tese, apertaria o cerco em torno de Temer e do PMDB, embora Palocci esteja preso por, dentre outras acusações, ter criado facilidades para a Odebrecht, e a situação de Lula vir se agravando a cada dia que passa. E mais: Temer não tinha instrumentos para aquinhoar este ou aquele; até onde se sabe, ninguém o relacionou diretamente às safadezas. Talvez não se possa dizer o mesmo de alguns ministros de Estado, mas isso não quer dizer que o governo vai “desmoronar” se Cunha botar a boca no trombone, pois o presidente sempre poderá substituir os assessores comprometidos.

Por essas e outras, talvez os petistas devessem comemorar a coisa com mais parcimônia e focar seu próprio partido. Afinal, uma eventual queda do governo Temer não teria, por si só, o condão de lhes devolver o poder, como o resultado das eleições municipais deixou bem claro. E ainda que se queira ligar Cunha a Temer, o fato é que aquele nunca foi tão próximo deste quanto Palocci foi de Lula.

Volto ao assunto numa próxima postagem. Abraços e até lá.
 
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sábado, 23 de julho de 2016

SUCESSÃO MUNICIPAL EM SAMPA: SEGUNDO O DATAFOLHA, RUSSOMANNO VENCERIA TODOS OS CONCORRENTES NAS SIMULAÇÕES DE SEGUNDO TURNO; SEM ELE, MARTA SUPLICY SERIA ELEITA (DE NOVO?!) PREFEITA DA MAIOR CAPITAL DO BRASIL

De acordo com última pesquisa do Instituto Datafolha, cujos resultados foram publicados na semana passada, Fernando Haddad ― o prefeito petralha que proibiu a FIESP de exibir a bandeira nacional e é o candidato mais rejeitado pelos entrevistados ― tem índices compatíveis com a qualidade de sua administração e com a clarividência de suas decisões (vide detalhes nesta postagem de Reinaldo Azevedo).

Celso Russomanno (PRB) lidera a disputa no primeiro turno, com 25%. Em segundo lugar, está Marta Suplicy (PMDB), com 16%, seguida por Luiza Erundina (PSOL), com 10%. O atual prefeito vem em quarto lugar, com apenas 8%. O tucano João Doria marca 6%, Marco Feliciano (PSC), 4%, e Andrea Matarazzo (PSD), 3%.
Detalhe: O dublê de deputado, apresentador de TV e defensor incansável dos direitos do consumidor foi condenado em primeira instância por peculato, e se tornará inelegível se essa decisão for confirmada pelo Supremo. Nesse cenário, Marta assumira a liderança do primeiro turno, com 21%, seguida por Erundina (13%), Haddad (11%), Doria (7%) e Feliciano e Matarazzo, ambos com 5%.

ObservaçãoRodrigo Janot quer condenar Russomanno por ter empregado em sua produtora, entre 1997 e 2001, uma funcionária cujo salário era pago pela Câmara. Tudo bem. Mas o que dizer de Fernando Haddad, que recebeu 30 milhões de reais em propinas, de acordo com depoimentos dados por delatores ao próprio Janot? Se o primeiro tem de ser punido, o segundo tem de ser preso! A propósito: apenas 14% aprovam a gestão do petista; para 48%, ela é ruim ou péssima, e 35% avaliam-na como regular.

O Datafolha fez 10 simulações de segundo turno. Caso seja candidato e se o confronto ocorresse hoje, Russomanno venceria todos os embates: 58% a 18% contra Doria; 58% a 19% contra Haddad; 54% a 29% contra Erundina e 48% a 31% contra Marta. Sem o candidato do PRB, Marta bateria todos os adversários: 48% a 24% contra Doria; 44% a 24% contra Haddad e 39% a 33% contra Erundina. Esta, por sua vez, venceria o candidato do PSDB por 44% a 24% e o petralha por 42% a 25%. Embora na margem de erro, Doria, muito provavelmente, venceria Haddad por 34% a 30%.

Enfim, faltam quase três meses para as eleições, e é pouco provável que o candidato tucano conserve o índice atual, pois o PSDB costura uma ampla aliança na cidade. E ainda que Russomanno se mantenha no páreo, já ficou claro que ele pode ser bom de saída, mas tende a se complicar no percurso e na chegada.

A pesquisa serve apenas para dar uma ideia de como anda o humor dos eleitores, mas é incontestável que a ex-petista Marta e a macróbia e também ex-petista Erundina ― que já ocuparam a prefeitura de Sampa e protagonizaram gestões sofríveis ― tenham motivos para comemorar. No entanto, da mesma forma que jogo se ganha no campo, eleição se ganha na urna.

A conferir.

domingo, 3 de julho de 2016

ELEIÇÕES MUNICIPAIS ― REVISITANDO O LAMENTÁVEL CENÁRIO PAULISTANO  

Há cerca de um mês, eu comentei aqui quão deplorável vem sendo a administração petista à frente da prefeitura de São Paulo e teci algumas considerações sobre o lamentável cenário sucessório, onde se vê uma renca de desqualificados disputando o gabinete mais importante do Edifício Matarazzo (também conhecido como Palácio do Anhangabaú). Mas achei por bem voltar agora ao assunto à luz de uma mais recente pesquisa do IBOPE INTELIGÊNCIA, segundo a qual Celso Russomano mantém franca liderança na disputa, com 26% das intenções de voto.

A despeito do repudio dos paulistanos por sua lamentável gestão, de ser alvo de questionamentos por parte do TCM e do Ministério Público, de figurar como investigado na Lava-Jato, de ter sido “eleito” o pior entre os prefeitos das oito maiores capitais brasileiras e de sua gestão ser considerada tão ruim quanto as de Celso Pitta, Luiza Erundina e Gilberto Kassab (mais detalhes aqui, aqui, aqui, e aqui), Fernando Haddad  é candidato à reeleição e conta com 7% das intenções de voto, o que o posiciona em 4º lugar. Mas na lista dos rejeitados, o “prefeito maravilha” ganha disparado: metade dos pesquisados declarou que não cravaria seu nome nas urnas.

Martha Suplicinho ― que deixou o PT para se filiar ao PMDB, não conseguiu se livrar da pecha de petista e ainda passou a ser considerada “traidora” pela ignara militância vermelha ― ficou em 2º lugar, tanto intenções de voto (10%) quanto na rejeição. Logo atrás trotam a macróbia Luiza Erundina ― que Deus nos livre e guarde ― e João Doria, “cria” do governador tucano Geraldo Alckmin. Os demais concorrentes (Andrea Matarazzo, Marco Feliciano, Delegado Olim, Major Olímpio, Roberto Trípoli, Laércio Benco e Levy Fidelix) não obtiveram resultados expressivos, e nada indica que esse quadro vá mudar significativamente nos próximos três meses.

Russomano ganhou destaque na mídia graças ao quadro PATRULHA DO CONSUMIDOR, exibido pela TV Record, onde aparece como defensor ferrenho dos direitos do povo e blá, blá, blá. Muita gente torce o nariz para esse tipo de programa, mas é inegável que a exposição beneficiou o deputado no pleito de 2014 ― quando ele foi eleito com mais de 1,5 milhão de votos ― e o ajuda a manter a dianteira na disputa pela prefeitura de Sampa. Mas nem tudo são flores.

De acordo com a delação de Pedro Correa no âmbito da Lava-Jato, Russomano teria se beneficiado do mensalão (é acusado de ter recebido regularmente remessas de dinheiro entre 2003 e 2011), e corre o risco de ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e ter sua candidatura inviabilizada por uma condenação por peculato. De acordo com a sentença, os salários de uma funcionária da produtora do deputado foram bancados pela câmara no período de 1997 a 2001; a decisão foi objeto de recurso, mas o STF ainda não se pronunciou.

ObservaçãoRodrigo Janot quer condenar Russomanno por ter empregado em sua produtora, entre 1997 e 2001, uma funcionária cujo salário era pago pela Câmara. Tudo bem. Mas o que dizer de Fernando Haddad, que recebeu 30 milhões de reais em propinas, de acordo com depoimentos dados por delatores ao próprio Janot? Se o primeiro tem de ser punido, o segundo tem de ser preso!

E viva o povo paulistano.