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terça-feira, 10 de abril de 2018

DORIA DEIXA A PREFEITURA PARA CONCORRER AO GOVERNO DO ESTADO E BRUNO COVAS ASSUME O CARGO. E QUEM DIABOS É BRUNO COVAS?



Na última sexta-feira, em meio à pantomima midiática da prisão do demiurgo de Garanhuns, Geraldo Alckmin e João Dória deixaram seus cargos para concorrer à presidência da República e ao governo do estado, respectivamente. 

Observação: Alckmin, conhecido como picolé de chuchu por sua notória “insipidez”, deixou o Palácio dos Bandeirantes depois de ocupá-lo por 7 anos e 3 meses consecutivos. Não foi a primeira vez. Também de olho na presidência, ele passou o bastão para o vice, Cláudio Lembo em 2006, mas obteve somente 39,17% dos votos válidos no segundo turno e acabou derrotado por Lula, que se reelegeu com 60,83% dos votos.

Mesmo sendo novato na política, Doria enfrentou bravamente a hostilidade da mídia ― que por vezes chegava a ser cômica. Sua vitória foi durante muito tempo dada como impossível pelas “pesquisas eleitorais”, e todo santo dia sua candidatura “entrava em crise”. Mesmo assim, o tucano obteve mais 3 milhões de votos já no primeiro turno ― fato inédito em São Paulo desde a redemocratização do país ―, e deixou no chinelo o “poste” de Lula, devido em grande parte a imagem de gestor que vendeu à população paulistana durante a campanha ― população essa que desejava desesperadamente alguém como ele, ou, pelo menos, parecido com a propaganda que ele fazia de si próprio.

A gestão começou bem ― com o sucesso do Corujão da Saúde, do Empreenda Fácil e do Agenda Fácil, dentre outros projetos ―, mas decaiu depois de poucos meses, quando o Doria já não escondia sua frustração com a burocracia e a deixava evidente que tinha planos mais ambiciosos ― como concorrer à presidência da República, embora Alckmin, seu padrinho político, fosse a escolha natural do PSDB depois que Aécio Neves, delatado por Joesley Batista, só não acabou na cadeia devido ao foro privilegiado, e só não teve o mandato cassado porque o Conselho de Ética do Senado é uma piada.

Observação: Como bem observou J.R. Guzzo, a mídia brasileira, incluindo a paulistana, tem um instinto infalível para ficar do lado errado da opinião pública, sempre parecendo querer exatamente o que a população claramente não quer. Gosta, por exemplo, da “cracolândia”, dos “moradores de rua”, mendigos e afins, quando o paulistano não gosta de nada disso. Tanto é que, nas eleições de 2016, a população estava exasperada com uma prefeitura e um prefeito que insistiam em governar a cidade na contramão do seu entendimento. A gestão do poste número 2 de Lula (se considerarmos Dilma o poste número 1) foi um filme-catástrofe do começo ao fim, com Haddad e sua equipe de “cientistas sociais”, urbanistas alternativos, arquitetos sem obras e militantes de “movimentos sociais” querendo fazer uma revolução socialista queimando pneus nas ruas e recebendo verbas da prefeitura, o que resultou numa tempestade perfeita em matéria de decisões ruins.

Para encurtar a conversa, o prefeito-gestor exerceu por 15 meses o mandato de 4 anos para o qual foi eleito, mas nunca o quis de verdade ― talvez quisesse ser presidente da República, governador do estado, provedor da Santa Casa ou qualquer coisa, menos prefeito de São Paulo. E não poderia mesmo resolver os problemas da maior e mais importante metrópole do país, com um PIB equivalente ao de Portugal, se desde o começo mirou o Palácio Anchieta como trampolim para voos mais ambiciosos.

O que São Paulo precisa é de um mínimo de coerência de seus gestores. Mas como esperar coerência administrativa de um prefeito assume o cargo já pensando em deixá-lo? Como acreditar que pessoas assim se interessam pela cidade, pelo estado ou pelo país que foram eleitos para governar? Se alguém quer construir uma carreira na política, que ao menos respeite o mandato para o qual foi eleito. Aliás, se a legislação eleitoral tornasse inelegível por pelo menos 10 anos quem deixa o mandato precocemente, talvez esses arrivistas, que planejam pular de cargo em cargo para subir na vida, não se sentissem tão à vontade para trair seus eleitores.

Para o mal dos nossos pecados, ninguém sabe quem é o que pensa o vice de Doria. Sabe-se apenas que ele é neto de Mário Covas ― que foi prefeito, senador e governador de São Paulo de janeiro de 1995 a janeiro de 2001, quando se afastou do cargo devido ao câncer que resultou na sua morte em março daquele ano ―, que se formou em Direito pela USP e em economia pela PUC, e que sua estreia na vida pública se deu em 2004, quando disputou (mas não ganhou) o cargo de vice-prefeito de Santos (no litoral paulista). Em 2006, ele se elegeu deputado estadual com 122 mil votos, e em 2104, depois de ter aberto mão de concorrer à prefeitura de Sampa (para dar lugar a José Serra, segundo ele, mas fala-se que o real motivo seria o fato de não ter denunciado uma tentativa de suborno), conseguiu uma cadeira na Câmara Federal.

Promovido a prefeito da maior cidade da América Latina aos 38 anos (completados em 7 de abril, dia da sua posse), Bruno Covas parece entender tanto de São Paulo quanto eu entendo de missa. O que ele representa com perfeição ― e uma vez mais na política tupiniquim ― é a praga do vice (para quem não se lembra, Tancredo nos deu Sarney, Collor nos deu Itamar, Dilma nos deu Temer e agora Doria nos dá Bruno Covas). Em recente entrevista à Vejinha (Veja São Paulo), o atual prefeito, que até o ano passado pesava mais de 100 quilos e agora está com apenas 84 (compatíveis com seu 1,84 m), disse ser fã de rock, acordar antes das 6 da matina para fazer musculação na academia, estar divorciado há quatro anos e curtir baladas. Mas afirmou também que a vida de solteiro é coisa do passado, já que "se casaria com a cidade" no dia 7, quando passaria a ocupar o gabinete mais importante do Palácio Anchieta.

Observação: Sete meses depois da posse como vice, em 2017, Covas viajou de férias com 3 amigos para a Croácia, onde curtiu praias, piscinas e o agito do verão europeu, raspou a cabeça e deixou crescer a barba. Em outubro, durante uma esticada em Paris (desta vez em “missão oficial”, embora tenha participado de apenas dois eventos), depois de se indispor com Doria por conta da demissão de Fábio Lepique, seu adjunto na pasta das regionais, ele foi substituído pelo advogado Cláudio Carvalho e assumiu a recém-criada Casa Civil.

O novo prefeito afirma que sua experiência no legislativo e traquejo político o qualificam para administrar uma cidade como São Paulo. E o que teremos oportunidade de conferir a partir desta semana. Boa sorte a ele, e melhor sorte a nós.     

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sábado, 11 de março de 2017

DORIA NA PREFEITURA DE SAMPA

Desde o mês passado que eu venho ensaiando algumas linhas sobre a gestão de Doria, mas a trágica morte de Teori Zavascki, a conturbada homologação das delações da Odebrecht, a frequente queda de integrantes do alto escalão do governo Temer, o sorteio do novo relator dos processos da Lava-Jato no Supremo, a indicação de Alexandre de Moraes para o lugar de TZ, a demissão de Serra, o afastamento de Padilha, a possível cassação da chapa Dilma-Temer e outras questões de projeção nacional me levaram a sobrestar o assunto, que agora retomo com o tucano já no terceiro mês à frente da maior e mais rica metrópole do Brasil (quiçá da América Latina).

Com exceção da patuleia ignara, capitaneada pela militância inconformada com a derrota de Haddad e a derrocada do PT nas capitais e boa parte dos quase 5.600 municípios brasileiros, a população paulistana está satisfeita com o novo prefeito ― segundo dados divulgados em meados do mês passado, 50% dos entrevistados consideram sua gestão boa ou ou ótima, 30% classificam-na de regular, 10% a reprovam (dá-lhe, petralhada ignara) e outros 10% não souberam responder, comprovando, mais uma vez, o “elevado nível sociocultural” da nossa população e, por extensão, dos nossos eleitores.

Os programas de zeladoria da cidade, o retorno dos limites de velocidade nas marginais ao status quo ante e o Corujão da Saúde vêm sendo elogiados, sobretudo pela parcela da população com renda familiar superior a 10 salários mínimos (70%). Nas classes menos favorecidas, com renda igual ou inferior a 2 salários mínimos, a aprovação cai para 35%, mas para a maioria dos paulistanos a atual gestão será melhor do que a anterior ― e ainda que isso não passe de pura futurologia, não deixa de demonstrar a satisfação geral com a atuação do prefeito nos primeiros dois meses de governo.

Claro que não faltam críticas ao gosto refinado do tucano ― muitos se incomodam com sua predileção por cashmeres finos e tênis caros ―, às varrições simbólicas que ele promove nos finais de semana, paramentado de gari, e por aí afora. Curiosamente, Haddad era enaltecido quando fingia gostar de passear de bicicleta nas ciclofaixas mal-ajambradas ― que custaram os olhos da cara, nunca é demais lembrar ―, Doria é alvo frequente de ataques despropositados, frutos de puro revanchismo, da birra infantil dos inconformados com a derrota acachapante de seu predecessor (que ainda teve o desplante de disputar a reeleição) e da funesta facção criminosa fantasiada de partido político que tanto mal fez à nação a partir de 2003, quando o molusco abjeto se elegeu presidente da Banânia.

Igualmente claro que as críticas a Doria vêm de um segmento da imprensa ligado ao PT, aos petralhas, a seus pares do PCdoB, Rede, PSOL, PCB e aos inevitáveis líderes do MST e MTST, sindicalistas e integrantes de outras agremiações ditas “de esquerda”. Até a doação do salário de prefeito a instituições de caridade é motivo de chacota para seus detratores ― que parecem considerar R$ 18 mil “uma merreca”, embora esse valor, doado mensalmente para instituições necessitadas (a primeira foi a AACD), pode ser de grande serventia em tempos bicudos como os atuais. Aliás, o prefeito afirmou que doar o próprio salário é uma “política pública” de seu governo que deveria adotada por outros políticos (que vistam a carapuça aqueles em que ela servir).

O modelo adotado por Doria ― que não se tem na conta de político, mas de gestor, e também por isso é alvo de críticas por parte de quem não tem mais o que fazer ― deveria servir de exemplo para outros administradores públicos. Negociando pessoalmente com empresas potencialmente “apoiadoras”, ele já conseguiu medicamentos para suprir o déficit na rede pública, automóveis, motocicletas e equipamentos eletrônicos de sinalização para a auxiliar a CET na fiscalização do trânsito, 114 projetores para iluminar a Ponte Estaiada (Octávio Frias de Oliveira), itens de higiene para distribuição entre moradores de rua, e por aí vai. Trata-se de uma maneira engenhosa e inovadora de implementar melhorias sem onerar os cofres do município ― e, para não haver risco de uso dos recursos no custeio da máquina, o dinheiro não vai para o caixa com da prefeitura, mas para um fundo de investimento voltado a projetos nas cinco áreas consideradas estratégicas pelo prefeito (saúde, educação, mobilidade urbana, moradia e segurança).

Observação: Como parte desse plano de parcerias, Doria viajou ao Oriente Médio em busca de recursos para a recuperação e manutenção de 19 pontes das marginais do Pinheiros e do Tietê, além de negociar a venda do Autódromo de Interlagos e do complexo do Anhembi (Sambódromo, Palácio de Convenções e Pavilhão de Exposições), que devem render respeitáveis R$ 7 bilhões.

Na falta do que dizer, intelectualóides e jornalistas “de esquerda” rosnam que tudo isso não passa de pirotecnia midiática com fins eleitoreiros, primeiro para impulsionar a campanha de Alckmin ― padrinho político de Doria ― à presidência, e agora em causa própria, já que alguns segmentos sugerem que os tucanos teriam mais chances se o próprio Doria saísse candidato. O prefeito nega, naturalmente. Ele diz que foi eleito para administrar São Paulo, não para governar o Estado ou concorrer à presidência. Seus detratores, indiretamente, avalizam seu bom trabalho, na medida em que somente resultados positivos poderiam favorecer o PSDB no próximo pleito. Mas a semente já foi plantada. Se vai germinar, só o tempo dirá.

Confira minhas atualizações diárias sobre política em www.cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/

domingo, 3 de julho de 2016

ELEIÇÕES MUNICIPAIS ― REVISITANDO O LAMENTÁVEL CENÁRIO PAULISTANO  

Há cerca de um mês, eu comentei aqui quão deplorável vem sendo a administração petista à frente da prefeitura de São Paulo e teci algumas considerações sobre o lamentável cenário sucessório, onde se vê uma renca de desqualificados disputando o gabinete mais importante do Edifício Matarazzo (também conhecido como Palácio do Anhangabaú). Mas achei por bem voltar agora ao assunto à luz de uma mais recente pesquisa do IBOPE INTELIGÊNCIA, segundo a qual Celso Russomano mantém franca liderança na disputa, com 26% das intenções de voto.

A despeito do repudio dos paulistanos por sua lamentável gestão, de ser alvo de questionamentos por parte do TCM e do Ministério Público, de figurar como investigado na Lava-Jato, de ter sido “eleito” o pior entre os prefeitos das oito maiores capitais brasileiras e de sua gestão ser considerada tão ruim quanto as de Celso Pitta, Luiza Erundina e Gilberto Kassab (mais detalhes aqui, aqui, aqui, e aqui), Fernando Haddad  é candidato à reeleição e conta com 7% das intenções de voto, o que o posiciona em 4º lugar. Mas na lista dos rejeitados, o “prefeito maravilha” ganha disparado: metade dos pesquisados declarou que não cravaria seu nome nas urnas.

Martha Suplicinho ― que deixou o PT para se filiar ao PMDB, não conseguiu se livrar da pecha de petista e ainda passou a ser considerada “traidora” pela ignara militância vermelha ― ficou em 2º lugar, tanto intenções de voto (10%) quanto na rejeição. Logo atrás trotam a macróbia Luiza Erundina ― que Deus nos livre e guarde ― e João Doria, “cria” do governador tucano Geraldo Alckmin. Os demais concorrentes (Andrea Matarazzo, Marco Feliciano, Delegado Olim, Major Olímpio, Roberto Trípoli, Laércio Benco e Levy Fidelix) não obtiveram resultados expressivos, e nada indica que esse quadro vá mudar significativamente nos próximos três meses.

Russomano ganhou destaque na mídia graças ao quadro PATRULHA DO CONSUMIDOR, exibido pela TV Record, onde aparece como defensor ferrenho dos direitos do povo e blá, blá, blá. Muita gente torce o nariz para esse tipo de programa, mas é inegável que a exposição beneficiou o deputado no pleito de 2014 ― quando ele foi eleito com mais de 1,5 milhão de votos ― e o ajuda a manter a dianteira na disputa pela prefeitura de Sampa. Mas nem tudo são flores.

De acordo com a delação de Pedro Correa no âmbito da Lava-Jato, Russomano teria se beneficiado do mensalão (é acusado de ter recebido regularmente remessas de dinheiro entre 2003 e 2011), e corre o risco de ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e ter sua candidatura inviabilizada por uma condenação por peculato. De acordo com a sentença, os salários de uma funcionária da produtora do deputado foram bancados pela câmara no período de 1997 a 2001; a decisão foi objeto de recurso, mas o STF ainda não se pronunciou.

ObservaçãoRodrigo Janot quer condenar Russomanno por ter empregado em sua produtora, entre 1997 e 2001, uma funcionária cujo salário era pago pela Câmara. Tudo bem. Mas o que dizer de Fernando Haddad, que recebeu 30 milhões de reais em propinas, de acordo com depoimentos dados por delatores ao próprio Janot? Se o primeiro tem de ser punido, o segundo tem de ser preso!

E viva o povo paulistano.