Segundo o ministro
Gilmar Mendes, presidente do
TSE,
o governo não tem recursos para bancar as eleições agora em outubro. Um problema sério, sem dúvida, notadamente em vista do volume de dinheiro
que é expropriado dos (assim chamados) “contribuintes”. Mas estamos no
Brasil e para tudo se dá um jeito. Pior que a falta de verba é
absoluta falta de opções, pelo menos aqui em
Sampa, onde, dos 11 pré-candidatos a
prefeito, a maioria deixa a desejar e nenhum chega a entusiasmar.
O alcaide atual, conhecido como
Prefeito Suvinil ou Fernando
Malddad ― ou ainda
Raddard, devido à profusão de radares fotográficos que, combinados com as estapafúrdias reduções do limite de velocidade, fomentam a
indústria da multa de trânsito aqui
em Sampa) ― é um monumento à incompetência administrativa. Ele faz pose
de “moderninho”, toca guitarra, anda de bike e adora fazer piadas sobre
“coxinhas”, mas só é bem-visto pela militância petralha e por alguns
palpiteiros que
não moram em São Paulo.
Observação:
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Vox Populi, Haddad foi considerado o pior entre os prefeitos das oito maiores capitais brasileiras. Na opinião dos paulistanos, sua administração é tão ruim quanto as de Celso Pitta, Luiza Erundina e Gilberto Kassab (clique aqui, aqui, aqui, e aqui para mais detalhes).
Formado em Direito pela
Faculdade do Largo São Francisco e filiado ao
PT desde 1983,
Haddad deixou o emprego de analista de investimentos no
UNIBANCO para assumir a
subsecretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico ― a convite da então prefeita (petista)
Martha Suplicy. Dois anos depois, passou a
assessor especial do Ministério do Planejamento e Finanças, e, em meio à crise do mensalão, substituiu o petista
Tarso Genro à frente do
ministério da Educação, onde permaneceu até sair candidato à
prefeitura de Sampa ― que ganhou graças ao apoio de
Lula, cuja popularidade, na época, ainda estava em alta.
De suas mirabolantes promessas de campanha, pouca coisa que presta
saiu do papel, embora obras faraônicas de utilidade discutível tenham
ido de vento em popa. Um bom exemplo são os
quase 400 km de ciclovias e
ciclofaixas, ao custo médio de
R$650 mil por quilometro,
o que faz delas as mais caras do planeta, embora sejam subutilizadas e
estejam, em sua maioria, abandonas, cobertas pelo mato e com a pintura
descascada. Sua implementação, feita
sem licitação, despertou suspeitas de
superfaturamento que resultaram em questionamentos por parte do
TCM e aberturas de sindicâncias internas. No trecho mais caro, orçado em
R$68,3 milhões, o “ágio” chegou a
R$34,4 milhões. O vereador
Gilberto Natalini, do
PV, tentou instaurar uma
CPI para investigar esse descalabro, mas, com o apoio da base governista,
Haddad conseguiu barrá-lo.
Outro projeto estapafúrdio, lançado no início do ano retrasado, tinha por objetivo (louvável)
retirar os viciados das ruas oferecendo-lhes moradia digna, três refeições diárias e um salário semanal de R$130 por serviços de varrição de logradouros públicos.
Mas logo se constatou que somente uns poucos gatos-pingados apareciam
para trabalhar; a maioria ficava se drogando nos decrépitos quartos de
hotéis pagos pela prefeitura (caindo aos pedaços e infestados de ratos) e
só dava as caras nos dias de pagamento.
O
Arco do Futuro ― um dos grandes destaques da
campanha do petista ― foi abandonado logo nos primeiros meses de sua
gestão. A iniciativa ambiciosa e bilionária previa uma série de obras no
perímetro delimitado pelas avenidas Cupecê e Jacu-Pêssego e as
marginais Tietê e Pinheiros, mas não saiu do papel.
Dos
vinte CEUs (Centros Educacionais Unificados) prometidos,
apenas um foi inaugurado ― a prefeitura afirma que mais oito devem ser concluídos até o final do ano, mas nem a
Velhinha de Taubaté acredita nisso.
Das
243 creches prometidas, somente
38 foram feitas,
e a fila por uma matrícula soma quase 100 mil crianças (grosso modo, a
família que está no final da lista pode demorar mais de 1 ano para
conseguir uma vaga).
Hospitais e postos de saúde municipais ― como
acontece praticamente em todo o país ― não têm funcionários,
equipamentos, leitos nem suprimentos para atender a população.
Dos 3 novos hospitais prometidos, a prefeitura jura que
2 serão entregues até o final do ano (acredite quem quiser). Ainda na área da
Saúde, a
Rede Hora Certa só teve metade das
32 unidades previstas terminadas, e dessas,
7 são unidades móveis. Das
43 UBS (Unidades Básicas de Saúde),
8 foram entregues e
15 estão em construção. Os
CAPs (Centros de Atenção Psicossocial) têm marca ainda inferior: dos
30 prometidos, apenas
4 se tornaram realidade.
As
faixas de ônibus ― que infernizam a vida de quem
usa o automóvel para se deslocar pela cidade, não só pelos
congestionamentos monstruosos que provocam, mas também pelas multas que
geram para quem as “invade” ―
cresceram quase quatro vezes em relação aos 150 km previstos. Já os
corredores de ônibus ― que realmente têm utilidade ― ficaram bem abaixo do prometido:
dos 150 km previstos,
apenas 39 km foram entregues, e desses,
22 km se referem a reformas e requalificações de corredores já existentes.
Observação:
Isso sem mencionar o total abandono das vias públicas, cuja profusão de crateras
de dimensões e profundidades variadas rivaliza com a da superfície
lunar. E o problema cresce exponencialmente a cada chuvarada, aumentando
os riscos de acidentes e os prejuízos decorrentes de pneus cortados,
rodas amassadas (ou quebradas, se de liga leve) e suspensões
danificadas.
Ainda sobre a malha viária, vale dizer que a mega parceria
público-privada, anunciada com destaque em 2014, que prometia substituir
580 mil lâmpadas de vapor de sódio por
LEDs (mais eficientes, econômicas e duráveis) soma diversas contestações do
TCM
devido a irregularidades na contratação e na escolha das empresas
envolvidas. O capítulo mais recente dessa novela ocorreu 2 meses atrás,
quando o TCM mandou (mais uma vez) suspender o pregão. A prefeitura
recorreu, mas perdeu, e Sampa não só continua às escuras, mas também
deixa de economizar energia equivalente ao que consome uma cidade de
150.000 habitantes.
Já a
indústria da multa vai muito bem, obrigado. Em 2015, foram
13,3 milhões de autuações (70% mais do que no ano anterior) distribuídas por uma frota de
8 milhões de veículos. Uma média de
40 mil multas diárias, que engordaram em
1 bilhão de reais as burras do município. Só que, em vez de usar o dinheiro na sinalização, engenharia, fiscalização e educação no trânsito,
Haddad preferiu gastá-lo com ciclovias e salários dos funcionários da
CET. Por conta disso, levando o
Ministério Público a denunciá-lo por improbidade administrativa. Para a juíza
Carmem Oliveira, da
5ª Vara da Fazenda Pública, é patente “
o
incentivo às multas a fim de elevar a arrecadação municipal e, ato
contínuo, desvirtuar a destinação legalmente estabelecida para os
recursos”.
Por essas e outras, não fossem as “virtudes” dos demais candidatos ―
Dória,
Kassab,
Martha Suplicy,
Erundina,
Russomano,
Paulo Maluf e
Levy Fidelix,
apenas para citar os nomes mais conhecidos ―, o destino do “prefeito
maravilha” já estaria selado. Pelo andar da carruagem, todavia, o futuro
é quase tão incerto quanto as previsões de videntes, cartomantes,
astrólogos, meteorologistas e assemelhados. Infelizmente.