Dias atrás, um “acordão” costurado nos bastidores pelo Executivo e o Judiciário livrou a cara de Renan
Calheiros (detalhes nesta postagem), que foi afastado
da linha sucessória da presidência da república, mas não perdeu o mandato e
tampouco foi deposto da presidência do Senado, a despeito de ter sido cassado
liminarmente pelo ministro Marco Aurélio
e, para piorar, se recusado a assinar a notificação da
decisão. Dos 9 ministros presentes, 6 votaram a favor do cangaceiro alagoano,.
As intenções da ministra Carmem Lúcia, presidente do STF,
visando à harmonia entre os poderes, são dignas de elogio, mas é bom lembrar
que, segundo um velho ditado, o caminho para o inferno é pavimentado por boas
intenções.
Na semana passada, O ANTAGONISTA relembrou uma
história contada no livro CÓDIGO DA VIDA, de Saulo Ramos, ex-ministro da Justiça (governo Sarney), morto em 2013, que trata de uma desilusão experimentada
pelo autor com ― o hoje decano do STF
― ministro Celso de Mello.
Quando Sarney
resolveu se candidatar pelo Amapá, o caso foi parar no Supremo, já que os
adversários impugnaram a candidatura do político maranhense. Mello votou pela impugnação. Depois,
telefonou para Saulo, que quis saber
por que ele havia mudado seu voto.
― É que a Folha
publicou que Sarney tinha os votos
certos de vários ministros, e citou meu nome como um deles. Aí eu votei contra
para desmentir ― disse Celso de Mello.
― Você votou contra o Sarney
porque a Folha noticiou que votaria
a favor? ― perguntou Saulo.
― Exatamente. O senhor entendeu?
― Entendi que você é um juiz
de merda!