O PSDB, conhecido
por sua indecisão congênita, agora dá mostras de que a incoerência é outra de suas “virtudes”: depois de passar semanas
ameaçando bater asas e voar, os tucanos (ou boa parte deles, pois a decisão nem
de longe foi unânime) resolveram continuar apoiando o governo “até que surja
algum fato novo” e, paradoxalmente, recorrer da sentença esdrúxula do TSE, que, por 4 votos a 3, ignorou o
monumental elenco de provas reunidas pelo ministro-relator e, a pretexto de
resguardar a governabilidade do país (ou outra justificativa igualmente
estapafúrdia), salvou o mandato de Michel
Temer e os direitos políticos da anta vermelha que o antecedeu na
presidência da Banânia.
Romper com o governo prejudicaria a aprovação das reformas,
justificam-se os líderes do tucanato. Mas o fato é que essa decisão não passa
de uma tentativa de salvar o rabo do senador zumbi Aécio Neves ― que foi afastado por decisão do STF, mas continua assombrando o Congresso e recebendo salários e
benefícios ― e de garantir o apoio do PMDB
nas eleições de 2018 ― como se o PSDB
fosse a alternativa aos corruptos PT
e PMDB para os eleitores que estão
fartos de tanta corrupção e anseiam por mudanças, e como se Geraldo Alckmin fosse realmente um nome
de peso para disputar a presidência (claro que existe a possibilidade de João Doria concorrer, mas isso é outra história).
Falando em Aécio,
sua irmã e “braço direito”, presa preventivamente desde 18 de maio, teve seu
pedido de liberdade negado pela 1ª Turma
do STF (o placar foi apertado; após o ministro Marco Aurélio, relator do agravo, e Alexandre de Moraes votarem pela revogação, o ministro Luís Roberto Barroso abriu divergência
e foi seguido por Rosa Weber e Luiz Fux). No próximo dia 20, a mesma
Turma deverá decidir o destino do senador tucano, que ainda não foi preso por
prerrogativa do cargo (parlamentares só podem ser presos em flagrante delito e
por crimes inafiançáveis).
Mudando de pato para ganso, mas sem deixar a avícola dos imprestáveis, o PT, que defende “diretas já” para
escolher o substituto de Temer,
elegeu por via indireta e com o
beneplácito de Lula a sua nova presidenta ― como prefere ser chamada a
senadora Gleisi Hoffmann e, antes
dela, a anta vermelha que destruiu nossa economia e ora pugna por ser
reconduzida ao cargo para “consertar o
Brasil que Temer destruiu”. Gleisi,
que venceu o senador Lindbergh Farias
por 367 votos a 226, é ré no STF,
investigada na Lava-Jato e citada
por pelo menos 3 delatores da Odebrecht.
Afinal, nada como um criminoso para chefiar uma organização criminosa.
E já que falamos em Lula,
sua excelência deve estar se sentindo desprestigiada. Enquanto Sérgio Cabral foi preso preventivamente
em novembro do ano passado, tornou-se réu pela primeira vez no mês seguinte,
responde (como réu) a 10 processos e já foi agraciado com sua primeira sentença
(a 14 anos e dois meses de prisão em regime fechado), o molusco indigesto, que
se tornou réu pela primeira vez há um ano, ainda não passou do penta e continua
livre, leve e solto. A despeito de o ex-diretor da Petrobras Rento Duque e o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro tenham declarado, em depoimento
ao juiz Sergio Moro, que foram
incitados pelo petralha a destruir provas contra a ORCRIM ― e de essa prática
caracterizar obstrução da Justiça ―, o eneadáctilo não teve a prisão decretada.
Hello,
ministério público, hello, juiz Moro!
Fecho esta revoltante lista de imprestáveis com uma breve
alusão ao cangaceiro das Alagoas, o ex-presidente do Congresso e senador da
República (pelo PMDB, como não poderia deixar de ser) Renan Calheiros ― um rebotalho do coronelismo nordestino que já foi
denunciado 3 vezes, responde a dezenas de processos e procedimentos judiciais e
agora é suspeito de receber propina na compra de um poço seco da Petrobras na
África, mas, como Lulalalau,
continua livre, leve e solto, agora fazendo oposição ao governo, de olho nas próximas
eleições, até porque, como Renan bem
sabe, o eleitorado nordestino não é grande fã de Michel Temer. Aliás, de
uns tempos a esta parte o presidente é como leprosário: um mal necessário, mas que não faz sucesso em lugar
nenhum.
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