O feriadão da independência adentra pelo final de semana
prolongado, e eu sigo aqui, na linha da vergonha nacional, escândalo após
escândalo. A coisa chegou a tal ponto que, sempre que a gente acha que já viu
de tudo, um fato novo ainda mais estarrecedor mostra como estávamos enganados.
Mas estarrecedores, mesmo, são os detalhes, os pequenos senões que nos escapam
quando olhamos somente a grande figura. E, como diz um velho ditado alemão, o Diabo mora nos detalhes.
Nunca foi preciso ser gênio investigativo para inferir que
sempre houve algo de podre por trás do projeto de poder do PT e de seu folclórico líder ― ora hexa-réu e virtual hóspede
compulsório do sistema penal brasileiro ― nem tampouco clarividente para intuir
que um governo chefiado por um “poço de virtudes”, como Dilma, não poderia daria certo. Difícil mesmo é saber com certeza
as razões que levaram o molusco eneadáctilo a gestar, parir e aturar sua
criatura por tanto tempo. Especula-se que ela sabia demais, pois, como revelou
o ex-ministro petista Antonio Palocci em seu depoimento ao juiz Moro, na tarde de ontem, desde os
tempos em que foi nomeada ministra de Minas e Energia de Lula, Dilma participou
ativamente dos malfeitos orquestrados pelo populista parlapatão e seus
paus-mandados.
Palocci está
negociando um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava-Jato, mas
prontificou-se a colaborar espontaneamente com a Justiça. Durante o depoimento,
ele reconheceu ser o “Italiano” das
planilhas do departamento de propina da Odebrecht,
confessou ter praticado crimes na Petrobrás e entregou Lula e Dilma ― que
continuam negando todas as acusações e, a despeito da clareza meridiana das
evidências, protestando inocência num batido ramerrão que, convenhamos, já
encheu o saco.
Palocci revelou
também que foi responsável pela conta do PT
e de Lula com a Odebrecht, confessou o esquema, citou reuniões com o ex-presidente
e estimou que a reserva do PT teria
alcançado R$ 300 milhões, e que a de Lula,
identificado como “Amigo”, a R$
40 milhões. Segundo ele, houve um acerto entre Odebrecht e o governo Lula
para a prática de atos de ofício que beneficiassem a empresa em troca de
propinas ― um “pacote de vantagens”, tanto de negócios para empresa como
valores para o partido. Isso porque a eleição de Dilma preocupou a cúpula da Odebrecht,
e para comprar a boa-vontade do novo governo, sobretudo a influência de Lula na gestão da sucessora, a empresa
montou o pacote com a compra do terreno do Instituto
Lula e do sítio em Atibaia, além
de disponibilizar cerca de R$ 300 milhões em vantagens indevidas (para
utilização em campanhas ou para fins partidários/pessoais).
O que há de estarrecedor nisso? Nada, a não ser a
cara-de-pau desse povo, que insiste em negar as evidências, e da “ingenuidade”
de seus baba-ovos, que parecem acreditar em sua sacrossanta inocência. Mas se
tem gente que ainda acha que Elvis
não morreu...
ATUALIZAÇÃO:
Na
manhã desta sexta-feira, em Salvador, a PF prendeu
o ex-ministro Geddel Vieira Lima (que já cumpria prisão domiciliar,
mas sem tornozeleira, já que o dispositivo está em falta na secretaria de
administração penitenciária da Bahia).
No mandado de prisão, o juiz Vallisney de Souza, da 10ª Vara Federal de Brasília, levou em conta
os indícios reunidos pela PF sobre a associação do peemedebista baiano com os R$ 51 milhões apreendidos num
apartamento supostamente usado pelo político como “bunker”.
Geddel havia sido
preso no dia 3 de julho, suspeito de atrapalhar investigações no âmbito da Operação Cui Bono, mas deixou a Papuda
para cumprir prisão domiciliar por determinação do TRF-1 ― medida que cheira a
maracutaia, pois o propósito era diminuir o desconforto do ex-ministro para
evitar um possível acordo de delação.
Amanhã a gente continua. Até lá.
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