SEJA LÁ O QUE
FOR, EU SOU CONTRA!
As principais diferenças entre HDDs eletromecânicos e de estado sólido foram discutidas numa
recente sequência de postagens, mas eu achei por bem dedicar mais algumas
linhas ao assunto para relembrar que:
― O grande entrave à
popularização dos drives sólidos é o custo. Por enquanto, somente máquinas de
configuração top e preço nas alturas vêm de fábrica com essa tecnologia, embora
versões de menor capacidade, puras ou híbridas, já comecem a equipar notebooks
de preços mais acessíveis.
― Do ponto de vista do
armazenamento, os discos rígidos utilizam pequenas estruturas magnéticas para
informar o valor de cada informação, enquanto os drives sólidos o fazem
eletronicamente, como os pendrives e cartões de memória ― e por não terem partes móveis eles são menores, mais
leves e rápidos que os HDDs, menos
susceptíveis a danos decorrentes de impactos ou quedas e mais comedidos no
consumo de energia, o que os torna uma boa alternativa para usuários de
notebooks.
― Como a vida útil das células de memória flash é
limitada, os SSDs têm a vida
útil abreviada pela constante gravação de dados (a leitura não provoca efeitos
deletérios), ainda que o usuário provavelmente trocará o computador antes de a
unidade de memória sólida apresentar problemas.
― Como a
desfragmentação dos arquivos consiste num processo de realocação de dados ― que
exige uma longa sequência de regravações para que a unidade seja otimizada ―,
não é recomendável desfragmentar SSDs. Além de não melhor o desempenho, a
desfragmentação reduz a vida útil do componente. Portanto, use o Defrag para
reagrupar dados espalhados ao longo das trilhas dos seus discos magnéticos, mas
não nos SSDs, que operam a partir de processos elétricos, e não mecânicos,
podendo, portanto, acessar os dados são acessados de qualquer lugar com a mesma
rapidez, como acontece na memória RAM.
― Tampouco apague as
“áreas vazias” em SSDs ― nos modelos
convencionais, isso resulta em ganho de espaço e facilita a recuperação de
arquivos excluídos acidentalmente, mas em drives sólidos isso não só é
desnecessário como desaconselhável. Sistemas operacionais modernos suportam o TRIM ― tecnologia que “informa” ao
drive que determinados arquivos foram apagados e que os blocos onde eles se
encontravam armazenados devem ser submetidos a um processo de limpeza para que
novas informações possam ser gravadas. Com isso, os arquivos excluídos são
prontamente apagados, ao contrário do que se verifica nos HDDs, onde a exclusão pura e simples não os apaga prontamente,
apenas marca como disponíveis os clusters que eles ocupavam, daí o fato de um
arquivo excluído acidentalmente poder ser recuperado por aplicativos dedicados
enquanto os clusters que os abrigavam não forem sobrescritos. Para conferir se
o TRIM está ativo no seu computador,
reveja a postagem do último
dia 14.
― Da mesma forma que a
desfragmentação, a formatação completa é desnecessária e prejudicial nos SSDs. Primeiro, porque o TRIM apaga os arquivos definitivamente;
segundo, porque o procedimento não proporciona melhorias de desempenho e ainda
desperdiça valiosos ciclos de reescrita do dispositivo.
― Edições do Windows anteriores ao Seven não suportam o TRIM, o que torna desaconselhável seu
uso com SSDs. Sem o TRIM, além de os arquivos apagados permanecem
disponíveis para recuperação, o dispositivo tende a demorar bem mais tempo para
gravar os dados, produzindo lentidão no sistema como um todo. Claro que há
ferramentas capazes de minimizar esse problema (desenvolvidas pelos próprios
fabricantes de drives), mas isso já é outra conversa.
― Também é importante não esgotar totalmente a capacidade de
armazenamento dos SSDs ― o que pode ser um problema, já que os modelos mais
baratos são espartanos oferecem umas poucas centenas de gigabytes. O ideal é
deixar pelo menos 25% de espaço livre, de modo que, se seu PC dispõe de um SSD e um HDD ― ou de um drive híbrido ―, use o componente de memória flash basicamente
como unidade de leitura (ao contrário da escrita, a leitura pura e simples não
compromete a vida útil das células de memória). Isso significa instalar nele o
sistema operacional e os apps que você utiliza com maior frequência e
concentrar todo o resto no drive eletromecânico, especialmente os arquivos de
mídia, que consomem um absurdo de espaço e podem ser carregados a partir de um HDD interno ou externo sem qualquer
problema ou lentidão.
― Não custa relembrar que pode valer a pena desabilitar o arquivo de paginação no drive sólido (desde que você disponha de,
pelo menos, 6GB de RAM), pois esse
recurso, também conhecido como memória
virtual, funciona como uma extensão da memória física e sujeita o drive a
constantes regravações. Considere ainda a possibilidade de desativar a restauração do sistema, o Superfetch e o Windows Search (indexação dos dados para agilizar pesquisas).
Era isso, pessoal. Espero ter ajudado.
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