Pobre do país que precisa de heróis, disse Brecht. Eu discordo. O papel de heróis,
reais ou mitológicos, é fundamental para forjar uma nação livre e próspera,
para servir como um norte, uma liderança que motiva os cidadãos comuns. Penso que o verdadeiro problema não é ter heróis, mas
escolher os heróis errados. Se o herói for Macunaíma,
aquele sem caráter, ou um ditador como Vargas,
ou um bandido como Lula, aí, sim, a
sociedade estará em perigo.
Se Lula foi o
herói de muitos por algum tempo, hoje só lhe restou o apoio de uma militância
desesperada com o risco de perder suas boquinhas, ou daqueles muito
alienados, que encaram o PT como uma
seita religiosa.
O verdadeiro herói brasileiro, hoje, é o juiz Sergio Moro, como deixa claro a recepção
que ele tem por onde passa. Pude testemunhar isso bem de perto no Fórum da Liberdade, em Porto Alegre.
Moro foi
ovacionado de pé por uma multidão, tratado ― merecidamente ― como um ídolo de
rock. É fato que, como lembrou o juiz italiano que liderou a Operação Mãos-Limpas, feliz é o país
que não precisa aplaudir tanto um magistrado que “simplesmente” cumpre sua
função. Nesse sentido, a frase de Brecht
pode até se aplicar: o ideal seria não precisarmos desses heróis. Mas no mundo
real, o buraco é mais embaixo, pois “cumprir sua função”, no caso, significa
declarar guerra a uma quadrilha poderosa e perigosa, envolve riscos pessoais, demanda
mudanças radicais no estilo de vida ― como andar cercado de seguranças e temer
pela segurança dos filhos.
Agir com retidão e firmeza apesar de tantos obstáculos e
ameaças requer coragem e patriotismo ― algo de que poucos são capazes, e que
não pode ser diminuído por filmes que tentam retratar tudo como pura vaidade
pessoal. É fácil falar quando é o dos outros que está na reta. Todos que
conhecem o modus operandi dessas
máfias, em especial do PT, sabem perfeitamente
que comprar essa briga não é para fracos ou covardes.
Claro que todo herói real, de carne e osso, tem suas falhas. Por isso é mais seguro ter os míticos, como um Batman. Os do mundo real, humanos que são, sempre podem escorregar. Mas até agora Moro tem
demonstrado humildade e mantido um saudável distanciamento de qualquer
pretensão política, o que só lhe agrega valor.
Seu reconhecimento pelo público
é justo. O Brasil estava mesmo precisando de um herói decente…
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