Conforme as eleições se aproximam e o blablablá dos políticos
se acentua, fica cada dia mais difícil ouvir rádio e assistir à TV. Como se não
bastasse o fato de os noticiários focarem quase que exclusivamente em desgraças
de todos os tipos, formatos, cores e tamanhos, agora somos interrompidos a cada
instante pelas inserções de candidatos que fazem nosso ouvido de penico.
Depois de semanas a fio tendo a novela da candidatura do
presidiário inconformado (mas não arrependido) como entrada, prato principal e
sobremesa, o PT finalmente
sacramentou Fernando Haddad como
postulante à Presidência, pondo fim à farsa da “chapa triplex” formada por Lula, seu poste e a trice do PCdoB.
Considerando que os gatos pingados que acompanham meus
pitacos estão tão fartos de ler sobre esse assunto quanto eu de escrever sobre ele,
resolvi aproveitar o post de hoje para transcrever um artigo publicado originalmente
pelo jornalista Augusto Nunes em seu
Blog. Do ponto de vista do leitor, isso não muda muita coisa, mas a mim concede
um oportuno refrigério (afinal, ninguém é de ferro).
Faltando quatro
semanas para o primeiro turno da eleição presidencial, o PT finalmente sacramentou Fernando
Haddad como seu candidato. Na versão oficial do partido, o candidato
deveria ser seu guia supremo, Lula da
Silva, mas este, de acordo com a martiriologia lulopetista, foi impedido
pelo “golpe” — uma descomunal articulação entre políticos, juízes, banqueiros,
imprensa e até o governo norte-americano para sabotar o projeto de fazer o
Brasil ser “feliz de novo”, conforme diz o slogan da atual campanha.
Está claro desde
sempre, e muito mais agora, que Haddad
é apenas um preposto que concorrerá ao mais alto cargo do Executivo nacional
não porque deseja administrar o País segundo suas ideias ou as de seu partido,
mas para fazer as vontades de um presidiário, condenado a mais de 12 anos de
prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. A já conhecida desfaçatez
lulopetista parece ter atingido seu estado da arte.
Mais uma vez, Lula demonstrou que o PT deixou de ser um partido político e
passou a servir como mero instrumento para os jogos de poder do ex-presidente.
Todas as decisões a respeito da campanha foram tomadas depois de exaustivas
consultas ao líder encarcerado, que transformou sua cela em Curitiba em
escritório político — mais uma de suas tantas afrontas ao sistema judiciário.
Como se estivessem diante de uma divindade, os petistas dobraram-se aos
desígnios de Lula — que, segundo
suas próprias palavras, não é mais um ser humano, e sim “uma ideia”.
Assim, a apresentação
de Haddad como candidato do PT à Presidência cumpre apenas uma
formalidade burocrática, pois era necessário colocar algum nome na urna
eletrônica, e o de Lula está vetado,
de acordo com a Lei da Ficha-Limpa,
que impede criminosos condenados por órgãos judiciais colegiados de concorrerem
a cargos eletivos. Ao apresentar um candidato explicitamente postiço, o PT está a dizer a seu eleitor que, se Haddad for eleito, o Brasil será
governado de fato não pelo ex-prefeito de São Paulo, cujas qualidades, se
houver, são irrelevantes, mas sim por seu líder encarcerado, a quem o eleito
teria de pedir a bênção a cada decisão de Estado a tomar.
Nunca se chegou a tal
ponto de degradação na história política nacional, mas é possível ter um
vislumbre do terrível desastre que representaria para o País um desfecho como
esse, se recordarmos como foi o desempenho dos famigerados “postes” de Lula — o próprio Haddad, na Prefeitura de São Paulo, e Dilma Rousseff, na Presidência da República.
Dilma, nunca é demais
recordar, protagonizou um dos piores governos da História nacional, depois de
ter sido vendida por Lula aos
eleitores como uma competentíssima gerente. O Brasil ainda levará muitos anos
para pagar toda a conta dessa irresponsabilidade, felizmente punida com o
impeachment antes que a “obra” fosse concluída.
Já a administração de Haddad, como sabem quase todos os
paulistanos, foi marcada pela ineficiência, tão grande quanto sua arrogância.
Governou para uma ínfima parte dos paulistanos, que se deixaram encantar pela
alegada “modernidade” do prefeito, e desprezou as prementes necessidades dos
moradores da periferia, que dependem de serviços da Prefeitura.
O prometido “homem
novo para um tempo novo”, como alardeou o PT
ao apresentar Haddad como candidato
à Prefeitura em 2012, revelou-se uma tapeação — e o resultado foi uma
constrangedora derrota, já no primeiro turno, em sua tentativa de reeleição em
2016, quando conseguiu perder em todas as regiões da cidade.
Desta vez, contudo,
nem é o caso de avaliar se Haddad é
ou não competente para exercer a Presidência, pois sua campanha terá o único
propósito de manter acesa a ofensiva lulopetista contra as instituições
democráticas — e não surpreende que, na seita de Lula, haja quem discuta à luz do dia a hipótese de Haddad, se eleito, encontrar uma forma
de tirar o demiurgo da cadeia. Sob qualquer aspecto que se avalie, uma campanha
construída sobre tais bases é evidentemente uma afronta ao processo eleitoral e
um prenúncio de desestabilização — ou seja, tudo de que o País não precisa.
Eu, humildemente, assino embaixo.
P.S. — Quanto ao
espelho mágico da bruxa má, a imagem que ilustra esta postagem é autoexplicativa.
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