quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

TEMPESTADES DE VERÃO E OS PERIGOS QUE ELAS ACARRETAM

CONSELHO DE LULA AO MÉDIUM JOÃO DE DEUS: “FALA QUE O PINTO NÃO É SEU”.

Tempestades de verão — assim chamadas por serem frequentas na estação mais quente do ano — causam alagamentos, prejudicando ainda mais trânsito já caótico das grandes metrópoles, e quando vêm precedidas ou acompanhadas de raios e rajadas de vento, propiciam a ocorrência de distúrbios na rede elétrica, seja porque os raios a atingem diretamente, seja porque o vendaval derruba árvores sobre o respectivo cabeamento.

Dentre as poucas coisas em que o Brasil se destaca mundialmente — além da corrupção — está a quantidade absurda de descargas elétricas. A propósito: raios (ou relâmpagos, ou coriscos) não são produzidos pela “colisão” entre nuvens, e sim pela perda da capacidade do ar de isolar as cargas elétricas opostas que se acumulam no interior delas, sobretudo nos cúmulos nimbos — nuvens formadas por gotículas de água, granizo e partículas de gelo, que alcançam facilmente 20 km de altura e outros tantos de extensão.

As descargas podem ocorrer dentro das nuvens, de uma para outra ou delas para o ar, sendo as descendentes (da nuvem para o solo) as mais comuns, embora as maiores sejam as que passam de uma nuvem para outra e podem chegar a dezenas de quilômetros de extensão. O raio é formado por várias descargas com voltagem de 100.000.000 V a 1.000.000.000 V, amperagem de 20.000 A a 200.000 A e temperatura cinco vezes maior do que a da superfície do Sol. Já o trovão é causado pelo aquecimento do ar, em decorrência da corrente elétrica do raio, e seu ribombar pode alcançar 120 decibéis.

Observação: A quantidade de energia descarregada por uma tempestade pode ser superior a de uma bomba atômica; a diferença é que a bomba libera tudo numa fração de segundo, ao passo que a tempestade o faz durante um período que pode ir de vários minutos a algumas horas.

Quando atingem a rede elétrica (direta ou indiretamente), os raios produzem aumentos de tensão capazes de torrar (literalmente) a instalação dos imóveis e danificar eletrodomésticos e eletroeletrônicos no raio (sem trocadilho) de muitos quarteirões. Daí a importância do aterramento e do uso da tomada de três pontos — que se tornaram obrigatórias no Brasil, mas, curiosamente, num formato incompatível com qualquer dos modelos utilizados mundo afora.

Um aterramento como manda o figurino é feito durante a construção do imóvel, a partir de um conjunto de hastes metálicas introduzidas no solo e ligadas ao polo terra das tomadas (aquele que recebe o terceiro pino). A instalação elétrica de imóveis mais antigos nem sempre é aterrada, e há quem sugira ligar o polo terra da tomada de três pontos a um cano metálico da rede hidráulica — ou ao próprio neutro da rede elétrica, que é aterrado na estação geradora de energia —, mas é bom ter em mente que isso não passa de gambiarra.

Disjuntores e fusíveis desarmam ou se fundem em decorrência de sobretensões na rede, protegendo a fiação do imóvel e os aparelhos elétricos e eletroeletrônicos. Todavia, computadores, modens, roteadores de Internet, decodificadores de TV por assinatura e telefones sem fio são mais "sensíveis" do que lavadoras, refrigeradores e eletrodomésticos afins — via de regra, quanto mais circuitos eletrônicos o aparelho tiver, maior será o risco de ele ser danificado —; portanto, ao primeiro sinal de temporal, desconecte tudo da tomada ou deligue a chave-geral da caixa de força.

No caso de faltar energia, religue os aparelhos depois que o fornecimento for restabelecido e estabilizado. Apagões intermitentes (aqueles em que a luz acaba, volta e torna a acabar sucessivas vezes) potencializam os riscos de danos, pois é no instante em que a energia retorna que ocorrem as famigeradas quedas de fase (situação em que as lâmpadas acendem, mas ficam fraquinhas) e eventuais sobretensões — estas últimas são mais frequentes e duram alguns milésimos de segundo, mas chegam facilmente a 500V.

Amanhã a gente continua.