O TEMPO É UMA
FACE NA ÁGUA.
A energia elétrica, como quase tudo mais no Brasil, não prima
pela boa qualidade. Em São Paulo — a maior e mais rica cidade do país — a AES Eletropaulo (que agora atende por ENEL) ficou entre as piores
concessionárias de energia em 2015, segundo ranking elaborado pela agência
reguladora ANEEL. Daí ser fundamental protegermos nossos eletroeletrônicos dos distúrbios da rede elétrica.
A energia que alimenta nossas casas é de tensão alternada,
ou seja, a corrente alterna entre valores positivos e negativos — por
exemplo, entre 110 volts e -110 volts. A quantidade de vezes que isso acontece
a cada segundo determina a frequência da rede, que no Brasil é de 60 Hz (60 alternâncias por segundo). Subtensões ocorrem quando a rede não é capaz
de fornecer a tensão nominal, causando uma queda súbita, e sobretensões
(ou picos de tensão), quando a tensão fornecida é superior à esperada. Ambas são prejudiciais, mas basta dispor de um estabilizador de tensão de boa qualidade para evitar maiores aborrecimentos. Vejamos isso melhor.
Como eu já disse, filtros
de linha são “réguas” providas de fusíveis que se queimam durante um pico de energia, impedindo que o aumento da tensão danifique os dispositivos a
eles conectados. Só que essa queima nem sempre se dá com a rapidez necessária, razão pela qual o dispositivo acaba servindo apenas para multiplicar o número de aparelhos ligados à mesma
tomada, coisa que um simples também faz, e por um custo menor.
Resta-nos recorrer a estabilizador de tensão ou, melhor
ainda, a um no-break. Tanto um quanto o outro filtram
a energia elétrica, prevenindo danos decorrentes de distúrbios como sobretensões,
subtensões, transientes e assemelhados, mas só o no-break mantém os aparelhos funcionando quando falta energia na tomada (como no caso de um apagão da rede da concessionária).
Conforme eu adiantei no post anterior, no-breaks offline (ou standby) são mais baratos, mas sua proteção deixa a desejar, pois eles apenas filtram a energia e a entregam diretamente ao equipamento
protegido. Quando falta força, suas baterias entram ação, naturalmente, mas o
circuito responsável pelo chaveamento demora alguns milissegundos para fazer a
troca, de modo que não se deve usar esse tipo de no-break para proteger servidores, equipamentos
hospitalares e outros que exerçam funções críticas. Os no-breaks online, por sua vez, alimentam
os aparelhos diretamente pela bateria, isolando-os da rede elétrica e
livrando-os dos efeitos danosos de variações e surtos que possam ocorrer.
Observação: Uma versão intermediária, conhecida como “interativa”, regula a tensão da rede
antes de repassá-la aos equipamentos protegidos ou alimentar as baterias do
próprio dispositivo. Nesse caso, o inversor fica permanentemente ligado e um
circuito de monitoramento se encarrega de verificar a tensão e usar a energia
do inversor em caso de queda.
Para uso doméstico, um no-break
offline é melhor do que um estabilizador
de tensão, que é muito melhor do que
um filtro de linha. Mas investindo um pouquinho mais você leva para
casa um modelo online ou, no mínimo,
um offline interativo. Só tenha em mente que a escolha do modelo adequado às suas necessidades vai muito além
disso, como veremos no post de amanhã. Até lá.