MOSTRE-ME SEU
MURO DE QUATRO METROS E EU LHE MOSTRAREI MINHA ESCADA DE CINCO.
Como vimos na postagem anterior, o FaceApp aparenta ser um inocente aplicativo russo que caiu no gosto
dos brasileiros porque, através de uma leitura rápida de fotos armazenadas no
celular, permite visualizar a aparência
que os usuários terão no futuro. Porém, como qualquer outro app patrocinado por publicidade, ele
coleta informações, mas não deixa claro o que a empresa fará com elas. Sua política de privacidade informa que fotos e “outros
materiais” são acessados, mas não detalha quais são esses materiais nem os
possíveis usos que fará deles.
O termo de adesão diz que o desenvolvedor do programa contrata analytics de terceiros para “medir as tendências de consumo do serviço”, e que as ferramentas coletam informações enviadas pelo aparelho ou pelo serviço, incluindo webpages, add-ons e outros dados que “ajudam a melhorar o serviço”. Informa ainda usar mecanismos de rastreamento — como cookies, pixels e beacons, que enviam dados sobre a navegação para a empresa e parceiros dela —, informações “de log” e tecnologias para identificar o tipo do dispositivo — smartphone, tablet ou PC —, supostamente para personalizar os anúncios enviados aos usuários, conforme os interesses de cada um. Todavia, quando enxugamos toda essa falação, o que sobra deixa claro que, a partir do momento em que instalamos o programinha, nossa navegação passa a ser totalmente rastreada.
Segundo os desenvolvedores, as informações são coletadas sem que o usuário seja identificado, e os dados não são vendidos ou comercializados, mas podem ser compartilhados com outras empresas do grupo, que também poderão utilizá-los para “melhorar seus serviços”, e com anunciantes parceiros, que os utilização seguindo “termos de confidencialidade razoáveis”. Mas não explica o que entende por “termos razoáveis”. E mais: se a empresa for vendida, diz o contrato, as informações poderão ser repassadas aos novos acionistas ou controladores sem aviso prévio aos usuários, que não terão como saber quem usará suas informações e para quê.
O termo de adesão diz que o desenvolvedor do programa contrata analytics de terceiros para “medir as tendências de consumo do serviço”, e que as ferramentas coletam informações enviadas pelo aparelho ou pelo serviço, incluindo webpages, add-ons e outros dados que “ajudam a melhorar o serviço”. Informa ainda usar mecanismos de rastreamento — como cookies, pixels e beacons, que enviam dados sobre a navegação para a empresa e parceiros dela —, informações “de log” e tecnologias para identificar o tipo do dispositivo — smartphone, tablet ou PC —, supostamente para personalizar os anúncios enviados aos usuários, conforme os interesses de cada um. Todavia, quando enxugamos toda essa falação, o que sobra deixa claro que, a partir do momento em que instalamos o programinha, nossa navegação passa a ser totalmente rastreada.
Segundo os desenvolvedores, as informações são coletadas sem que o usuário seja identificado, e os dados não são vendidos ou comercializados, mas podem ser compartilhados com outras empresas do grupo, que também poderão utilizá-los para “melhorar seus serviços”, e com anunciantes parceiros, que os utilização seguindo “termos de confidencialidade razoáveis”. Mas não explica o que entende por “termos razoáveis”. E mais: se a empresa for vendida, diz o contrato, as informações poderão ser repassadas aos novos acionistas ou controladores sem aviso prévio aos usuários, que não terão como saber quem usará suas informações e para quê.
O
fato de a base central da empresa ficar fora da União Europeia dificulta a
aplicação da legislação continental sobre proteção de dados. No Brasil, o app viola
o artigo 11.º do Marco Civil da Internet
(Lei Nº 12.965). Além de sua política de privacidade ser muito
permissiva, o uso do aplicativo gera
um poderoso banco de dados que poderão ser usados para alimentar sistemas de reconhecimento facial, até porque conta não só com fotos dos usuários, mas também de outras
pessoas (como de amigos ou de celebridades), que utiliza na execução das das montagens. Tecnologias
de reconhecimento facial têm se mostrado abusivas, levando diversas cidades a
banir esse tipo de recurso — caso de San Francisco, nos Estados Unidos, ou São
Paulo, que proibiu o uso da tecnologia no metrô. Isso sem mencionar o risco de o material cair nas mãos de cibercriminosos e ser usado para falsificar
a identidade das pessoas.
Conforme comentei em outras oportunidades, os aplicativos são os maiores
responsáveis por infecções virais nos smartphones
Android (e nos iPhone, ainda que
em menor medida). Desenvolvedores honestos devem devem
informar com clareza se, como e o que o usuário paga para utilizar seus produtos, e seus
pedidos de autorização devem ter um propósito. Mas nem sempre é assim: no ano
passado, por exemplo, apps de lanterna, que precisam acessar somente a câmara do aparelho para acender o flash, pediam permissão para acessar a localização
do usuário, suas mensagens, agenda de contatos, e até enviar SMS (?!).
Quem não atenta para essas incoerências acaba instalando programinhas maliciosos, instruídos a fazer compras não aprovadas com os números de cartões de créditos cadastrados, desviar dinheiro por meio de fraudes bancárias, e por aí vai. Dani Creus, analista de segurança da Kaspersky, adverte que, quando nossos
dados sobem para a nuvem, perdemos o controle sobre eles, e lembra que o maior
aliado do usuário na Internet é o bom senso.
Como eu costumo dizer, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.
Quem não atenta para essas incoerências acaba instalando programinhas maliciosos, instruídos a fazer compras não aprovadas com os números de cartões de créditos cadastrados, desviar dinheiro por meio de fraudes bancárias, e por aí vai.
Como eu costumo dizer, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.