Brasil e Rússia têm em comum o fato de participarem do BRICS e serem governados por presidentes que, ao que parece, mantêm ocas suas digníssimas cabeças a poder de Manitol ou outro poderoso laxante que tal. Felizmente, as semelhanças param por aí: Putin foi eleito em 2018 para seu 4º mandato consecutivo, ao passo que no Brasil a reeleição do Presidente da Republica só é possível uma vez, embora o dito-cujo possa disputar novamente o cargo depois de quatro anos contados a partir do final do mandato para o qual foi reeleito.
Um dos méritos da Constituição Cidadã, promulgada em 1988,
foi elidir a reeleição para chefes do Executivo municipal, estadual e federal.
Lamentavelmente, a Carta foi alterada na gestão de FHC, que entrou para a história como o presidente eleito pelo voto direto após a
redemocratização a se beneficiar dessa emeda — que, aliás, ele próprio promulgou, abrindo as portas
para o ímprobo demiurgo de Garanhuns e sua incompetente sucessora seguirem
o mesmo caminho.
Além das promessas de dar carta branca ao ministro Sérgio Moro e de combater
implacavelmente a corrupção e punir os corruptos, Jair Bolsonaro largou no pé da rampa do Palácio outras importantes bandeiras de campanha, dentre as
quais o fim da reeleição, e antes mesmo de completar um ano no cargo declarou-se candidatíssimo a um segundo mandato, tendo afirmado mais de uma vez que foi eleito
para "cumprir uma missão divina". A meu ver, isso é caso de internação, mas o médico mandou não contrariar, de modo que vamos deixar por menos.
Ter um doidivanas no Palácio do Planalto é um problema, mas a coisa poderia ser pior. Na Rússia, o parlamento aprovou uma
lei que proíbe a venda de equipamentos eletrônicos, incluindo smartphones, computadores e Smart
TVs que não tenham software russo pré-instalado, sob pena de multa de
até 200 mil Rublos (cerca
de R$ 13 mil) e banimento do
fabricante em caso de reincidência. Regime mais democrático que esse, só mesmo
na Venezuela de Maduro e na cabeça
oca da ex-senadora e presidente nacional do PT — codinome “Coxa” e “Amante” —, que foi devidamente
rebaixada, nas últimas eleições, a deputada federal.
"O projeto
fornece às empresas russas mecanismos legais para promover seus programas e
serviços no campo da tecnologia da informação para usuários russos",
afirmou a câmara baixa da Assembleia Federal da Rússia. "Além disso, a medida protegerá os interesses
das empresas russas de internet, o que reduzirá o número de abusos cometidos
por grandes empresas estrangeiras que trabalham no campo da tecnologia da
informação".
A lei ainda deve ser submetida ao Conselho da Federação, que
equivale ao nosso Senado, e sancionada pelo presidente Vladimir Putin, que, no afã de
controlar o acesso à internet dentro das fronteiras russas e após reclamar que
a Wikipedia não é
confiável, determinou a construção de um novo site para a "Grande Enciclopédia Russa".
O governo russo tem uma relação conflituosa com a Wikipedia há algum tempo. Em 2015,
o site inteiro foi bloqueado por causa de um artigo que continha informações
sobre a maconha. Para tal atitude, foi levada em consideração uma lei russa que
bane sites com material relacionado às drogas. O projeto visa oferecer
“informação confiável”, e deverá ser constantemente atualizado com base em
fontes de conhecimento científico do país. O desenvolvimento do portal
terá um custo de R$ 130 milhões.
Quer mais? Então vamos lá: o governo russo criou uma lei que
permite desconectar a Rússia da rede mundial de computadores. A norma depende
apenas da sanção presidencial para entrar em vigor, e a desconexão teria como
finalidade evitar ataques cibernéticos vindos dos EUA e de seus aliados capitalistas.
Em alguns países, a conexão com a Rede Mundial de Computadores é provida por um único cabo de
comunicação, e bastaria rompê-lo para suprimir a conectividade do país inteiro.
Não é o caso da Rússia, cuja extensão territorial exige muito mais que um cabo
ligando-a à Web, o que
dificulta a desconexão tanto por um ataque terrorista quanto pelo próprio
governo russo. Existem registros de países que tiveram a internet completamente
cortada como forma de censura a movimentos de protesto — prática recorrente
durante o período que ficou conhecido como “Primavera Árabe”, quando a Síria e o Egito viram
grandes manifestações políticas e seus governantes chegaram a desativar a
internet para tentar desmobilizar a população. No entanto, esses países possuem
infraestrutura precária e controlada de internet, o que simplifica o
desligamento do resto do globo. O Brasil chegou a discutir o isolamento
da World Wide Web em 2013,
durante o primeiro mandato da anta sacripanta, na época do escândalo de
espionagem revelado por Edward
Snowden, mas a ideia, estapafúrdia como tudo que se refere a Dilma Vana Rousseff, não seguiu
adiante.
Talvez a China seja o melhor exemplo de internet controlada
pelo governo, mas nem ela foi tão longe quanto a Rússia em sua proposta de se
isolar completamente da rede global. A vantagem da China, nesse caso, é que o
controle governamental foi implementado no país desde o princípio da internet,
o que permitiu criar mecanismos de restrição mais eficientes. Na Rússia,
bloqueio tende a ser mais caro e trabalhoso, mas Putin não dá detalhes sobre como ele seria realizado. Ao que
tudo indica, boa parte do plano ainda está no ar, o que explica a necessidade
de experimentos para determinar o que será preciso para colocar a ideia em
prática se e quando for “para valer”.
Sabe-se que as ordens são direcionadas às operadoras, que
devem passar a bloquear IPs externos, impedindo a conclusão de qualquer
requisição. Na prática, um cidadão russo não poderia acessar o Facebook, por exemplo, porque o site é
hospedado fora do país, da mesma forma que alguém de fora seria incapaz de
acessar os serviços hospedados na Rússia. Uma parte do projeto do governo russo
é direcionar para gateways controlados pelo próprio governo todo o tráfego
digital que entra e sai do país, aumentando a centralização da internet e
facilitando o desligamento em caso de ataque. Não à toa, as operadoras locais
esperam ser ressarcidas pelo Estado para a implementação dessa infraestrutura.
Sabe-se também que a Rússia estabeleceu seu próprio servidor DNS, torando-se independente
de organizações externas. Para quem não se lembra, o servidor DNS é responsável por converter
o URL digitado na barra de
endereços do navegador (por exemplo: www.fernandomelis.blogspot.com)
em um número de IP que
permite a comunicação entre o computador e o servidor. Se a Rússia se
desligasse da internet mundial sem seu próprio servidor de DNS de backup, a conversão
deixaria de ser automática, exigindo que os internautas russos digitassem os
números de IP na barra de
endereços.
Com informações do site Olhar
Digital