NÃO
SE PODE USAR A PRISÃO PREVENTIVA PARA SATISFAZER A OPINIÃO PÚBLICA, MAS
TAMPOUCO SE PODE USAR A LERDEZA DA JUSTIÇA COMO MULETA PARA A IMPUNIDADE DE
CORRUPTOS.
Tempestades de verão costumam cair em “pontos isolados”.
Aqui em Sampa é comum uma região da cidade ficar literalmente submersa e não
cair uma gota d’água em outra. Mas o fato de o céu (ainda) estar claro onde
você se encontra não significa que não esteja chovendo a cântaros onde você tem
um compromisso, mesmo que seja a poucos quilômetros de distância.
Se for apanhado por um temporal quando estiver a pé e não
houver onde se abrigar (loja, farmácia, supermercado, boteco etc.), mantenha-se
afastado de árvores, postes, quiosques e objetos metálicos grandes e expostos
(como tratores, escadas, cercas de arame etc.). Se estiver de moto ou
bicicleta, entre num posto de combustíveis e fique lá até a chuva passar.
Dirigir sob chuva forte pode é um problema, mas nem sempre há
alternativa (como quando você é apanhado por uma borrasca inesperada). Na cidade,
se a visibilidade ficar prejudicada, entre com o carro no estacionamento
(coberto) de um shopping ou supermercado e fique lá até a chuva amainar. Se
estiver num local sujeito a enchente, suba a primeira ladeira que encontrar e
só retome o trajeto original depois que a água baixar.
Na estrada, pare num posto ou, na falta de um, no
acostamento — jamais pare na pista —, ligue o pisca-alerta, feche os vidros e não saia do carro, pois ele é um
abrigo seguro contra raios (não por estar isolado pelos pneus, que isso é mito,
mas porque as descargas são dissipadas pela superfície metálica e absorvidas
pelo solo sem causar danos aos ocupantes). E torça para não cair granizo —
pedras pequenas não costumam causar grandes estragos, mas as do tamanho de
bolas de tênis podem facilmente quebrar o para-brisa ou amassar a lataria do
veículo. E fique atento para o nível da água: se ela subir acima da caixa das
portas, abandone o veículo e procure abrigo em outro local.
Alagamentos são
sempre perigosos, estejamos a pé, de carro, moto ou bicicleta. E não apenas devido à enxurrada (que
chega a arrastar veículos de grande porte), mas também porque buracos, bueiros
sem tampa e outros obstáculos se escondem sob a lâmina d’água. Se você precisar
um trecho alagado, observe como se comportam os veículos à sua frente (mas não
se baseie nos ônibus e caminhões, que, por serem mais altos, atravessam com
mais facilidade do que os veículos de passeio).
Reduza a velocidade, aumente a distância do carro da frente
e acenda os faróis baixos. Siga pelo meio da pista — onde o acúmulo de água
tende a ser menor do que próximo ao meio-fio — e só inicie à travessia depois
que o carro à frente tiver transposto o obstáculo e de se certificar de que
outro veículo não esteja vindo no sentido contrário. Engrene a primeira marcha,
mantenha o giro do motor em aproximadamente 2.000 RPM (com a ajuda da embreagem) e siga adiante sem mudar de
marcha. Evite ao máximo parar no meio da poça; se a água bloquear o cano de
descarga e motor “morrer”, dar a partida novamente pode ser um problema.
Para evitar que a visibilidade fique ainda mais prejudicada,
acione (além do limpador de para-brisa, naturalmente) o desembaçador do vigia
traseiro. Se o carro tiver ar condicionado, ligue-o e direcione o fluxo de ar
para o para-brisa. Se não tiver, ligue a ventilação na velocidade alta —
se não tiver nem isso, bem, Sr.
Flintstone, prepare-se para se molhar, pois você terá de deixar as janelas
abertas (uma fresta de pelo menos dois dedos) e limpar os vidros de tempos em
tempos com um pano seco (jamais passe a mão no vidro, pois o suor e a gordura irão
piorar ainda mais a situação).
Mantenha as palhetas dos
limpadores do para-brisa limpas — e troque-as quando a borracha ressecar — e os
orifícios do lavador desobstruídos. Verifique regularmente se há água no
respectivo reservatório e, sempre que completar o nível, adicione algumas gotas
de detergente neutro.
Aquaplanagem é o
nome que se dá à perda de contato dos pneumáticos com o asfalto quando se
trafega sobre uma lâmina de água. Nesse caso, o volante parece leve demais e
deixa de responder aos comandos do motorista. Evite tentar mudar a trajetória,
pois o veículo pode recuperar a tração de repente e você nem sempre terá tempo
de corrigir evitar um acidente. Para recuperar a aderência dos pneus, tire o pé
do acelerador — se seu carro tiver ABS,
pise no freio levemente, mas jamais gire o volante enquanto o veículo estiver
“flutuando”. Seguir o “rastro” deixado pelos pneus do carro da frente também é
uma boa ideia — aliás, observar como ele se comporta ajuda a evitar buracos,
bueiros sem tampa ou outro obstáculo qualquer que a má visibilidade e o acúmulo
de água na pista não lhe permitam enxergar, mas mantenha distância e esteja
preparado para tirar o pé do acelerador e segurar firmemente o volante ao
primeiro sinal de “flutuação”.
Concluímos no próximo capítulo.