quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

TEMPESTADES DE VERÃO — PENÚLTIMO CAPITULO


NÃO SE PODE USAR A PRISÃO PREVENTIVA PARA SATISFAZER A OPINIÃO PÚBLICA, MAS TAMPOUCO SE PODE USAR A LERDEZA DA JUSTIÇA COMO MULETA PARA A IMPUNIDADE DE CORRUPTOS.

Tempestades de verão costumam cair em “pontos isolados”. Aqui em Sampa é comum uma região da cidade ficar literalmente submersa e não cair uma gota d’água em outra. Mas o fato de o céu (ainda) estar claro onde você se encontra não significa que não esteja chovendo a cântaros onde você tem um compromisso, mesmo que seja a poucos quilômetros de distância.

Se for apanhado por um temporal quando estiver a pé e não houver onde se abrigar (loja, farmácia, supermercado, boteco etc.), mantenha-se afastado de árvores, postes, quiosques e objetos metálicos grandes e expostos (como tratores, escadas, cercas de arame etc.). Se estiver de moto ou bicicleta, entre num posto de combustíveis e fique lá até a chuva passar.

Dirigir sob chuva forte pode é um problema, mas nem sempre há alternativa (como quando você é apanhado por uma borrasca inesperada). Na cidade, se a visibilidade ficar prejudicada, entre com o carro no estacionamento (coberto) de um shopping ou supermercado e fique lá até a chuva amainar. Se estiver num local sujeito a enchente, suba a primeira ladeira que encontrar e só retome o trajeto original depois que a água baixar.

Na estrada, pare num posto ou, na falta de um, no acostamento — jamais pare na pista —, ligue o pisca-alerta, feche os vidros e não saia do carro, pois ele é um abrigo seguro contra raios (não por estar isolado pelos pneus, que isso é mito, mas porque as descargas são dissipadas pela superfície metálica e absorvidas pelo solo sem causar danos aos ocupantes). E torça para não cair granizo — pedras pequenas não costumam causar grandes estragos, mas as do tamanho de bolas de tênis podem facilmente quebrar o para-brisa ou amassar a lataria do veículo. E fique atento para o nível da água: se ela subir acima da caixa das portas, abandone o veículo e procure abrigo em outro local.

Alagamentos são sempre perigosos, estejamos a pé, de carro, moto ou bicicleta. E não apenas devido à enxurrada (que chega a arrastar veículos de grande porte), mas também porque buracos, bueiros sem tampa e outros obstáculos se escondem sob a lâmina d’água. Se você precisar um trecho alagado, observe como se comportam os veículos à sua frente (mas não se baseie nos ônibus e caminhões, que, por serem mais altos, atravessam com mais facilidade do que os veículos de passeio).

Reduza a velocidade, aumente a distância do carro da frente e acenda os faróis baixos. Siga pelo meio da pista — onde o acúmulo de água tende a ser menor do que próximo ao meio-fio — e só inicie à travessia depois que o carro à frente tiver transposto o obstáculo e de se certificar de que outro veículo não esteja vindo no sentido contrário. Engrene a primeira marcha, mantenha o giro do motor em aproximadamente 2.000 RPM (com a ajuda da embreagem) e siga adiante sem mudar de marcha. Evite ao máximo parar no meio da poça; se a água bloquear o cano de descarga e motor “morrer”, dar a partida novamente pode ser um problema.

Para evitar que a visibilidade fique ainda mais prejudicada, acione (além do limpador de para-brisa, naturalmente) o desembaçador do vigia traseiro. Se o carro tiver ar condicionado, ligue-o e direcione o fluxo de ar para o para-brisa. Se não tiver, ligue a ventilação na velocidade alta — se não tiver nem isso, bem, Sr. Flintstone, prepare-se para se molhar, pois você terá de deixar as janelas abertas (uma fresta de pelo menos dois dedos) e limpar os vidros de tempos em tempos com um pano seco (jamais passe a mão no vidro, pois o suor e a gordura irão piorar ainda mais a situação).

Mantenha as palhetas dos limpadores do para-brisa limpas — e troque-as quando a borracha ressecar — e os orifícios do lavador desobstruídos. Verifique regularmente se há água no respectivo reservatório e, sempre que completar o nível, adicione algumas gotas de detergente neutro.

Aquaplanagem é o nome que se dá à perda de contato dos pneumáticos com o asfalto quando se trafega sobre uma lâmina de água. Nesse caso, o volante parece leve demais e deixa de responder aos comandos do motorista. Evite tentar mudar a trajetória, pois o veículo pode recuperar a tração de repente e você nem sempre terá tempo de corrigir evitar um acidente. Para recuperar a aderência dos pneus, tire o pé do acelerador — se seu carro tiver ABS, pise no freio levemente, mas jamais gire o volante enquanto o veículo estiver “flutuando”. Seguir o “rastro” deixado pelos pneus do carro da frente também é uma boa ideia — aliás, observar como ele se comporta ajuda a evitar buracos, bueiros sem tampa ou outro obstáculo qualquer que a má visibilidade e o acúmulo de água na pista não lhe permitam enxergar, mas mantenha distância e esteja preparado para tirar o pé do acelerador e segurar firmemente o volante ao primeiro sinal de “flutuação”.

Observação: A aquaplanagem é mais comum em altas velocidades e/ou com pneus gastos, mas também pode ocorrer com os sulcos em ordem de marcha e em velocidades a partir de 55 km/h. O perigo aumenta em vias sinuosas, pois, dependendo da velocidade e do traçado da pista, pode não haver tempo para você recuperar o controle da direção e esterçar o volante para fazer a curva. Ao menor sinal de água na pista, reduza a velocidade e use uma marcha inferior àquela que você usaria com tempo seco, pois manter o giro do motor mais elevado aumenta a tração das rodas motrizes e favorece a aderência dos pneus.

Concluímos no próximo capítulo.