Eu havia programado outro assunto para hoje,
mas mudei de ideia quando me lembrei que estamos a poucos dias do
Carnaval. Em tese, o Reinado de Momo não deveria interferir na
grade de postagens, mas na prática a teoria é outra.
Se até mesmo em Sampa — outrora chamada de “terra do trabalho”, e que Vinicius de Moraes definiu como o “túmulo do samba” — o início da folia vem sendo antecipado em pelo menos uma semana e estendido até o domingo subsequente, seria ilusão achar que os leitores, que já estão contando os minutos para os dias de folia ou de descanso, tenham ânimo para ler meus pitacos sobre o lamentável cenário político tupiniquim.
Se até mesmo em Sampa — outrora chamada de “terra do trabalho”, e que Vinicius de Moraes definiu como o “túmulo do samba” — o início da folia vem sendo antecipado em pelo menos uma semana e estendido até o domingo subsequente, seria ilusão achar que os leitores, que já estão contando os minutos para os dias de folia ou de descanso, tenham ânimo para ler meus pitacos sobre o lamentável cenário político tupiniquim.
Diante do exposto, venho pensando (mas ainda não
resolvi) em suspender as postagens durante o feriadão que não é
feriado, mas, curiosamente, até os Bancos emendam — as agências fecham às 16h00 da próxima sexta, 21, e só reabrirão ao meio-dia da quarta-feira de
cinzas.
A portaria federal que regula os feriados e pontos facultativos não considera nem mesmo a terça-feira gorda como feriado, mas é prerrogativa dos estados e municípios criarem suas próprias regras. Demais disso, desde os tempos de antanho que os calendários registram a terça de Carnaval em vermelho, a exemplo dos feriados nacionais. E no Brasil, onde nem o passado é previsível, a única certeza que se tem sobre o futuro é que um dia ele vai chegar e até jabuti sobe em árvore, o buraco é mais embaixo.
A portaria federal que regula os feriados e pontos facultativos não considera nem mesmo a terça-feira gorda como feriado, mas é prerrogativa dos estados e municípios criarem suas próprias regras. Demais disso, desde os tempos de antanho que os calendários registram a terça de Carnaval em vermelho, a exemplo dos feriados nacionais. E no Brasil, onde nem o passado é previsível, a única certeza que se tem sobre o futuro é que um dia ele vai chegar e até jabuti sobe em árvore, o buraco é mais embaixo.
Decimus Iunius Iuvenalis, que
viveu no século primeiro da Era Cristã, dizia que dar panem et circenses
à plebe ignara bastava para mantê-la sob controle. Mais conhecido como Juvenal, esse poeta satírico romana se valia dessa metonímia para criticar o desinteresse de seus compatriotas pela política, devido,
segundo ele, à falta de cultura e ao desejo pantagruélico dos plebeus por comilança
e diversão.
Passando da metonímia à metáfora, eu sua coluna em Veja
do último dia 12 o economista Cláudio de Moura Castro ensina que “A
Revolução Tecnológica varre o mundo!” é uma metáfora ruim, pois
a vassoura carrega todo o lixo que está no caminho. Para aludir ao fato de a
tecnologia avançar aqui e encolher acolá, melhor seria compará-la à panela de pipoca, na qual alguns grãos espocam e
pulam longe, enquanto outros goram, recusando-se a se abrir. Dito isso, o texto
corre assim:
“Automóveis sem motorista já entregam pizza, e voou com
sucesso um protótipo de avião sem peças móveis (impulsionado pelo movimento de
partículas subatômicas). Mas na semana passada, em Belo Horizonte, vi uma
carroça em plena função.
Os romanos já tinham torneiras adequadas. Por que então o
chuveirinho higiênico sempre pinga? E as infiltrações no banheiro? E as lajes
que vazam? Dormi na casa de um amigo, construída no século XIV. Embora
chovesse, não havia goteiras. Por que as nossas têm?
Vaza a pilha que custa um par de reais. Arruína um
aparelho caríssimo. O fogão do restaurante produz tanto uma chama estrondosa
quanto uma ínfima. Os domésticos não têm nem uma chama forte nem uma fraquinha.
Apesar do emaranhado de aviões chegando e saindo das
grandes cidades, o trânsito aéreo flui. Mas no terrestre, quando abre o sinal,
é quase certo que o seguinte estará vermelho.
Falando de aeroportos, como se explica padecer em até
cinco filas sucessivas antes de entrar em um avião, que é um dos maiores
prodígios do engenho humano?
À mesa do hotel, deposito meu fulgurante smartphone ao
lado das caixinhas de geleia e manteiga. Por que é impossível abri-las sem se
lambuzar? E os enlatados que cortam nossos dedos e não se abrem? A proteção de
plástico na tampa dos remédios parece desenhada para impedir seu uso. A
embalagem da paçoquinha, ao ser aberta, esboroa todo o conteúdo. Algumas
garrafas de água mineral só se abrem com alicate.
O maior perigo de pegar uma infecção está nos hospitais,
para onde corremos ao ficar doentes. Às vezes, entra-se com um probleminha e
sai-se no caixão. Tancredo Neves foi vítima de infecção hospitalar. Como sanar
o problema? Fácil, médicos e enfermeiras devem lavar as mãos com mais frequência.
Uma pérola da burocracia: estava em Bogotá quando recebi
a notícia de doença grave na família. Tinha reserva na Latam para o dia
seguinte e resolvi antecipá-la. A empresa pediu a documentação do hospital. Ao
recebê-la, afirmou que levaria sete dias para avaliar o caso. Ou seja, seis
dias depois da passagem marcada e sete depois da data pretendida. Diante do
absurdo, a funcionária sugeriu que comprasse uma passagem. O reembolso se
resolveria depois. Assim fiz. Mais adiante, um e-mail informou que, como eu havia
comprado uma passagem, perdera o direito a um reembolso. Eis a “experiência do
cliente”, supostamente valorizada pela empresa. Espero que a burocracia
funcione melhor na cabine de comando de seus aviões.
Por que será que algumas áreas são sacudidas pela
tecnologia e outras travam, ad aeternum, com suas soluções imbecis?
Será porque atraem gente mal educada?”