quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

SOBRE A IMPRENSA, OS 40 ANOS DO PT E A GREVE DOS PETROLEIROS



Começando pela imprensa: Augusto Nunes comentou em seu Blog que, disfarçados de redatores de manchetes da primeira página, os vigaristas da adversativa não se emendam — e são duros na queda. Sempre que aparece uma notícia boa, eles anabolizam alguma irrelevância, conferem-lhe o mesmo peso da que realmente interessa e, sempre depois de um MAS precedido pela vírgula, infiltram a ressalva concebida para decretar o empate. Foi o que fez a Folha na manchete do último domingo: “Sob Bolsonaro, crime cai e emprego cresce, mas área social piora". A direção do jornal deve achar que a área social estaria bem melhor se a criminalidade subisse e o desemprego crescesse.

Sobre Lula e o PT — assunto que me desgosta profundamente, mas que sou obrigado a abordar por dever de ofício —, primeiro é preciso lembrar que ambos são uma “coisa” só. Para definir a coisa usando o linguajar erudito do ex-presidente, mudam as moscas, mas a merda é a mesma

A esquerda tupiniquim parece tão perdida quanto os democratas americanos na tentativa de encontrar uma vítima para jogar aos leões no próximo pleito presidencial. A diferença é que lá a eleições será em novembro próximos, e aqui, em outubro de 2022.   

Informado de que fora encarregado de organizar o Festival dos 40 Anos do PT, Aloizio Mercadante avisou que o evento seria “a maior celebração da esquerda brasileira". Se o ex-senador petista se referia ao que aconteceu no Rio entre 7 e 9 de fevereiro, a promessa foi um surto de megalomania. E se o que se viu no Circo Voador foi apenas um ensaio, o PT precisa rever imediatamente a programação para livrar-se de mais um fiasco.

Na comemoração,  o “ato de abertura” limitou-se a discurseiras berradas por Gleisi Hoffmann, José Dirceu, Fernando Haddad e alguns coadjuvantes. Em vez disso, os organizadores poderiam reapresentar grandes momentos da história do PT, alguns deles protagonizados por antigas estrelas desconhecidas pela nova geração de devotos da seita. Que tal reprisar, por exemplo, o inesquecível espetáculo improvisado por Ideli Salvatti no interior de Santa Catarina em 27 de outubro de 2010? 

Ex-senadora, ex-ministra da Pesca e ex-ministra de Relações Institucionais e Direitos Humanos do governo Dilma, a petista transformou naquele dia na Marilyn Monroe de Lula (confira no vídeo abaixo).


Não há novidade alguma na postura de Lula e do PT. Tanto o criador quanto a criatura padecem de orgulho exacerbado e têm sede de exclusivismo da virtude e do poder — e o poder, somado à vaidade, cega as pessoas. Na década de 1980, Leonel Brizola (por quem eu nunca nutri grande simpatia, mas que sempre achei um sujeito de visão) já alertava sobre o SAPO BARBUDO. Agora, 4 décadas depois, só não vê quem não quer que o caudilho de Carazinho estava coberto de razão. Pena não terem dado ouvidos a ele.

Por último, mas não menos importante: a greve dos petroleiros, que já dura 19 dias, foi declarada ilegal pelo ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, do Tribunal Superior do Trabalho, que autorizou a Petrobras a tomar "medidas administrativas cabíveis", como corte de salários, sanções disciplinares e demissão por justa causa. A Federação Única dos Petroleiros recorreu da decisão monocrática do ministro e o julgamento em plenário foi pautado para o dia 9 de março. A FUP decidiu manter a paralisação e orientou os petroleiros a seguir as recomendações dos sindicatos em relação às tentativas de intimidação e assédio dos gestores da Petrobras.

A esquerda, sempre oportunista, mas que vinha dormindo no ponto ao se concentrar no movimento Lula Livre, decidiu usar essa greve como bandeira — o que é de um cinismo a toda prova, quando mais não seja porque Lula, o PT e seus comparsas no Petrolão drenaram dezenas de bilhões de reais dos cofres da Estatal para sustentar seu projeto de perpetuação no poder e enricar um sem-número de empresários e políticos corruptos.

Observação: Para adicionar uma pitada de humor a essa tragédia que foi o escândalo do Petrolão, o mesmo Lula que chegou a dizer que o Mensalão nunca existiu definiu a maior roubalheira da história deste país como “uma artimanha capitaneada pelo Departamento de Justiça dos EUA para conter o avanço da participação do Brasil no mercado mundial de petróleo”.

O Brasil abriga mais de 300 empresas estatais, onde os funcionários dos altos escalões (os “parasitas” a que se referiu o ministro Paulo Guedes) ganham salários astronômicos e gozam de toda sorte de mordomias, ao passo que os milhões de “barnabés do funcionalismo“ mal conseguem subsistir. Nos EUA, se não me falha a memória, a única empresa estatal é a agência espacial NASA, que funciona muito bem, obrigado.