A
VERDADE PODE CONTRARIAR PRECEITOS PROFUNDAMENTE ENRAIZADOS E NÃO COADUNAR COM O
QUE QUEREMOS DESESPERADAMENTE QUE SEJA VERDADE, ATÉ PORQUE NÃO SÃO NOSSAS
PREFERÊNCIAS QUE DETERMINAM O QUE É OU NÃO VERDADE.
Para fechar esta sequência, relembro que
até não muito tempo atrás as chamadas geradas a partir de telefones celulares
eram tarifadas conforme sua duração, e o preço do minuto de ligação era
assustador. Então, para fidelizar a clientela, as operadoras resolveram
praticar preços diferenciados para chamadas realizadas dentro de suas próprias
redes, que, em alguns planos, chegavam a ter custo zero.
Somadas à redução no preço dos aparelhos, essas promoções
levaram muita gente a andar com dois ou três telefones com chips de operadoras
diferentes. Na hora de fazer uma ligação, usava-se a linha da mesma operadora a
que pertencia o número que se pretendia chamar (para dar nomes aos bois, bastava
consultar a Abr Telecom, a Qual
Operadora? ou outra página da Web que fornecesse esse tipo de
informação).
Mais adiante, aparelhos com slots para dois, três ou mesmo
quatro SIM-Cards facilitaram a vida
dos usuários, mas eles se tornaram desnecessários após o advento de planos com
ligações ilimitadas, inclusive para terminais fixos e números de qualquer
operadora. Por outro lado, alguns smartphones permitem usar os slots adicionais
para expandir o espaço de armazenamento interno
mediante a inserção de SD-Cards (cartões
de memória flash).
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A World Wide Web
(daí a sigla “www”) surgiu nos anos
1960 como um projeto militar (batizado de ARPANET) que visava descentralizar o armazenamento de informações vitais para o Departamento de
Defesa dos EUA, e, com o fim da guerra fria, passou a ser usada por órgãos
governamentais, universidades e grandes corporações. Mas seu potencial para
fins comerciais não demorou a ser vislumbrado e, em meados dos anos 1990, o
número crescente de internautas domésticos fez com que a placa de fax-modem e o browser se tornassem indispensáveis em qualquer computador.
Os browsers (ou navegadores de Internet) surgiram em 1991,
mas o Netscape Navigator,
lançado em 1994, foi o primeiro a exibir textos e imagens postadas em websites.
Depois de fazer um sucesso estrondoso, ele foi desbancado pelo Internet Explorer 4, que se tornou
extremamente popular porque a Microsoft
o transformou em componente nativo do Windows.
O IE reinou
absoluto até meados de 2012, quando foi destronado não pelo arquirrival Firefox, da Fundação Mozilla, mas pelo Google
Chrome, que desde então é preferido pelos internautas do mundo inteiro. A Microsoft vem tentando recuperar o
espaço perdido com o Edge, lançado em
conjunto com o Windows 10, mas até
agora o browser conquistou míseros 2% dos usuários.
Até poucos anos atrás, a maioria dos internautas tupiniquins
acessava a Web via conexão discada (rede dial-up), que era provida por um modem
analógico, cuja velocidade máxima (teórica) era de 56,6 quilobits por segundo,
mas na prática dificilmente ia além de 48
kbps. O acesso dependia diretamente da linha telefônica, que não podia ser
usada concomitantemente em ligações convencionais, sem mencionar que a conexão
caía a todo instante e às vezes dava canseira para ser refeita. Como a ligação
do modem para o provedor era tarifada do mesmo jeito que as chamadas de voz (um
pulso quando a ligação era completada e pulsos adicionais a cada 6 segundos), a
conta do telefone podia causar infarto em quem tinha problemas de coração. Na sequência,
surgiram os planos de banda larga — com velocidades (nominais) entre 128 e 256 kbps —, que deixavam a linha
livre para chamadas por voz. O problema é que eles custavam caro e eram
restritos a algumas regiões da cidade (isso nas capitais de estados e grandes
metrópoles, no interiorzão, nem pensar).
Para gerenciar emails, atualizar o sistema ou garimpar novas
versões dos aplicativos nos sites dos fabricantes — coisa que demandava tempo,
sobretudo devido à baixa velocidade de conexão — os internautas varavam as
madrugadas (depois da meia-noite, a tarifação era diferenciada) ou deixavam
para fazer nos finais de semana (a
partir das 14h00 do sábado e até as 6h00 da segunda-feira subsequente era
cobrado um pulso por chamada, independentemente de sua duração). Como o trafego
aumentava significativamente nesses dias e horários, amargava-se ainda mais
lentidão, e as quedas eram constantes, mas sobrevivia-se sem grandes sobressaltos
à apresentação da conta do telefone.
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Por último, mas não menos interessante, quando os primeiros roteadores Wi-Fi chegaram ao Brasil,
internautas que se ressentiam do alcance limitado do sinal potencializavam-no envolvendo as antenas do dispositivo em
papel laminado ou em latinhas de cerveja/refrigerante (deixava-se
apenas um dos lados abertos, para direcionar o sinal da rede). Apesar de ser rudimentar,
essa solução funcionava, pois o alumínio das latinhas reflete as ondas do roteador,
concentrando o sinal em determinadas direções. Com a evolução dos dispositivos,
no entanto, isso deixou de fazer sentido (até porque roteadores de última
geração sequer tem antenas externas direcionáveis).