Considerando que faltam 32 meses para o próximo pleito presidencial
e nove para as eleições municipais, é no mínimo prematuro falar em campanha
eleitoral. Mas o detalhe — e o diabo mora nos detalhes — é que a disputa pela
sucessão de Bolsonaro começou cerca de um ano atrás, quando o capitão, ao subir
a rampa do Palácio, enfiou em local incerto e não sabido suas promessas de
campanha de propor o fim da reeleição, ser implacável com a corrupção, dar carta
branca ao ministro Sérgio Moro e indicá-lo para a próxima vaga que se
abrir no STF, entre outros compromissos assumidos do alto de seu
palanque virtual.
É fato que o bom enxadrista deve estar sempre três lances à
frente do adversário, mas para tudo há limite, e este bizarro jogo político
tupiniquim não é exceção. Quando por mais não seja, a antecipação da campanha
sucessória é deletéria porque acirra ainda mais as divergências
político-partidárias que tanto mal têm causado a esta banânia e desvia o
foco do Congresso das reformas e outras medidas essenciais à retomada do
crescimento da Economia (aliás, na semana passada o Brasil e outros 23 países
foram retirados da
lista de países em desenvolvimento pelo Departamento de Comércio dos
EUA).
Deixo para esmiuçar numa próxima oportunidade a dicotomia
epidêmica que se disseminou país afora quando Lula e sua seita diabólica
passaram a entoar o enjoativo ramerrão do “nós contra eles” como muezins
conclamando os fiéis à prece do alto dos minaretes. Até porque entender esse imbróglio
requer uma regressão no tempo até os idos de 1964, quando eclodiu o golpe de
Estado que abriu as portas para uma ditadura militar que durou duas décadas — e
que nosso presidente ora diz que jamais existiu (aliás, Lula também já
disse que o Mensalão jamais existiu), ora exalta despudoradamente, como fez
ao concluir seu voto pelo impeachment da “nefelibata da mandioca, estocadora
de vento e gerentona de araque” com a seguinte frase: “Pela memória
do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo
exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus
acima de tudo, o meu voto é sim”.
Por ora, voltemos rapidamente à
novela da nomeação da atriz Regina Duarte para comandar a pasta da
Cultura — escolha que só o tempo dirá se foi um lance magistral ou um gol
contra de nosso indômito capitão, que, embasado numa decisão do STJ que
autorizou a nomeação do afrodescendente racista Sérgio Camargo para a
presidência da Fundação Palmares, declarou que “vai reacomodar ‘o garoto’
no cargo”.
É prerrogativa do presidente nomear
quem ele bem entender — ou exonerar, como Bolsonaro fez recentemente (depois
de muita pressão) com Vicente Santini, secretário executivo da esvaziada
Casa Civil comandada por Onyx Lorenzoni. Mas a Fundação
Palmares é subordinada à Secretaria da Cultura, e as declarações do
capitão assumem ares de ingerência na seara de Regina, sobretudo porque Camargo
fora nomeado para o cargo pelo suposto neonazista Roberto Alvim —
ex-secretário da Cultura que parafraseou um trecho de um discurso do ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels,
e que o próprio guru palaciano Olavo de Carvalho (também conhecido como “O
HOMEM DE VIRGÍNIA”) disse que talvez
não estivesse muito bem da cabeça. Coisas do Brasil.
Para concluir: A decisão de Regina
(de trocar a carreira na Globo por um cargo no governo federal) foi criticada pelos
filhos João e Gabriela — apenas André apoiou a mãe. Dos
cinco irmãos da atriz, apenas um aprovou opção da eterna dublê de namoradinha
do Brasil e viúva Porcina, que, segundo João Batista Jr. publicou
na seção GENTE da edição da revista VEJA desta semana, “tem fama de avoada, de coração
demasiadamente mole, habituada a passar horas a fio vendo filmes e memes nas
redes sociais”.
The answer, my friends, is blowing
in the wind.