domingo, 16 de fevereiro de 2020

UMA INTRODUÇÃO DE “PORQUE CHEGAMOS AONDE CHEGAMOS” E O TRIÂNGULO BOLSONARO/SÉRGIO CAMARGO/REGINA DUARTE



Considerando que faltam 32 meses para o próximo pleito presidencial e nove para as eleições municipais, é no mínimo prematuro falar em campanha eleitoral. Mas o detalhe — e o diabo mora nos detalhes — é que a disputa pela sucessão de Bolsonaro começou cerca de um ano atrás, quando o capitão, ao subir a rampa do Palácio, enfiou em local incerto e não sabido suas promessas de campanha de propor o fim da reeleição, ser implacável com a corrupção, dar carta branca ao ministro Sérgio Moro e indicá-lo para a próxima vaga que se abrir no STF, entre outros compromissos assumidos do alto de seu palanque virtual.

É fato que o bom enxadrista deve estar sempre três lances à frente do adversário, mas para tudo há limite, e este bizarro jogo político tupiniquim não é exceção. Quando por mais não seja, a antecipação da campanha sucessória é deletéria porque acirra ainda mais as divergências político-partidárias que tanto mal têm causado a esta banânia e desvia o foco do Congresso das reformas e outras medidas essenciais à retomada do crescimento da Economia (aliás, na semana passada o Brasil e outros 23 países foram retirados da lista de países em desenvolvimento pelo Departamento de Comércio dos EUA).

Deixo para esmiuçar numa próxima oportunidade a dicotomia epidêmica que se disseminou país afora quando Lula e sua seita diabólica passaram a entoar o enjoativo ramerrão do “nós contra eles” como muezins conclamando os fiéis à prece do alto dos minaretes. Até porque entender esse imbróglio requer uma regressão no tempo até os idos de 1964, quando eclodiu o golpe de Estado que abriu as portas para uma ditadura militar que durou duas décadas — e que nosso presidente ora diz que jamais existiu (aliás, Lula também já disse que o Mensalão jamais existiu), ora exalta despudoradamente, como fez ao concluir seu voto pelo impeachment da “nefelibata da mandioca, estocadora de vento e gerentona de araque” com a seguinte frase: “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim”.

Por ora, voltemos rapidamente à novela da nomeação da atriz Regina Duarte para comandar a pasta da Cultura — escolha que só o tempo dirá se foi um lance magistral ou um gol contra de nosso indômito capitão, que, embasado numa decisão do STJ que autorizou a nomeação do afrodescendente racista Sérgio Camargo para a presidência da Fundação Palmares, declarou que “vai reacomodar ‘o garoto’ no cargo”.

É prerrogativa do presidente nomear quem ele bem entender — ou exonerar, como Bolsonaro fez recentemente (depois de muita pressão) com Vicente Santini, secretário executivo da esvaziada Casa Civil comandada por Onyx Lorenzoni. Mas a Fundação Palmares é subordinada à Secretaria da Cultura, e as declarações do capitão assumem ares de ingerência na seara de Regina, sobretudo porque Camargo fora nomeado para o cargo pelo suposto neonazista Roberto Alvim — ex-secretário da Cultura que parafraseou um trecho de um discurso do ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, e que o próprio guru palaciano Olavo de Carvalho (também conhecido como “O HOMEM DE VIRGÍNIA”) disse que talvez não estivesse muito bem da cabeça. Coisas do Brasil.

Para concluir: A decisão de Regina (de trocar a carreira na Globo por um cargo no governo federal) foi criticada pelos filhos João e Gabriela — apenas André apoiou a mãe. Dos cinco irmãos da atriz, apenas um aprovou opção da eterna dublê de namoradinha do Brasil e viúva Porcina, que, segundo João Batista Jr. publicou na seção GENTE da edição da revista VEJA desta semana, “tem fama de avoada, de coração demasiadamente mole, habituada a passar horas a fio vendo filmes e memes nas redes sociais”.

The answer, my friends, is blowing in the wind.