Segundo a jornalista e comentarista de economia Miriam
Leitão, Eduardo Bolsonaro criou um
problema com o maior parceiro comercial do país, ao acusar a China de
disseminar o vírus e comparar o caso ao de Chernobyl, para desviar a atenção. É uma técnica da direita radical. Um truque. Jair Bolsonaro passou o tempo todo chamando a pandemia de coronavírus de histeria, e isso atrasou a resposta do governo brasileiro. O objetivo, portanto, é desviar o foco.
O embaixador chinês exigiu desculpas, mas o chanceler Ernesto Araújo endossou a crítica demonstrando a subserviência de um ministro das Relações Exteriores a um deputado. Zero três fingiu pedir desculpas, disse que nunca ofendeu e que a embaixada não refutou as acusações.
O embaixador chinês exigiu desculpas, mas o chanceler Ernesto Araújo endossou a crítica demonstrando a subserviência de um ministro das Relações Exteriores a um deputado. Zero três fingiu pedir desculpas, disse que nunca ofendeu e que a embaixada não refutou as acusações.
A esta altura do campeonato, a China é o único país que nos ofereceu ajuda numa questão emergencial e que está
sendo negociada pelo ministro da Saúde, Luiz Mandetta: o fornecimento de
equipamentos hospitalares, como respiradores artificiais e máscaras, usados na
prevenção e no tratamento. O Brasil baixou tarifas mas não consegue importar,
porque quem encontra quem venda.
Na área comercial, o país comunista é nosso maior parceiro. No
ano passado, o Brasil exportou US$ 65 bilhões para a China e importou US$
35 bi. Isso significa 29% de tudo o que o Brasil
exporta no mundo e 20% de tudo o que importa.
Esse, meus caros, é o governo que temos, que nos foi impingido por uma horda de apedeutas munidos de
título de eleitor que, no primeiro turno das eleições passadas, jogou fora a criança junto com a água do banho. Não nego que a maioria dos postulantes estava mais para elenco de feira de horrores do que para políticos preparados para presidir o Brasil, mas havia opções que poderíamos ter experimentado, como Alvaro Dias, Henrique Meirelles, João Amoedo e até João Doria, se o picolé de chuchu lhe tivesse cedido o espaço.
Resultado: no embate final, entre péssimo e o menos pior, o jeito foi ficar com o capitão caverna, que nunca teve (e aparentemente nunca terá) envergadura para exercer a presidência, embora tenha sido eleito
democraticamente pelo voto de 57,8 milhões de brasileiros (entre “bolsomínions” e quem optou pelo voto útil em vez de anular, votar em branco ou se abster).
Há momentos nesta vida — e são muitos, infelizmente — em que desejamos uma picanha com fritas e farofa, mas temos de nos
contentar com um misto frio, com pão amanhecido e apresuntado (não vou falar em
mortadela por motivos óbvios, mas vale lembrar que esse embutido, até pouco tempo atrás tido como "coisa de pobre" e, portanto, era enjeitado pelos “emproados”, hoje custa mais caro do que o presunto).
Bolsonaro jamais foi o candidato dos sonhos da maioria
de nós, embora seja idolatrado e chamado de “mito” por sua claque de apoiadores
— espécie de militância lulopetista com o sinal invertido. O apelido faz
sentido: a palavra “mito” vem do
latim mythos, que significa "fábula”,
“lenda”, “quimera”, “utopia”. Deu pra entender ou
quer que eu desenhe?
Na noite da última quarta-feira, houve panelaços
em algumas
capitais do país, tanto contra quanto a favor do presidente. O episódio
(democrático, legítimo, mas realizado num momento absolutamente inoportuno) fez
lembrar da reta final da gestão de Dilma, quando anta estava na linha do pênalti
(no lugar da bola) e era saudada por manifestações desse tipo toda vez que abria a boca. Daí muitos interpretarem esse protesto como um prenúncio da
queda do capitão.
Vale lembrar que a debacle do governo petista começou bem antes dos panelaços — mais exatamente em junho 2013, quando as ruas, que não rocavam desde os protestos pelas “Diretas Já”, foram tomadas por manifestantes que que se insurgiam contra o aumento na tarifa do transporte coletivo, a violência urbana, a precariedade dos serviços públicos e os custos da Copa do Mundo. Mesmo assim, Dilma derrotou Aécio Neves em 2014, mas seu segundo mandato durou apenas 16 meses e 12 dias.
Vale lembrar que a debacle do governo petista começou bem antes dos panelaços — mais exatamente em junho 2013, quando as ruas, que não rocavam desde os protestos pelas “Diretas Já”, foram tomadas por manifestantes que que se insurgiam contra o aumento na tarifa do transporte coletivo, a violência urbana, a precariedade dos serviços públicos e os custos da Copa do Mundo. Mesmo assim, Dilma derrotou Aécio Neves em 2014, mas seu segundo mandato durou apenas 16 meses e 12 dias.
O fato é que o momento atual exige união. Estamos atravessando uma tormenta de proporções épicas e abrangência
mundial. Se não pusermos de lado as diferenças políticas, ideológicas e de visões do mundo em prol do bem comum, se não remarmos todos na mesma direção, seremos fatalmente tragados pelo redemoinho.
Já basta a irresponsável queda de braço entre a Rússia do filho de Putin e da Arábia Maldita, que derrubou o preço do petróleo e, com ele, as bolsas de valores do mundo inteiro; não precisamos nós, também, alimentar picuinhas domésticas em que o chefe do Executivo fica de mal do Presidente da Câmara e o presidente do Congresso fica enciumado.
Já basta a irresponsável queda de braço entre a Rússia do filho de Putin e da Arábia Maldita, que derrubou o preço do petróleo e, com ele, as bolsas de valores do mundo inteiro; não precisamos nós, também, alimentar picuinhas domésticas em que o chefe do Executivo fica de mal do Presidente da Câmara e o presidente do Congresso fica enciumado.
Segundo um velho ditado português, há situações em que o sujeito vai preso por ter cão e por não ter. Eu já antevia essa possibilidade desde que Bolsonaro derrotou o fantoche de Lula (aliás, em janeiro de 2019 eu aludi à fábula d’O velho, o menino e o burro).
O presidente não morre de amores pela imprensa, mas o sentimento é mutuo. Uma palavra mal colocada, uma frase dúbia que, tirada do contexto, dá azo a mais de uma interpretação, é o bastante para os jornalistas badalarem o sino com faziam os sacristãos de antigamente na hora da missa. E assim continuará sendo pelos próximos 2 anos e 9 meses, diga Bolsonaro o que disser ou faça ele o que fizer.
O presidente não morre de amores pela imprensa, mas o sentimento é mutuo. Uma palavra mal colocada, uma frase dúbia que, tirada do contexto, dá azo a mais de uma interpretação, é o bastante para os jornalistas badalarem o sino com faziam os sacristãos de antigamente na hora da missa. E assim continuará sendo pelos próximos 2 anos e 9 meses, diga Bolsonaro o que disser ou faça ele o que fizer.
Mas, convenhamos: calado, o capitão é um poeta; quando fala, torna-se uma usina de calamidades. E o mesmo se aplica a seus três filhos que têm mandato eletivo. Então, parafraseando Caco Antibes (personificado
por Miguel Falabella) no saudoso sitcom Sai de Baixo, “cala a
boca, Magda”!