quinta-feira, 23 de abril de 2020

HOME OFFICE E AFASTAMENTO SOCIAL — MAIS TEMPO ONLINE POTENCIALIZA RISCOS DE VÍRUS E CIBERATAQUES (PARTE 5)


MESMO UM ESQUILO CEGO PODE EVENTUALMENTE ENCONTRAR A AVELÃ.

Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas mostrou que 86% dos consumidores fizeram pelo menos uma compra pela internet entre junho de 2018 e junho de 2019, e destes, 67% utilizaram o smartphone. Em 2018, 40% das 78,9 bilhões de transações financeiras do país foram feitas por meio de aplicativos de bancos, segundo a Febraban, a maioria deles também realizada pelo smartphone.

Para um leitor comum, esses números indicam que o e-commerce vem crescendo e que o smartphone, tornando-se mais popular nas compras online e no netbanking do o jurássico desktop e o cretáceo notebook; para cibercriminosos, são o mapa da mina, pois apontam para onde a bandidagem deve concentrar sua artilharia; para usuários de smartphone, deveriam ser motivo de preocupação, mas muita gente ainda não se deu conta de quão turvas são as águas da Web e dos riscos de navegar por elas sem as devidas ferramentas de proteção (que estão longe de ser infalíveis, mas diminuem consideravelmente os riscos).

Como esta postagem é a quinta (ou sexta, ou sétima, dependendo de como se enumerem as anteriores) de uma longa sequência sobre segurança digital, é possível que o leitor já esteja tão cheio desse assunto quanto de ouvir falar em coronavírus, isolamento social e políticos de diferentes ideologias que defendem medidas visando salvar a economia em detrimento da saúde e vice-versa. Reconheço que está na hora de mudar de foco, e é o que farei em breve, talvez daqui a duas ou três postagens. Então, vamos adiante.

Um estudo da Juniper Research dá conta de que o gasto total de operadoras com soluções de otimização de rede e mitigação de fraudes com serviços baseados em Inteligência Artificial (IA) deve ultrapassar US$ 15 bilhões até 2024.

Para se ter uma ideia do perigo iminente, a startup Lyrebird desenvolveu um algoritmo capaz de imitar a voz de qualquer pessoa e aprender a falar como ela, usando as mesmas expressões verbais, e teve sua eficácia comprovada com a imitação da voz dos últimos presidentes dos Estados Unidos.

Não é difícil imaginar o estrago que fariam os hackers usando esse algoritmo para criar bots capazes de imitar pessoas com perfeição, e assim acessar bancos de dados pessoais, senhas, contas bancárias e de cartões de crédito e por aí afora.

(*) Observação: Não confunda algoritmo com programa. Alguns autores definem programa como um conjunto de algoritmos combinados, o que, guardadas as devidas proporções, seria o mesmo que definir uma casa como um monte de tijolos assentados.

Dados da FGV-SP indicam que existem 230 milhões de smartphones ativos no Brasil — mais de um aparelho por habitante. Modelos mais recentes estão adotando a IA em novos chips, o que os torna capazes interpretar certas ações repetidas pelos usuários e, com base nelas, prever a demanda de recursos e serviços (mais ou menos como o corretor ortográfico, que agiliza a composição dos textos, mas tende a cometer ao inserir ou substituir palavras de forma inapropriada, alterando completamente o sentido das frases).  

Da mesma forma que uma faca de cozinha é um instrumento culinário, mas se torna letal nas mãos de alguém com intenções homicidas, a IA coleta informações sobre horários, preferências de compras ou restaurantes visitados, gerando algoritmos para nos oferecer produtos e serviços adequados às nossas necessidades, mas a bandidagem pode se valer dessa capacidade para assumir o controle do smartphones ou roubar a identidade dos usuários.

A IA será cada vez mais usada pelos criminosos, seja pela democratização das ferramentas, seja pela disponibilidade de informações sobre produtos de segurança, que levarão algoritmos a descobrir automaticamente novas formas de ataque. Tanto a IA quanto o Machine Learning, que vem aprimorando os negócios de muitas empresas, podem resultar numa nova geração de ataques, cada vez mais inteligentes e sofisticados. Isto posto, vale lembrar que cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém e que, em rio que tem piranha, jacaré nada de costas.

Texto criado com base em informações da Allot, provedora líder de soluções inovadoras de inteligência e segurança de rede para provedores de serviços em todo o mundo.