segunda-feira, 4 de maio de 2020

A DICOTOMIA NEFASTA, A ENTREVISTA DE MORO À VEJA E UMA MÚSICA INSPIRADORA NAS VOZES DE RENATO TEIXEIRA E OSWALDO MONTENEGRO


Antes da postagem do dia, algumas palavras e uma música inspiradora. Como bem sabe quem ainda tem estômago para acompanhar os noticiários, se não arejamos a mente, acabaremos endoidecendo.


Com brocardos de sabedoria como “médio tutissimus ibis” e “in medio stat virtus”, os antigos romanos recomendavam fugir dos extremos e caminhar com segurança pelo meio. Mas quem se importa com isso? Os brasileiros é que não, como demonstra a dicotomia político-ideológico-partidária que tanto mal tem feito ao Brasil desde que o criminoso Lula e seus sectários a semearam e os extremistas de direita adubaram e regaram.

A cizânia se espalhou como metástase Brasil afora, infectando, inclusive, os três pilares da Democracia e o quarto poder, que perdeu o selo de confiabilidade e se tornou refém da radicalização. Enquanto isso, as redes sociais passaram de coadjuvantes a protagonistas e alcançaram o estrelato quando o candidato vitorioso nas eleições passadas promoveu o Twitter a Diário Oficial Informal.

Em toda guerra, a primeira vítima é sempre a Verdade, e nesse dissenso político-ideológico não foi diferente: a Verdade feneceu quando as versões passaram a se sobrepor aos fatos, e pereceu quando os extremistas extremados se arrogaram o direito aos próprios fatos

A dicotomia transformou adversários políticos em inimigos figadais, e o conflito — saudável porquanto visa ao consenso — deu lugar ao confronto — nefasto porquanto busca o extermínio do inimigo. Ao fim e ao cabo, cavou-se um fosso tão profundo que a construção de pontes escoradas no bom senso tornou-se virtualmente impossível.

Bolsonaro foi forjado no confronto. Em 1986, ainda aspirante a oficial, publicou um artigo na revista Veja em que reclamava do soldo. No ano seguinte, também como forma de protesto, pretendia explodir bombas de baixa potência em quartéis e academias. Mas a mão que afaga é a mesma que apedreja, como descobriria o futuro presidente quando a revista Veja denunciou seu plano

O insurreto foi excluído dos quadros da Escola de Oficiais, mas absolvido das acusações graças ao espírito de corpo de seus colegas de farda. Ainda assim, sua carreira no Exército terminou ali. Anos depois, em entrevista que concedeu à FGV, o ex-ditador general Ernesto Geisel referiu-se ao ex-capitão como “um anormal e mau militar”. O “alemão” (como Geisel era chamado pelos colegas de farda) revelou-se um profeta: ao longo dos 28 anos de deputância no baixo clero da câmara, Bolsonaro aprovou dois míseros projetos e colecionou cerca de trinta ações criminais (a maioria movida por políticos de esquerda, mas até aí morreu o Neves).

O "Mito" se elegeu presidente graças ao criminoso Lula — ou, melhor dizendo, à aversão dos brasileiros de bem a ao petralha e a seu espúrio partido. Primeiro, porque a estratégia do encantador de burros — de transferir votos para seu patético bonifrate — só surtiu efeito com os convertidos, e esses não deixariam de comprar o ingresso para o circo petista, pouco importando quem fosse o palhaço da vez. Segundo, porque os ataques ao lulopetismo — com destaque para a corrupção, a roubalheira e o toma lá, dá cá na política — levaram milhões de brasileiros a se juntarem aos bolsomínions para eleger Bolsonaro.

Ainda que o capitão fosse um péssimo candidato, situações desesperadoras requerem medidas desesperadas. Naquele momento, ou se votava Bolsonaro para evitar a volta do PT, ou se chutava o balde a anulava o voto, votava-se em branco ou simplesmente não se ia às urnas, como fizeram 42 milhões de eleitores desalentados.

A vitória de Bolsonaro sobre a marionete do egun mal despachado livrou-nos do demônio conhecido, mas deixou-nos na mão do desconhecido. Pelo menos para os desavisados, já que bastava uma rápida vista d’olhos na vida pregressa do capitão para ver que ele não tinha envergadura, estrutura nem compostura para presidir o que quer que fosse, muito menos o país. 

Governar não se resume a ganhar eleições. É muito mais complexo, sobretudo em tempos de guerra. Parafraseando FHC — que não foi um estadista como manda o figurino, mas é o único ex-presidente que passou ao largo (pelo menos até agora) de investigações, denúncias e processos criminais —  “você não lidera dando ordens ao povo, mas fazendo com que o povo siga junto com você”.

Bolsonaro subiu a rampa, mas manteve um pé no palanque. Tudo que fez desde então foi colocar lenha na fogueira para manter fervendo o caldeirão que alimenta sua militância, de olho na reeleição que ele próprio havia prometido não só não disputar como também propor a extinção. 

Mas bastou vestir a faixa para ser picado pela mosca azul para o capitão sem luz enfiar essa e tantas outras bandeiras de campanha (com mastro e tudo) onde a sol não bate. Sua fantasiosa cruzada anticorrupção — com a folclórica promessa de dar carta branca ao ministro da Justiça e garantir a punição exemplar de quem quer que mijasse fora do penico, mesmo que fosse sangue do seu sangue — durou somente até as investigações bafejarem o cangote de seu triunvirato.

Para blindar a filharada, o presidente se sujeitou a lamber as botas de Toffoli, urdir trocas espúrias no comando da PF, acusar de perseguição o MP-RJ e de traição o governador Wilson Witzel. E isso são só alguns exemplos. E se você acha impossível bater o recorde de asnices, os últimos 16 meses deixaram bem claro que o capitão é uma fonte inesgotável desse material. Basta lembrar que no mês passado ele demitiu Mandetta (que contava com a aprovação de 76% da população) do comando do ministério da Saúde e colocou em seu lugar um ilustre desconhecido, que embora seja bem conceituado entre seus colegas esculápios, ainda não mostrou a que veio. 

Talvez por receio de ferir suscetibilidades daquele que tem nas mãos a poderosa Bic de dois mirréis que assinou sua nomeação, o novo ministro foge da imprensa como o diabo da cruz. Quando se vê obrigado a falar, seus pronunciamentos são ambíguos, na base do vamos acompanhar, do é preciso testar antes de flexibilizar, do é preciso cautela, e por aí vai. Na coletiva da última quinta-feira (30), ele disse ter um novo plano de distanciamento social, mas receia que as medidas sejam vistas como “orientação de afrouxamento” ou utilizadas para debates políticos. 

Não espanta, portanto, que o jornal americano Washington Post tenha “eleito” Bolsonaro o pior dos líderes globais no combate à pandemia da Covid-19 — pandemia que o presidente classificou mais de uma vez de "gripezinha de nada".

A cereja do bolo foi a demissão do delegado Maurício Valeixo  — homem de confiança do agora ex-ministro da Justiça e tido como seu braço direito — do comando da Polícia Federal. Foi a gota que fez transbordar o copo, ou melhor, que fez Sergio Moro regurgitar numa só golfada todos os sapos que havia engolido nos últimos meses e toda a água da lagoa. 

Fazia tempo Bolsonaro não escondia a intenção de colocar no comando da PF alguém de sua estrita confiança. Frequentemente reclamava da falta de informações, em especial sobre inquéritos que tinham como investigados amigos, correligionários e parentes dele. Moro classificou a decisão de pôr um parceiro no comando da instituição de uma manobra para finalmente ter acesso a dados sigilosos, deu a isso o nome de interferência política e, na sequência, pediu demissão. O presidente, por seu turno, disse que a nomeação do diretor da PF é de sua competência e que as acusações de Moro não eram verdadeiras.

O combate à corrupção não é prioridade do governo”, revelou Moro, que foi descobrindo aos poucos o toco em que amarrara seu bode. O então ministro estava em casa quando soube da demissão de Valeixo — embora sua assinatura eletrônica figurasse ao lado da do presidente na publicação da exoneração "a pedido" do delegado no Diário Oficial (e que desaparecia mais adiante, mas isso é outra história).

Bolsonaro sempre viu em Moro um potencial adversário que poderia pôr em risco seu projeto de poder. O ex-ministro disse que não vai admitir ser chamado de mentiroso e que apresentará à Justiça as provas de que Bolsonaro tentou, sim, interferir indevidamente na Polícia Federal. Também se disse desconfortável no papel que o destino lhe reservou, de “algoz do presidente”, e que passou a ser hostilizado brutalmente pelas redes bolsonaristas desde que deixou o cargo.

Para não encompridar ainda mais este texto, transcrevo a seguir a entrevista que Moro concedeu a revista Veja, mas não sem antes relembrar que seu depoimento à PF, no último sábado, durou quase nove horas, e que o ex-ministro deixou o prédio sem falar com a imprensa. No domingo, depois de ser chamado de Judas pelo presidente (que, pelo visto, se julga a edição revista e atualizada de Jesus Cristo), Moro postou em sua conta no Twitter que "há lealdades maiores do que as pessoais". 

O deputado Eduardo Bolsonaro voltou à carga, afirmando que que Moro não era um ministro, mas um “espião” (?!), e que “realmente é preciso muito tempo dando depoimentos a delegados amigos para ver se acham algo contra Bolsonaro". 

Enfim, cada um luta com as armas que tem. Segue a versão condensada da entrevista que pode ser lida na íntegra na edição nº 2685 de Veja.

O ex-ministro Sergio Moro recebeu VEJA em seu apartamento em Brasília. Na entrevista, que durou duas horas, ele lembrou que aceitou o cargo de titular da Justiça diante do compromisso assumido por Bolsonaro com o combate à corrupção. Aos poucos, porém, foi percebendo que esse discurso não encontrava sustentação na prática do governo — e ficou bastante incomodado quando viu o presidente se aproximar de políticos suspeitos:

O senhor acusou o presidente Bolsonaro de interferir politicamente na Polícia Federal. Tem provas disso? 

O presidente tem muito poder, tem prerrogativas importantes que têm de ser respeitadas, mas elas não podem ser exercidas, na minha avaliação, arbitrariamente. Não teria nenhum problema em substituir o diretor da PF Maurício Valeixo, desde que houvesse uma causa, uma insuficiência de desempenho, um erro grave por ele cometido ou por algum de seus subordinados. Isso faz parte da administração pública, mas, como não me foi apresentada nenhuma causa justificada, entendi que não poderia aceitar essa substituição e saí do governo. É uma questão de respeito à regra, respeito à lei, respeito à autonomia da instituição.

E quais eram as motivações políticas? 

Reitero tudo o que disse no meu pronunciamento. Esclarecimentos adicionais farei apenas quando for instado pela Justiça. As provas serão apresentadas no momento oportuno, quando a Justiça solicitar. O presidente Bolsonaro rebateu as acusações do ex-ministro. Ele negou que houvesse tentativa de interferência política na Polícia Federal e acusou Sergio Moro de tentar negociar a demissão do diretor da PF em troca de sua nomeação para uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Moro conta por que divulgou uma mensagem trocada entre ele e a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) e outra entre ele e Bolsonaro:

“Eu apresentei aquelas mensagens. Não gostei de apresentá-las, é verdade, mas as apresentei única e exclusivamente porque no pronunciamento do presidente ele afirmou falsamente que eu estava mentindo. Embora eu tenha um grande respeito pelo presidente, não posso admitir que ele me chame de mentiroso publicamente. Ele sabe quem está falando a verdade. Não só ele. Existem ministros dentro do governo que conhecem toda essa situação e sabem quem está falando a verdade. Por esse motivo, apresentei aquela mensagem, que era um indicativo de que eu dizia a verdade, e também apresentei a outra mensagem, que lamento muito, da deputada Carla Zambelli. O presidente havia dito uma inverdade de que meu objetivo era trocar a substituição do diretor da PF por uma vaga no Supremo. Eu jamais faria isso. Infelizmente, tive de revelar aquela mensagem para provar que estava dizendo a verdade, que não era eu que estava mentindo”.

Na mensagem, Bolsonaro cita uma investigação sobre deputados aliados e afirma que aquilo era motivo para trocar o diretor da PF. O que exatamente queria o presidente? 

Desculpe, mas essa é uma questão que também vai ter de ser examinada dentro do inquérito que foi aberto no Supremo Tribunal Federal para investigar esse caso. Reitero a minha posição. Uma vez dito, é aquilo que foi dito. Não volto atrás. Seria incoerente com o meu histórico ceder a qualquer intimidação, seja virtual, seja verbal, seja por atitudes de pessoas ou de outras autoridades.

O senhor sofreu algum tipo de ação intimidatória após as revelações que fez? 

Atacaram minha esposa e estão confeccionando e divulgando dossiês contra ela com informações absolutamente falsas. Ela nunca fez nada de errado. Nem eu nem ela fizemos nada de errado. Esses mesmos métodos de intimidação foram usados lá trás, durante a Lava-­Jato, quando o investigado e processado era o ex-presidente Lula.

Depois das denúncias de Moro, o Supremo Tribunal Federal determinou que fosse aberto um inquérito para apurar se o presidente tentou de fato aparelhar a PF para fins políticos. Em seu parecer, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu que também fossem investigados os crimes de denunciação caluniosa e contra a honra — ilícitos que, em tese, podem ter sido praticados por Moro:

“Entendi que a requisição de abertura desse inquérito que me aponta como possível responsável por calúnia e denunciação caluniosa foi intimidatória. Dito isso, quero afirmar que estou à disposição das autoridades. Os ataques mais virulentos vieram principalmente por redes virtuais. Não tenho medo de ofensa na internet, não. Me desagrada e tal, mas se alguém acha que vai me intimidar contando inverdades a meu respeito no WhatsApp ou na internet está muito enganado sobre minha natureza”.

O senhor recebeu mais críticas ou apoios por se demitir do cargo e acusar o presidente?

A opinião pública compreendeu o que eu disse e os motivos da minha fala. É importante deixar muito claro: nunca foi minha intenção ser algoz do presidente ou prejudicar o governo. Na verdade, lamentei extremamente o fato de ter de adotar essa posição. O que eu fiz e entendi que era minha obrigação foi sair do governo e explicar por que estava saindo. Essa é a verdade.

Qual é hoje a sua opinião sobre o presidente Bolsonaro? 

Pessoalmente, gosto dele. No governo, acho que há vários ministros competentes e técnicos. O fato de eu ter saído do governo não implica qualquer demérito em relação a eles. Fico até triste porque considero vários deles pessoas competentes e qualificadas, em especial o ministro da Economia. Espero que o governo seja bem-sucedido. É o que o país espera, no fundo. Quem sabe a minha saída possa fomentar um compromisso maior do governo com o combate à corrupção.

Em todas as grandes manifestações dos apoiadores do presidente, a figura do ex-ministro da Justiça sempre ocupou lugar de destaque. Após sua demissão, ele passou a ser tratado nas redes sociais como traidor e oportunista que estaria tirando proveito político em um momento de fragilidade do governo:

“Lamento ter de externar as razões da minha saída do governo durante esta pandemia. O foco tem de ser realmente o combate à pandemia. Estou dando entrevista aqui porque tenho sido sucessivamente atacado pelas redes sociais e pelo próprio presidente. Hoje mesmo, quarta, ele acabou de dar declarações, ontem deu declarações. Venho sendo atacado também por parte das pessoas que o apoiam politicamente. Tudo o que estou fazendo é responder a essas agressões, às inverdades, às tentativas de atingir minha reputação”.

O que o senhor pretende fazer a partir de agora? 

Estou num período de quarentena. Tive 22 anos de magistratura. Deixei minha carreira com base em uma promessa não cumprida de que eu teria apoio nessas políticas de combate à corrupção. Isso foi um compromisso descumprido. Não posso voltar para a magistratura. Eu me encontro, no momento, desempregado, sem aposentadoria. Tudo bem, tem gente em situação muito mais difícil que a minha. Não quero aqui ficar reclamando de nada. Pedi a quarentena para ter um sustento durante algum tempo e me reposicionar, provavelmente no setor privado.

Não pensa em entrar definitivamente na política? 

Minha posição sempre foi de sentido técnico. Vou continuar buscando realizar um trabalho técnico, agora no setor privado. Não tenho nenhuma pretensão eleitoral. Não me filiei a partido algum. Nunca foi meu plano. Estou num nível de trabalho intenso desde 2014. Quero folga. E não quero pensar em política neste momento.

Um dos motivos do desgaste de Sergio Moro e da direção da PF foi a investigação do atentado que Bolsonaro sofreu durante a campanha. O presidente não acredita que o garçom Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho. Crê numa conspiração política patrocinada por adversários. A polícia nunca encontrou nenhuma prova concreta disso. Questionado sobre o assunto, o ex-ministro diz que a hipótese não é absurda:

“Existe uma forte suspeita de que o Adélio tenha agido a mando de outra pessoa. A Polícia Federal fez a investigação. Como o presidente é vítima neste caso, nós fizemos uma apresentação no primeiro semestre de 2019 no Planalto. Os delegados apresentaram todo o resultado da investigação até aquele momento. Pende para o final da investigação um pedido de exame do aparelho celular de um advogado do Adélio. A polícia buscou esse acesso, e isso foi obstado pelas Cortes de Justiça, e ainda não há uma decisão definitiva. Depois do exame desse celular, o inquérito poderá ser concluído. Esse é o conteúdo de inquérito que foi mostrado ao presidente, não é ilegal, já que ele é a vítima e tem, como vítima, a meu ver, o direito de ter essas informações. Não é nenhuma questão só do crime em si, mas um caso de segurança nacional. A suspeita de que pode existir um mandante intelectual do crime não pode ser descartada. Enquanto não se tem a conclusão da investigação, não se pode ter um juízo definitivo”.

O senhor tem medo de sofrer algum atentado?

Certamente. Sigo tendo a proteção da Polícia Federal. Não gosto de falar muito nesse assunto. Isso é algo que assusta pessoas próximas a mim.

Foi por isso que, antes de aceitar o cargo, o senhor pediu ao presidente uma pensão caso lhe acontecesse algo? 

Achei engraçado algumas pessoas dizerem que seria um crime da minha parte. O que aconteceu foi o seguinte: como eu larguei a magistratura, perdi a aposentadoria e a pensão. E, como eu sabia que nós seríamos firmes contra a criminalidade violenta, contra o crime organizado e contra a corrupção, o que externei ao presidente foi um desejo de que, se algo me acontecesse durante a gestão, como eu havia perdido a pensão, minha família não ficasse desamparada. Certamente teria de ser analisada juridicamente a viabilidade disso, e a aprovação através de uma lei. A condição para que a pensão fosse paga seria a minha morte. Só externei que, caso eu fosse morto em combate, fosse garantida uma pensão integral à minha família, correspondente aos vencimentos de ministro.

O senhor se arrepende de ter largado a magistratura para entrar no governo Bolsonaro? Não.

A gente tem esse espelho da Operação Mãos Limpas, na Itália. Foi feito um trabalho fantástico lá pelos juízes, mas houve um retrocesso político na Itália naquela época. Eles lamentavam muito. Embora soubesse que minha ida para o governo seria controversa, o objetivo sempre foi continuar defendendo a bandeira anticorrupção, evitando retrocessos. Não, não me arrependo. Acho que foi a decisão acertada naquele momento. Agradeço ao presidente por ter me acolhido. Assumi um compromisso com ele que era muito claro: combate à corrupção, ao crime organizado e à criminalidade violenta. Eu me mantive fiel a esse compromisso.