segunda-feira, 4 de maio de 2020

PROBLEMAS COM O PACOTE KB4549951 DO WINDOWS 10

O QUE SABEMOS, SABER QUE O SABEMOS. AQUILO QUE NÃO SABEMOS, SABER QUE NÃO O SABEMOS: EIS O VERDADEIRO SABER.

Nenhum software é imune a erros de programação — ou bugs, como se convencionou chamar essas falhas. Eis porque desenvolvedores responsáveis, como a Microsoft, desenvolvem patches e updates destinados a sanar problemas e/ou acrescentar novos recursos e funções a seus produtos. Portanto, manter o Windows e os demais aplicativos atualizados não é uma questão de opção, mas de necessidade, ainda que nem todo bug envolva necessariamente questões de segurança.

Em meados de 2015, a Microsoft promoveu o Windows a serviço e mudou sua politica de atualizações. Até o lançamento do Win10, novas edições do sistema eram lançadas a cada de 3 ou 4 anos, correções de falhas críticas e de segurança eram disponibilizadas mensalmente e “pacotes de atualizações” (que a Microsoft chamava de Service Packs) englobando as correções lançadas desde o lançamento da versão (ou de seu último service pack, conforme o caso) eram liberados em algum momento de seu ciclo de vida, visando adicionar ao sistema novos recursos e funções. A título de ilustração, o XP (a edição do Windows mais longeva) recebeu três Service Packs ao longo dos 12 anos de suporte que a Microsoft lhe concedeu.

Na nova política de atualizações que a Microsoft adotou ao lançar o Windows 10, o Patch Tuesday foi mantido, mas os Service Packs, não, até porque eles deixaram de fazer sentido diante das renovações semestrais que a empresa vem disponibilizando desde então — o próximo update de conteúdo, codinome 20H1 (ou v2004), que era esperado para abril, deve ser liberado já nas próximas semanas (detalhes nesta postagem).

O “xis” da questão é a enxurrada de problemas causados por praticamente todos os updates semestrais (atualizações de conteúdo) e alguns Patch Tuesday (atualizações de qualidade liberadas sempre na segunda terça-feira do mês).

Devido a bugs e outros problemas que escapam ao controle de qualidade da Microsoft, os patches, que deveriam implementar melhorias e aprimoramentos no sistema e seus componentes, têm produzido efeitos colaterais indesejáveis (que, por razões cujo detalhamento foge aos propósitos desta postagem, afetam alguns ou muitos usuários, com maior ou menor intensidade).  

Antigamente, eu costumava dizer que pioneiros são reconhecidos pela flecha espetada no peito, e aguardar o primeiro Service Pack antes de adotar uma nova edição do Windows era a prática mais recomendável (com a possível exceção do Vista e do Eight, que foram dois fiascos monumentais de crítica quanto de público, e, portanto, minha recomendação sempre foi manter uma distância segura deles). Mas isso deixou de valer para o Win10, que não recebe Service Packs, mas, como dito linhas atrás, é remodelado semestralmente por updates abrangentes que, lamentavelmente, têm dado muita dor de cabeça a muita gente.  

Até meados do ano passado, a única maneira de fugir dos patches problemáticos  no Win10 Home, porque na versão PRO a conversa era outra   era alterar o horário ativo do computador (detalhes nesta postagem). No entanto, devido à caudalosa enxurrada de problemas causados pelos updates, a Microsoft finalmente deu o braço a torcer e restabeleceu o controle dos usuários sobre as atualizações também na versão Home (que é a mais popular entre usuários domésticos), tornando possível retardar a instalação por até 35 dias — tempo mais que suficiente para que eventuais bugs sejam sanados e os patches possam ser aplicados sem maiores aborrecimentos.

Diversos usuários do Win10 que instalaram o pacote KB4549951 relataram problemas. O update foi liberado no dia 14 do mês passado, com o fito de fechar brechas de segurança. A partir de então, reclamações começaram a pipocar na Web, inicialmente envolvendo a famigerada tela azul da morte, depois, problemas no Bluetooth e no Wi-Fi, sumiço misterioso de arquivos (fotos, documentos e aplicativos que haviam sido baixados da Windows Store), como se pode ver nos relatos publicados no site Windows Latest.

Windows 10 já havia registrado um bug similar, que dava sumiço em arquivos dos usuários. Na época, a Microsoft reconheceu a falha, explicou que o patch criava um perfil de usuário temporário na hora da instalação, e que por isso os dados sumiam. E lançou uma correção.

Sobre o KB4549951, ainda não há notícia de correção — pelo menos até o momento em que eu estou escrevendo este texto. Até porque a Microsoft vem tratando o problema como algo meramente pontual.

Caso você seja afetado, desinstale o pacote problemático e aguarde a disponibilização do remendo. Mas tenha em mente que o bug não afeta todos os usuários e, portanto, não faz sentido você remover a atualização do seu PC se não estiver enfrentando problemas. Demais disso, a remoção pura e simples do KB4549951 não traz de volta os arquivos excluídos.

Aproveitando o embalo: A versão 80 do Google Chrome, liberada em fevereiro, promoveu uma alteração na forma como o navegador interpreta os cookies SameSite, visando melhorar a privacidade dos usuários dificultando alguns tipos de rastreamento por sites de terceiros (para mais detalhes, clique aqui). Todavia, um efeito colateral dessa transição é quebrar alguns sites que ainda não tenham se adaptado.

Devido à pandemia da Covid-19, a empresa resolveu desabilitar temporariamente o novo recurso, evitando que se tornassem eventualmente inacessíveis serviços essenciais, como o e-commerce ou páginas informativas de governos (leia a explicação no blog oficial do Google).

Segundo o Google, a ideia é reativar o recurso a partir do terceiro trimestre. A propósito: a versão oficial atual do Chrome 64 bits é a 81.0.4044.129.