A MORTE NÃO É O FIM. RESTA
SEMPRE A DISPUTA PELO ESPÓLIO.
Pegando o gancho do “nem
sempre foi assim” — que eu deixei de propósito no post anterior —, faço algumas
considerações que talvez não sejam indispensáveis, mas nem por isso deixam de ser
oportunas, sobretudo em tempos de quarentena, quanto tempo é o que mais temos (se me perdoam o trocadilho).
É provável que leitores da geração Z (ou mesmo da Y) não se lembrem — ou nem fossem nascidos
na época — de como era usar um PC nos anos 1980. Aliás, por mais estranho que soe aos que dão piti se e quando saem de casa
sem seu smartphone, para fazer ligações “em trânsito”, nos anos 1980, usávamos os famosos orelhões (que hoje estão em processo de extinção). A título de curiosidade, os modelos de então usavam
fichas em vez de cartão e tinham disco em vez de teclado.
Chamadas interurbanas, somente nos de cúpula azul — cujas
fichas custavam mais caro e, dependendo da distância da localidade de destino, eram engolidas a cada 15 ou 20 segundos.
Naqueles tempos (não tão remotos assim) fazia-se jogging com um walkman da Sony pendurado no cinto.
Os aparelhos de TV não tinham tela plana, mas um cinescópio
(ou tubo de raios catódicos), e os de tela grande (as maiores tinham 26
polegadas) vinham embutidos em móveis, a
exemplo das jurássicas rádio vitrolas. Emergente social que honrasse o Cartier que ostentava no pulso (com
pulseira de couro de cobra e uma safira incrustada na coroa) e o Mustang
ou Camaro que dirigia (de segunda mão, que importar modelos novos era proibido) tinha em casa não só um aparelho de videocassete, mas também uma câmera — para filmar a festa de
aniversário do caçula ou o batizado da afilhada, e depois torrar a paciência das
visitas, como seus pais faziam antes deles com suas torturantes projeções de slides.
Voltando aos navegadores
(ou browsers), vimos que eles foram os grandes responsáveis pela popularização da
Internet entre usuários domésticos de PC, e que as primeiras versões surgiram quando
a ArpaNet já atendia por Internet e era quase uma respeitável balzaquiana, donde se conclui que era
possível acessar a rede sem um navegador, da mesma forma como se fazia quase tudo o
mais no PC antes das interfaces gráficas: através de intrincados comandos
de prompt (*) baseados em texto
e parâmetros.
Volto a lembrar que a Web é a porção multimídia da Internet. Aliás, a World Wide Web
(daí o www que sucede ao http:// nos
endereços de websites) foi criada por Tim
Berners-Lee, em março de 1989, a
partir de uma página com alguns hiperlinks hospedada num computador do Cern. Hoje, ela disponibiliza milhões de serviços a qualquer um, a qualquer hora e em qualquer lugar, de redes sociais a compras online e transações bancárias via netbanking, de correio eletrônico a sites de notícias, além de aplicativos de todos os tipos para as mais variadas tarefas.
(*) Sobre os comandos de prompt, vale reforçar que a
computação pessoal só se tornou atraente para o público em geral — ou seja,
para quem não era programador nem entusiasta da tecnologia — quando a interface gráfica e o dispositivo
apontador (mouse) facilitaram a interação usuário-máquina.
Continua.