MACHO
E FÊMEA OS CRIOU — GÊNESIS, 1:27
Quando ainda não existia essa história de “politicamente
correto”, a gente puxava assunto perguntando: “Sabe a última do português?”
(ou do padre, da loira, do papagaio...). Hoje, não fosse por um
mero detalhe, a frase poderia ser “ Sabe a última do Bolsonaro?”.
Mas o diabo mora nos detalhes, e quando se trata de estultices bolsonarianas, a
última é sempre a penúltima, pois a capacidade de fazer merda daquele a
quem entregamos os destinos desta banânia é tão incomensurável quanto o
despreparo dos brasileiros para eleger seus representantes e governantes.
Se você não acredita em mim, talvez acredite em Pelé. No início da década de 1970 (auge da ditadura militar), o eterno rei do futebol (então no auge da fama), sentenciou: "O
povo brasileiro ainda não está em condições de votar por falta de prática, por
falta de educação e ainda mais porque se vota em geral mais por amizade nos
candidatos."
Anos depois, o general João Batista Figueiredo — que concluiu
a reabertura
política lenta, gradual e segura iniciada na gestão do também general Ernesto
Geisel — proferiu idêntica pérola de sabedoria: "Um povo que não sabe nem escovar os dentes não está preparado para votar". Já o ex-presidente Ernesto Geisel era um visionário. Dentre
outras profecias que se tornariam realidade, cito a seguinte: "Se é a
vontade do povo brasileiro eu promoverei a Abertura Política no Brasil, mas
chegará um tempo que o povo sentirá saudade do Regime Militar, pois muitos
desses que lideram o fim do Regime não estão visando ao bem do povo, mas sim
aos próprios interesses".
Outra previsão digna de nota viria mais adiante, numa entrevista à FGV. Geisel disse que "a
política entrando no Exército" havia sido algo "mais ou menos
tradicional, com raízes históricas, mas que agora, com a evolução, vai
acabar." Para ilustrar seu ponto, o general adivinho referiu-se a um deputado federal que convocava
militares a voltarem ao poder: "Não
contemos o Bolsonaro, porque o Bolsonaro é um caso completamente fora do
normal, inclusive um mau militar". E olha só no que deu...
Conhecer o passado é fundamental para entender o presente,
projetar o futuro e não repetir os mesmos erros. No Brasil, até o passado é incerto, o que dificulta um pouco as
coisas. Para alguns, a única maneira de pôr ordem no galinheiro é devolver o gigante adormecido aos portugueses e começar tudo de novo. Para outros, melhor seria
devolver o país aos índios e afundar as naus lusitanas antes que elas ancorassem
no litoral da Bahia.
Considerando que maioria dos nossos problemas é
eminentemente política, eu iria mais além, começando por citar o Gênesis
(do grego Γένεσις,
que significa "origem", "criação", "princípio"), segundo o qual: "No
princípio era o Caos, e do Caos Deus criou o Céu e a Terra (...)"
Dito
de outro modo: em apenas
6 dias, o Criador transformou o Caos em
ordem, criou a luz e separou-a em duas (uma, grande, para governar o dia, e
outra, menor, para governar a noite); criou as águas e dividiu-as em duas (e
juntou as da porção inferior num só lugar, para que ali emergisse parte seca);
cobriu a terra de plantas, povoou-a com todo tipo de seres vivos e, no sexto
dia, a cereja do bolo: "Agora vamos fazer os seres humanos, que serão como
nós, que se parecerão conosco. Eles terão poder sobre os peixes, sobre as aves,
sobre os animais domésticos e selvagens e sobre os animais que se arrastam pelo
chão", disse o Senhor das Esferas. E após concluir Sua obra e ver que tudo
era bom (?!), abençoou e santificou o sétimo dia, e nele descansou.
Observação: A primeira versão escrita do Antigo
Testamento remonta ao século 10 a.C. Desde então seus relatos foram copiados,
editados e reescritos inúmeras vezes, até que alguém teve a ideia de
juntar a essa compilação no Novo Testamento. E assim formou-se a síntese
da mitologia cristã, composta por 66 livros, sendo 39 do A.T. e 27 do N.T.,
que ficou conhecida mundialmente como Bíblia (do grego
"biblion", que significa "livro", "rolo").
Do Gênesis bíblico à teoria do Big Bang, diversos
povos construíram versões próprias da origem do universo. Na maioria delas, o
Caos seria uma matéria sem forma definida, mas nenhuma suscitou o detalhe que ora lhes revelo:
Antes do Caos já deveria haver políticos, pois foram eles, como toda certeza, que criaram o Caos!
Dica: Para elevar o CAOS a enésima potência, basta adicionar à POLÍTICA uma dose generosa de FANATISMO.
Continua no próximo capítulo.
Dica: Para elevar o CAOS a enésima potência, basta adicionar à POLÍTICA uma dose generosa de FANATISMO.
Continua no próximo capítulo.