quinta-feira, 16 de julho de 2020

NOVA PRAGA DIGITAL AFETA TANTO O WINDOWS QUANTO O LINUX — PENÚLTIMA PARTE

UM NO PAPO, OUTRO NO SACO.

Para concluir a conversa que iniciamos duas postagens atrás, resta dizer que a evolução dos sistemas operacionais está relacionada com a evolução dos computadores. Sempre que surge uma nova arquitetura de hardware — ou mesmo uma evolução em uma determinada arquitetura —, torna-se necessário adequar o sistema, isto é, torná-lo capaz de controlar e gerenciar os novos recursos de modo a permitir que as aplicações do usuário os explorem adequadamente.

Embora os computadores eletrônicos tenham surgido nos anos 1940, somente na década de ‘80 que o sistema DOS (acrônimo de Disk Operating Disk) começou a ser usado nos IBM-PC.

O PC-DOS foi uma evolução do extinto CP/M (que desapareceu do mercado com o lançamento dos microcomputadores de 16 bits), e sua versão mais popular foi o MS-DOS, criado pela então incipiente Microsoft para gerenciar os microcomputadores da IBM. Por curiosa, essa história merece ser contada, ainda que resumida em poucas linhas. Acompanhe:

No início dos anos 1980, influenciada pelo sucesso dos Apple I e II, a IBM resolveu entrar no mercado de microcomputadores com seu IBM-PC. Como não dispunha de um sistema operacional para gerenciar seu hardware, a gigante dos computadores procurou Bill Gates, supondo (erroneamente) que ele detivesse os direitos autorais do Control Program for Microcomputer. Contrariando sua fama de oportunista, o co-fundador da Microsoft desfez o equívoco, mas Gary Kildall (desenvolvedor do CP/M) faltou à reunião agendada com a IBM, que voltou a procurar Gates, que desta feita não se fez de rogado. Mas em vez de criar um sistema operacional a partir do zero (coisa que sua empresa jamais tinha feito até então), Mr. Gates adquiriu os direitos autorais do QDOS (um sistema desenvolvido para CPU Intel) por US$ 50 mil, adequou-o ao hardware da IBM, rebatizou-o de MS-DOS e vendeu-o para a gigante por US$ 8 milhões, tendo o cuidado de manter a licença — com a qual viria a dominar o mercado dos "PCs compatíveis" e entrar para a lista de bilionários da Forbes.

A partir daí os sistemas operacionais evoluíram significativamente, sobretudo com a utilização da interface gráfica, que desobrigava o usuário de memorizar intrincados comandos de prompt. Desde os anos 1970 que a XEROX vinha desenvolvendo essa tecnologia — que, mal sabia ela, seria o futuro da informática. Todavia, como só tinha interesse em equipamentos de grande porte, a empresa jamais implementou seu projeto em microcomputadores, o que se revelaria mais adiante um erro avassalador: a companhia cujo nome se tornou sinônimo de cópia reprográfica no Brasil vale, hoje, uma fração do que valia nas décadas de 80/90, embora tenha desenvolvido e fabricado computadores e impressoras a laser, além de criar a Ethernet, o peer-to-peer, o desktop, o mouse e por aí afora.

Observação: Steve Jobs
, pioneiro no uso da interface gráfica em seus microcomputadores, só desenvolveu sua versão após "fazer uma visita" à Xerox, no coração do Vale do Silício. Aliás, o visionário da Apple não foi o único a “copiar” uma tecnologia da Xerox com o intuito de lucrar; outros o fizeram e ganharam bastante dinheiro. Mas isso é outra história e fica para uma outra vez.

Diante do lançamento do IBM-PC “movido a” MS-DOS, a Apple contra-atacou com seu inovador Macintosh, que se destacou tanto pela excelência do hardware (uma característica que acompanha os produtos da Empresa da Maçã até os tempos atuais) quanto pela simplicidade na operação, dada a adoção da interface gráfica e do uso do mouse.

Ainda que o LINUX — sistema de código aberto baseado no UNIX — fosse mais eficiente e robusto que o então ainda incipiente Windows — criado como uma interface gráfica e que só passou a ser um sistema operacional autônomo a partir do lançamento do Win 95 — e que os computadores da Apple — de arquitetura fechada e sistema operacional exclusivo, desenvolvido pela própria empresa — fossem mais sofisticados e avançados, a estrela de Bill Gates foi a que mais brilhou: a maioria dos desenvolvedores de software passaram a criar quase que exclusivamente aplicativos voltados ao Windows.  Isso decretou a morte comercial do OS/2 — usado pela IBM depois que a parceria com a Microsoft foi dissolvida, e considerado por muitos o melhor dos sistemas operacionais com interface gráfica de então. O LINUX ganhou força no âmbito corporativo e passou a ser largamente utilizado em servidores devido a sua confiabilidade, que lhe garantia melhor desempenho e maior segurança do que o Windows NT da Microsoft.

Amanhã a gente conclui.