Em viagem ao Rio Grande do Sul, o dublê de sumo mandatário tupiniquim e garoto-propaganda da Cloroquina desembarcou em Bagé usando uma máscara preta onde lia-se “eu amo Bagé”, e, recebido aos gritos de “mito” pela população local, tirou a caixa do medicamento do bolso e a ergueu em meio à aglomeração, indiferente ao fato de não haver comprovação científica da eficácia da droga no tratamento contra a doença.
Ao anunciar que testou positivo para o Sars-CoV-2 em
uma rede social no início do mês, o capitão cloroquina afirmou ter
experimentado sensível redução dos sintomas após tomar o medicamento. Dias
depois, no entanto, evitou repetir a apologia — supõe-se que alguém o tenha
avisado da possibilidade de ele vir a ser alvo de ações judiciais movidas por
pessoas que tiveram problemas de saúde ao usar a cloroquina (em outras palavras,
o curandeiro de festim poderia ser processado por charlatanismo).
Deputados do PT pediram na quarta-feira, 29, a abertura da “CPI da Cloroquina/Hidroxicloroquina”. O objetivo é investigar suposta “superprodução”, custos da fabricação e critérios de distribuição desses medicamentos pelo governo federal (de superfaturamento essa caterva entende bem). Segundo os signatários do pedido, já foram produzidos cerca de 3 milhões de comprimidos pelo Exército, por R$ 1,5 milhão, embora o remédio não tenha eficácia comprovada contra a covid-19.
“É estranho, para dizer pouco, que o governo federal
não enfrente de maneira responsável a mais grave pandemia da nossa história e
prefira se valer de charlatanismo, propagandeando medicamento de eficácia
duvidosa”, escreveu no Twitter o deputado Rogério
Correa, um dos autores do pedido de abertura da CPI.
Durante o tratamento com o remédio, Bolsonaro foi
submetido a exames cardíacos três vezes ao dia, devido ao risco de arritmia. Depois
de o quarto teste dar negativo para o vírus, disse o capitão numa live: “Acabei
de fazer um exame de sangue, estava com fraqueza ontem, estava com um pouco de
infecção também. Estou agora [tomando antibióticos]. Depois de vinte dias
dentro de casa, a gente pega outros problemas, peguei mofo no pulmão”. Talvez
ele devesse procurar mofo (ou outra substância possivelmente amarronzada e
malcheirosa) no oco de sua caixa craniana.
Se nos próximos dois anos não aparecer um candidato centrado, com uma proposta convincente e carisma suficiente para mitigar a maldita polarização político-ideológica dos extremistas de plantão, é bem possível que venhamos a amargar mais 4 anos dessa absurda tragicomédia. Outra solução seria o esclarecidíssmo eleitorado tupiniquim aprender a votar, mas aí já seria querer demais.