domingo, 6 de setembro de 2020

FATOS, VERSÕES E NEGAÇÕES

Como quase tudo que envolve o clã presidencial, cheira mal a história de Frederick Wassef ter recebido repasses de 2,3 milhões de reais de Bruna Boner Léo Silva, sócia da Globalweb Outsouring, empresa que tem contratos com o governo federal.

Bruna vem a ser filha de Maria Cristina Boner, ex-mulher de Wassef. A grana foi repassada para ele entre dezembro de 2018 e maio último.

Em pouco mais de um ano e meio de governo Bolsonaro, a Globalweb ganhou contratos com a União no valor de 53 milhões de reais. 

Em outubro passado, quando já advogava para os Bolsonaro, o nobre causídico estava a serviço do Grupo JBS junto à Procuradoria-Geral da República. Embolsou por isso 9 milhões de reais.

A conta do escritório de advocacia de Fred recebeu diretamente da Globalweb mais R$ 1,04 milhão durante esse mesmo período. Em 2014, por não ter entregado serviços contratados, a Dataprev, empresa vinculada ao Ministério da Economia, multou a Globalweb em 27 milhões de reais. Com 90 dias de Bolsonaro presidente, o governo suspendeu o pagamento da multa.

Wassef tornou-se advogado do Presidente e de seu primogênito no final de 2018, e deixou de sê-lo em junho deste ano, quando Fabrício Queiroz, ex-chefe de gabinete do ex-deputado e hoje senador (e seu comparsa em negócios suspeitos, segundo o MP-RJ) foi descoberto e preso em Atibaia, interior de São Paulo, mocosado num imóvel do mafioso de comédia que, à época, disse que lhe ofereceu abrigo por “razões humanitárias”.

O Grupo JBS nunca fez distinções entre partidos – desde que eles estivessem no poder ou pudessem alcançá-lo. Distribuiu dinheiro a rodo à esquerda e à direita. Seus principais donos foram presos, delataram e estão soltos. Joesley Batista, um deles, gravou o então presidente Michel Temer dizendo coisas que lhe renderam duas denúncias por corrupção e quase o derrubaram.

Com Ricardo Noblat