terça-feira, 27 de outubro de 2020

SEM COMENTÁRIOS

Ibovespa fechou em queda de 0,24% nesta segunda-feira, aos 101.017 pontos, pressionado pelo movimento das bolsas internacionais, pessimistas com o aumento de casos de Covid-19 nos EUA — a expectativa de queda na demanda diante de uma segunda onda chegou a derrubar o preço do petróleo.

O governador João Doria cavou uma liminar no processo em que é réu por improbidade administrativa, acusado de causar R$ 29 milhões em prejuízos aos cofres públicos, quando prefeito de São Paulo, com autopromoção. A relatora da ação decidiu que, apesar de graves, os indícios apresentados pela Promotoria não bastam para justificar o bloqueio dos bens do tucano, que havia sido determinado (também liminarmente) para garantir o ressarcimento do município em caso de condenação.

Sobre a mais que absurda queda de braço entre Bolsonaro e Doria, na última quinta-feira o presidente desancou publicamente seu ministro da Saúde: a “vacina chinesa do Doria” (que é como ele se refere ao imunizando desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, que está em fase final de testes no Brasil, em parceria com o Instituto Butantan) não será comprada por este governo, mesmo que seja chancelada pela Anvisa. Pazuello pareceu resignado: “Um manda e outro obedece”, disse o general, como que engolindo, junto com a dignidade, suas quatro estrelas. 

Como se não tivéssemos problemas suficientes (pandemia, recessão, desemprego e a mais absoluta incompetência governamental em nível federal), uma disputa por protagonismo, com vistas à reeleição/sucessão presidencial em 2022, rebaixa ao nível de populismo eleitoreiro a compra de imunizantes para proteger a população de um vírus que já matou mais de um milhão de pessoas mundo afora e 157 mil só no Brasil. 

Em pleno século XXI, na esteira do terraplanismo absurdamente defendido por próceres do bolsonarismo, assistimos, estupefatos, uma reprise da “revolta da vacina” (que assolou o Rio de Janeiro em 1904). É inconcebível que maus políticos partidarizem uma questão de tal relevância e transformem-na em campanha eleitoral antecipada. 

Bolsonaro e sua capela de miquinhos revoltados não têm bom senso, discernimento nem limites para a partidarização das coisas. Tudo é motivo de contestação fanática. E o Mito mitômano dá ouvidos a essa caterva de iguais (a não ser quando interesses mais altos não se alevantam, naturalmente). 

Ignoram os que vociferam contra a Coronavac pelo fato de a vacina ser chinesa que o principal insumo utilizado no desenvolvimento da vacina de Oxford provém igualmente daquele país, que acontece de ser nosso maior parceiro comercial.

No patético Circo Marambaia que se tornou este governo, quanto menos exigente for a plateia, quanto mais fuleiro for o expectador, pior será a performance do palhaço e mais mambembe o espetáculo oferecido. 

Como bem salientou Jorge Pontes, ex-delegado da PF, ex-membro do Comitê Executivo da Interpol em Lyon (na França) e coautor do livro CRIME.GOV — QUANDO CORRUPÇÃO E GOVERNO SE MISTURAM, a boa notícia é que, a cada quatro anos, podemos mudar a trupe inteira desse circo. Pena que não seja possível mudar a cabeça desse eleitorado chinfrim...